Capítulo 3: Os desastres continuam
Após matar quem estava me matando e tomar logo dois comprimidos para dor de cabeça, já estava realmente me sentindo melhor apesar de tudo. Estávamos chegando à agência e só aí é que fui acordar pra vida e perceber que se não tomasse alguma providência urgente estaria no olho da rua no final da tarde. Entrei em completo desespero.
-- MARCELA! Você precisa me ajudar senão além de tudo vou perder o emprego. Pelo amor de Deus, não vou conseguir montar sozinha essas estratégias da campanha Marz - disparei tão rápido que provavelmente Marcela não entendeu metade das palavras que disse.
-- Calma Soph, respira, toma essa água, vamos resolver. Você não perderá o emprego. Fica tranquila. – falou, tentando inutilmente me passar segurança.
Tranquilidade era um sentimento que estava muito longe de mim nesse momento. Mas contrariando os últimos acontecimentos, recebi uma grande prova de amizade de alguns colegas. Isso porque além de Marcela, os outros pra mim eram simplesmente colegas de trabalho, mas isso certamente iria mudar a partir de hoje. Bem que falam que é nos momentos ruins que conhecemos nossos verdadeiros amigos.
Marcela conseguiu juntar um pequeno mutirão ao meu favor e assim, ela, Luiz, Gustavo e Tati abandonaram todos os seus afazeres pessoais e passaram a se dedicar com afinco a terminar minha campanha. Eu mesma não fiz muita coisa, minha cabeça estava mais longe que a lua e, contrariando todos os recordes, terminamos tudo em apenas algumas horas.
Consegui visualizar claramente a incrível prova de amizade dos quatro quando me deparei com o horário e vi que já eram seis e meia da tarde, e nosso horário de saída é as cinco e em nenhum momento eles reclamaram ou hesitaram em me ajudar a sair dessa enrascada. E isso sem questionarem absolutamente nada.
Fiquei completamente emocionada e não pude deixar de evitar pensar que passaria novamente por todos aqueles infortúnios do dia apenas por essa demonstração única de companheirismo e amizade. Não consegui evitar também as lágrimas emocionadas que surgiram na minha face ao me deparar com as quatro caras cansadas e minha campanha pronta a minha frente.
-- Galerinha do meu coração, não existem palavras nesse imenso vocabulário para lhes agradecer por tudo o que fizeram por mim nesse dia. Apenas saibam que se precisarem de mim para qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, estarei sempre a postos pra vocês, a qualquer hora que for – e fui logo me agarrando a todos eles, chorando copiosamente.
Parcialmente recuperada do meu ataque emotivo, fui até a sala do meu chefe e entreguei-lhe a campanha devidamente pronta e sai com a alma lavada e completamente leve por ainda possuir meu precioso emprego.
Já tinha até me esquecido completamente de todas as desgraças da minha manhã e fui saindo saltitante e feliz quando de repente me deparo com um casal de namorados passeando de mãos dadas pela rua. Não teria nada de anormal, não fosse por me alertar para minha terrível realidade, me fazendo sair completamente da minha bolha de alegria momentânea e relembrando que hoje era meu aniversário de namoro e não tinha comprado nem um mísero presente para Amanda e agora quinze para as sete da noite as lojas já estariam completamente fechadas.
Totalmente desesperada e sem saber o que fazer para sair dessa enrascada, escuto um barulho familiar no meu bolso e lembro finalmente de olhar meu celular. Tinha me esquecido completamente com todos os afazeres da tarde. Nele tinha treze ligações perdidas da Gabriela, uma amiga da faculdade, sete da minha namorada, além de duas mensagens, uma me relembrando do dia de hoje e outra me intimando a aparecer em sua casa às oito da noite para comemorarmos.
Certamente ela ficaria uma fera se eu aparecesse com minha cara deslavada de sempre e sem nenhum presente. Então me assaltou uma ideia brilhante. É isso! Iria até a casa da Clara, que conheci por intermédio da Marcela, dona da joalheria mais famosa da cidade, pediria para ela abrir a loja em caráter excepcional e lhe compraria um lindo ouro. Seria perfeito.
No caminho, já me sentindo mais leve, nem me dei conta do temporal que estava para cair e realmente me surpreendi quando começaram os raios nervosos e pingos desavisados.
Não me importaria com a chuva se não fosse pelo gesso no meu braço, então me pus a correr pela segunda vez naquele dia, e como para me lembrar que em dias desastrosos não devemos ficar muito esperançosos, no meio do caminho surge um carro em alta velocidade passando exatamente na enxurrada ao meu lado e me molhando completamente com aquele lamaceiro todo. Se eu fosse um prato, poderia ser chamado de algo do tipo “Sophia a lá barro”.
Foi nesse instante que relembrei novamente que eu era simplesmente a discípula preferida de Murphy. E como que para ressaltar que era a prova viva mais perfeita da realidade de sua teoria, eu devidamente distraída chego à casa de Clara e ao apertar a campainha tomo um pequeno choque que me leva a cometer mais um ato falho e escorrego vergonhosamente caindo de bunda no chão molhado e encardido.
Nesse momento, surge Clara e se depara com a minha estranha figura aparentemente saída daqueles filmes de guerra nuclear. E devo dizer que mesmo com os fios do cabelo molhados dava pra perceber que eles estavam meio arrepiados, estilo Einstein por causa do choque e como não poderia deixar de ser tenho que encarar mais uma tiração de sarro da minha pessoa.
-- Sophia, você está vindo direto da roça, Gilberto te colocou em uma cadeira elétrica ou é a terceira guerra mundial que está para acontecer e não estou sabendo? – Clara disparou a gargalhadas, rindo descaradamente da minha trágica situação.
Tentando adquirir alguma dignidade e retomar a compostura, me levanto e inutilmente volto a limpar pela enésima vez aquele barro todo em minha roupa, rosto e cabelo, mas como não poderia deixar de ser, só o que consigo é ficar ainda pior do que já estava, se é que é possível tal realidade, o que me rendeu mais algumas piadinhas.
Depois que comprei uma linda gargantilha de ouro branco e com o símbolo do infinito como pingente para demonstrar a minha amada que tudo o que gostaria era que nosso amor fosse exatamente assim: eterno, resolvo retornar em casa para um banho antes de me encontrar com minha loira.
Chego em casa e a única coisa que gostaria de verdade era cair na cama e dormir para esquecer aquele fatídico dia desastroso, mas além de estar totalmente encardida não podia deixar de ir ao jantar de comemoração de dois anos de namoro com Amanda.
Resignadamente, me dirigi ao banheiro para me libertar finalmente de toda aquela imundice. Certamente teria que jogar fora toda a minha roupa devido seu estado lastimável. No caminho ao banho, lembro-me de ligar a secretária eletrônica para ver meus recados.
Deparo-me com dois recados de minha mãe me intimando a almoçar com ela no domingo e um de Amanda novamente me lembrando do dia de hoje. Qual o problema hein? Não sou tão esquecida desse jeito! Mas contrariando novamente meus pensamentos qual não é minha surpresa quando ouço a voz da Gabi levemente irritada:
-- Sophia, por que você não atende esse celular, criatura? Onde foi que se meteu afinal? Esqueceu da apresentação do nosso trabalho de Psicologia da educação hoje? Saiba que se não aparecer na faculdade pode esquecer que sou sua amiga, ENTENDEU? Ótimo!
Saí desesperada do banheiro, pegando a primeira roupa que me apareceu na frente. Tinha me esquecido completamente do maldito trabalho do professor Mauri. Não podia faltar e perder nota. Olhei para o relógio e logo entrei em pânico. Era dez para as oito, ou seja, tinha quinze minutos para chegar na faculdade se não quisesse ser servida em bandeja de prata.
Sai tropeçando nos móveis pela casa, derrubando flores e retratos sem dar a mínima, pois realmente estava em maus lençóis. Pego a chave do carro e vou em direção a porta parecendo mais uma daquelas fugitivas de manicômio do que uma simples jovem de 24 anos.
Ao chegar à garagem do prédio me deparo com ela vazia. Como assim? Roubaram meu carro ainda por cima? Que pensamento mais idiota né. Já tinha esquecido novamente do meu desastre pela manhã e que tinha deixado-o perto da delegacia.
Então, só me resta correr novamente, pela terceira vez nesse dia. Acho que nunca corri tanto na minha vida como hoje, nem quando jogava futebol no colégio. Depois de apenas incríveis cinco minutos chego toda esbaforida na delegacia para recuperar meu lindo carrinho, que estava completamente destruído na parte da frente. Mas quem se importa, se ele andar já está ótimo.
Com alívio, percebo que ele ainda consegue realizar suas funções principais e vou a toda velocidade rumo a faculdade. Chegando lá, me lembro momentaneamente do meu aniversário de namoro e que estava terrivelmente encrencada com minha namorada, que certamente soltaria os cachorros pra cima de mim. Mas, como já estava me acostumando a correr de cachorro, dei um leve sorriso de confiança ao pensar que me sairia bem.
Novamente perdida em minhas divagações mentais, esqueço-me por um mísero instantinho que estava dirigindo e dessa vez o imbecil do carro desgovernado encontra outro companheiro no caminho, batendo tragicamente contra a lataria do automóvel que vinha na direção contrária.
E, para completar meu dia “perfeito”, quem eu encontro ao sair do carro? ELA. Isso mesmo que vocês estão pensando: a garota que fatalmente atropelei pela manhã. Como se não bastasse, era exatamente a dona do carro a minha frente.
Fim do capítulo
Olá! Obrigada a todas pela leitura e comentários... Viram que fui boazinha e não deixei que ela perdesse o emprego, estava calma quando escrevi.rs. Espero que continuem apreciando... Postarei amanhã o próximo capítulo. Até +
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rhina
Em: 09/03/2017
É o emprego ela não perdeu.....
mas a namorada não tenho tanta certeza.....
agora a sanidade foi pelo ralo...
rhina
Resposta do autor:
O emprego ela não perdeu, veja como fui boazinha, podia ser pior afinal de contas, só pra esclarecer a minha bondade viu kkkkkk O bom é que Sophia já não bate muito bem das ideias, um pouco de insanidade a mais, não vai deixar ela muito mais louca do que já é, vamos ver pelo lado positivo.
Valeu mais uma vez pelo carinho do comentário. Abraçoo
Mag Mary
Em: 14/09/2015
kkkkk ainda vai dar namoro essas duas depois de tantos "esbarrões" rsrsrs
Bjus
Resposta do autor: Olha isso, mãe Diná Mag em ação aqui. rs. Será que vai dar namoro essa enxurrada de batidas insanas? Só digo que é um palpite murphético bom. Pensando bem, talvez tenhamos mais encontrões malucos, se acostume que a história é doida. rs. Obrigada pela participação e carinho da mensagem. Um abraço.
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Mille
Em: 14/09/2015
Kkkkk cara esse Murphy tem que dar um descanso na Sophia capaz dela perder a namorada. Bjus e até o próximo
Resposta do autor: Murphy é bem cruelo, sei não se vai dar um descanso pra Sophia. É muita paixonite incrustada, lindo de se ver, só que não. rs. Queria ter colocado ela na cadeia, só pra ter noção, mas fiz isso não, pode respirar. Perder a namorada? É um bom palpite, espere e verá. Obrigada pela presença e carinho do comentário, Mille. beijoo
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Van Rodrigues
Em: 14/09/2015
Essa menina só pode ser o azar em pessoa, não é possível kkkk Que tanta tragédia kkkkk
Resposta do autor: kkkkkk E ainda não acabou as tragédias, Van. Nem sabe as doideiras que lhe espera. Sophia tem mais que azar, é praticamente amante de Murphy. rs. Espere e verá todo o ferramento nervoso que espera nossa protagonista. Obrigada pela participação e carinho. beijoo
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Maria Flor
Em: 14/09/2015
Gente, pelamordi, chega de coisas esquisitas num único dia. Isso não é normal, hahahahahaahahaha.
Beijooo
Resposta do autor:
kkkkkkkk Ainda vai ter muitas coisas esquisitas nesse dia, Maria Flor. Prepare-se para mais insanidades nessa história murphética desequilibrada. Vai perceber que nada é normal aqui, muito menos a autora.rs. Obrigada pela participação. beijoo
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