Os Anjos Vestem Branco - Capítulo 4

 

Bruna, Sabrina, Ricardo e Adriana estavam em um barzinho no Leblon, comendo, bebendo e conversando.

-- A Sabrina está exagerando. Eu nem fiquei desse jeito.

-- Como que não. A bába escorria pela boca - fez gestos de limpar a boca com a mão.

-- Se a moça é como a Sabrina falou, é chave de cadeia. Cai fora - Ricardo falou sério - Ela tem jeito de ser casada, amontoada, amigada ou sei lá o que.

-- Também acho - Adriana concordou com os amigos.

-- Coitada da garota vocês a transformaram em maionese de fim de festa - Bruna falou séria.

-- Porque Bruninha? - Ricardo a encarou curioso.

--Todo mundo avisa para não comer, mas você come porque está desesperado, se arrepende depois e passa mal.

Risos

-- É bem assim - Sabrina levantou o copo - Brinde.

-- Confesso que fiquei de quatro pela morena, só não investi porque estava em horário de trabalho. Se estivesse em uma balada ou em um barzinho, sei lá, em qualquer outro lugar, nem me importaria de levar uns tapas - risos.

-- E seria isso mesmo que aconteceria. Ela é mulher demais pra você Bruninha. Tem jeito de ser muito experiente e você com esse jeitinho de menor abandonada não teria a menor chance - Sabrina virou o copo de cerveja.

-- Obrigada você muito me animou - Bruna fez bico.

-- É verdade. Você provavelmente quando trans* fala assim para a garota:

"Por favor meu amor você poderia abrir as pernas para mim dar uma..."

Sabrina não terminou a frase, Ricardo tapou a sua boca.

-- Você poderia respeitar o seu amigo que está comendo ostras cozidas no vapor como aperitivo? - Ricardo fez cara de nojo - Agora é tarde não quero mais - empurrou o prato para longe.

-- Pois eu quero - Adriana puxou para perto dela - Acho tão sensual ch*par ostras - mostrou para ele como se fazia.

Ricardo a encarou por alguns segundos.

-- Vou no banheiro. Estou enjoado. Com licença - levantou e saiu.

As amigas ficaram rindo dele.

 

-- Essa pede uma piada de ostra:

As três bichas foram a um restaurante especializado em frutos do mar.

- Pois não? - pergunta o garçom.

- Nós queremos ostras!

- E como vocês querem as ostras?

- A minha eu quero com sal! - pede a primeira.

- A minha com limão! - pede a segunda.

E a terceira, a mais bicha entre as bichas, dispara:

- A minha eu quero com pérola!

Risos.

 

 

 

 

 

A semana passou na velocidade da luz. Bruna deu prioridade ao trabalho no hospital da Barra. Era lá que precisavam dela, sentia-se útil, valorizada.

Nestor em nenhum momento chamou a atenção da filha. Era um homem bom e pensava da mesma forma que ela. Bruna não esqueceu o dia em que o pai chegou para ela e falou:

-- Bruninha como dizia Milton Nascimento: Todo médico tem de ir aonde o povo está.

-- Pai não seria o artista?

-- Dá tudo na mesma filha -- falou sorrindo.

-- Tem razão pai - Bruna abraçou Nestor bem apertado.

 

 

Na Barra da Tijuca...

 

-- Vamos mona, não me abandone no momento em que mais preciso de você - Thiago só faltava se ajoelhar.

-- Melhorou tão rápido né sua bicha fingida. Até receber esse convite, estava todo ruinzinho.

-- Para você ver como uma pessoa deprimida sofre. Chega até a sentir dores pelo corpo.

-- Tenho vontade de te quebrar mais umas cincos costelas.

-- Tudo bem desde que vá comigo - assoprou as unhas para secar a base.

-- Porque será que eu acho que vou me arrepender amargamente - Victória revirou os olhos - Festa gay. Ao menos o mô não terá motivos para sentir ciúmes.

-- Mô, que nojo - falou baixinho para a amiga não ouvir.

-- Não resmunga se não adeus companhia para a festa - falou brava.

-- Então você vai? - correu e abraçou a amiga - Ai meu Deus borrei a unha.

-- É uma festa decente ao menos? - Entrou no quarto para escolher uma roupa.

-- Coisa chique amiga. Pessoal só da alta sociedade - foi atrás da morena.

-- E o que nós vamos fazer lá então?

-- Média e marketing pessoal minha flor. Esse vestido é lindo Vic - tirou do cabide e colocou na cama.

-- Quer para você então? - falou irônica - Depois apanha não sabe porquê.

-- Você está tão mal humorada Victoria's Secret, precisa fazer mais sex*. O mô não está marcando presença ultimamente?

-- Nem vou responder com o risco de quebrar todos os cristais com a minha voz.

-- Credo, sua bruxa - virou-se e saiu em direção ao quarto de hóspedes para trocar de roupa. Victória hoje não estava para conversa.

 

 

No Hospital Helena Sontag...

 

-- Você vai na festa do Paulinho? - Ricardo parou na porta do consultório em que Bruna estava.

-- Se eu não for a Katy tem um aborto - respondeu sem levantar a cabeça do relatório que preenchia.

-- Pois eu vou sozinho, hoje eu quero liberdade de ir e vir - sentou na cadeira de frente para Bruna.

-- Lá o máximo que você terá é liberdade de ir e vir do banheiro. Prefiro ir acompanhada ao menos vou ter alguém de cão de guarda.

-- Que horror Bruna, aquela garota não vai desgrudar de você um segundo sequer.

-- Pensa pelo lado positivo. Não vou precisar ficar descartando todas aquelas garotas da facu que ficam pegando no meu pé.

-- Gostosona você hein? - Ricardo usou de pura ironia nas palavras.

-- Você sabe o que na verdade elas querem - terminou de preencher o relatório e levantou - Agora vou para casa me preparar para a gran fest.

-- Passa para me pegar? Não estou a fim de dirigir hoje - também levantou para sair.

-- Passo depois que pegar a Katy, pode ser?

-- Claro. Eu fico esperando.

Os dois saíram rápidos, já estavam atrasados.

 

 

Mais tarde em casa Bruna tentava convencer a irmã a ir junto na festa.

-- Não vou com a cara do Paulinho e nem ele com a minha. Deixa para a próxima maninha - beijou a cabeça da irmã - Se cuida, não bebe, não se mete em briga...

Bruna pulou no pescoço da irmã.

-- Não trans*... Só falta você me dizer: Mas se fizer sex* não esquece a camisinha - caiu na gargalhada. Priscila sempre foi super protetora.

-- Eu me preocupo muito com você sim - confessou - Com tanta violência nesse mundo, saber que minha irmãzinha está por aí desprotegida me causa pavor.

-- Eu entendo a sua preocupação mana, mas eu prometo me cuidar tá - beijou o rosto de Priscila - Agora tenho que ir que a Katy deve estar em cólicas.

 

 

Thiago e Victória acabavam de chegar na festa.

-- Poxa Thiago só luxo hein - a morena olhou ao redor admirada com a beleza da casa.

-- Não te disse. Agora vamos se misturar com o pessoal, quero te apresentar a uns amigos bem maneiros. Vem - o rapaz saiu puxando Victória por entre a galera que dançava no maior entusiasmo.

Finalmente conseguiram chegar até a piscina aonde o pessoal estavam na maioria sentados conversando.

-- Bela - o rapaz deu dois beijinhos na mulata e segurou em sua mão - Quero te apresentar minha amiga Victória.

-- Eu sou a Juliana, muito prazer Victória - cumprimentaram-se com dois beijinhos.

-- O prazer é meu Juliana. Muito bonito esse lugar.

-- É a casa do meu primo Paulinho, o aniversariante - sorriu mostrando muita simpatia.

-- Na verdade quem me convidou foi a Juliana, mal conheço o Paulinho - Thiago falava enquanto arrumava os cabelos.

-- Querem beber algo? - Juliana chamou o garçom que passava naquele momento por eles.

-- Quero um whisky por favor - Victória pegou o seu copo e levou a boca tomando um gole generoso da bebida.

-- Vai com calma tchê - Thiago falou brincando.

-- Deixa ela Thiago, hoje todos vão ficar bêbados mesmo. Fiquem a vontade vou circular - deu um sorriso e saiu.

-- Ela não é um amor? - o rapaz comentou assim que Juliana saiu de perto.

-- Muito simpática, gostei dela - começou a tocar I Follow Rivers - Adoro essa música, vamos dançar - sem dar tempo de Thiago protestar o puxou pelo braço para o meio do grupinho que dançava ao redor da piscina.

 

 

-- Se eu imaginasse que vocês duas ainda iriam trans*r antes de vir para a festa, nunca teria pedido pra essa tarada aí me pegar - Ricardo reclamava sem parar.

-- A culpa é da Katy, ela pensa que é Engov, você dá uma antes de sair, faz farra a noite toda, e quando volta pra casa, bêbado, dá outra antes de dormir.

-- Na verdade o que demorou foi tomar banho e ter que se arrumar novamente, né bebê? - Katy passou a mão pela perna de Bruna que só sorriu.

-- E tenho que ficar ouvindo essas coisas ainda - ficou bicudo - Será que não dava para segurar essa pereréca um pouquinho não? A essa hora você nem vai encontrar vaga para estacionar.

-- Calma Ric, a festa vai até de manhã - após várias voltas pela propriedade a loira finalmente encontrou um lugar para deixar o carro.

-- Poxa pensei que ficaríamos a noite toda rodando em volta do jardim - Ricardo abriu a porta do carro e saiu rápido em direção a casa.

-- O Ric parece uma perua velha - Bruna observava o amigo andando apressado na frente delas.

-- Eu acho que ele tem um encontro.

-- Será? - Bruna entrelaçou a sua mão com a de Katy e entraram na casa.

Katy entrou toda orgulhosa, fazia questão de cumprimentar a todos e mostrar que estava de mãos dadas com a garota mais popular da faculdade.

Bruna se divertia com a situação. A cara de espanto que todos faziam era hilário.

Sabrina se aproximou das duas.

-- Foram fazer um filho antes de virem para cá? - colocou um copo de bebida na mão de Bruna e outro na de Katy.

-- Pelo jeito a festa não foi cancelada devido ao nosso atraso - Bruna riu despreocupada.

-- Nem perceberam - Sabrina piscou para uma garota que passava - Já volto - e saiu apressada atrás da menina.

-- Vamos pegar mais bebidas Katy?

-- Vamos bebê - deram-se as mãos novamente e misturaram-se aos demais convidados.

 

 

-- Estou morta Thiago, tenho que descansar um pouco.

-- Não sei como consegue dançar com esses saltos altos - falou morrendo de inveja da morena -- Vai ficar chateada se eu ficar mais um pouco por aqui Vic?

-- Claro que não meu amor. Vou atrás de uma bebida e depois sentar um pouco. Fique o tempo que quiser.

-- Obrigado - jogou um beijo para a morena e continuou dançando.

Victória entrou na casa lentamente. Observava os jovens que dançavam e bebiam animadamente. Quanto tempo que não fazia isso. É lógico que aquela alí não era a sua tribo, mas eram divertidos e simpáticos o que a deixou muito a vontade naquela festa.

Entrou em uma sala aonde haviam várias pessoas conversando e bebendo sentadas em poltronas enormes, pensou que talvez fosse o lugar ideal para ela descansar um pouco. Quando decidiu finalmente juntar-se a eles, avistou um rosto conhecido que a fez mudar de direção e esconder-se atrás de um pilar.

-- Doutora Bruna? - Victória não acreditava no que estava vendo. A doutora sentada com uma garota em seu colo. A outra mulher fazia carinhos em seus cabelos loiros e volta e meia lhe dava um beijo demorado na boca.

Victória continuava escondida atrás do pilar observando a cena e quase deu um grito quando alguém encostou a mão em seu ombro.

-- Espiando a doutora gostosa? - Sabrina conteve o riso.

Victória ficou branca.

-- Desculpa, foi mal - estava morrendo de vergonha.

-- Te desculpar porquê? Quantas vezes eu já fiquei espiando ela tomar banho - deu uma risada - Só não conta para ela tá, se não nunca mais vou poder fazer isso - falou fingindo seriedade.

-- Eu só estou surpresa. Nunca imaginaria que ela fosse... - parou e olhou novamente para Bruna.

-- Lésbica? - Sabrina completou.

-- Isso... Ela é tão delicada, amável...

-- Precisa ver trans*ndo ela é tudo isso e muito mais - falou engolindo o riso.

-- Vocês já... - Victória arregalou os olhos.

-- Várias vezes - falou como se fosse a coisa mais natural do mundo - Não pense que porque somos lésbicas não podemos ser delicadas e femininas.

-- Aquela garota sentada no colo dela, quem é? - perguntou sem tirar os olhos das duas garotas que agora conversavam felizes.

-- É a namorada dela. Vamos lá, ela vai adorar te ver por aqui - pegou na mão de Victória.

-- Posso te pedir uma coisa? - encarou Sabrina com olhar suplicante.

-- Claro, diz aí.

-- Não conta nada para ela da nossa conversa. Faz de conta que me encontrou por aí e pronto.

-- Sou um jazigo.

-- Não seria um túmulo? - Victória sorriu.

-- Sou chique bem. Vem comigo - saiu puxando a morena pelo meio das pessoas.

 

-- Olha quem eu encontrei perdida por aí... A morena gostosona - Sabrina anunciou alto e Victória teve a impressão que o Rio inteiro ouviu.

Bruna que estava com Katy sentada no colo e os braços ao redor do seu pescoço quase jogou a garota no chão de susto.

-- Bruninha veja só que coincidência, nossa amiguinha acompanhante também está na festa.

Bruna a encarou com os olhos brilhantes. Era bom demais rever a morena. Foi até ela e deu dois beijinhos.

-- Coincidência mesmo - colocou as mãos dela entre as suas - Tudo bem?

-- Tudo. Prefiro te encontrar em lugares como esses do que no hospital - falou com as mãos ainda entre as de Bruna.

-- Com certeza - A loira presenteou Victória com o seu mais lindo sorriso.

Katy pigarreou e puxou Bruna para si. Para delírio de Sabrina que observava a cena como se fosse uma comédia nacional.

Sabrina já estava acostumada com o jeito da amiga. Ela era do tipo amo todas e não amo ninguém. Com aquele jeitinho meigo vivia rodeada de garotas, evitava magoar as pessoas e as tratava com carinho. Mas quando pintava um encontro como esse, eram faíscas para todos os lados, as namoradinhas dela protagonizavam as mais incríveis batalhas pela disputa da garota.

-- Não vai me apresentar a sua amiga Bruninha? - falou manhosa.

-- Victória essa é a Katy - Bruna desvencilhou-se do braço de Katy que estava em volta do seu pescoço.

-- Oi Victória, sou a namorada da Bruna - demarcou território.

-- Oi Katy, prazer em conhece-la - cumprimentaram-se com dois beijinhos no rosto.

Bruna mesmo sem perceber continuava com o olhar perdido pelo corpo de Victória. Como ela estava linda com aquele vestido curto no tom azul deslumbrante, com um nó insinuante no busto, decote V profundo muito sexy e sem mangas.

Sabrina lhe estendeu um guardanapo.

-- Pega, você vai precisar - apontou para a boca da loira.

-- Idiota - amassou o guardanapo e jogou na cabeça da amiga.

-- Foi muito bom encontrar vocês, mas agora vou ver o que o Thiago está aprontando - sorriu para as garotas a sua frente - Nos vemos por aí.

-- Com certeza - a loira respondeu empolgada.

Victória deu meia volta e saiu caminhando. Caminhando não. Desfilando pela sala. Bruna e Sabrina ficaram acompanhando a morena com os olhos até a sua saída do local. Quando voltaram a realidade deram de cara com Katy as encarando com os braços cruzados sobre os seios e com sangue nos olhos.

-- Bonitinha ela né Sabrina? - Bruna colocou as mãos nos bolsos da calça.

-- Mais ou menos né loira - sacudiu as mãos e fez uma careta - Conheci melhores.

-- Duas safadas - Katy falou brava e saiu em direção ao banheiro.

-- Sabrina vai atrás dela e a tranque no banheiro - Bruna já ia se mandando, quando foi impedida pela amiga.

-- Péraí, Péraí. Vai aonde Bruninha sapatinha?

-- Vou atrás da minha felicidade.

-- Há tá e o que eu faço quando a infelicidade sair do banheiro?

-- Inventa algo. Você sempre foi boa nisso - já estava a alguns metros de distância quando Sabrina a chamou.

-- Bru. O que eu ganho com isso?

-- Te deixo continuar me espiando no banho - e saiu correndo.

 

No caminho Bruna esbarrou com Ricardo.

-- Por onde andava Ric?

-- No banheiro. Aliás não fiz outra coisa desde que cheguei - falou desanimado.

-- Ao menos estão te dando o direito de ir e vir? - caiu na gargalhada - Desculpa, foi mal.

-- Aquela comida do refeitório ainda vai me matar - passou a mão pela barriga - Com licença preciso me retirar.

Bruna ficou com pena do amigo, mas fazer o que, segurar a mão dele no banheiro é que não iria. E continuou a sua procura pela morena entre aquele mar de gente espalhados pelo jardim.

Já estava quase desistindo quando lembrou da piscina. Lá geralmente ficava uma galera dançando e bebendo. Era um grupinho de fora da faculdade, na maioria amigos de sua ex Juliana.

Assim que colocou o pé no local ouviu a voz da bela mulata.

-- Olhem só pessoal quem resolveu descer para rever os plebeus - Juliana mostrava sinais de embriagues e assim que viu Bruna começou a soltar o verbo - Cansou das Patricinhas Bruninha? A gente pode dar um jeito nisso - deu um beijo na boca da loira.

-- Pára com isso Jú - afastou-se da mulata - Estou procurando dois amigos.

-- Amigos seus aqui? Acho difícil. Geralmente os seus amigos não misturam-se com os meus lembra?

Bruna permaneceu calada. Não iria discutir com uma pessoa bêbada. Não valia a pena. Aproveitou para dar uma bela olhada ao redor na esperança de ver Victória por alí e nada. Nem sinal dela ou de Thiago.

-- Acho que foi um erro ter vindo até aqui - virou-se para sair, mas foi puxada por Juliana.

-- Não sem antes pagar a entrada - e sem que Bruna esperasse, a mulata passou os braços ao redor do pescoço da loira e deu-lhe um beijo daqueles de tirar o fôlego.

Quando Juliana a largou, Bruna estava até tonta precisou se apoiar na mulata para não perder o equilíbrio. Sequer recuperou-se do beijo e já levava outro golpe. Katy chegava no local no exato momento do beijo e não perdeu tempo, meteu a mão na cara da loirinha.

-- Como você pôde fazer isso comigo? - Katy chorava desesperada.

-- Mas eu... - Bruna tentou defender-se.

-- Cala a boca se não te bato de novo - levantou a mão para a garota.

-- Péraí. Se bater nela vai se ver comigo - Juliana empolou o peito - Tá pensando o que sua mocréia disfarçada.

-- Agora você me ofendeu sua filha de Iansã com Oxóssi.

Pronto. Instalou-se a discórdia. As duas se agarraram pelos cabelos e saíram rolando pelo chão.

A rodinha se formou e a torcida se dividiu.

Sabrina se aproximou de Bruna e pegou em seu braço.

-- Vamos sair logo daqui - pegou na mão da amiga e a puxou.

Enquanto as duas se destruíam Bruna e Sabrina fugiram correndo para o interior da casa.

-- Vem aqui - Sabrina a chamou.

-- O que você quer? Aiiiiii... Sua estúpida - Sabrina deu um tapa no ouvido da loira.

-- O que você tem nessa cabeça sua pereréca albina? Toda festa que nós vamos acaba desse jeito.

-- Mas eu não fiz nada Sabrina - pegou um copo de whisky da bandeja de um garçom que passava.

-- Nem precisa fazer. A sua presença já basta - jogou-se no sofá - Ao menos encontrou a gostosona?

-- Não. A louca da Juliana me agarrou e o final da história você já sabe - jogou-se ao lado de Sabrina no sofá.

-- Isso tudo me deu uma fome danada. Vamos procurar alguma coisa para comer? - Sabrina levantou em um pulo.

-- Vamos. Também estou com fome - abraçou a amiga pela cintura e foram em direção a cozinha.

 

 

Victória e Thiago assistiam a tudo de boca aberta.

-- Eu nunca imaginaria que aquela médica boazinha, meiga e carinhosa fosse tão sem vergonha - a morena ainda estava boba - Trair a namorada assim na cara dura.

-- Não sei não Vic. Conhecendo a Juliana como conheço, a doutora pode muito bem estar inocente nessa história toda.

-- Eu vi o beijo delas Thiago, foi algo de cinema.

-- A briga também - o rapaz caiu na gargalhada.

-- E eu que pensava que esses barracos fosse exclusividade de festa de pobre - risos.

-- Que nada Vic, barracos acontecem em todas as camadas da sociedade.

-- Acho melhor a gente ir embora Thiago, o clima por aqui ficou meio que pesado, não achas?

-- É verdade. A Juliana sumiu. Deve estar se recompondo.

-- Vamos então, antes que sobre pra gente.

Victória e Thiago saíram de fininho e sequer despediram-se dos amigos.

 

 

Bruna estava sentada no sofá comendo um pedaço de bolo quando Juliana entrou já refeita do combate com Katy.

-- Há, você está aí Doutora Bruna.

Bruna olhou para os lados.

-- Não. Impressão sua - continuou a comer o bolo.

Juliana sentou sensualmente ao lado da loira e passou os dedos pelos lábios dela que involuntariamente entreabriram-se.

-- Juliana melhor não...

A mulata tirou o pratinho de bolo da mão de Bruna e colocou sobre a mesinha de centro.

-- Sinta como eu estou com tesão - pegou a mão de Bruna e levou até o seu seio -- O bico dos meus seios estão tão durinhos que chegam até a doer.

-- Sério? Que dó - a garota estava sem forças para reagir.

-- Você como médica tem obrigação de tratar a minha dor - Juliana pegou na gola da jaqueta de Bruna e a levantou, ficando frente a frente - Qual é o tratamento indicado? - falou entre os lábios da loira.

-- Que tal uma massagem relaxante?

Era tudo o que a mulata queria ouvir. Pegou na mão da ex e a conduziu praticamente correndo até um dos quartos da casa.

Assim que entrou Juliana arrancou o vestido e jogou no chão ficando apenas de calcinha.

-- Caramba eu já havia me esquecido de como você é gostosa - Bruna deu um passo à frente, mas a mulata a impediu de prosseguir.

-- Agora é a sua vez... - apontou para a roupa.

Bruna arrancou sua jaqueta e em seguida retirou a camiseta.

-- Você quem manda - e em seguida não só tirou a calça, como a roupa inteira.

-- Agora sim - Juliana jogou-se na cama.

Bruna tragou a saliva e engatinhou pra cima dela. Deitou-se no meio de suas pernas para logo tomar seus lábios. Ela respondeu à altura com seu beijo molhado.

-- Você me mata sabia? - Bruna começou a roçar seu corpo com o de Juliana. Beijou no pescoço, até chegar ao tão esperado mamilo. Beijava e ch*pava, levando-os pra cima e para baixo.

Juliana se remexia debaixo dela, também queria toma-la, mais estava tão gostoso com ela ali.

Bruna continuou castigando seus mamilos e ela se remexia ainda mais soltando alguns gemidos; até que não aguentou e surpreendeu a loira a empurrando com as costas no colchão.

-- Não aguento mais... Te quero todinha... - a mulata começou a passear suas mãos pelo corpo da garota. Suas mãos deslizaram desde os seios até abaixo do umbigo dela.

 Bruna mordeu os lábios sentindo-se excitada com aquilo. Era extremamente boa aquela sensação.

-- Vem agora, por favor! - a loira pediu e Juliana atendeu...

 

 

Sabrina retornou a sala e não encontrou a amiga, apenas Ricardo estava sentado em uma poltrona mexendo no seu celular.

-- Ric, você viu a Bruna?

-- Não. Faz tempo que não vejo aquela garota - respondeu sem olhar.

-- Estranho. Deixei ela sentadinha aqui com um pratinho de bolo e fui atrás de refrigerante - colocou os copos sobre a mesa -- O pratinho está aqui, mas ela sumiu.

-- Deve ter encontrado algo mais interessante para comer - falou sem dar muita importância.

-- Também, não dá para deixar um minuto sozinha que já se mete em confusão - sentou ao lado de Ricardo.

-- Deixa de ser chata, ela deve estar se divertindo com alguém - cruzou as pernas - Só espero que ela não esqueça que estou de carona - bocejou desanimado.

Juliana passou pelos dois em direção a cozinha com o nariz empinado.

-- Grossa - Sabrina resmungou.

Na volta ela trazia duas latinhas de coca na mão.

-- Juliana, você viu a Bruninha?

-- Ela está lá no quarto - deu um sorrisinho de canto - Vai ficar comigo hoje - Virou-se e seguiu com as latinhas na mão.

Sabrina balançou a cabeça. Ricardo bocejou novamente.

-- Me dá uma carona?

-- Vamos. Deixa que mais tarde essa safada vai se ver comigo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo