Bárbara por Nyna Simoes
Capítulo 6 - A longa conversa
Carol ao pensar no que estava escrevendo, percebe então o que realmente estava vivendo e o que se estenderia pelos dias seguintes. Decide tentar conversar com Bárbara. Foi até a cozinha, enquanto ela preparava o almoço, puxou uma cadeira, sentou-se e pacientemente disse:
- Posso te pedir uma coisa?
- Depende.
- Vai embora, por favor. Eu faço outro livro de você, o que você queria já conseguiu, agora vai embora, por favor.
- Não posso.
- Por que não?
- Falei pro seu namorado que ia ficar uma semana
- Eu digo pra ele que alguém da “nossa” família passou mal e você teve que ir.
- Não Carol, qual é o seu medo?
- Você.
- Por quê?
- Você me desestabiliza, você me deixa dependente de você, da sua presença do seu olhar, da sua voz.
- E isso é ruim?
- É, porque eu não quero ser dependente de uma pessoa instável.
- Eu não sou instável, eu só não sei o que eu quero da minha vida, e quem eu quero pra minha vida.
- Então não é justo que você me use pra descobrir isso.
- Eu não estou te usando Carol, eu vim ver você, você deveria ficar feliz com isso, afinal eu vim até você.
- Eu não to feliz. Porque essa é uma situação complicada, você aqui, meu namorado também. E sabe lá o que você pode fazer.
- Você tem medo de perder o seu namorado ou eu?
- Os dois.
- Tem certeza?
- Eu não posso perder você, porque você vive na minha memória. E ele também não, porque eu amo aquele cara.
- Francamente, eu não vejo que perigo eu trago pra você.
- Porr* Babi, o que você quer? Que eu mastigue as palavras? Tá. Eu gosto de você, e ta sendo difícil essa convivência, você ta aqui a menos de 24h e eu já não agüento mais pensar.
- Então não pensa Carol. Vem aqui.
- Não vou aí.
- Vem aqui, eu não vou fazer nada que você não queira.
- Exatamente por isso que eu não quero ir aí. Chega Bárbara eu não vou mais trair meu namorado, por mais que eu te ame.
- Opa, alguém falou de amor aí? – falou debochada, sentando-se ao lado de Carol.
- Para com isso.
- Eu... – disse Bárbara pegando a mão de Carol - preciso do seu amor.
- Você não precisa.
- Preciso sim, eu que sei das coisas que eu preciso.
- Você pode até precisar, mas você não quer.
- Precisar e querer são coisas diferentes. Eu disse que eu preciso.
- E você não quer – tirando sua mão da mão de Bárbara.
- É você quem está dizendo isso.
- Ah então você quer?
Bárbara abaixou a cabeça sem responder.
- Olha pra mim!
- Eu não consigo.
- Por quê?
- Eu não fui feita pro amor, por mais que eu tente.
- Por isso eu to pedindo pra você ir embora, você ta me matando.
- Tudo bem Carol, amanhã eu vou.
- Ótimo.
- Vou tomar banho, termina a comida aí pra mim – levantando-se - sabe cozinhar né?
- Você acabou de tomar banho
- E daí?
- Vai tomar outro?
- Eu to cheirando a fritura.
Bárbara foi para o banho e estava pensando na conversa que tiveram quando Carol bateu na porta e disse que a comida estava pronta, mas ia tirar um cochilo antes. Dizem que o banho é um ótimo momento para pensar, refletir e decidir quais atitudes devem ser tomadas. Mas parece que o banho para Bárbara, não funciona do jeito convencional. Não surte o mesmo efeito que na maioria da população, talvez o banho não a acalmasse, a atacasse. E, ao invés de fazê-la pensa com clareza, aguçava sua maldade e a deixava cega. Então, ela saiu do banheiro enrolada na toalha em direção ao quarto da Carol, deitou ao lado dela e começou a beijá-la, acordando-a, fazendo com que ela retribuísse.
- Por que você faz isso comigo? - Perguntou Carol ainda atordoada
- Porque eu sou fraca, eu não resisto, por mais que eu negue, por mais que eu diga que eu não quero.
- Você sempre foi assim, e eu não quero mais isso pra minha vida.
- Tudo bem – levantando-se da cama - eu vou me vestir.
Bárbara começou a se vestir, enquanto Carol ainda deitada ficou olhando para ela.
- Sabe que eu nunca imaginei essa cena?
- Que cena?
- Essa, eu falando que não quero mais você, você aceitando numa boa, e ainda se vestindo.
- É, olha só que estranho, eu uso roupas!
- É, realmente, isso é bem estranho.
Bárbara termina de colocar a roupa e deita ao lado de Carol.
- E seu namorado, não vem almoçar em casa?
- Não?!
- Pensei que viesse.
- Não, ele almoça num restaurante lá perto da empresa dele.
- Sei. E que horas ele costuma voltar?
- Ontem ele chegou tarde, mas geralmente chega umas 17:30 / 18h
- Ah
- Por que tanto interesse?
- Queria ter certeza que iríamos passar o dia juntas.
- Nós não vamos.
- Como não? Alguém vai vir aqui hoje?
- Eu vou passar o dia fora – agora é a vez de Carol levantar-se deixando Bárbara na cama.
- Ta louca? Aonde você vai?
- Vou na casa da minha mãe, faz tempo que não a vejo.
- Sei... Eu vou com você.
- Não, você não vai.
Bárbara se levanta e segue em direção a cozinha.
- Tudo bem eu não vou, então vamos almoçar?
Carol desconfiada segue Bárbara até a cozinha, e repara quando ela pega a chave da porta e guarda entre os peitos.
- Não precisa esconder a chave, se quiser que eu não vá é só pedir.
- Sei.
As duas se sentam para almoçar.
- Sabe, Babi eu acho que você deve perder esse seu orgulho besta, e começar a fazer e falar as coisas que você deve. Que você tem vontade, e não ficar jogando... Isso já cansou.
- Por que ao invés de ficarmos falando de mim, não falamos de você?
- Ah, me desculpa, mas eu não sou um assunto tão interessante quanto você.
- É eu sei, mas depende.
- Depende do que?
- Não é do que, é de quem
- De quem...?
- Depende de quem está falando de você, às vezes você pode sim, ser um assunto mais interessante que eu, dependendo de quem esteja falando.
- Que tese ótima, já pensou em fazer doutorado?
- Você é sempre debochada depois que passa o seu mau humor matinal?
- Só com você.
- É, varias coisas são só comigo.
- Convencida.
- Inclusive o seu amor, também é só meu.
- Ah é? E por que tá tão convencida disso?
- Seus beijos não mentem.
- Claro que mentem.
- Você tem um jeito especial de passar a mão no meu rosto quando me beija. Talvez você nunca tenha notado isso, pode ser inconsciente.
- Deve ser.
- Por que você não admite que precisa de mim, tanto quanto eu preciso de você?
- Porque eu preciso de alguém que eu ame, e que me ame também. E esse não é o caso.
- Mas eu já disse em outras ocasiões que eu te amo.
- Será que foram nos mesmos dias que você mentia descaradamente?
- Você nunca acreditou que eu realmente amei você?
- Nunca.
- Por que isso?
- Porque quem ama de verdade, não faz o que você fez.
- E o que eu fiz?
- Você dizia que me amava, mas nunca ficava muito tempo comigo, você sempre dava seu jeito de sumir, e ficar com vários caras. Você escondeu muitas coisas de mim, que pensou que eu nunca soubesse, por exemplo, quando você ficava assustada quando eu tocava em assuntos que você não tinha me contado. Lembra? Sempre perguntava “Como você sabe? Eu te contei?”. Babi, eu não sou espiã, nem fico querendo saber da sua vida, mas tem coisas que estão estampadas na sua cara. Aliás, pelo contrário, quanto menos eu souber da sua vida, melhor. Decepções a menos.
- Continua...
- Sempre que a gente tava bem, você ia lá e estragava tudo. Daí quando eu arranjava alguém, você ia lá atrás de mim, fazia eu ficar contigo, pra depois me dar um pé na bunda como sempre. Você destruiu vários relacionamentos meus só por não querer me ver com ninguém que não fosse você. O seu egoísmo destruiu vários relacionamentos meus.
- Egoísmo?
- Sim.
- Não seria ciúmes? Ciúme causado pelo amor?
- Ah Bárbara pelo amor de Deus, agora você quer me convencer que tinha ciúmes de mim, porque me amava? Porr* se era isso a solução era bem fácil. Ficaríamos juntas e ponto final.
- Sabe que eu gosto de ver, esse seu jeito ingênuo, de achar que tudo é simples?
- E eu odeio escutar suas mentiras. Odiei essa, por que você sempre contorna a situação usando mentiras? Já pensou em me falar a verdade, pra ver se funciona?
- To falando agora.
- Não você não ta.
- Por que não?
- Porque ta nos seus olhos! Ta no seu jeito. Você sempre foi meio fria comigo. Quando a gente ficava eu te beijava com amor, e você nem com carinho. Você nunca sentiu nada por mim. Você só ficava envaidecida com o meu amor por você, porque é legal ter alguém que te ame e que te mime, te agrade e faça tudo por você. Quando você me via com outras pessoas, você tinha medo que eu me apaixonasse por elas, e te esquecesse. Medo de perder a grande trouxa que fazia tudo pra você.
- Você faz as coisas parecerem cruéis. É isso que você acha?
- Eu não faço nada, eu to falando a verdade, coisa que você não é muito boa, e sim, é isso que eu acho.
- Eu não sei o que te falar.
Bárbara então coloca a chave em cima da mesa.
- Tenta uma mentira nova.
Carol pega a chave, levanta e vai tomar banho consternada com essa grande conversa. Bárbara se mantém exatamente onde estava e enquanto Carol toma banho, fica pensativa. Ouve que Carol saiu do banho e dirige-se para o sofá, em busca de tentar outra conversa quando esta passasse por ela, mas passou tão rápido que ela não teve tempo sequer de pensar em falar algo e fica olhando a porta bater entre ela e Carol.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
rhina
Em: 16/08/2016
Olá.
Bom dia autora que me deixa confusa.
Egoísta... liar.... fria.... calculista...
Bárbara tem em Carol seu porto... aquela que acolhe... dá amor... carinho... que a faz sentir amada .. como uma peça que pode ser perdida a qualquer momento mas que não tem nenhum interesse ou prazer de zelar... cuidar.... valorizar. A não ser no momento do perigo. Quando este passa deixa de lado como não possuísse valor algum mas que ela é a dona.... sua posse.
Bárbara... Bárbara quem és tu...
Até.
Rhina.
Resposta do autor:
Quando será que ela vai aprender que amor e posse não são a mesma coisa?
Beijos ;)
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