Bárbara por Nyna Simoes
Capítulo 2 - Quando a moeda mostra seu outro lado
Carol foi para o quarto pensando na pergunta de Bárbara, e esta obviamente a seguindo. Será que eu acredito nas coisas que eu escrevo ou eu invento coisas para acreditar? Naquele livro só escrevi o que aconteceu, a realidade, mas será que a realidade e a verdade são as mesmas coisas? – Pensava ela. Tinha que responder.
- São as minhas verdades!
- Então vai pra puta que pariu com todas as suas verdades. Enfia no cu essa porr* de livro de merd*. Tá? É um livro ridículo, eu não gostei de nenhuma página daquela bosta. Você não sabe escrever bem sobre nada. Você é uma merd* de escritora!
Claro, claro... Com certeza. Boba! A Bárbara quando não aceita algo reage com fúria. Meu Deus, como ela fica linda brava – pensava Carol, enquanto olhava pra ela com cara de apaixonada pensativa – Parece que ela se mostra inteira, que a gente enxerga a verdade nela quando ela explode...
- Já deu o seu show?
- Você acha que isso é um show?
Carol agarrou Bárbara, com fúria, com desejo e esta prontamente retribui ao beijo cheio de paixão – por parte de Carol – Tantas coisas passaram pela cabeça de Carol durante aquele beijo, até que o arrependimento passou e latejou. Largou a Bárbara como se estivesse cansada de segurar um peso que não é seu.
- Chega, vai embora.
- Quer dizer que é assim? Você me beija e me manda embora?
- Por quê? Você está cobrando agora? Tudo bem, eu pago, quanto é uma merd* de um beijo?
- Merda de um beijo?
- É
Desta vez é Bárbara quem beija Carol, um beijo calmo, delicado, demorado. Como se houvesse ainda tempo para todas as mentiras que iria contar e como se quisesse apagar todas que já havia contado. Quis naquele beijo apagar todas as lembranças ruins e deixar apenas a boa, a sensação que uma apaixonada tem ao beijar quem ama. No caso, Bárbara queria provocar essa sensação em Carol, sem delongas, como fazia aquilo só para provar algo a Carol – que ela jamais deixara de ser sua – a largou subitamente e com a maior cara de pau perguntou:
- Isso é uma merd* de um beijo?
Carol, ainda meio tonta pela sensação exata que sentira do objetivo de Bárbara, ficou sem ter o que dizer e deixou que a emoção tomasse conta por poucos segundos, até encontrar algo realmente sólido para dizer a Bárbara.
- Isso é o seu beijo. Aquele que você dá em todo mundo e pra qualquer um. Esse era o beijo que você me dava. Por isso eu não quero mais.
- Você já pensou em se tratar?
- Eu te dei os meus melhores beijos.
Bárbara abaixou a cabeça e pediu desculpas a Carol, aquele som “Desculpa” saía como se depois disso houvesse uma imensa plateia pronta a aplaudi-la pela maravilhosa cena dramática que acabara de interpretar, mas como Carol também não queria deixar todo o mérito para atriz, já que foi usada, posicionou-se como a escritora daquele episódio lamentável.
- Porr* Bárbara, por que você é assim? Por que você faz essas coisas?
- A culpa não é minha, você não soube me dominar.
- Eu nunca tentei fazer isso.
- Você é covarde!
- Eu sou realista! Por que vou insistir numa coisa que eu sei que não vai dar certo? Você ia dar pro primeiro cara que aparecesse na sua frente, é disso que você gosta. E eu não posso te dar isso.
- Eu preciso de amor.
Amor? Ela realmente está dizendo isso? Quando esse pesadelo vai acabar? Se a Bárbara é realmente a atriz deste filme, em que parte estamos? – pensava Carol – Se ela está interpretando fui eu que escrevi, eu não deveria saber quando termina essa cena ou capítulo? Por que com a Bárbara é tudo tão complicado? Que raiva!
- Amor o caralh* Bárbara, Amor é uma .... pra você, esse amor te deixa bem calminha, amor... Amor... Você sabe que merd* de sentimento filho da puta é esse? Você nunca amou ninguém.
- Em que página tá essa merd* que você tá falando?
Finalmente chegou o momento do auge da encenação, o momento em que a escritora surpreende a personagem e mostra-se invicta de todas as suas mentiras, mostra-se tão leoa, quanto a pobre gatinha que ronrona e se esfrega pelo palco arrancando suspiros da plateia. Carol levantou-se foi até a sua escrivaninha, pegou uma folha de papel e nela escreveu: PICA. Mostrou a Bárbara que manteve-se atônita. E sem reação, só restava a Bárbara voltar ao drama.
- Carol, eu to sozinha, eu to...
- Eu não quero saber! Eu não tenho pena de você, porque não é isso que você quer eu sei o que você quer, eu sei o que você veio fazer aqui. Você quer me deixar louca, veio me enlouquecer.
- Eu despenquei de lá da puta que pariu pra falar contigo e é isso que você tem pra me falar?
- Eu passei 2 anos escrevendo um livro pensando em você todos os dias e é isso que você tem pra me dar?
- Deixa eu passar essa noite aqui?
- Não
- Mas, eu não tenho pra onde ir
- Não me interessa, você nunca se preocupou comigo, por que eu tenho que me preocupar contigo agora?
- Porque você não é igual a mim. Você tem sentimentos, você merece uma pessoa foda. Não eu.
- E vem com isso agora? Eu não te quero agora.
- Não?
- Não.
- Você tá com alguém?
- Tô
Sempre existe aquele ponto onde as coisas se invertem e o outro lado da moeda é finalmente revelado. Seja pelo motivo que for, há sempre alguém que perde em um determinado momento. Desta vez Bárbara perdeu, perdeu a certeza de que Carol era apenas sua. Jamais conseguiria aceitar aquele fato ali, tão diante de sua cara, tão perto de sua boca. Aceitar que aquela boca, não era inteiramente sua, por mais que quisesse ser. Sim, aquela boca dizia juras de amor a outros ouvidos e beijava com sentimentos outra boca. Aqueles olhos, que choraram tanto por ela, agora se fechavam quando recebiam o carinho de outro alguém. E isso, para Bárbara, era incabível. Jamais soube perder e não era agora que iria aprender. Não há ninguém capaz no mundo de segurar uma mulher quando ela está dominada pela raiva, e manter a calma numa situação dessas é como se estivesse tirando sarro da cara de quem está prestes a ter um infarto fulminante. Mas foi exatamente assim que a história se desenrolou. Bárbara enlouquecida correu para a cozinha em busca de bebidas enquanto xingava Carol por todos os nomes, dizendo não entender por que ela fizera aquilo, como Carol pôde ser capaz de ficar com outra pessoa? Por que ela fez isso?
- Para com isso Bárbara. Você achou realmente que eu ia ficar sozinha esperando você reaparecer?
- Foda-se, eu não quero ouvir mais nada de você.
- Bárbara, se eu te der bebida você vai embora?
- Não porque eu já achei – gritou abrindo uma garrafa de vodka - Sabe o que você fez? Descreveu momentos nossos com detalhes, você me recortou de um gibi e colou em todas as páginas daquela merd* daquele livro, você descrevia minhas emoções, você não estava no meu lugar pra saber.
Certas horas com a Bárbara, o melhor a ser feito é parar de dar ibope, Carol sabia bem disso. Quanto menos ibope, mais irada ela ficava, entretanto com Carol era diferente, ela sabia que quando Carol ficava quieta e não respondia, ela precisava baixar as armas e pisar com cuidado no terreno, porque a qualquer momento a bomba poderia explodir. Carol, depois do show de Bárbara e de ter ouvido tantas bobagens, dignou-se apenas a ir para o seu quarto, deitar na cama e ficar olhando para o teto. Ela sabia, com certeza, que Bárbara iria atrás. Dito e feito, lá foi Bárbara atrás de Carol, com sua garrafa de vodka, deitou ao seu lado e continuou tomando grandes goles.
- Não consigo entender por que você me descreveu de uma maneira ridícula, não consigo entender por que você descreveu nossos momentos que nem as paredes tinham o direito de saber o que se passava diante delas, não consigo acreditar que você está com outra pessoa.
- Bárbara eu não ligo pra nada disso, eu só quero que você vá embora.
- Você quer que eu vá embora?
- Quero.
- Então me dá um beijo que eu vou embora
- Não.
- Tá vendo como você é ridícula? Você me beijou pra calar minha boca, e deixou ser beijada pra tapar o silêncio quando você não sabia o que ia me responder. Agora que eu to aqui na sua frente à sua disposição você não quer. Hipócrita! Você já traiu seja lá quem for que você esteja chifrando agora, não tem como negar.
- Eu sei muito bem o que eu fiz, por que eu fiz e por que eu deixei fazer. Acontece que agora eu não quero. Eu só quero que você vá embora, eu preciso escrever, preciso descansar, preciso sair.
- Caguei pro que você precisa Carol, você precisa de mim e não quer admitir.
- A última coisa que eu preciso agora é de você.
- Você não sabe mentir.
Provavelmente nesta hora passou pela cabeça de Bárbara que o único modo de provar a Carol que ela estava mentindo, era provando como ela não conseguia recusar seu beijo, como não resistia e se deixava levar, se deixava viajar por aquela que tanto amava. Sim, Bárbara adorava inflar o ego dela, sapateando sob o amor de Carol.
- Pronto agora que já te dei um beijo, vai embora.
- Você não me deu um beijo, você retribuiu o beijo que eu te dei.
- O que é hein? A gente vai ficar nessa merd* de beijos roubados do passado? Porr* você já foi melhor.
- Eu ainda sou, e você ainda precisa de mim.
- Eu já disse que não preciso.
- Ah não precisa? Você ta escrevendo o que agora? Sobre a sua vida ridícula e seus romances mal contados?
- Não interessa o que eu to escrevendo. Bárbara, quando eu quis você, você sumiu. Agora eu não quero mais, será que você não entende que eu não sou esses caras que você ta acostumada a brincar de ioiô e esconde-esconde? Eu não vivo minha vida pra você!
- Você vivia. Porr* Carol pensa bem... Você não pode apagar esse livro, já ta publicado, mas você pode escrever outro.
- Sobre você?
- Sobre eu. Eu real.
- Quem é você real?
Pronto, agora Bárbara estava finalmente na teia que ela mesma criou para tentar torturar Carol. Os lados se invertem, o já anteriormente dito, outro lado da moeda brilha novamente. Carol se apega aquele momento tentando não ruir e ficar aos pedaços. Tenta mostrar algo que não é, insensível, fria, logo para ela, aquela mulher que tanto amava. Se isso fosse um capítulo de televisão certamente a pergunta que melhor caberia agora seria: Será que Carol vai conseguir se manter fria diante de seu amor? Não perca no próximo capítulo da novela mexicana Carol & Bárbara.
Mas apesar da reação acuada de Bárbara, este não é um capítulo de novela mexicana, apesar de assemelhar-se muito.
- Quem é a Bárbara? Gritava Carol enquanto via Bárbara de cabeça baixa.
- Não sei.
- Me responde!
- Você não vai me deixar ficar aqui?
- Não
- Tá bom.
Bárbara num ataque de fúria, como era de sua personalidade, começou a quebrar os enfeites que Carol tinha em seu quarto. Aqueles bibelôs que gostava tanto e havia escolhido cada um a dedo. Sim porque Carol era fresca para objetos decorativos, e cada peça que havia ali, valia mais sentimentalmente, apesar do valor absurdo, financeiramente falando.
- O que você está fazendo?
- Tô escrevendo seu próximo livro.
- Você tá quebrando minhas coisas!
- Eu tô quebrando as coisas que você gosta, assim você vai sempre lembrar de mim, quando olhar os pedaços do que não tem conserto.
- Igual a você.
- Você ta me comparando às coisas que você gosta?
- Tô
- Você não gosta de mim, não pode me comparar às coisas que você gosta
- Larga essa luminária.
- Largo
Bárbara nunca perderia a chance de interromper os brilhos nos olhos de Carol, realmente aquela luminária deveria ser muito importante, e por que não quebrá-la? Ela simplesmente largou a luminária predileta de Carol, no chão. Pagou, em pedaços, para ver a reação de Carol.
Fim do capítulo
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rhina
Em: 10/08/2016
Olá.
"Sapateando"..... esta a palavra que precisa no comentário anterior.
Bárbara sapateando sobre o amor da Carol.
E acha que foi descrita no livro de maneira errônea e desqualificada.
E mais que Carol eternamente estaria a sua disposição. Que ninguém pudesse entrar no coração e na vida de Carol.
Tudo bem que apesar de tudo.... Carol ainda a tenha em seu coração. Mas querida autora não entregue a Carol fácil nas mãos da Bárbara.
Eu sei que tem os dois lados. E ainda não sei do lado da Bárbara. Mas como explicar o jeito fútil... vazio... distante.... que a Bárbara teve este tempo todo.
Nota se que não é a falta de sentimentos..... e sim a total falta de expressa-ló ao mesmo tempo em que machucava e magoava a Carol.
Até.
Estou gostando demais da sua história.
Rhina.
Resposta do autor:
Rhina,
que bom que está gostando.
A Bárbara ainda vai aprontar muuuito!! haha
Beijos ;)
Luli
Em: 09/08/2016
Ei, Nyna!
Que início de história tensa, hein?! Conseguimos sentir as sensações da Carol em cada atitude tomada pela Barbara, porém só conhecemos a realidade da Carol até o momento e vendo só até esse ponto percebemos o quanto ela sofreu com a ausência da Barbara e quis exprimir em palavras o que sentia.
Gostando bastante! Aguardando os próximos capítulos... ;)
Beijos
Resposta do autor:
Oi, Luli,
Parece que a tensão vai continuar nos próximos capítulos. Esse livro vai dar o que falar, e quando o namorado dela souber de tudo? Haja confiança no melhor amigo fotógrafo. E como conviver com um antigo amor debaixo do mesmo teto?
Acompanha, sim! Espero que continue gostando.
Beijos ;)
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Luh kelly
Em: 09/08/2016
Olááá Boa tarde Autora.
Que turbulento relacionamento que elas tiveram no passado, se é que se pode chamar assim.kkk.
Carol agora seguiu em frente com sua vida, mas o passado insiste em lhe perseguir e se ela não tomar cuidado dessa vez, a outra vai usa- la como bem entender. Barbara é bem lokona, instável, muitas vezes insensivel, ñ liga nem um pouco para os sentimentos da Carol, ela brava então sai da frente.kkkkk só pela misericórdia.
O engraçado é que ela acha que ainda tem algum direito sobre Carol, acha que ela é propriedade sua. Sacanagem ela quebrar as coisas que a Carol cuida com tanto amor.
Ps: Adorei esse começo, com certeza vou acompanhar.
Beijosss e até breve :p
Resposta do autor:
Oi, Luh!
Você pegou o ponto certo, Bárbara acha que Carol é propriedade dela, mas a vida sempre ensina, não é?
Continua acompanhando sim, porque tem vários personagens pra entrar nessa trama ainda!
Beijos ;)
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