Desejo Concedido
Eu poderia fingir um desmaio agora. Ou me jogar pela janela talvez. Muito maduro da minha parte, eu sei. Mas sabe aquela minha maneira peculiar de lidar com situações de tensão mudando de assunto ou me fingindo de desentendida? Pois é... Não funcionaria agora. Não mesmo. De todo, não seria uma inverdade se eu me atirasse ao chão da sala, já que estou quase tendo uma síncope e pensar racionalmente não está dando certo, já que o meu cérebro parece que resolveu parar de funcionar nesse exato momento.
- Amor, o que... O que faz aqui? – não posso parecer muito nervosa. Será que pareço muito nervosa? É óbvio que pareço nervosa, eu estou quase à beira de um ataque de tão nervosa! – Quer dizer, você me disse que chegaria amanhã.
- Eu quis fazer uma surpresa. – ele me fitava parecendo um pouco confuso – Não imaginei que estivesse com visitas a essa hora.
Ele sorriu para nós, nós duas, mas dessa vez parecia um pouco sem graça.
- Ah... Essa é a... Ela é a...
- Isis. – a morena ao meu lado se apressou, me tomando a fala – Isis Ribeiro, muito prazer Sr. Ferraz. Ferraz de Moura, não é isso? – ela se aproximou com a gata ainda nos braços e estendeu uma das mãos para ele.
Eduardo encarou o bichano, que parecia alheio e confortavelmente aconchegado, para logo então cumprimentá-la.
- Igualmente. Vejo que já me conhece. – ele sorriu e parecia novamente surpreso.
- Oh, é claro! Que assistente de noivas seria eu se não conhecesse o noivo da minha... Cliente?! – ela me olhou tão naturalmente que por um instante eu desejei ter ao menos um pouco do seu cinismo.
***
Esperar na cama escutando o barulho do chuveiro do banheiro do meu quarto havia se tornado incomum para mim. A voz grossa e melodiosa do Eduardo vinda de lá também.
Era estranho ter ele de volta, mas mais estranho ainda era me sentir assim em tão pouco tempo longe dele. Eu havia me desacostumado com a sua presença constante. Era como se ele tivesse se tornado parte de uma sombra de algo que me incomodava. Não era mais apenas o Eduardo, meu namorado e companheiro. Ele era o meu noivo, futuro marido, o motivo de perguntas, suposições e questionamentos sobre casamento por todos em minha volta. Motivo pelo qual eu estava mergulhada num poço de confusão mental e sentimental. Mas não só ele. Não seria justo culpá-lo sabendo que há outra pessoa me tomando a sanidade e talvez até em maiores proporções. E mesmo não querendo admitir, eu sabia que ela tinha boa parcela de culpa nisso.
Assistente de noivas? Ela a minha Assistente de noivas e eu a sua cliente. Só eu notei a ambiguidade nisso? Não posso acreditar no quão dissimulada ela pode ser! Encantadoramente dissimulada. Ela conquistou o Eduardo em poucos minutos de conversa e saiu o deixando animadíssimo com os assuntos do casamento. Eu devia ter imaginado logo quando ela ganhou o afeto da Branca de Neve sem nenhum esforço. Ela realmente tem esse poder, é impossível não se deixar encantar pelo poder de atração de Valentina. E mesmo que ela estivesse ali apenas como Isis, a Valentina nunca saía dela. Os seus olhos, ou melhor, o olhar. O olhar daquela mulher instigante estava sempre ali. E sim, era realmente impossível não se encantar.
Eu me perguntava quando foi que a minha vida tinha deixado de ser aquele mar de tranquilidade e calmaria, quase perfeição, para virar esse caos.
Nota mental: Nunca mais reclamar de uma vida monótona e sem emoções.
- Agora sim. – despertei ao vê-lo sair do banho – Finalmente cheiroso e a sós com a minha noiva. – ele se jogou ao meu lado ainda enrolado na toalha. Seu perfume exalando até mim. Eu gosto do seu cheiro e está aí uma coisa que eu senti falta.
Sorri para ele que se aproximou e selou seus lábios nos meus rapidamente e me apertou em um abraço.
- Senti tanta saudade. – ele disse manhoso.
- Eu também senti sua falta. Estava com saudades do seu perfume.
- Só do perfume? – ele me encarou fingindo decepção.
Eu sorri e o beijei novamente, mas dessa vez ele prolongou o ato.
- Você não sabe como é bom ter você nos meus braços de novo. – ele disse se afastando aos poucos.
- Sei sim.
- Foi como uma eternidade ficar esse tempo todo longe e só de pensar que esse projeto ainda não está nem na metade eu já fico aflito. Acho que vou ter que voltar pra lá logo depois da nossa lua de mel.
- Nós vamos ter que nos acostumar. Esse não é o primeiro e não vai ser o seu último grande projeto. Quem mandou ser o melhor Engenheiro Civil do país?!
O vi sorrir sem jeito e sorri junto.
- Ah, também não é assim...
- Bom, é exatamente isso que diz aquele prêmio na estante lá da sala.
- Eu trouxe algo para você. – ele mudou de assunto e logo se levantou. Já tinha me esquecido do quão fofo ele fica quando está sem jeito.
- Humm... O que é?
- Você já vai ver.
Ele foi até suas malas ainda sem desfazer no Closet e trouxe uma sacola de papel em mãos.
- Um presente?
- É. – se sentou ao meu lado novamente e me entregou – Eu espero muito que você goste e se gostar, tenho um pedido a fazer.
- Quanto mistério. – abri a sacola e dentro havia uma caixa aveludada a qual logo abri também.
Um colar de brilhantes. Era lindo e super delicado. Ele conhecia bem os meus gostos, sabia que eu não gostava de nada muito pomposo ou chamativo demais.
- É lindo, amor! Obrigada. – o abracei e então o senti relaxar.
- Você gostou mesmo?
- É claro!
- Bem, então... Eu gostaria que você usasse no nosso casamento. Eu quero ter algo que nos represente além das alianças, sabe? Para que você se lembre sempre enquanto usar porque eu sei que pelo seu trabalho não dá pra ficar usando objetos nas mãos, então... Enfim, um colar você vai poder usar o tempo todo. Quer dizer, você... O que você acha?
Não posso negar que vê-lo tão encantado e ansioso assim me deixa tocada. E talvez até mais segura. Sim, ele me transmite segurança e me faz pensar que eu posso estar fazendo uma tempestade em um copo d'água. Eu disse que iria tentar e com ele aqui de volta ao meu lado sei que vai ser muito mais fácil.
Nada confusa e super decidida, não é mesmo?
- Eu acho perfeito. É lindo e perfeito como você sempre é pra mim.
- Você que é perfeita pra mim. – senti sua mão em meu rosto num carinho. Seus olhos brilhavam mais que o colar que ele tinha me dado – Eu te amo, Diana.
- Eu também te amo. – sorri levemente e senti sua aproximação.
Ele me beijou e dessa vez mais intensamente. Eu sabia onde aquilo iria levar, mas não estava nem um pouco animada para deixar acontecer. Não que eu não estivesse sentindo a sua falta ou que eu não o desejasse. Eu o desejava sim, e muito. Sempre nos demos muito bem nesse quesito, mas nesse momento eu tinha coisas demais na cabeça para me concentrar em sex*.
Com certo receio eu fui me afastando sutilmente. Eu sabia que ele não se chatearia caso eu o recusasse, ele era gentil e doce demais para se chatear comigo por isso e sempre respeitou meus limites. Mas não queria decepcioná-lo. Eu sabia que ele estava sentindo minha falta, mas se eu o fizesse agora, não o desejando tanto quanto ele me desejava, eu sei que ficaria péssima no dia seguinte.
Me afastei e segurei em seu rosto, sorrindo calmamente para ele que prontamente entendeu os sinais.
- Muito cansada?
- Um pouquinho.
- Tudo bem. Hoje vamos só matar as saudades dos carinhos então. – ele sorriu compreensivo.
- Por que você tem que ser tão perfeito assim pra mim? – aquilo soou com mais pesar do que eu queria.
- Não mais que você pra mim.
Ele deitou ao meu lado e eu me aconcheguei em seus braços. Era bom, eu me sentia bem, acolhida e protegida. Ele me causava uma sensação boa, de paz. Por um instante lembrei de quando éramos apenas isso, só nós dois, sem nenhum compromisso a mais para me preocupar.
- Muito simpática a sua assistente. – ele disse logo após deixar um beijo no topo de minha cabeça.
- Quem?
- A Isis. É Isis o nome dela, né?
- Ah, sim. É, Isis. – por que ele tinha que vir com esse assunto logo agora que eu tinha me esquecido dela?!
- Ela parece ser bem competente. E eu achando que só eu estava ansioso com os preparativos.
- É, pois é... – tentei sorrir o mais convincente possível.
- Por que não me disse que iria contratar uma assistente de noivas? Se eu soubesse teria pedido para contratar um auxiliar pra mim também. Às vezes tenho algumas dúvidas e ideias que não sei se seriam cabíveis. Seria bom ter um também. Quer dizer, existe assistente para noivos também ou esse é um privilégio só das meninas?
- Eu... Eu não sei, amor. Foi tudo por acaso e...
- Você pode ver com ela se onde ela trabalha oferecem esse serviço para os noivos também?
- Ah... Claro, quando nos encontrarmos de novo eu vejo isso com ela.
- Ótimo. Obrigado, amor. Eu quero ser um noivo perfeito também.
- Você já é, amor. Não precisa de mais nada.
- Ah, mas não custa nada garantir, não é?
- É, é sim. Depois eu vejo isso pra você, ta bom? Agora vamos dormir porque amanhã teremos um dia longo.
- Teremos?
- Sim. Coisas da sua sogra, amanhã eu te explico.
- Okay. – ele riu – Boa noite, amor. Te amo.
- Boa noite. Te amo.
Maldita! E agora como é que eu iria resolver isso? Tudo por causa daquela cínica, dissimulada!
Ela havia feito tudo como se já estivesse minimamente calculado. Deixou o Eduardo tranquilo e até contente com a sua presença, de modo que ele não estranhasse se nos visse juntas mais vezes. Ela sabia o seu nome e sobrenome e arrisco dizer até que sabia como ele se sentia empolgado com o assunto casamento. A questão era como. Como ela sabia de tudo isso? Como essa mulher havia se infiltrado na minha vida dessa maneira, diante dos meus olhos, sem que ao menos eu percebesse?
Ela havia deixado muitas questões e eu, infelizmente, sentia a necessidade de descobrir e entender tudo aquilo, nem que para isso eu tivesse que permitir a sua aproximação.
***
O dia estava um pouco mais quente que o habitual e o trânsito muito congestionado para um sábado à tarde. Depois de longos minutos finalmente chegamos ao evento, que por sinal mais parecia um chá das cinco inglês, onde só haviam senhoras demasiadamente suntuosas. Se eu não soubesse, não diria nunca que este é um evento de caridade.
- Eduardo, meu genro! – mamãe veio ao nosso encontro assim que adentramos o grande salão do Orfanato – É um prazer revê-lo.
- Madame La Roux, digo o mesmo à senhora. – ele beijou singelamente a mão enluvada de mamãe e logo vi seu sorriso enlarguecer. Ela adora todos esses detalhes exagerados de educação – É impressionante como a cada vez que a encontro a senhora me parece mais jovem e bela.
- Oh, querido. – o seu sorrisinho vaidoso era cintilante – Não precisa exagerar nos elogios.
- Não é exagero nenhum. E notar isso só me deixa mais certo de que fiz uma excelente escolha, não acha?
- Quanto a isso, estou certa que sim. – ela me fitou sorridente.
- Mamãe. – a cumprimentei com movimentos sutis e ela retribuiu.
- Olá, querida. Estou feliz que tenha vindo.
Eu assenti para ela, mas em minha mente eu só conseguia fazer preces para que aquilo não demorasse para acabar.
Duas horas. Duas extensas e intermináveis horas sentada, sorrindo e acenando para pessoas que eu nem conhecia. Me levantando para cumprimentos forçados, me sentando para ouvir homenagens e créditos à nomes importantes os quais eu não fazia a menor ideia de quem seriam.
Um único momento em que posso dizer que foi de fato agradável e reconfortante estar ali, foi quando as Freiras responsáveis pelo orfanato levaram algumas crianças do coral até o palco para uma apresentação de agradecimento pelas doações. Foi bonito ver e ao mesmo tempo aquilo partiu o meu coração. São coisas em que não pensamos, mesmo sabendo que fazem parte da nossa realidade. Tantas crianças sem família, sem um lar, esperando por alguém que por ventura apareça e esteja disposto a oferecer um pouco de afeto. Eu já sentia meus olhos marejados quando senti a mão de Eduardo apertar a minha.
- Um dia, quem sabe, poderíamos adotar uma. O que acha? – ele cochichou discretamente.
Aquela pergunta me pegou de surpresa. Eu não pensava nem em ter filhos ainda, adotar uma criança então... Mesmo me sentindo comovida naquele momento e tendo a certeza de que seria um ato belíssimo a se fazer, minha racionalidade me impedia de pensar na possibilidade.
Sorri para ele e apertei sua mão de volta, esperando que ele não desse continuidade ao assunto. E foi o que ele fez.
Ao final da apresentação, as crianças foram aplaudidas e duas delas foram ao púlpito ler uma mensagem de agradecimento. Mais uma vez me vi emocionada. Certamente eu sairia dali com a minha humanidade restaurada e motivada a doar mais da minha atenção a esses tipos de causa.
- E assim chegamos ao final de mais um Evento Anual de Ação Beneficente em prol da Associação de Orfanatos 'Lar da Irmã Dulce'. – uma senhora rechonchuda e de bochechas rosadas tomou a palavra ao púlpito – Eu gostaria de agradecer imensamente a todos que participaram e doaram um pouquinho do seu tempo para fazerem parte desse ato de solidariedade. E antes de fazer os agradecimentos especiais, eu gostaria de ressaltar a importância da doação não apenas em valores, mas a doação de afeto. Essas crianças necessitam não apenas de roupas, comida e cuidados, elas têm uma necessidade muitas vezes maior e que nem sempre pode ser suprida aqui. Elas precisam de afeto, atenção, carinho, enquanto aguardam um lar onde elas possam receber tudo isso. Então, para quem puder, doe um pouquinho do seu tempo também. As visitas informais fazem um bem sem tamanho para essas crianças.
De fato esse evento tinha real importância. Não que não fosse importante ajudar esses lares para crianças, mas se tratando de mamãe e suas amigas de chá, não imaginei que seria algo com esse contexto tão social. A fitei por alguns segundos e pude notar a sua atenção e seriedade no que era falado. Eu sempre soube que mamãe tem seus extremos, mas me dar conta de que ela não era mesmo tão fútil quanto aparentava ser, me fez me sentir orgulhosa.
- E agora os agradecimentos a alguns nomes que em especial dedicam sua atenção não somente a este evento, mas a todo o trabalho que é feito durante o ano inteiro nos Orfanatos do Lar da Irmã Dulce. – a senhora continuou – Agradecemos a Sra. Vieira e Braz, da Rede de Supermercados Vieira e Braz que doa carinhosamente cestas básicas mensalmente para os orfanatos. – ouviu-se uma salva de palmas – Agradecemos aos Srs. Rogério e Joana Bassuti, das Clínicas Odontológicas Bassuti, que oferecem tratamento odontológico periódico às crianças a partir de seu trabalho voluntário. – mais uma salva de palmas – E por último, mas não menos importante, agradecemos a Srta. Isis Ribeiro Viegas, pelos anos de dedicação e trabalhos voluntários nos Lares dos Orfanatos, pelo seu apoio e doações, não só em quantias, mas também em afeto à estas crianças. – outra salva de palmas e dessa vez foram nitidamente mais calorosas.
Aquele nome ecoava pelos meus ouvidos incessantemente. Isis Ribeiro Viegas. Não seria possível, seria? Quantas Isis Ribeiro haveriam nessa cidade? E Viegas? A junção da elegante Srta. de respeito com a prostituta. Quem é essa mulher, afinal?
- Olha, amor, Isis Ribeiro. Será que é a sua assistente?
- Não sei. – respondi ainda atônita.
- Vocês conhecem a Srta. Ribeiro Viegas? – mamãe perguntou surpresa e eu senti meu coração palpitar.
- Não!
- Talvez.
Eu e Eduardo respondemos em tanta sincronia que se fosse combinado não teria dado tão certo.
- Não ou talvez? – ela questionou confusa.
- É que – Eduardo começou a falar e eu já não sentia mais meu corpo de tão tenso – a assistente de noivas da Diana também se chama Isis Ribeiro.
- Assistente de noivas? – aquele olhar de mamãe... Era preferível ver o céu desabando sobre a minha cabeça do que ver aquele olhar inquisidor direcionado à mim.
- É, eu tenho uma assistente de noivas, não te contei? – cinismo. Eu estava ficando boa nisso.
- Não, você não me disse nada sobre isso.
- É recente, mamãe. Não contei para ninguém, pois não quero que me tomem a liberdade em mais esse assunto sobre o meu casamento.
Ela ainda me encarava com suspeita e eu apenas desejava que um cataclismo acontecesse naquele momento para que eu me livrasse de mais perguntas.
- Parfait! (perfeito) – ela disse por fim – Acho maravilhoso que você tenha uma assistente de noivas! Quem sabe ela te ajude com todas as suas questões e dúvidas. – ela sugeriu – Já quero conhecê-la.
- Mamãe...
- Ah, não se preocupe, Sra. Émeraud, eu a conheci ontem e posso garantir que é uma ótima pessoa. Acredita que ela já conquistou até a Branca de Neve?
- Aquela gata temperamental de Diana? Realmente incrível! Mais um motivo para eu conhecê-la. E também aproveito para saber se ela é a mesma Srta. Ribeiro Viegas, maior benfeitora do Orfanato.
- Eu pensei que a conhecesse.
- Moi? (Eu?) Não, não... Quase ninguém a conhece. Ela é muito discreta. E apesar de ser uma colaboradora antiga, apenas as pessoas da Direção da Associação sabem quem ela é. Dizem que ela faz visitas constantes e faz doações de grandes valores. E quando eu digo grandes valores, são grandes valores mesmo! A ideia do evento anual foi dela, assim ela ajudou a salvar os Lares da falência há alguns anos atrás.
Encarando mamãe, eu não sabia quem parecia mais surpreso, eu ou Eduardo.
***
Acho que não se passará um dia sequer em minha vida no qual eu não me praguejarei de arrependimento por ter cometido a loucura de me propor ir ao encontro daquela mulher. Maldito dia, maldito Absinto, maldita Valentina ou seja lá quem ela é de verdade!
Já era noite quando seguíamos a caminho do apartamento que minha mãe mantinha na cidade. Eduardo a deixaria em casa antes de irmos para o meu apartamento, e pela sua pressa, acho ele que tinha planos.
- Foi um belo evento, Sra. Émeraud. – meu noivo dizia sem tirar os olhos da pista – É gratificante participar de algo assim. Confesso que nunca fui muito dado a ajudar em causas sociais, mas a partir de agora mudarei isso. E graças à Sra.!
- É muito bom ouvir isso, querido. Faço muito gosto.
- Eu faço minhas as palavras do Edu. – comentei – E tenho que confessar também que estou orgulhosa de você, mamãe.
Ela assentiu sorridente, mas antes que pudesse responder fomos interrompidos pelas vibrações do meu celular. Assim que vi que era do restaurante atendi logo.
- Pronto, Diana falando.
Minhas feições foram de leves para tensas em poucos segundos de conversa e isso não passou despercebido.
- Tudo bem, Ivan. Eu já estou indo pra aí. – finalizei a ligação.
- Algum problema, amor?
- Parece que sim. Me leva pro restaurante agora, por favor.
- O que houve, filha?
- Eu não sei direito ainda, mas se for mesmo o que eu entendi, é caso de polícia.
Eduardo acelerou o carro e em poucos minutos chegamos ao restaurante.
- Leve a mamãe em casa, eu vou lá resolver essa situação. Depois você volta pra me buscar. – falei rapidamente retirando o cinto de segurança.
- Não, amor. Eu vou com você. Não vou te deixar sozinha sem saber o que está acontecendo.
- Amor, não é nada para se preocupar. Leva a minha mãe e...
- Diana, como não? Você disse que era caso de polícia. O que está acontecendo?
- Amor, confia em mim. Está tudo bem, eu posso resolver sozinha, não se preocupa. Leva ela e depois passa aqui pra me buscar. Tudo bem?
Ele me fitou contrariado e em seguida olhou sua sogra no banco traseiro, parecendo ponderar a situação.
- Tudo bem, mas tome cuidado, seja lá o que estiver acontecendo aí.
- Não se preocupe. – beijei seus lábios rapidamente e me afastei – Até mais, mamãe.
- Au Revoir, filha. Tome cuidado!
Saí apressada em direção à entrada do meu estabelecimento e fui recebida pela recepcionista.
- Srta. Diana, que bom que está aqui!
- Como estão os ânimos aí, Cíntia?
- Estão calmos, na medida do possível.
Adentrei o local e o ambiente parecia normal. Caminhei a passos largos até a cozinha e lá encontrei uma movimentação estranha entre os funcionários.
- E então, o que exatamente houve aqui?
No mesmo instante todos me encararam e um silêncio desconfortável se fez presente.
- Quem foi que...? – Fernando, o Sub Chef, logo se pronunciou vindo até mim – Não houve nada, Diana. Sinto muito que a tenham incomodado. Não se preocupe, já está tudo sob controle.
- Fernando, por favor, só me diga exatamente o que aconteceu.
Ele, que me encarava, abaixou as vistas, visivelmente incomodado com a situação.
- Okay, alguém pode me dizer o que aconteceu? Ivan?
O rapaz, ajudante da cozinha, parecia receoso, mas veio até mim.
- Um cliente ficou um pouco... Incomodado com a sua ausência, dona Diana. E se alterou um pouco quando o Fernando foi atendê-lo.
- Se alterou como?
- Diana, por favor, isso não é necessário. Já está tudo resolvido.
- Fernando! – o encarei repreensiva – Continue, Ivan.
- Então, aconteceu que o cliente pediu para falar com a senhora antes de fazer os pedidos e quando o garçom disse que a senhora estava ausente hoje e que o Sub Chef era o responsável ele já ficou descontente, mas pediu para ver o Fernando. E aí quando ele chegou lá para atender o casal, digamos que o senhor não gostou muito do que viu.
- Você está dizendo que o cliente foi preconceituoso, é isso?
Ivan encarou Fernando ainda receoso e então me confirmou com um gesto de cabeça.
- Okay... – respirei fundo.
- Diana, não precisa se preocupar. Já está resolvido. – Fernando se pronunciou novamente – Eu conversei com o cliente e disse que outro cozinheiro prepararia os seus pedidos e que a primeira garrafa de vinho seria por conta da casa. Pode descontar do meu salário.
- Não, não está nada resolvido! Eu me recuso a acreditar que você fez isso, Fernando. – balancei a cabeça em negação, ainda incrédula com aquela situação.
- Me desculpe, eu... Eu achei que seria o melhor a se fazer, não queria prejudicar o restaurante.
- Fernando, presta atenção, você é o Sub Chef desse restaurante, mas antes de tudo é meu amigo e ainda antes disso é um ser humano e merece respeito. Eu não vou permitir que esse tipo de coisa aconteça aqui dentro e que você tenha essa atitude omissa. Eu deixei o restaurante sob a sua responsabilidade, como sempre faço quando me ausento e não quero que isso se repita, me entendeu? – o vi assentir ainda tenso com a situação – Onde estão esses clientes? Já foram embora?
- Diana... – Fernando tentou intervir, mas não deixei que ele continuasse.
- Não, Sra. – Ivan voltou a falar – Eles ainda estão na mesa. Acabaram de receber a sobremesa.
- Ótimo. Fernando, venha comigo, por favor. – o puxei pela mão sem dar chances para ele recusar.
Cheguei até a mesa do casal controlando meus instintos para que eu não me alterasse mais do que já estava alterada.
- Com licença. Boa noite. – tentei ser educada – Sr. e Sra. Garcia?
- Sim. Pois não? – o homem de meia idade nos olhou com certo desprezo, o que só fez o meu nojo aumentar.
- Chef Diana Émeraud, muito prazer. – sorri falsamente e logo vi seus olhos brilharem e suas feições mudarem.
- Ah, que grande prazer conhecê-la! Enfim a verdadeira responsável pelo restaurante. – os dois fizeram menção em levantar, mas gesticulei para que eles permanecessem sentados.
- Por favor, não se incomodem. E se me dão licença... – puxei uma das outras duas cadeiras vagas na mesa e me sentei, fazendo gesto para que Fernando se sentasse na outra.
Atônitos e confusos. Eu podia ler a expressão dos dois em minha frente. Fernando hesitou, mas logo se sentou, percebendo que eu realmente não estava brincando.
- Sr. Garcia, eu soube que o Sr. ficou levemente insatisfeito quando soube que eu não estava e que quem os atenderia seria o meu Sub Chef. Isso é verdade?
- Bem... – ele me fitava desconfiado, mas em nenhum momento tirou o ar de superioridade do rosto – Não posso dizer que fiquei contente ao saber que não seria atendido pela Chef principal. Se eu vou a um restaurante, quero ser atendido pelo melhor.
- Entendo. – respirei fundo mais uma vez. Estava cada vez mais difícil manter a calma – E foi somente isso que o desagradou?
- Acho que não compreendo a sua pergunta.
- O Sr. não quis ser atendido pelo Fernando apenas porque ele é o Sub Chef ou porque ele é negro?
- Srta. Émeraud, isso é um pouco embaraçoso, mas...
- Sim, isso é realmente muito embaraçoso, Sr. Garcia. Eu não posso acreditar que em pleno século vinte e um, nesse país, no meu restaurante, eu tenha que passar por uma situação absurda dessa!
- Diana... – Fernando segurou em minha mão sobre a mesa e só então notei que alguns clientes mais próximos nos encaravam.
- Mas isso é mesmo um absurdo. – só então a mulher resolveu falar – Eu vim a um restaurante francês e o mínimo que eu podia esperar era ser atendida por uma legítima descendente francesa e não por um... Por um homem de cor.
- Homem de cor? – dessa vez nem Fernando conseguiu se conter.
- Por um negro, a Sra quer dizer, não é? Um homem negro! – me alterei mais uma vez – É realmente impressionante que ainda haja pessoas como vocês nesse mundo. Eu não tenho nem palavras para comentar sobre essa ignorância e esses absurdos que vocês dois estão falando. Saibam que o Fernando é negro sim, ele é o Sub Chef desse restaurante sim e é tão competente quanto qualquer outro funcionário aqui dentro. Mas independente disso, eu não vou permitir esse tipo de atitude vergonhosa e preconceituosa no meu restaurante. Infelizmente eu não posso impedir vocês lá fora, mas aqui dentro não! – a essa altura eu já não falava mais baixo e podia sentir todos os olhares direcionados a nós, mas aquilo não me incomodava nem um pouco – Eu espero que vocês tenham um bom advogado porque o do Fernando vai entrar em contato muito em breve.
- Advogado pra quê? – o homem disse alterado – Nada justifica a sua atitude grosseira. Eu estou muito decepcionado, imaginei que a Srta. tivesse mais educação, mas vejo que as referências que recebi estavam totalmente equivocadas.
- Ah, mas educação eu tenho, e muita. Quem não tem são vocês! Vocês que cometeram esse ato absurdo contra um homem de bem, honesto e digno como o Fernando e é claro que isso não vai ficar assim.
- Não estou entendendo as suas ameaças, Srta. – a mulher mantinha a pose, mas estava visivelmente irritada.
- Ah, não? Se não sabem, se são tão inocentes assim, deixe-me esclarecer. Isso que vocês fizeram aqui se chama injúria! Injúria racial. E isso é crime! Então estejam cientes de que irão ser punidos por isso. Se a Lei nesse país funcionar, e eu farei tudo que estiver ao meu alcance para que funcione, vocês dois irão responder por esse crime na justiça!
Me levantei irritada e vi o Fernando fazer o mesmo, mas antes de sair não pude esquecer mais um detalhe.
- E por favor, os comunico desde já que não haverá cortesia e nem desconto nenhum. Os Srs. terão que pagar por tudo o que consumiram. Ah, e por gentileza, não voltem aqui. Preconceituosos não são bem vindos. Passem bem.
Obviamente eu sabia que eles não voltariam e que provavelmente fariam propaganda negativa do meu restaurante sempre que tivessem oportunidade, mas sinceramente aquilo não me importava. Ver as pessoas ali aplaudindo enquanto eu retornava à cozinha com Fernando não me deixou orgulhosa do excesso que eu havia acabado de cometer, mas também não posso dizer que não foi satisfatório, ainda mais vendo a vergonha estampada no rosto daqueles dois.
Assim que me aproximei da porta de acesso à cozinha pude ver o pequeno tumulto se dispersar e todos fingirem concentração em seus afazeres.
- Vocês seriam ótimos atores se não fingissem tão mal. – permaneci séria. Mas não durou muito tempo.
- Mandou bem, Chef! – alguém que não identifiquei disse e aquilo foi como um estopim.
Logo a primeira risada se espalhou e quando me dei conta todos ali gargalhavam, aplaudiam e assoviavam no que parecia uma comemoração. Foi inevitável rir com eles.
- Tudo bem, já chega, já chega! – pedi para que se acalmassem – Já tivemos desordem demais para um só dia aqui. Voltem aos seus afazeres, por favor. Mas antes, eu quero que estejam cientes de que esse tipo de coisa não é motivo para comemorar. É muito triste ver que o preconceito ainda acontece de maneira tão absurda como essa. Mas aqui eu não posso aceitar. Não quero e nem vou permitir que haja omissão novamente em casos como esse ou em qualquer outra forma de preconceito e desrespeito. Eu espero que vocês não se calem, denunciem. Claro que não precisam fazer esse show como eu acabei de fazer no salão, eu reconheço que me descontrolei diante do absurdo que ouvi daqueles dois, mas também não quero que se omitam ou que sejam coniventes. Da porta do restaurante pra fora eu não me responsabilizo pelos seus atos, mas aqui dentro eu não aceito. Estamos entendidos?
- Sim, Chef! – ouvi a resposta em coro e assenti satisfeita.
- Agora ao trabalho que ainda temos uma longa noite pela frente! – bati palmas e num instante tudo voltou ao normal.
Fitei Fernando por alguns segundos e antes que ele pudesse voltar ao serviço o chamei e o levei até o meu escritório no andar superior, paralelo ao segundo salão de mesas do restaurante.
- Você está bem? – perguntei quando já estávamos acomodados à minha mesa – Sei que deve ter sido muito desconfortável pra você. Peço que me desculpe por me exaltar, isso acabou te expondo mais.
- Não se preocupe comigo, Di. Eu estou bem. É claro que essa situação não é nem um pouco agradável, mas é isso. Acontece, infelizmente.
- Eu ainda quero entender o porquê de você ter se omitido tanto, Nando. Não é assim que te conheço.
- Eu, eu não sei. Sinceramente. Isso já me aconteceu tantas vezes na vida. Sofrer preconceito por ser negro, por ter nascido pobre e por ter sido criado na favela é praticamente de praxe, por mais absurdo que isso seja, é uma realidade que a gente vive. Mas nunca imaginei aqui, sabe? Não tive reação, sei lá. Só pensei no profissional, você sempre confiou muito em mim, não queria decepcionar.
- Pois saiba que eu estou decepcionada justamente pela sua falta de atitude diante disso. Mas não vou te julgar, eu te entendo. Acho que entendo. – suspirei – Só não deixe isso acontecer novamente, tudo bem? Não vou dizer para que faça como eu fiz, mas não seja conivente. Não aceite, denuncie. Você merece respeito. Você, mais do que muitos aqui, lutou tanto para chegar aonde chegou e não é um casal esnobe e ridiculamente preconceituoso que vai te desmerecer. Quer dizer, eles insinuaram que a França é um país de brancos elitistas, como se não existissem pessoas de outras etnias, de outras cores e credos lá e se existem não importam. Você tem noção da ignorância, da burrice que isso é?
- É, eu tenho sim. Mas tudo bem, eu não vou me omitir uma segunda vez. – ele suspirou em uma pausa e levou suas mãos até as minhas sobre a mesa, as segurando firme – Obrigado. Muito obrigado por tudo, pelo seu apoio e pela sua amizade.
- Isso não é coisa que se agradeça. É reciprocidade e mérito. – disse retribuindo o gesto – Agora eu quero que vá para casa.
- Não, Diana, por favor. Tudo o que eu menos preciso agora é de uma folga. Minha cozinha, minha terapia, você sabe.
- É, eu sei bem disso. Mas não quero que vá exatamente para casa, quero que vá à delegacia. Você vai denunciar esses dois, acho que pra entrar com uma ação contra eles é necessário que faça essa denúncia, não sei, mas é melhor garantir. Eles não podem ficar impunes.
- Está bem. – ele assentiu não muito contente.
- Agora desça e diga ao Ivan que vá com você. Ele foi testemunha, pode ajudar. E depois vocês podem ir para casa. Certo?
- Certo.
Ouvi três batidas na porta e um rosto conhecido apareceu.
- Com licença. Posso entrar?
- Oi, amor. Pode sim.
- Me disseram lá embaixo o que houve. Você está bem, Nando? – Eduardo se aproximou lavando a mão ao ombro do rapaz.
- Já está tudo bem agora, obrigado. A Chef aqui é uma defensora e tanto. – o vi rir pela primeira vez desde que cheguei e ri junto.
- Agora vá, Nando. E me dê notícias, me ligue se precisar de qualquer coisa, está bem?
- Sim, Sra. Obrigado mais uma vez.
- Vai lá, parceiro. Cabeça erguida, hein?! – Edu apertou sua mão num cumprimento e se despediu.
- Sempre! – ele disse por fim antes de sair.
- Difícil isso, né? – meu noivo suspirou, sentando-se no lugar onde o Fernando estava antes.
- Muito. Mas o Nando é forte, é um rapaz de ouro. Esse é só mais um obstáculo pra ele superar.
- E você só me deixa mais apaixonado por você a cada dia. Eu soube do seu discurso lá embaixo. Queria ter visto pessoalmente.
- Não era pra ter sido um espetáculo, eu me excedi.
- Você fez o que qualquer um com o mínimo de caráter faria nessa situação. Esse tipo de coisa absurda merece ser tratada assim mesmo, com pulso firme.
- Pulso firme... – suspirei num sorriso fraco.
- Tá, agora chega desse assunto tenso. Já podemos ir pra casa? Eu preparei algo pra nós.
- É mesmo? O que?
- Uma surpresinha.
- Humm... E essa surpresinha pode esperar um pouco mais? Eu não vou poder sair daqui agora, mandei o Fernando pra casa, ele vai à delegacia fazer a denúncia. Não posso deixar o restaurante. Me desculpa? – minha expressão estava tão culpada quanto eu realmente me sentia.
- Ah... Tudo bem. – e ver o desapontamento em seu rosto só me deixou mais culpada ainda – E você vai demorar aqui?
- Um pouquinho. Vou ter que fechar o restaurante.
- Certo. – ele suspirou – Então eu vou pra casa, vou te esperar lá. E aí quando você chegar a gente resolve essas nossas... Pendências. – ele riu levemente, mas não conseguiu esconder sua chateação.
- Tudo bem então. Eu vou tentar terminar tudo o mais rápido possível aqui e encontro você em casa pra ver essa surpresa que você tem pra mim, ta bom?
- Combinado.
Já passava de 1h30min da madrugada quando os últimos clientes deixaram o restaurante. Eduardo já havia me ligado dizendo que viria me buscar, mas eu recusei e disse que tomaria um táxi. E foi difícil convencê-lo a não vir.
Eram quase duas da manhã quando eu me encontrava na frente do meu estabelecimento me lembrando de que eu não tinha nenhum número de táxi disponível para esse tipo de situação. Então resolvi esperar. Aquela avenida era bastante movimentada e certamente um táxi livre não demoraria passar.
Dez minutos se passaram e eu já estava ficando impaciente. Estava prestes a ligar para Eduardo quando um carro preto elegante e de vidros escuros parou em minha frente.
Só me faltava essa, me confundirem com uma prostituta!
Observei o vidro da janela do carona abaixar lentamente e pude ver a silhueta de um homem na casa dos seus 40 anos se revelar.
- Por que parou aqui? – o ouvi dizer.
A resposta eu não entendi, mas aparentemente alguém estava o expulsando do carro.
- Você tá maluca, garota? Vai me deixar aqui no meio da cidade? – ele parecia alterado e eu tentava disfarçar que não estava prestando atenção – Sua puta! Você me paga por isso! É uma vagabunda mesmo.
O vi sair do carro irritado, batendo a porta com força. E então a porta do motorista se abriu. E sim, lá estava ela. Para minha surpresa e desespero. Era ela. Tão calmamente vindo em nossa direção, minha e do homem irritado a poucos metros de mim.
- Tecnicamente, quem me pagaria algo seria você, mas como não aconteceu nada entre nós, estamos acertados.
- Olha aqui, sua vagabunda! – o vi segurar o seu braço e a puxar com força. O que me deixou assustada – Você tá pensando que é assim? Vai me dispensar assim de qualquer maneira? Eu paguei pelo jantar e quero o serviço completo!
- Sr. Armando... – ela disse tranquilamente.
Mas será possível que nem assim essa mulher se altera? Ela é louca, só pode ser.
A vi suspirar, parecendo entediada e no máximo aborrecida, e então ela levou a mão até a fenda do seu vestido e de sua lingerie retirou algo que parecia ser uma pequena adaga com cabo cor de marfim. Eu assistia a tudo sem reação, paralisada observando atentamente cada detalhe do que acontecia, como se fosse o último episódio da minha série favorita e onde meu personagem preferido estivesse em apuros.
- Eu disse que a nossa noite acaba aqui. – ela sorria para o homem apertando a ponta do objeto em sua mão contra o abdômen dele – Imprevistos acontecem a todo o momento e agora acabou de me ocorrer um. Então infelizmente não poderei dar continuidade ao nosso encontro. O Sr. pode compreender isso? Eu acredito que pode sim. – havia tanta ironia e cinismo em sua fala que me dava certo medo.
- Ei, ei... Calma aí, garota. – ele então recuou.
- Fico feliz que o Sr. tenha compreendido. Obrigada. Tenha uma boa noite e passe bem. – ela ainda sorria enquanto o homem saía dali aparentemente assustado.
A vi se voltar para mim e no mesmo instante eu desviei o olhar. Tensa e imóvel como uma pedra.
Ouvi seus passos lentos vindo até mim e só então resolvi a encarar. Ela parou ao lado e apoiou sua perna direita no ressalto da calçada, deixando a considerável fenda de seu vestido à mostra. Com movimentos sutis, encaixou novamente a adaga em sua lingerie e elevou sua postura para olhar para mim mais uma vez.
Por todos os deuses, santos, anjos e até demônios! O quão irritantemente sexy aquilo seria se não fosse ao mesmo tempo tão assustador?
- Srta. Émeraud? – sua voz era suave. Nem parecia que tinha acabado de ameaçar estripar um homem.
Encarei seus rosto e a suavidade de um anjo era presente ali, mas em seus olhos... Neles havia o demônio que se mostrou há pouco.
- Perdão pela cena lamentável. Os homens e esse defeito irritante de não saberem ouvir um não. – ela estava mesmo fazendo uma piada? – Está tudo bem?
- Ah... Sim. Sim, eu estou bem. E você, como vai?
- Bem, obrigada. Está esperando alguém?
- Um táxi, na verdade.
- Posso lhe oferecer uma carona?
Tudo bem. Eu não sei se isso faz muito sentido, mas nos poucos milésimos de segundo que tive para pensar na resposta, ponderei entre recusar a carona e possivelmente provocar a ira de uma mulher armada que havia acabado de ameaçar um homem duas vezes maior que ela ou, entrar no carro e não provocar o desapontamento de uma mulher armada que havia acabado de ameaçar um homem duas vezes maior que ela.
Estávamos a caminho da minha casa em um clima silencioso e nem preciso dizer, tenso.
- Você está bem mesmo? – ela quebrou o silêncio enquanto ligava o som.
Uma melodia bonita invadiu o carro, algo que eu não sabia bem identificar o que era, mas tinha certeza que era bem brasileiro.
"... Seu jeito de balancear o corpo inteiro, faz meu coração bater ligeiro..."
Ela rapidamente avançou e então pude reconhecer a voz de Adele ecoar em meus ouvidos.
- Sim, estou. Por quê? – a essa altura eu já estava calma e não me pergunte como e nem por quê.
Ela sorriu.
- Você parece tensa.
- É inevitável na sua presença. – sim, eu disse sem pensar – Quer dizer, sempre encontro você em situações um pouco...
- Me desculpe pelo ocorrido com o... Enfim. – se você ia dizer cliente pode dizer porque eu sei que era. – Eu tenho que estar prevenida para qualquer tipo de situação. Eu espero que você não crie uma imagem errada de mim. – ela riu.
- Não se preocupe, não posso dizer que foi totalmente surpreendente. – menti.
Eu fiquei realmente chocada e arrisco dizer que até... Mas o que é que eu...?
- Ou seja, vindo de uma prostituta você espera qualquer coisa.
- Não! Não foi isso que eu quis dizer, me desculpe, eu só... – merd* de boca que não sabe ficar calada essa minha.
Ela gargalhou.
- Eu estava só brincando. Você não relaxa nunca, não?
Preferi não responder e deixei a viagem seguir.
Tudo estava calmo e tranquilo, em perfeita paz. Ela seguia pela orla do mar, o caminho mais longo do restaurante até minha casa e eu me perguntava se aquilo havia sido de propósito. E no instante seguinte a minha paz se foi.
Valentina seguiu até o acostamento e parou o carro. E eu comecei a rezar. A minha hora havia chegado e eu só esperava que ela me explicasse tudo antes de acabar comigo, ao menos.
- Por que parou?
- O pneu. – ela retirou o cinto – Acho que furou.
E nesse momento então eu desejava que ela me matasse logo de uma vez. Lidar com a morte com certeza seria mais fácil do que lidar com ela e toda essa tensão que ela me provocava.
Descemos do carro e constatamos que um dos pneus dianteiros realmente estava furado.
- E agora? Você sabe trocar?
- Eu? – ela perguntou como se aquilo fosse a melhor das piadas – Não, eu não faço a menor ideia de como trocar um pneu.
- Você sabe manusear uma faca aparentemente super cortante, ameaça um homem com duas vezes o seu tamanho, mas não sabe trocar um pneu? – eu estava mesmo indignada.
- Ah, claro! Até porque as duas coisas têm tudo a ver uma com a outra, né?! – seu sarcasmo era palpável enquanto ela ria.
Decidi ignorar.
- E agora? Não podemos ficar paradas aqui, ainda mais a essa hora da madrugada.
- Eu vou ligar para a emergência. Conheço uma empresa que faz esses serviços que atende 24 horas, eles já me salvaram algumas vezes.
Ficamos dentro do carro enquanto aguardávamos o socorro chegar. O som ainda estava ligado e agora a voz doce e suave de Ariana Grande preenchia o ambiente.
- Você é bem eclética, né? – comentei algo qualquer porque aquele silêncio todo já estava me incomodando.
- Sou. Eu me entedio muito facilmente, então gosto de diversificar pra não me cansar das coisas tão rapidamente.
Ela me fitou e eu me perguntei se ainda falávamos apenas de música. Achei melhor não encará-la por muito tempo, então olhei para a janela e fiquei observando alguns poucos carros passando em alta velocidade na pista ao lado.
- Ficou tudo bem com o seu noivo ontem?
- Você me deixou em uma situação complicada com aquela história de assistente de noivas.
- Me desculpe. – ela riu – Foi a primeira coisa que me veio em mente. Você tinha me dito que era noiva, foi o que pensei na hora. Mas que bom que deu tudo certo.
- É, mas agora isso tá virando uma bola de neve. O Eduardo comentou com a minha mãe sobre você e agora ela quer te conhecer.
- Sério? – ela gargalhou e eu não sabia onde estava a graça naquilo. A minha vida fodida devia ser engraçado pra ela, certamente era – Me desculpe. – ela tentou se conter – Eu... Eu posso conhecê-la, se você quiser, é claro. Apenas um encontro para convencê-la de que está tudo bem.
A fitei surpresa. Eu precisava da sua aproximação para entender mais sobre ela, mas conhecer Madame La Roux? Isso já seria demais. Mas não seria de todo ruim ter alguém comigo, alguém de fora disso tudo, que me ajude a me equilibrar, talvez. Alguém que seja uma boa companhia e Valentina é. É, ela é sim.
- Você pode ir comigo na prova do meu vestido na segunda. A minha mãe vai estar lá e... Bem...
- Perfeito. Eu posso ser sua dama de companhia.
Acabei rindo daquilo.
- Você já tem muitas ocupações para uma jovem da sua idade e ainda quer mais uma?
- Quantos anos acha que eu tenho?
- Não sei. Uns 26 talvez?
- 22.
Vinte e dois? Ela era só uma menina. Se eu dissesse que aquilo me espantou, mas ao mesmo tempo não me surpreendeu, faria sentido? Ela realmente aparentava ser bem jovem, seu rosto e feições. Mas suas atitudes, sua postura tão segura de si dava a impressão de que ela tinha um pouco mais idade.
- Por que acha que eu tenho muitas ocupações? – acho que o meu silêncio de espanto a deixou intrigada.
- Por nada.
Fiquei um tempo em silêncio pensando se eu devia ou não entrar em um assunto mais pessoal. Se eu o fizesse não teria volta, eu entraria em sua vida, de fato. E assim permitiria que ela entrasse na minha. Eu queria mesmo que isso acontecesse? Pensando bem, eu já não tinha mais controle sobre isso.
- Hoje eu fui a um evento de caridade da Associação de Orfanatos Irmã Dulce. E... Ouvi seu nome ser citado nos agradecimentos pelas doações e trabalhos voluntários. – eu a fitava enquanto falava e pela primeira vez desde que a conheci pude senti-la realmente tensa – Durante o dia você faz caridade, à noite trabalha e nos intervalos dá carona para moças em apuros e ainda terá tempo para ser minha dama de companhia? São mesmo muitas ocupações para uma jovem da sua idade, não acha? – tentei sorrir para amenizar o clima que havia ficado estranho de repente, mas não funcionou muito.
- Quer sorvete?
- O que?
- Você quer sorvete? Me deu vontade agora. Eu tenho essas vontades que vem de repente e acredite, eu não gosto de não me realizar. Isso me deixa de mau humor. – ela dizia tudo rapidamente enquanto remexia em sua bolsa que havia pegado no banco de trás – Qual sabor você prefere?
Ela me encarou e eu não sabia mesmo o que responder.
- É... Eu não sei, o que você...?
- Tudo bem, eu vou tentar adivinhar o seu sabor preferido e se eu acertar você me concede um desejo. Combinado? – ela disse e foi saindo do carro, sem me dar chances de protestar.
- Que? Espera, Valentina, onde você...
Ela bateu a porta e passou diante do carro, olhando para os lados da pista se preparando para atravessar. A segui com os olhos e a vi entrar em um estabelecimento do outro lado da Avenida onde um grande letreiro de cor amarela reluzia.
- Quanto mais a conheço mais confusa ela me deixa. – sussurrei em derrota.
Só me restava esperar. E ela não demorou para voltar trazendo consigo dois potinhos coloridos em suas mãos. Abri e empurrei a porta para que ela entrasse e segurei os potinhos enquanto ela se acomodava no banco.
- Pronto. – ela me fitou com os sorvetes nas mãos – Eu não escolhi nenhum para mim. Vou deixar você escolher um e me dar o outro. Se eu tiver acertado que um desses é o seu preferido você me concede o desejo.
- Isso é trapaça.
- Por quê? Só estou aumentando as minhas chances. Levando em consideração que você é uma grande Chef e experimenta os melhores sabores diariamente, a probabilidade de você nem apreciar o menu de uma rede de Fast Food é bem alta. Nada mais justo.
Gargalhei. Ela era bem perspicaz, além de tudo.
Olhei para os potinhos em minhas mãos, em um havia muito chocolate e no outro bastante caramelo. Foi inevitável sorrir. Escolhi o segundo e entreguei o de chocolate para ela que sorriu, mostrando aquele sorriso encantador outra vez.
- Isso quer dizer então que...
- Eu não disse nada. – me ajeitei no banco e levei a primeira colherada à boca sendo observada por ela.
Ela me fitou por alguns segundos e eu já esperava a sua chuva de contestações e argumentos, mas para minha surpresa ela ficou em silêncio e começou a tomar o seu sorvete também.
- Você tem certeza que o socorro está vindo mesmo? Estão demorando.
- Não se preocupe, eles ficam do outro lado da cidade, logo chegam.
Me lembrei que eu também já deveria ter chegado, mas em casa. Deixei o sorvete sobre o painel do carro e peguei meu celular. Não havia nenhuma chamada ou mensagem do Eduardo, o que me deixou aliviada, mas também preocupada. Ele devia estar mesmo chateado. Mandei uma mensagem em que eu falava sobre um imprevisto e que me atrasaria um pouquinho, mas que estava tudo bem. Não esperei uma resposta e guardei o celular, era pouco provável que ele respondesse mesmo.
- Eu fui adotada. – Valentina quebrou o silêncio de repente , me fazendo a encarar – Eu vivi em um dos orfanatos da Irmã Dulce até os 10 anos, quando fui adotada por um casal.
- Ah... Nossa... – ridículo, mas foi o que consegui dizer.
Ela sorriu.
- É por isso que eu faço esses trabalhos lá, me faz bem.
- Você que faz bem para aquelas crianças. É admirável.
- Srta. Émeraud, não se deixe enganar por esse sorriso angelical. – ela sorriu e eu a fitei – Imagino que agora você deve estar se perguntando como cheguei até aqui.
- Na verdade, não. – nós ainda nos olhávamos atentas e mesmo ainda me incomodando com a maneira como ela me olhava, eu já não podia negar que gostava – Tem um... Na sua boca, sujou um pouquinho.
Apontei pra ela tentando mudar de assunto e não sei se foi o melhor a se fazer naquele momento.
- Onde? – ela levou a mão para limpar e eu desviei os olhos. Talvez não fosse seguro ver aquilo – Limpou?
A olhei receosa e assenti.
- Sobre o sorvete... Eu acertei?
- Se eu disser que sim, qual seria o seu desejo?
- Eu preciso saber se sim ou não, porque não vai ser só um pedido. É um desejo mesmo.
Eu estava começando a acreditar que ela havia aparecido na minha vida para me atormentar. De todas as maneiras e em todos os sentidos possíveis.
Me assustei quando ouvi batidas no vidro da janela e só então percebemos que o socorro havia chegado.
Novamente o silêncio se fez presente, por um longo tempo dessa vez. Depois de socorridas, enfim pudemos seguir sem mais problemas. Ela estacionou na frente do meu prédio e eu já estava a cinco minutos pensando em como iria me despedir.
- Então... Obrigada. Pela carona, pelo sorvete. – sorri talvez sem jeito. Talvez.
- Foi um prazer, Srta.
- Pode me chamar de Diana.
- Como quiser. – ela assentiu me devolvendo um sorriso.
- Na segunda nos vemos? Eu te ligo para dizer o endereço e o horário.
- Sim. Eu vou esperar sua ligação.
- Okay... É isso. Até mais e obrigada mais uma vez.
Ela se aproximou para se despedir e educadamente nos cumprimentamos e o que eu esperava que fosse apenas mais um gesto comum acabou se tornando mais do que imaginei que seria.
Sua proximidade me deixava mesmo tensa. Seus olhos, sua boca, seu sorriso, tudo nela tinha a aparência de perigo e meus sinais de alerta já me indicavam isso faz tempo. Mas não era como se eu quisesse enxergar. Não dessa vez.
Senti seus lábios em meu rosto e cogitei que ela estivesse jogando comigo. E provavelmente ela estava mesmo, para me testar, para ver até onde eu estava disposta a ir. Com um leve gesto eu alcancei sua boca e a beijei. Sim, eu a beijei. Toquei em seus lábios com os meus e acabei com aquilo de uma vez. E naquele breve momento senti toda a sua suavidade e intensidade, enquanto ela tocava em meu rosto, deixando seu gosto em mim, movendo tão calmamente sua boca na minha que aquilo estava começando a me deixar...
- Me desculpe, isso não... – me afastei num rompante de lucidez.
Ela apenas sorriu, como fazia sempre. Como fazia sabendo que me deixava intrigada e instigada também.
- Obrigada por realizar o meu desejo, Diana.
A encarei e só consegui sorrir. Ela era inevitavelmente adorável.
- Bonsoir, mademoiselle Valentina. (Boa noite, senhorita Valentina.) – usei o meu melhor sotaque e me despedi, deixando o carro em seguida.
Mal coloquei os pés dentro do meu apartamento e o sentimento de culpa me assolou. As luzes estavam todas apagadas, com exceção da sala de jantar. Deixei minha bolsa no sofá e caminhei até a mesa, que parecia ter sido desfeita recentemente. Os talheres e velas apagadas e as flores no centro só aumentaram o meu remorso, mas o golpe final veio logo em seguida, quando encontrei o bilhete entre as flores.
Não pude esperar mais, me desculpe. Espero que ainda haja um espaço para mim em sua vida.
Te amo.
Edu.
Culpada e me sentindo péssima. Ali eu acabava de confirmar que havia perdido totalmente o controle da minha vida, se é que algum dia eu realmente o tive.
Fim do capítulo
Oiii... Me desculpem pela demora, pessoal.
Valentina tem mesmo várias faces, não é?! rsrs O que acharam?
Espero que tenham gostado desse capítulo e que a demora tenha valido a pena.
Obrigada pelos comentários e pelo carinho de sempre de vocês.
Então até a próxima!
Beijãoooo, amorzinhas.
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Anastacia
Em: 05/08/2016
Ei, Sweet!
Bom demais ter a Valentina de volta! Ela já estava fazendo falta por aqui. Os muitos mistérios que envolvem esta mulher aguça nossa curiosidade. Confesso que fiquei surpresa com a idade da Valentina, mas isso só reforça o meu interesse por esta personagem tão intrigante e misteriosa. A Valentina me parece aquele tipo de mulher que a vida de alguma forma fez com que amadurecesse cedo demais e isso está presente na forma segura e determinada com a qual ela encara tudo, até agora...
Ansiosa por outras Noites com Valentina!
Beijos.
Anastácia Salles.
Resposta do autor:
Ei, Anastácia!
rsrs É bom saber que aguça, essa é mesmo a intenção rsrs
A minha ideia desde o início era fazer com que ela fosse realmente bem jovem, mas tudo tem um porquê, sempre tem. E acho que logo vocês poderão saber rsrs
E você como sempre muito perspicaz, lendo nas entrelinhas... Não vou falar nada para não entregar a história, mas digo que gostei da sua observação rsrs
Obrigada e beijo...
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ReSant
Em: 02/08/2016
eu estou apaixonada por essa Valentina, Diana não fica muito atras tbm não...
não demore muito pra atualizar, sua historia faz muita falta aqui, beijos e ate o proximo cap
Resposta do autor:
rsrs Mulheres muito interessantes...
Pode deixar. Estou tentando ser breve, mas ta um pouquinho complicado por causa de uns probleminhas técnicos que ainda não pude resolver.
Mas vou sempre fazer o possível para não deixar vocês esperando tanto.
Obrigada pela paciência!
Até mais... Beijo
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Mille
Em: 31/07/2016
Valentina cerca a Diana parece que ela conhece os passos da Diana e tem um carisma que conquista muitos.
Diana foi excelente no quisito de tirar daqueles esnobe seu preconceito, pena que existe muito no mundo a fora.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
É mesmo, né? Não tinha pensado nisso... Será que a Valentina segue a Diana? rsrs
Pois é, existe muito preconceito ainda, na vida real. É algo que me entristece, por isso resolvi abordar na minha escrita. Uma maneira de evidenciar e colocar em questão um assunto tão antigo e ainda tão cheio de tabus. Vamos conscientizar então...
Até breve! Beeijo
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JanBar
Em: 31/07/2016
Uau! Sweet, se eu gostei do capítulo? Só tenho a dizer que valeu cada segundo de espera! ;-)
Adorei o capítulo!
O Eduardo é um fofo e a Valentina/Ísis uma caixinha de surpresas sedutoras. Essa disputa entre os dois pela atenção e o amor de Diana vai ser difícil!
Espero e torço para que o Eduardo seja uma cara de bem e do bem até o fim da história fazendo com que a escolha de Diana por Ísis/Valentina seja, além de difícil, de fato feita por amor mas com muitas pitadas de razão, reconhecimento, admiração, cumplicidade. E, principalmente, que o vencido nessa disputa não se sinta, nem seja, visto como incapaz ou inferior. Sweet, talvez esse seja seu maior desafio ao desenvolver/escrever essa história.
Já estou curiosa e ansiosa pela continuação!
Ótima semana e muita inspiração! Bjs, Jan
Resposta do autor:
Ah, que bom ler isso *-* Obrigada!
Eduardo tem realmente essa personalidade fofa e apaixonante rsrs
E a Valentina tem essa personalidade instigante e sedutora mesmo. Diana está em uma situaçao bem difícil... rsrs
Os rumos da história e dos personagens já têm um caminho. Como chegar até lá que será o desafio mesmo. Mas de qualquer maneira eu espero que vocês gostem e que seja uma leitura interessante para vocês.
Fico aqui aguardando as suas opiniões e expectativas rsrs
Muito obrigada! Preciso mesmo rsrs
Beeijo ♥
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lis
Em: 31/07/2016
interessante o capitulo, legal saber mais sobre a Valentina mais pelo jeito ainda tem mais coisas, da dó do Eduardo pois por enquanto ele é um bom noivo né rs, mais acredito que a Diana não dev levar um casamento a frente se não se sente segura para isso.
Resposta do autor:
Ah, tem sim... Muitas coisas rsrs
Pois é... Eduardo é sim um ótimo noivo.
Isso é o mais certo a se fazer, resta a Diana tomar uma decisão logo...
Obrigada por comentar!
Beijo
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perolams
Em: 31/07/2016
Acho que Valentina não surpreendeu nem metade ainda. Se Eduardo não tiver nenhum esqueleto no armário eu vou ficar de coração partido por ele, que pessoa mais fofa!
Resposta do autor:
Será? rsrs A Valentina tem muita história ainda. Aguardemos...
Bom, o Eduardo é mesmo um fofo. Não sei o que o futuro o reserva, (na verdade sei, mas não posso dizer hehehe) mas que ele é um amor isso é mesmo rsrs
Beijo
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lia-andrade
Em: 30/07/2016
Quero mais Valentina.. Enfim o beijo e Diana tomando a iniciativa. Amei..
Beijos, até o próximo.
Resposta do autor:
Valentina se mostra aos poucos... rsrs
Diana se cansou desse jogo e tomou a iniciativa logo rsrs
Bom saber que você gostou!
Muito obrigada!
Até mais... Beeijo
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