Julia ouviu um assovio ao longe e sentiu um arrepio na espinha. Correu até a janela. Forçou a visão, mas não conseguiu enxergar nada do que se passa do lado de fora da delegacia por causa da escuridão. Mas pode ouvir o barulho dos cascos de um cavalo bem longe dali. ­ Mel! ” Muita ousadia dela vir até aqui! ” Uma raiva crescendo por aquela mulher abusada.­

- Vou encontra-la Mel pode apostar todos seus roubos nisso. Voltou para dentro da sala. Já se encontrava sozinha pois havia dispensado o cabo para suas tarefas ordenadas por ela. Passava das nove e Julia sentiu todos os músculos doerem precisava com urgência de um banho e de uma cama já que não havia dormido desde que chegou a Sant Louis. Sem mais o que fazer por ali hoje pegou seus pertences e pegou a arma que tinha colocado encima da mesa e colocou no coldre que estava no coldre e saiu rumo a pensão aonde estava hospedada. Montou em sua égua que foi dada para ela assim que chegou. Foi uma de suas exigências para poder ter alguma chance de alcançar Mel em uma possível perseguição, pois ela já havia investigado bem sua oponente e sabia que o cavalo dela era veloz e inteligente. Acariciou sua égua, sabia que tinha feito boa escolha conhecia um pouco sobre esse animal. Branca como era chamada por sua cor, era sem dúvida uma oponente a altura do cavalo de Mel. As ruas já estavam desertadas, ali só estavam bebuns e as damas da noite próximo ao cabaré. Alguns abaixavam a cabeça outros a cumprimentavam sem cerimônia. Julia percebeu um pequeno bando de arruaceiros que se desfez assim que ela se aproximou. Chegou na pensão e assim que desmontou um rapaz magro e sorridente se aproximou dela. ­

- De comida e agua para minha égua, amanhã no primeiro horário quero ela aqui. Disse entregando Branca ao rapaz, junto com alguns trocados. ­

- Sim senhora Xerife. Respondeu o rapaz saindo em seguida com o animal. Julia entrou no hotel pegou suas chaves na recepção e subiu direto para o quarto. Julia mergulhou o corpo por completo dentro da banheira, seus músculos relaxaram. Tinha tido um dia bem agitado e difícil. Sabia que teria dificuldades para fazer seu trabalho, pois seus subordinados eram por demais incompetentes. Respirando fundo se permitiu ficar ali curtindo aquela agua morna e relaxante. Quando finalmente se deu por satisfeita saiu da banheira se enrolando em uma toalha que trouxera com sigo quando veio para banheiro. Se enrolou na mesma e seguiu em direção ao quarto. Quando entrou no cômodo sentiu que não estava sozinha, ainda tentou correr para aonde sua arma estava mas parou no meio do caminho quando ouviu a voz soar firme atrás de si. ­

- Não faria isso se fosse você!

 Julia virou devagar ficando de frente de onde tinha vindo a voz. Se martirizava por não ter levado sua pistola para o banheiro como sempre fazia. “ Droga” Aos pouco o dono da voz saiu das sombras e apareceu para ela. ­

- Você? Perguntou não acreditando na ousadia daquela mulher. Nunca tinha visto ela pessoalmente mais era impossível não reconhecer a ladra mais procurada daquelas bandas. Sentiu um tremor incontrolável pelo corpo. Não sabia se era de raiva pela ousadia ou de temor por estar desarmada e a mercê daquela maldita. Mel trajava uma calça e camisa preta com botas da mesma cor, o chapéu completava o figurino. Na mão a pistola era apontada para ela. Julia prendeu a respiração, a visão dela era realmente de tirar o folego. Julia pode perceber a expressão dura com um sorrisinho de deboche, Julia a odiou ainda mais. Mel sustentava seu olhar sem demostrar reação alguma. ­

- Sim sou eu­! Falou o obvio quebrando o silencio que tinha se instaurado no quarto. Seu sorriso se tornou ainda mais cínico. Julia assumiu sua postura e encarou ela de queixo erguido. ­ - Como ousa entrar aqui? Você é realmente muito abusada Mel Kibson. Mel adorou o som do seu nome saindo da boca dela, mas não deixou de provocar aquela mulher que estava roubando seu juízo. Sim porque só com falta dele estaria ali diante da pessoa que lhe quer ver atrás das grades. ­

- Não sei porque diz isso. Fingiu se de ofendida­ -Vim até aqui cumprimentar a nova xerife da cidade. Enquanto falava caminha para perto de Julia. Mel não sabia explicar mas tinha necessidade de estar mais perto dela como se um ima a tivesse puxando para ela. Julia ficou de cara para era e não pode deixar de admitir ela realmente linda. Prendeu a respiração quando Mel parou atrás dela e falou num tom rouco que fez seus pelos arrepiarem. ­

-  Você e realmente linda Xerife!­ Mas o que Mel falou depois fez todo seu ódio voltar com força.­ - Isso aqui não é pra você volte pra casa do papai e deixe os homens de verdade fazerem esse papel idiota. ­

- Quem você pensa que é? Uma fora da lei covarde que entra na surdina para pegar seu oponente distraído? Me disseram que você era perigosa e mal caráter só achei que demoraria para saber por mim mesmo disso tudo. Soltou tudo de uma vez sem ao menos respirar. Nunca tinha se descontrolado dessa maneira. Mel já ouviu coisas bem piores que essas que foram ditas por ela, mas não soube dizer porque sentiu um aperto no peito e uma tristeza enorme. Mas não demostrou suas emoções, respondeu com toda ironia que conseguiu naquele momento. ­

- Poxa Xerife vim conhece­-la e assim que me trata? Deveria ser mais cordial com as pessoas daqui afinal você e a lei. Riu alto. Mas na verdade sentia se fraca e vulnerável diante dela. Precisava sair dali o quanto antes foi um grande erro ir ate aquele lugar ainda mais com ela trajando apenas aquela toalha que deixavam amostra suas pernas. “ E que pernas” ­

- Não seja sínica, mas já que você está aqui vou lhe avisar que seus dias de liberdades estão contados. Julia tentou soar firme, porém por dentro estava um turbilhão de emoções. ­

- Eu poderia mata­-la. Falou Mel apontando a arma melhor em direção a Julia. ­

- Se quisesse isso já estaria morta. Foi a vez de Julia sorrir.­ -Você só que se mostrar apenas isso mas para mim não passe de uma covarde que se esconde atrás de uma mascará. Mel parou de frente a ela. Tao perto que podia sentir a respiração uma da outra.

- Acho que é melhor eu me retirar. Riu mais uma vez mantendo a pose de quem não se importava com aquelas palavras. Mas só ela sabia o quanto tinham machucado. Caminhou ate a janela sem tirar os olhos de Julia. Depois de acenar com a cabeça escalou a janela e saltou com destreza encima do cavalo que a aguardava embaixo da janela saindo em galope pelas ruas escuras. Julia correu pegou a pistola e foi até a janela, mas já perdia a mira dela. ­

- Maldita que droga. Julia berrava. – Você me paga Mel juro que me paga.

Fim do capítulo