Capítulo 16
- Cam, você pode pensar qualquer outra coisa, mas posso jurar que Luana a ama. Talvez ela não saiba o que fazer com o que sente, ou com você, ou consigo mesma, mas que a ama, disso tenho certeza. Conheço-a bem demais. Ela não pode ter mudado tanto em tão pouco tempo.
- Tina, queria acreditar nisso, mas acho que você está enganada. Luana simplesmente deixou de me amar, e não soube como me dizer isso. Esperou que eu tomasse uma atitude.
- Cam, Luana jamais conseguiria ficar numa relação de desamor. Ela teria aberto a porta e saído. Vi isso acontecer algumas vezes. Ela não suportaria conviver com você se tivesse deixado de amá-la.
Algumas semanas depois, estavam sentadas sob o caramanchão, conversando mais uma vez sobre Luana, quando o celular de Camille tocou, chamando a atenção. Para sua surpresa, era Luana.
- É ela... – Anunciou com a voz rouca, atendendo imediatamente. – Estava pensando em você. - Confessou Camille à mulher do outro lado da linha.
– Estava lembrando de Paris, de nossa vida. - Admitiu, sem pensar.
– Sinto saudades...
– Eu também... Você está em São Paulo?
– Não, Brasília. - Fez-se silêncio dos dois lados. – Como está indo o livro?
– Indo... - Mentiu, sem querer admitir que não tinha escrito uma linha sequer.
– E você, está aí a trabalho?
– Mais ou menos... Tinha um material pra entregar aqui, e aproveitei para vir visitar a Tina.
– Ah... e como ela está?
– Bem... Estou hospedada na casa dela, aqui no Lago Norte. E estávamos falando justamente em você.
– Hum... bom saber...
– Bom saber que estou na casa dela, ou que estávamos falando em você?
– As duas coisas... acho... Sinal que ainda existe um vínculo entre todas nós.
– Sempre vai existir... Tina também sente falta de você. - Afirmou Camille.
– Sei, deve ser por isso que vocês me ligam tanto. - Respondeu com ironia.
– No que me diz respeito estou apenas te dando espaço, não era isso que queria?
O silêncio se interpôs, parecendo até que a ligação havia caído. Tina que ouvia parte da conversa, imaginando o que Luana dizia, fez um gesto para que Camille fizesse mais uma tentativa.
– Se me disser que essa ausência já foi suficiente, pego o primeiro voo pra São Paulo. Ainda amo você.
– ... Não sei.
– ... Bom, o dia que souber, me ligue. - Respondeu, secamente.
– Liguei pra saber como você está.
– Estou como você quer que eu esteja. Vou desligar. Até.
Assim que desligou, as lágrimas rolaram sobre seu rosto. E, soluçando, contou a conversa por inteiro.
- Viu, eu disse, ela não me ama mais. Se me amasse teria me respondido quando disse que voltaria pra casa se ela quisesse, e que ainda a amava. A resposta dela foi “não sei”.
Tina teve vontade de pegar o telefone, discar o número da velha amiga e dizer-lhe uns bons desaforos, estava prestes a perder a única mulher que amara.
- Cam, se não a amasse mais, não teria ligado. Quando Luana vira as costas para alguém, é de modo definitivo. É como se esquecesse que a pessoa existe. Acredite em mim, ela só deve estar confusa, e agora não tem com quem conversar, que possa lhe colocar um pouco de juízo. Se quiser, ligo pra ela. – Ofereceu-se verdadeiramente preocupada, embora não quisesse ser invasiva.
- Não, Tina. Acho melhor não. Ela ainda ia pensar que a estou colocando contra ela. Se tivermos que nos acertar devemos fazer isso sozinhas. Precisamos descobrir como conversar, o que dizer.
- Pois então ligue de novo pra ela, Cam. E diga isso com todas as letras. Luana não entende sutilezas, vive num mundo só dela e dessas benditas personagens, às vezes confunde ficção com realidade.
Decidida a fazer uma última tentativa, rediscou o número da mulher.
– Não sei mais o que você quer que eu diga ou faça, se soubesse já teria feito... Não aguento mais viver assim, em stand by... Se ligo você se afasta, então tento me manter distante e recomeçar, então você liga, mas também não me diz nada nem me deixa esquecê-la...
– Desculpa,... se soubesse não teria ligado.
– Que droga, Luana, é a última vez que me humilho deixando claro que quero ficar com você, que não tem sentido não estar com você, e que faço o que for preciso para que fiquemos juntas... Já disse que a amo, e você já devia ter entendido isso, e saber disso.
Camille sabia que se Luana não se mostrasse depois de tudo que acabara de dizer, seria mesmo o fim.
– Volta pra mim.
– Volto. Estou indo. Saio daqui no primeiro voo. Amo você. - Respondeu, sem que Luana pudesse repensar no que havia dito, e retirar o apelo.
– Não! Aqui não...
– Como assim?! ... Está falando do apartamento ou da cidade?
– De tudo... Aqui não.
– Então o que quer fazer?... Quer vir pra cá? Ou ir para outro lugar?
– Me dá alguns minutos, já retorno. Deixe-me ver uma coisa. Amo você... Já ligo de volta.
– Estarei esperando. Mas não abro mão de encontrá-la nas próximas horas. Ou vou, ou você vem. Não quero mais passar uma noite sem você... Não aguento mais estar sem você. – Confessou.
– Amo você também. Verei os horários de voo. Já ligo, prometo.
– Tá... beijos
– Beijos.
Tina com um sorriso escancarado levantou para abraçar a amiga que agora sim chorava sem se importar, desta vez de felicidade.
- Ela vai ver os horários de voo. Vem pra cá.
- Não lhe disse que ela só estava surtando. Só que dessa vez fique firme, entendeu? Não a deixe pensar que a fez sofrer de graça.
- Ah, Tina, estou tão feliz, que nem me importo.
- Pois trate de se importar, ou vão passar o resto da vida de idas e vindas.
O celular tocou novamente, anunciando que era Luana.
– Chego aí às vinte e trinta. Reserva um hotel pra nós e faz as malas, viajamos amanhã.
– Tá. Vou esperá-la no aeroporto. Amo você.
– Amo você também. Preciso desligar e fazer as malas. Tenho pouco tempo para ir chegar ao aeroporto. Ah, voarei pela TAM.
– Tá bem... Estarei lá. Beijos. Amo você.
– Me too, beijo.
Camille contou a Tina o que tinha decidido, e preparou-se para encontrar com a mulher.
- Caso queiram vir para cá, fiquem à vontade. Podemos deixá-las sozinhas.
- Obrigada, amiga, mas Luana quer mesmo ir para um hotel, e acho melhor. Amanhã nos encontramos, se vocês puderem.
- Claro, adoraria encontrar Lu. E apresentá-la à Flávia.
- Combinaremos algo. Prometo
- Sem promessas. Sei que estarão muito ocupadas – Piscou para a amiga, com um ar maroto.
- Espero. – Risos. – Mas amanhã nos encontramos, verdade.
- Tudo bem, é só ligarem. Agora corra, você tem que dar um jeito nessas olheiras, hidratar os cabelos, descolar algo bem sexy para usar. Vá. – Ordenou, certa de que Cam faria Luana se arrepender do tempo perdido.
Tina e Flávia conversaram até tarde naquela noite, imaginando se a amiga, a quem Flávia já aprendera a querer bem, encontraria o que buscava. Tina aproveitou para contar da possibilidade de que viesse a conhecer a velha amiga, deixando claro, novamente, que a história do passado tinha sido um tremendo equívoco. Flávia já não se incomodava mais com o assunto, até mesmo achava divertido. Afinal, não tivesse a mulher estado apaixonada pela amiga, jamais a teria conhecido ou tido a chance de conquistá-la.
Na manhã seguinte, receberam a ligação de Camille.
– E ai, Cam? Deu tudo certo? Vocês estão bem? - Disparou Tina, como de costume, não dando chance a cumprimentos.
– Tina? Sou eu! Como você está?
– Lu?! Oiii... estou bem e você, deixou de ser idiota e voltou pra Cam?
Risos
– Sim, deixei de ser estúpida... e quero convidá-la para almoçarmos juntas.
– Um minuto, vou dar uma olhada na minha agenda, não sei se consigo encaixá-la. - Brincou, antes de aceitar o convite.
– Pois trate de arranjar um tempo pra mim, pra nós, na verdade. Estaremos na cidade só até o final da tarde, e não saio de Brasília sem vê-la.
– Ahh... não sei, agora sou uma pessoa muito ocupada. Mas tudo bem, vou dar um jeito, só que fique bem claro que é para que eu possa lhe dar uns puxões de orelha.
– Que seja...
– Ok, sei onde estão hospedadas. Passamos aí para pegá-las. E apesar de esperar que você tenha sofrido bastante, não me apareça com cara de “velha decadente”. - Risos.
– Tá, eu mereço.
– Merece mesmo, depois de velha fica fazendo besteiras. Fez a Cam sofrer demais.
– Dá pra deixar os puxões de orelha para outra hora?
– Não. Não dá. Você merecia é ter apanhado, pra deixar de ser idiota.
– Tá, aceito, sei que tem toda razão... mas agora me dê um crédito. – Pediu, sabendo que mais uma vez a amiga estava certa.
– Hum... tá, vou pensar se você merece.
– Obrigada.
– Não agradeça ainda, porque não vai se livrar de ouvir poucas e boas.
– Ok. Vou me autoflagelar até você chegar.
– Ótimo, passamos aí por volta das onze horas. Então decidimos juntas aonde almoçar.
– Estaremos esperando. Beijo.
– Beijo. Agora passa o celular para Cam e vá dar uma voltinha, quero conversar com ela.
– Era só o que me faltava...
– Não foi um pedido, foi uma ordem. Passe pra Cam e vá se autoflagelar em outro lugar.
– Tá. Beijos.
– Oi.
– Oi, Cam. E então? Você está bem?
– Hum hum...
– Ela está aí por perto?
– Não, foi tomar banho.
– Cam, sei o quanto você a ama, mas não lhe dê moleza... Conheço Luana o suficiente, ela precisa aprender a lição, pra não fazer merd* ali na frente, de novo.
– Acho que já aprendeu... E eu também.
– Para com isso... Ela agiu como uma babaca, não pode ter você de volta assim de graça.
– Conversamos muito ontem a noite, nós duas erramos. Vamos tentar agir de forma diferente daqui para frente.
– Bom, espero que sim. Tudo sempre tem dois lados, só vocês podem avaliar isso... Quero vê-las bem. Vocês sempre foram perfeitas juntas. O que vocês tinham, encontrei com a Flávia. Não saberia viver mais sem ela.
– Também não sei viver sem Luana.
– Eu sei, amiga... Bom, vou ligar para Flávia e combinar de passarmos aí para buscá-las. Beijos.
– Beijos, Tina.
Mal se despediu de Camille, ligou pra Flávia.
- Amor?
-Oi, princesa.
- Cam ligou, marcamos almoçar juntas. Você pode vir pra casa?
- Elas vão almoçar aí em casa?
- Não amor, vamos encontrá-las no hotel, depois decidimos onde ir.
- E que horas quer que eu vá pra casa?
- Agora. Para que possamos nos arrumar. E antes, terminarmos aquilo que começamos ontem à noite.
- Tô indo. Não precisa falar duas vezes. – Risos.
- Sabia que essa tática iria funcionar. – Tina riu sozinha, imaginando que Flávia já devia estar no carro dando partida.
Fim do capítulo
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lucy
Em: 09/11/2015
ai que bom que a Camille e Luana se acertaram e se amam...
assim Flávia e Tina vão ficar juntas.confesso essa ruiva me conquistou a
ponto de torcer pra elas.ficarem.juntinhas e felizes. como estão.....
fiquei feliz viu ? que bacana .....
bjs
ainda bem que eu estava redondamente enganada sobre a Lu
estar apaixonada também por Tina, uffa !/e viva a harmonia das amigas
que se querem bem de verdade...e dos amores que se amam verdadeiramente....😘😘😘😘
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