Bárbara por Nyna Simoes
Capítulo 3 - Três corpos no espaço de dois
Como era de se esperar, depois da turbulência sempre vem a calmaria, e depois de uma luminária quebrada, as duas se atracaram numa briga fingida, que mais se parecia uma briga em dupla contra um sentimento perturbador. Carol brigava com ela mesma, com seus sentimentos, com seu desejo e Bárbara brigava para retomar seu espaço, aquele que conquistara há tantos anos no corpo, mente e coração de Carol e que jamais aceitaria perdê-lo assim, tão fácil. Cansadas de brigar, acabaram se entregando mais uma vez aquela paixão estranha e maluca, entre goles de vodka e goles de paixão, terminaram esticadas na cama, de barriga pra cima, olhando para o teto. Então, Bárbara completamente bêbada, começou a divagar entre seus pensamentos, e sentiu-se imediatamente superior a qualquer corretor de imóvel, imaginando os espaços enormes que teriam por trás das portas que ela, até então, não havia explorado. Sabia que além da cozinha, havia área de serviço e provavelmente um banheiro ou quarto de empregada, também sabia que havia mais um banheiro na casa e mais um quarto. Com certeza deveriam ser enormes, porque na mente de um bêbado, tudo fica espaçoso demais.
- Esse apartamento é grande Carol.
- E o que você quer dizer com isso?
- Que cabe nós duas.
- Não, esse apartamento é pra duas pessoas.
- Foi o que eu disse.
- Então, eu e meu namorado.
- Inferno, tinha esquecido disso!
- Bárbara, vamos tentar fala sério. Você não gosta de mim, e não...
- Carol, eu vim pra cá pra gente conversar, pra você fazer outro livro sobre mim. Uma coisa mais realista.
Carol igualmente bêbada sentiu que precisava se levantar para que seus pensamentos se encaixem, começou a pensar em várias respostas para dar à Bárbara, mas achou que estava bêbada demais e talvez não fossem as melhores respostas. Levantou e caminhou pelo quarto.
- Aquele livro ta muito fictício pra você? O que não é fictício pra você? Até a sua vida é de mentira Bárbara, você é de mentira, tudo que sai da sua boca é mentira. Você é uma mentira ambulante.
Bárbara para não se mostrar inferior e nem mais bêbada levanta-se também.
- Eu sou a mentira que você gosta de ver, de ter, de sentir.
- Pode ser, mas não deixa de ser uma mentira.
Para interromper a longa conversa que se ramificaria entre gritos, xingos, brigas e beijos, só mesmo um bom motivo. Algo como uma campainha, e o principal: a pessoa que a está tocando. Só isso tiraria Carol daquele fantasia e a colocaria de volta ao mundo real.
- Puta, fudeu. É o meu namorado.
- Despacha ele po.
- Ele mora aqui!
- Ah que ótimo. E eu sou a única mentirosa aqui.
Carol pegou a garrafa de vodka vazia e correu para a cozinha para jogar fora. Aquilo parecia cena de desenho animado. Uma bêbada tentando ficar imediatamente sóbria para apagar a cena de um “crime”. Aí nada teria de desenho, se Bárbara também estivesse no mesmo contexto, mas esta não estava desesperada como Carol, e estava mais preocupada em reclamar que ela havia mentido do que em limpar o quarto.
- Eu não menti, eu omiti. Pensei que ia fazer você ir embora logo, antes que ele chegasse – dizia Carol se dirigindo para a porta.
- Você é uma filha da puta Carol!
Este foi o último sussurro de Bárbara para Carol, momentos antes desta história tornar-se um caos. Carol abriu a porta.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
rhina
Em: 10/08/2016
Olá.
"Você é uma mentira ambulante ".
Gostei disto.
Bárbara precisa se enxergar.... refletir sobre suas ações.
Ainda que haja amor.... um amor que fere.... sangra e não soma não sei se vale a penas alimenta-ló.
Até.
Rhina.
Resposta do autor:
Será que a Bárbara sabe o mal que causou?
Será que vai descobrir? E como vai reagir? huuumm
Beijos ;)
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