A campainha tocava com tanta insistência que chegou a assustar Mayara, quando ela abre a porta, quase desmaiou de susto, praticamente.

Antonela, em desespero, entrou: Sei que tá tarde, desculpa vir dessa maneira, mas te amo de mais pra deixar você longe da minha vida de novo. Não vou permitir que ninguém nos separe Mayara, se você me quiser vou até as últimas consequências por este sentimento. (Falava apressada, precisava que Mayara a ouvisse, teve medo de que ela se quer a deixasse falar e prosseguiu) Achei que meu filho fosse ser um empecilho entre nós se voltássemos a nos encontrar, no entanto, você demostrou um carinho por ele, o que me pareceu ser pelo simples fato dele ser meu filho... Quero criar ele com você!

Mayara estava em choque tentava processar tudo que Antonela falava: Antonela, você tá brincando comigo, só pode! (Olhava para a mulher que amava e via seu desespero, mas não sabia se podia confiar) Amei seu filho no primeiro instante, por ser seu filho e seria a mais feliz das mulheres se pudéssemos ter uma vida em família, nós três! Mas o que você tá me oferecendo exatamente hein? Que tipo de vida? Vai ter um namorado de fachada, vai me deixar em último lugar sempre, vai abaixar a cabeça pra sua mãe e ficar imóvel como há 3 anos, como há poucas horas você fez? Não ver que não tem coragem de encarar essa relação! Você me considera pouco, disse ter nojo de mim. (Chorava) Nojo do amor que fizemos do sentimento que nutrimos.

Antonela, em igual desespero: Nós estávamos indo bem antes de minha mãe chegar, acho até que iriamos matar as saudades que nossos corpos sentem...

Mayara a interrompeu: Só é isso que importa? Você veio aqui pra matar as saudades que nossos corpos sentem? Meu corpo te deseja mesmo, e ardi de desejo estes anos sem te ter, mas não quero só isso, quero muito mais Antonela, quando eu te falei que amadureci, isso significava que não permitiria que nem você nem mais ninguém pisasse em mim, ou tentasse me reduzir a nada, como sua mãe fez, e como tantas vezes você também fez! (Gritou). Eu não quero! Vai embora e me esquece, esquece tudo!

Antonela chorava: Você não me ama mais Mayara, já me esqueceu?

Mayara: Não faz isso! Você sabe como eu te amo Antonela, sabe como me desperta os sentidos, não brinque comigo... (Antonela se aproximou e tomou os lábios dela afoita, queria, precisava daquele beijo, daquele toque, queria ser amada e amar, Mayara não resistia àqueles beijos, amava aquela mulher com loucura).

Antonela fala firme: Eu vou provar para você que quero seu amor, vou te conquistar minha garota...

Mayara: Será que você realmente tá disposta Antonela?

Antonela: Vou te provar que sim, eu prometo! (Beijaram-se apaixonadas).

Duas semanas se passaram... Antonela vinha tentado conquistar Mayara com pequenos gestos do dia a dia, havia tirado qualquer esperança de Bernardo assumindo que amava uma mulher, não permitia interferência da mãe e recebia todo apoio do pai, Mayara notava as mudanças de Antonela e sentia-se feliz, começava a acreditar que realmente poderiam ter uma relação estável. Cada vez estava mais próxima de Téo, se davam muito bem, o menino adorando a nova "mãe"...

Bruna havia se separado de Gabriela, há exatas duas semanas, estava desolada, não pelo término, mas pelo fato que a incomodou na última trans* das duas, lembranças horríveis lhe vinham a memória, o que vinha comprometendo seu rendimento no trabalho. Notando o quanto a amiga vinha abatida, Antonela a convidou para um café e as duas conversavam.

Bruna, não conseguindo disfarçar sua tristeza tentava se animar com a felicidade de Antonela: Fico feliz por saber que você e Mayara estão se dando bem Antonela... Depois de tanto enfim, você escolheu ser feliz.

Antonela: E estou muito feliz Bruna, feliz de verdade, me sinto completa sabe e olha que nem intimidade nós temos ainda... (Antonela percebeu o quanto desolada estava Bruna) O que você tem Bruna? Nem adianta disfarçar, querer negar, está no seu semblante o quão mal você está!

Bruna, não conteve e derramou lagrimas: Tudo bem Antonela, não tem que se preocupar...

Antonela insistiu: Por favor, Bruna, confia em mim, há dias que você está péssima, eu venho notando, não falei nada porque queria que você mesmo falasse como não aconteceu... O que aconteceu?

Bruna: Separei-me da Gaby! (Falou simplesmente)

Antonela: Vocês se davam tão bem, o que aconteceu?

Bruna: Há algum tempo que já não vinha dando certo... E tenho certeza que ela me traiu, e no mesmo dia transei com ela... (chorou mais forte recordando).

Antonela: Traiu Bruna? Mas que coisa horrível.... Imagino que você esteja sofrendo muito, mas acho que foi o melhor que aconteceu, traição é algo horrível de se conviver!

Bruna: Pior do que a traição foi o que eu fiz Antonela, ou melhor, o que deixei ela fazer, pra realizar o capricho dela. (Sentia-se péssima).

Antonela preocupada pergunta: E o que foi? Fala Bruna, eu tô ficando preocupada.

Bruna: Permitir que ela usasse a droga do dildo em mim... (Antonela fez uma cara de choque). Eu me assumi com 15 anos, sabia que não gostava dos meninos, meu padrasto não aceitava isso e decidiu que ia me curar. Aquele desgraçado achava que me “comendo” segundo o linguajar dele me faria gostar de homem. (Fez cara de dor, de nojo por lembrar) Ele abusou de mim Antonela, eu era apenas uma garota ainda, tenho lembranças terríveis do membro masculino e quando me sujeitei a isso com a Gabriela, me vieram às lembranças vivas na memória... (Chorou e recebeu o abraço de Antonela, que estava pasma com aquilo, jamais imaginou que Bruna tivesse passado por algo tão horrível, depois de um tempo, quando Bruna já estava mais calma).

Antonela disse: Como que ela pode insistir nisso sem saber o porquê, sem buscar saber o porquê de você não querer Bruna. Essa mulher te fez um mal horrível. E o seu padrasto, que desgraçado, ai que bandido, meu anjo! Como ele pode? Eu sinto muito Bruna.

Bruna: Não quero mais, não quero mais saber de me envolver com ninguém Antonela.... Quero viver sozinha, eu jamais vou poder realizar esse tipo de fantasia de parceira nenhuma.

Antonela: Meu anjo não é assim! Até porque se a Mayara tiver esse tipo de fantasia jamais vou poder realizar, tenho verdadeiro horror e você bem sabe o porquê! Mas também compreendo quem curte e gosta, o importante é se sentir bem e fazer o outro se sentir também. Tenho certeza que mais cedo ou mais tarde, quando você estiver melhor, vai conseguir uma mulher que combine com seus gostos! E essa mulher vai ter muita sorte de ter ao lado uma mulher maravilhosa como você!

Bruna sorri sem gosto: Quem sabe né?

Antonela: O que você acha de fazer analise Bruna, um acompanhamento com um psicólogo! (Sugeriu).

Bruna: Já marquei sim com um e já fui a duas consultas. Revivendo tudo, na época do estupro eu também fiz... (Antonela voltou abraça-la, queria ter como arrancar aquelas lembranças de Bruna, queria poder fazê-la sentir-se melhor, mas naquele momento só podia oferecer seu abraço e ombro de amiga, que sempre suportou com paciência suas nuances de humor).

Fim do capítulo