Todos os olharem pousaram sobre aquela figura esquiva parada no batente da porta da Delegacia. ­

- Quem é você? Perguntou um dos homens Julia entrou na sala com passo firmes caminhando até a mesa onde dali por diante seria seu local de trabalho. Porém antes de se sentar abriu a gaveta e pegou um objeto reluzente e o colocou na camisa um pouco acima do peito. Olhou novamente para os homens a sua frente. ­

- Muito bem senhores! Falou com calma-­ Como podem ver sou a nova xerife de Sant Louis. ­

- Como uma mulher? Ernesto perguntava incrédulo. ­

- Algo contra? Questionou Julia ­

- Não acredito que uma mulher possa resolver nossos problemas. Aqui não é lugar para você. Falou autoritário se levantando e ficando diante de Julia que por sua vez não se intimidou com aquele homem grotesco.

-  Tua opinião de onde é meu lugar não me importa. Falou ela dando de ombros e finalmente sentando na confortável cadeira. Olhou novamente todos os presentes um por um. – Todos os xerifes que passaram por aqui foram homens e não conseguiram fazer nada. Agora é minha vez senhores e se tiverem alguma oposição reclamem com o governado pois ele pessoalmente me recrutou para essa tarefa. Houve um imenso burburinho. Todos falavam e tentavam se expressar ao mesmo tempo.

- Já chega. Berrou Julia fazendo todos se calaram quase que imediato. – Peço aos senhores que se retirem da minha sala porque tenho muito trabalho a ser feito aqui.­ Julia olhou para o cabo que até aquele momento continuava no canto e ordenou. – Cabo acompanhem os senhores a saída da delegacia. De pronto foi atendida pelo subordinado que naquele momento mostrou uma coragem que a pouco parecia não existir. ­

-  Senhores querem me acompanhar por favor. Pediu ele indicando a porta. ­

- Isso não fica assim falarei pessoalmente com o governador sobre essa infâmia. Falou Ernesto sendo apoiado pelos outros que estavam presentes. ­

- Faça como achar melhor. Respondeu Julia. Todos saíram ainda resmungando. Julia finalmente soltou o ar preso nos pulmões. Sabia que seria difícil, mas não esperava que fosse logo na sua chegada. Com certeza teria muito trabalho pela frente. Levantou da cadeira e foi até a janela do seu escritório. Olhou para cidade abaixo já que a delegacia ficava num ponto estratégico no alto de uma colina para dar visão melhor da cidade. “ É parece que já estamos começando. O que você tem para mim Sant Luiz? Quem é você Mel Kibson”? Respirou fundo e chamou o cabo. ­ Sim Xerife. ­

- Reúna todos no pátio, quero saber tudo sobre Mel Kibson. ­

- Sim Xerife. Bateu continência e saiu para fazer o ordenado. Julia sentou novamente em sua cadeira e começou a trabalhar encima daquilo que era seu principal objetivo ali. Prender e levar Mel Kibson à julgamento. Faria ali sua carreira.

   Mel levava o copo com vinho até a boca saboreando bem devagar. Depois de um dia agitado nada como relaxar tomando um bom vinho. Estava sentada em um tronco em frente a uma fogueira. A noite estava fria. Ali também estavam seus fiéis amigos. Enrico, era o mais robusto de todos com grande coração tentava junto com Mel fazer com que aquele pequeno povo tivesse como sobreviver. Seu Jose como era chamado era um senhor já com idade, mas que tinha pleno vigor e não aceitava ser tratado como ancião. Padre Honório e Gustavo que todos sabiam era apaixonado por Mel. Jovem forte valente homem que todas as moças desejariam, menos Mel e ela já havia deixado isso bem claro. Não sentia nada além de amor fraterno pelo rapaz. ­ Mais uma vez você conseguiu Mel. Falou Gustavo não escondendo a admiração pela amada. ­

- Sim, mas vocês viram como foi bem menos dessa vez? Eles estão ficando espertos. Falou ela.­

- Talvez seja a hora de parar com isso Mel. Argumentou o padre que sempre fora a voz da razão. ­- E deixar essas pessoas morrerem de fome? Mel perguntou olhando para o padre. – Sei que o senhor tem os princípios e suas rezas padre mais eu sou bem mais na base de atitude, com minha pistola e meu cavalo. ­

- Entendo Mel já conversamos várias vezes sobre isso, mas sinto que está ficando cada vez mais perigoso. Insistiu o padre mesmo sabendo que ela era cabeça mais dura que existia. ­

- Nisso tenho que concordar com o padre Mel eles estão fechando o cerco para você. Opinou Enrico depois de beber todo conteúdo que estava em sua caneca. ­

- Fiquei sabendo que contrataram um novo Xerife, o próprio Governador foi quem o envio para pegar você Mel. ­

- Que venha vai ser só mais um que não terá êxito. Olha não se preocupem está bom tomarei cuidado. Sempre tomo. Finalizou Mel terminando seu vinho e se colocando de pé. Amava os amigos mais detestava quando tinha que ouvir sermões ou aquelas babaquices. Era livre sempre fazia o que queria deveriam estar acostumados.

-­ Vou descansar um pouco até mais tarde. E saiu deixando eles para trás seguindo ate onde Anglus estava pastando. Ficou ali acariciando o animal. ­

- Precisa ser mais silencioso. ­

- Poxa nunca consigo te pegar desprevenida. Gustavo parava do lado dela rindo.

- ­Faz muito barulho. Riu Mel parando o que estava fazendo e olhando o rapaz. ­

- Deve ser meu coração batendo forte quando estou ao seu lado. Disse ele. ­

- Por favor Gustavo não comece. Mel já começava a se irritar será que todos estavam querendo tirar ela do sério. ­

- Por que Mel sabe que te amo, me dá uma chance de te fazer feliz. ­

- E quem te disse que não sou feliz? Mel riu alto – Olha Gu não vou nem gastar meu tempo numa conversa que já tivemos diversas vezes, amo você, mas como meu irmão. ­

- Assim para mim não e o suficiente. ­

- Lamento mas é o que temos. Mel passou a mão pelo rosto do rapaz. Ele realmente era bonito. Forte, alto um pouco mais que ela, loiro como ela e os olhos da mesma cor. Riu realmente pareciam irmãos.­

- Se continuar serei obrigada a me afastar de você e não quero isso. ­

- Tudo bem Mel eu tenho paciência e vou esperar você. Disse ele saindo de perto dela. ­

- Insistente. Mel revirou os olhos. Até pensou na possibilidade de estar com ele, mas não sentia nada, não entendia a si mesma. – Talvez eu nunca vá me apaixonar por ninguém. – Olhou para Anglus. – Ei vamos conhecer nosso mais novo amigo? O cavalo relinchou. ­ -Só você me entende. Rindo colocou a sela no animal e partiu dali a galope. Faria uma visitinha ao nosso amigo xerife. 

Fim do capítulo