Capítulo 41
A semana demorou a passar para Clara e, mesmo entediada, a morena continuava na casa de praia de seus pais, no litoral paulista. Após receber as inúmeras ligações de Alex a jovem ficou ainda mais com o coração apertado. Tinha noção de que estava sendo egoísta, mas o sentimento de derrota era tão forte dentro dela, que não conseguia tomar outra atitude a não ser fugir das pessoas ligadas a Mariana. Assim, Clara manteve seu celular desligado e somente voltou a ligá-lo quando decidiu telefonar para sua casa e se certificar de que nada havia acontecido com ninguém de sua família.
Quando viu que tudo estava bem por lá, a jovem deixou o celular de lado e também voltou a desliga-lo, não queria mesmo saber de mais nada, pois achava que a qualquer hora iria ouvir um sermão do primo ou até mesmo uma notícia sobre o novo romance de Mariana com a italiana.
E foi assim que a semana se passou para ela, a jovem ficava o tempo todo sozinha, observando as pessoas e tentando não pensar no quanto sua vida estava horrível. Clara se sentia muito mal consigo mesma, mas não encontrava forças para mudar sua postura diante da vida e diante de suas amizades. Quando o fim de semana chegou a morena começou a se desesperar, pois viu que ao contrário do que pensava, ela voltaria ainda pior para São Paulo. Clara começou a se dar conta de que fugir da situação já era ruim, mas fugir dos amigos só piorava ainda mais, no entanto, estava sem coragem para procurar Alex, pois sabia que ele estaria muito chateado com ela.
- Calma, Clara, você vai ter que encarar essa. - Dizia para si mesma. - Você só faz merd* na sua vida, como pode??
A jovem estava inquieta na casa de praia, pois, sabia que hoje mesmo teria que voltar para São Paulo, afinal, já era domingo de manhã. Olhava para o relógio desanimada, esperando que a hora não passasse, porém já iria dar 9 horas e ela não gostava de subir a serra muito tarde, por causa do trânsito.
- É melhor eu ir embora, não vai adiantar mais nada ficar aqui, o problema está em mim, preciso voltar para São Paulo e me desculpar com Alex, preciso encarar a situação e recomeçar minha vida. Ai, nem sei o que fazer, essa é a verdade. - Clara falava rápido, como se estivesse tomando dimensão das coisas erradas que estava fazendo. - Como vou consertar minha vida? Será que ela tem conserto?? Aff, quando passei a ser tão pessimista assim? Pior ainda, quando passei a ser tão egoísta assim?? Não é a primeira vez que deixo as pessoas de lado na minha vida, não é a primeira vez que piso na bola com o Alex.
A morena se levantou da cama e começou a arrumar suas coisas, como se não estivesse pensando no que estava fazendo. Em seguida, pegou o celular e o ligou novamente, depois acessou a internet para consultar a situação do trânsito do litoral para São Paulo. Assim que constatou que o trânsito estava fluido, a jovem se sentiu impulsionada a verificar seu e-mail, mesmo temendo ter um texto gigante de Alex, brigando com ela.
Quando abriu seu e-mail, logo de cara avistou o nome de Mariana, na pasta de mensagens recebidas.
- Ma-Mariana?? - Seu coração disparou ao ver que Mariana havia lhe enviado um e-mail na sexta-feira passada.
Um milhão de coisas se passaram pela cabeça de Clara e inevitavelmente ela começou a fazer conexão com aquele monte de ligação de Alex e o e-mail de Mariana.
- Ai meu Deus, será que aconteceu alguma coisa com a Mari??? - Clara estava agora desesperada e rapidamente abriu o e-mail, que não mostrava qual era o assunto.
De cara viu um endereço de página da internet e antes mesmo de ler o e-mail, a jovem clicou no link, pois percebera que se tratava de algum vídeo. Clara não conseguia conter as batidas fortes de seu coração e as emoções ficaram ainda mais em evidência, quando a jovem percebeu que se tratava de uma música do Elton John, um cantor que ela adorava.
Clara escutou toda a música acompanhando também a tradução dela e em seguida retornou para o e-mail para finalmente ler o que lá estava escrito, ainda sem acreditar:
"Clara... sempre gostei muito dessa música do Elton John... ela diz que você pode fazer muitas coisas: parar o mundo, roubar a face da lua, tirar um pedaço do sol e até mesmo vencer o relógio, mas antes você precisa amar alguém.
Fiquei pensando... que graça teria a vida se nós não fossemos capazes de amar uma pessoa?
É... felizmente eu posso dizer que realmente a vida não teria muito sentido se o amor não fizesse parte dela... e se eu digo isso, é por que já experimentei o amor... Eu decidi lhe enviar esse e-mail para dizer que esse alguém que eu amo sempre foi você... Em nenhum momento esse amor foi abalado ou deixou de existir... na verdade eu sempre alimentei a esperança de reatarmos, porém, nunca entendi o motivo de suas atitudes comigo.
Enfim.. não quero escrever muito... só gostaria que você realmente fosse sincera comigo Clara, pois alguma coisa me diz que tem algo de errado nessa história...Por isso eu te peço, se esse meu amor for de fato correspondido pelo seu, te darei uma última chance para esclarecermos essa história. Te esperarei em meu apartamento até o próximo domingo de manhã... caso você não apareça, te garanto que você nunca mais me verá e colocarei de uma vez por todas um ponto final em meus sentimentos.
Mariana"
Clara leu pelo menos mais duas vezes o e-mail, para conseguir acreditar no que Mariana lhe dissera...
- A pessoa que ela ama sempre foi eu?? Mas, mas e... - Clara se levantou correndo da cama, levou as mãos à cabeça e finalmente percebeu que havia algo de confuso naquela história entre Mariana e Chiara. - Meu Deus, será que... NÃOOO... NÃO POSSO TER SIDO TÃO BURRA ASSIM... NÃO É POSSÍVEL QUE EU IMAGINEI COISAS...
Clara andava de um lado para o outro com o celular na mão, querendo acreditar que ela não tinha cometido tamanho equívoco.
- Meu Deus, o que está acontecendo??? Que e-mail foi esse?? O que... não.. não... nãoo
Clara nem conseguia falar direito. Só de pensar que possivelmente julgara Mariana por algo que ela não havia feito lhe causava tonturas. Leu novamente o trecho em que a loira dizia que ela sempre fora o amor de sua vida e agora uma dor muito forte se instaurava em seu coração.
- Ela... ela me ama, ela... ela quer esclarecer tudo. - A morena voltou a se sentar na cama, levou a mão a cabeça e começou a repensar nos últimos acontecimentos entre ela e Mariana.
A jovem refez mentalmente o momento em que vira Mariana com Chiara no shopping e em seguida se lembrou da visita inesperada da loira em seu apartamento. Aquelas lembranças lhe trouxeram ainda mais desespero e, sem se dar conta de como estava angustiada e nervosa, a morena se levantou novamente da cama e falou de forma apressada e desesperada:
- É CLARO!! MEU DEUS, É CLARO!!! A Mari não deve ter entendido por que eu agi daquela forma, no nosso último encontro, ela não faz ideia que eu a vi com a italiana no shopping. Mas afinal, eu realmente não vi nada de mais, foi tudo especulação da minha mente, BURRA!! Que inferno, como pude ser tão cega?? Como pude deixar o ciúme me domar dessa forma?? Mais uma mancada com a Mari e dessa vez foi feio, eu estraguei tudo, TUDOO!
Clara tremia muito, mas ainda assim conseguiu olhar novamente para a tela do celular e ler o e-mail...
"se esse meu amor for de fato correspondido pelo seu, te darei uma última chance para esclarecermos essa história."
- Ela me ama e quer me dar uma nova chance, calma Clara, calma, nem tudo está perdido. - Disse a jovem, ao ler o trecho do e-mail.
"Te esperarei em meu apartamento até o próximo domingo de manhã... caso você não apareça, te garanto que você nunca mais me verá e colocarei de uma vez por todas um ponto final em meus sentimentos".
- Do-domingo de manhã?? - Falou desesperada. - Mas... mas hoje é domingo de manhã. O que faço?? Não vai dar tempo, não vai d...
Antes de terminar a frase Clara começou a pensar por que Mariana lhe daria um prazo tão curto assim. Leu mais uma vez o e-mail e viu que a loira não explicava nada nele, apenas pedia para que ela fosse procurá-la até o domingo de manhã.
- Será que... aii, não pode ser isso... - Clara não estava com coragem de verbalizar o que pensara, mas ela era esperta e sabia que tinha um motivo para a loira lhe dar somente aquele prazo. - Não é possível que a Mari vai embo...
Novamente a jovem não conseguiu terminar a frase e por um impulso, buscou o número de Mariana e ligou para ele sem nem ao menos saber o que iria dizer. No entanto, do outro lado da linha Clara escutou uma mensagem gravada da operadora, afirmando que aquele número não existia.
- Não existe??? Como não existe???
Agora sim a jovem se desesperou de vez. Olhou mais uma vez para o relógio e viu que já era 9 horas e 30 minutos.
- MEU DEUSS, JÁ VAI DAR 10 HORAS, O QUE EU FAÇO???
Mais uma vez movida pelo desespero, a jovem buscou o número de Alex e ligou para o jovem. Porém, dessa vez foi o jovem quem não atendeu.
- Atende Alex, por favor, atende.
A jovem tentou ligar para o primo mais duas vezes, porém sem sucesso, e agora era ela que vivenciava a sensação de estar abandonada e deixada de lado.
- O que eu fiz?? Por que agi assim com o Alex???
Clara não parava de tremer e seus nervos estavam à flor da pele, pois não sabia o que iria fazer.
- Calma, preciso pensar, a Mari tem telefone em casa, isso, vou ligar lá...
A jovem discou o número da casa de Mariana, porém, mais uma vez a jovem escutou a mensagem de que esse telefone não existia.
- Ela vai embora, vai embora!!! Só pode ser isso. - Algumas lágrimas começavam a escorrer no rosto da morena. - Preciso fazer alguma coisa, preciso agir.
A jovem olhou mais uma vez para o relógio e finalmente tomou uma posição.
- Vou para a casa dela, não é tarde, chegarei lá há tempo.
Sem falar mais nada, Clara pegou suas coisas e seguiu para São Paulo. Nunca em toda sua vida dirigira tão rápido assim. Porém, quando chegou próximo a entrada para a capital, a morena pegou uma parte do trânsito engarrafada.
- Não é possível, andaaaaa... por favor... andaaaa...
Clara olhava para o relógio a todo instante. Já iria dar meio-dia e a morena via suas possibilidades de encontrar Mariana ainda no apartamento ficarem ainda mais distantes.
- Nãoo, nãooo, por favor, se tem um Deus aí em cima, me ajudaa, me ajuda, Senhor, me ajuda a consertar as burradas que fiz.
A jovem era desespero total, porém, logo após proferir aquele prece o trânsito começou a fluir melhor e logo a jovem escapou do engarrafamento.
- Isso, isso, vamos, falta pouco... vai dar tempo...
Passado mais alguns minutos, a jovem chegou até a casa de Mariana. Desceu do carro correndo e seguiu as pressas até o portão de entrada do prédio, por sorte este estava aberto. Olhou para a portaria e também não havia ninguém. Seu coração estava muito acelerado, mal conseguia raciocinar. Correu pelo saguão de entrada do prédio, tentando ainda acreditar que era cedo. Avistou o elevador e logo ao lado a porta que levava às escadarias do prédio, não precisou pensar duas vezes...
Clara subiu desesperada pelas escadas, não teve paciência de esperar o elevador. Aqueles três andares pareciam uma eternidade, seus pensamentos estavam confusos, tinha medo de não encontrá-la, de ser tarde demais. Chegou no 3º andar, empurrou a porta das escadarias e correu para o apartamento de Mariana, tocou a campainha várias vezes e nada, nem sinal dela, não havia ninguém. Clara sentiu um aperto intenso em seu peito, levou as mãos à cabeça.
- Não, não pode ser. - Encostou seu corpo na parede, uma lágrima desceu sobre seu rosto. - Nãoooooo, não pode ser tarde demais.
Clara não conseguiu mais conter o choro, as lágrimas escorriam, seu olhar estava desolado. Abaixou a cabeça, direcionou seu olhar ao tapete que ficava na entrada da porta da cozinha e se lembrou que Mariana sempre deixava uma chave reserva lá. Sem pensar duas vezes, levantou o tapete e pegou a chave extra. Estava tremendo ao abrir a porta.
-Ma.. Mari... Mariana - havia um misto de desespero e medo em sua voz - Mari, por favor, diz que você ainda está aqui, MARIIIIII. - Clara se jogou no sofá, sabia que estava sozinha, sabia que era tarde demais. Olhou para mesinha onde ficava o telefone, lá encontrou um pedaço de papel. Levantou e o pegou, logo reconhecendo a letra de Mariana... Seus olhos se encheram ainda mais de lágrimas ao ver que se tratava de uma carta. Era uma carta de Mariana para ela. Abraçou o pequeno pedaço de papel com medo das palavras ali escritas, demorou alguns minutos até conseguir olhar novamente para a carta. Seu coração disparou, era uma carta de despedida...
"Clara, nem sei como começar esta carta. A verdade é que não gostaria de estar aqui escrevendo, mas como nem tudo na vida é como desejamos, aqui estou, com o coração na mão... mas ao mesmo tempo sei que essa é a única solução...
Quando te vi pela primeira vez sabia que você transformaria minha vida. Lembro-me como se fosse hoje, você entrando na agência de turismo procurando informações sobre pacotes de viagens. Eu ainda era estagiária e você se direcionou justamente à minha mesa... estava tão linda, mas é claro, você é linda, assim nem precisa de muito para prender a atenção das pessoas."
Clara sente um frio na barriga e um aperto no coração ao ler essas palavras.
"Não estava entendendo ao certo o que você me despertava, só conseguia admirar sua beleza, sua pele naturalmente bronzeada, seus olhos pretos e penetrantes, um sorriso de fazer parar o trânsito e os cabelos compridos e soltos tão pretos quanto seus olhos. Nossa, nunca vi beleza igual, seu andar elegante e seguro me fez ficar ainda mais vidrada em você. Estava em transe... apenas voltei à realidade quando ouvi pela primeira vez sua voz...
Achei aquilo tudo uma loucura, afinal, não gostava de mulheres, sempre fiquei com meninos, assim não dei muita importância para o que estava acontecendo dentro de mim. Quando fui te atender estava toda atrapalhada e nem sabia explicar porque. Você deve ter achado graça da situação, mas eu estava tensa diante de sua presença. Depois que você foi embora eu só pensava no seu sorriso... o mesmo sorriso que tenho hoje em minha memória e que estará presente em meus pensamentos para onde quer que eu vá.
Porém, foi difícil assumir que esse sorriso não me pertencia, nunca foi meu.. nunca será... Tive raiva, tentei esquecê-lo... Mas depois de um tempo percebi que devo extrair de minha vida apenas aquilo que me faz bem. Assim, preferi guardar seu sorriso como lembrança de algo que me despertou para vida, que me levou ao encontro do que eu realmente sou.
Você deve estar se perguntando por que estou escrevendo tudo isso... Na verdade nem eu sei, acho que é porque não terei outra oportunidade de te contar essas coisas. Sim Clarinha, isso é uma despedida, não posso mais lidar com essa situação".
Novamente o coração de Clara doeu, sentiu sua pressão baixar, recostou a cabeça no sofá. Lembrou da forma doce como Mariana pronunciava seu nome... "Clarinha", pensou:
-"Como assim não haverá outra oportunidade de me dizer essas coisas??" - Respirou fundo e voltou a ler a carta...
"Tentei de todas as formas lutar por você, fiz de tudo, mas infelizmente chega uma hora que temos que aceitar, não podemos obrigar ninguém a nos amar. O carinho e admiração de uma pessoa nós conquistamos com o tempo, mas o amor é natural e quando tem que acontecer ele surge sem muito esforço. Eu amei você de graça... você não precisou fazer nada, em pouco tempo de convivência eu percebi que o que sentia era amor.
Infelizmente você não acreditou em minhas palavras, estava cega diante dos fatos, tentou me convencer de que tudo não passava de um carinho especial, de que era afinidade entre amigas e que logo eu me arrependeria do que estava dizendo. Ainda hoje me pergunto como você pode fazer tão pouco do meu amor...
Clara, eu poderia te dar o mundo se você permitisse... não um mundo de riquezas e outras coisas banais, mas te daria um mundo de coisas simples regado de alegria e de amor, te completaria em cada detalhe do dia a dia. Porém isso tudo foi pouco para você. Sofri muito para aceitar isto, mas agora estou aqui, finalmente me desprendendo de você...
Vou atrás da minha felicidade... percebi que jamais a encontrarei ao lado de alguém que se entrega apenas pela metade a mim... Espero que você seja feliz... Eu te amo Clara... mas pode ter certeza, hoje eu me amo mais... vou buscar minha felicidade e só a encontrarei longe de você.
Conforme havia combinado, te esperei até hoje de manhã... na verdade meu coração ainda tinha esperanças de que você tocaria a campainha ou pegaria a chave extra e entraria de surpresa como já fez algumas vezes, mas minha razão anunciava a realidade... você não me pertence... nunca pertenceu. Estou deixando o Brasil e junto com ele deixo todo sentimento que tenho por você. Adeus Clara, espero que um dia você seja forte o suficiente para ir atrás da sua felicidade.
Mariana"
Clara leu novamente o trecho final "espero que um dia você seja forte o suficiente para ir atrás da sua felicidade". Não estava acreditando... Mariana se fora, havia chegado tarde... demorou muito para entender que sua felicidade era ao lado dela. Começou a andar de um lado para o outro da sala, estava desesperada, não poderia perder assim o seu amor.
- Meu Deus como fui idiota, como pude ser tão cega, como pude agir de forma tão cruel? Mariii, aii Marii... eu te amo... o que faço Deus?? O que faço?? - Voltou a sentar no sofá, olhou para a estante e viu um enfeite da agência que Mariana trabalhava, era um avião em miniatura. Como que num susto, saltou do sofá, pegou o enfeite e disse em voz alta:
- Não vou te perder Mariana, não vou te perder... Só tem uma coisa a se fazer... vou te mostrar que não tenho mais medo de ser feliz, vou te mostrar que minha felicidade é ao seu lado e que sou capaz de te fazer feliz. - Colocou o enfeite novamente na estante e saiu às pressas pela porta. Só havia um lugar para ir...
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Já no carro, em direção ao aeroporto, Fred e Alex tentavam falar bobeiras para não deixar a tristeza da despedida tomar conta do lugar. Aquela estratégia estava de fato funcionando, pois, os jovens riam como se estivessem indo para um bar e não para deixar a loira no aeroporto. Os três conversavam assuntos diversos, mas principalmente brincavam sobre o novo status social que a loira iria ganhar.
- É, agora você vai ser quase sócia de uma agência de turismo hein, Mari, vai estar cheia da grana, vai poder ir à Milão todo fim de semana, ai que vida difícil. - Brincava Fred, fazendo Alex e Mariana rirem.
- Larga a mão de ser bobo, menino, não vou ser sócia da agência, serei apenas mais uma funcionária. E até parece que vou ser rica, hahaha...
- Você não será apenas mais uma funcionária nunca!!! A Chiara confia em você meu amor, logo você estará como ela, dando minicursos, fazendo palestras.
- Isso é verdade, Mari. - Disse Alex, concordando com Fred. - A Chiara não te chamou à toa, ela confia em você e também ela... er... ah... deixa para lá.
- Ah não, Alex, agora você termina a frase, ela o que??
- Ela gosta de você né, Mari. - Falou o loiro, sempre sincero. - Acho que isso está bem claro.
- Para com isso, Alex, nada a ver, nós somos muito amigas.
- Mari, não é por nada, mas o Alex tem razão, ela não vive mais sob as lembranças da Fabiana, ela é uma pessoa livre e sempre demonstrou gostar muito de você. O legal nela, é que sempre houve respeito em relação a tudo o que você sentia pela Clara.
- Sentia... - Aquela palavra saiu da boca da loira sem que ela percebesse. Mas na verdade ela estava interiorizando ainda o fato de ter que falar sobre os seus sentimentos por Clara no tempo passado. - É isso mesmo, "sentia", agora sou outra pessoa, quero buscar o que vai fazer bem para mim.
- A Itália sempre te fez bem, minha flor, e a Chiara também. Por isso, tenho certeza que esse é o caminho certo. - Disse Fred.
- É sim Fred, estou muito tranquila. Acho que finalmente consegui me desprender da Clara. - Disse a loira pensativa. - Confesso que até hoje de manhã eu tinha um pouco de esperança dela aparecer lá no meu apartamento, mas, não aconteceu. Então, ao invés de eu ficar triste, como de costume, eu levantei a cabeça e tive mais certeza ainda que essa mudança era a coisa certa a se fazer.
Os dois amigos acompanhavam a loira falar e começavam a enxergar ali uma nova Mariana. Realmente a jovem falava tudo aquilo de maneira firme, não demonstrava mais tristeza em sua voz. Parecia que de fato ela havia deixado os sentimentos por Clara para trás.
- Pouco antes de sair eu escrevi uma carta para ela.
- U-uma carta, Mari?? - Perguntou Fred surpreso.
- Sim, mas, pode ficar tranquilo amigo. Eu escrevi a carta mais para mim mesma, pois sei que ela nunca irá lê-la. - Disse a loira num controle emocional incrível. - Digamos que foi uma despedida definitiva.
- Entendi! Mas você deixou a carta lá no seu apartamento? - Perguntou Alex.
- Sim, deixei perto do telefone, depois vocês podem pegá-la para ler o que eu escrevi. - Falou Mariana, olhando para o lado de fora, pela janela lateral do carro. - Enfim, isso não importa mais, meus amores, vamos mudar de assunto?
- Claro!! - Responderam Fred e Alex, ao mesmo tempo.
- Se bem que nem teremos mais tempo, já estamos chegando.
- Ai meu Deus, já estou com vontade de chorar. - Disse Fred, sentindo um nó na garganta.
- Calma Fred, nós iremos na Itália visitar a Mari. - Falou Alex, consolando o namorado. - E você também virá sempre, né Mari?
- Com certeza, eu não fico muito tempo sem ver vocês, meu pai, o Brasil, eu amo esse país e quero voltar em breve, assim que as coisas se estabilizarem por lá.
- Tudo bem, vai passar rápido sim. Logo nos veremos de novo. - Disse Fred, segurando o choro.
- Bom, agora eu queria pedir uma coisa a vocês.
- O que? - Perguntou Alex.
- Queria que vocês me deixassem aqui no estacionamento mesmo. Vai ser uma tortura ficarmos lá esperando meu voo. Ai gente, não quero chorar mais, vocês me entendem?
- Entendemos sim, Mari, sabemos como despedidas são horríveis. - Falou Alex, pois Fred mal conseguia falar. - Deixa a gente pelo menos te ajudar a levar a bagagem.
- Me ajudem a colocar no carrinho, depois eu mesma levo.
- Tudo bem então.
Mariana olhou para Fred, que conduzia o carro em direção ao estacionamento do aeroporto aos prantos.
- Amore, não fica assim, você vai me fazer chorar também.
O jovem continuava chorando fazendo com que a loira não conseguisse mais conter o choro.
- Aii, viu só o que você fez?? Agora também estou chorando.
Fred colocou o carro em uma vaga no estacionamento e assim que desligou o veículo, abraçou forte a amiga, fazendo-a chorar ainda mais.
- Sentirei tanta saudade, Mari.
- Aii, eu também, Fred...
- Me... promete... que... vai me... ligar sempre? - Perguntou o jovem, soluçando.
- Prometo, sempre estarei presente, meu amigo, mesmo longe!
- Eu sei que estará, digo o mesmo a você!
- Te amo muito, Fred, você é mais que um amigo, é meu irmão!
- T-te amo também.
Depois a loira saiu do abraço do amigo, sentindo um aperto forte no coração e se virou para Alex, que estava no banco de trás do carro, também comovido com a despedida.
- Alex, cuida bem do Fred, ele é de ouro.
- Pode deixar Mari, cuidarei sim. Se cuida também viu?!
- Me cuidarei sim! - Respondeu Mariana, segurando a mão de Alex. - Obrigada por tudo, você se tornou um grande amigo para mim também!
- Eu digo o mesmo, Mari.
Depois das despedidas, os jovens saíram do carro e ajudaram Mariana a colocar as malas no carrinho. Em seguida deram mais um forte abraço na jovem e deixaram que ela adentrasse ao aeroporto sozinha, para evitar mais sofrimentos com a despedida.
Já dentro do aeroporto a loira tentava se recompor e focar seus pensamentos no que tinha pela frente a partir de então. Dessa forma, sem mais pensar em despedidas, a jovem fez o check-in da passagem, despachou as malas, seguiu para o saguão de embarque e ficou aguardando sozinha o momento em que seu voo fosse anunciado no painel de embarque.
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Sem parar para pensar, Clara desceu correndo pelas escadas, ainda com a carta de Mariana na mão e saiu às pressas em direção ao seu carro.
- Preciso ir para o aeroporto. - Falava apressada, enquanto tentava abrir a porta do carro com as mãos trêmulas. - Calma, vai dar tempo. Tem que dar tempo.
A jovem tremia muito, mas não tinha tempo de parar e tentar se acalmar, o tempo estava contra ela.
- Meu Deus, como vou chegar ao aeroporto de Guarulhos há tempo?? Nem sei para onde a Mari vai. - Clara falava desesperada, como se realmente não soubesse para onde a loira estava indo, mas na verdade a jovem tinha quase certeza de qual seria o destino de Mariana. - Chega de agir de forma alienada, sei muito bem para onde a Mari está indo, é para a Itália, não tem como ser outro lugar, quer dizer, até tem, mas... mas... eu sinto que é para a Itália.
A jovem dirigia desesperada pelas ruas de São Paulo e por sorte não pegara nenhum trecho com trânsito. Cada minuto que se passava a deixava ainda mais angustiada e receosa de ter perdido Mariana para sempre, porém, aquele sentimento não ofuscara seu objetivo de encontrar a loira e pedir perdão por todas as burradas que cometera. Queria encontrá-la para poder declarar seu amor por ela e mostrar que ele sempre estivera vivo em seu coração.
Após muita correria, a morena chegou ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, com o coração quase saindo pela boca. Estacionou o carro de qualquer jeito e adentrou o saguão do aeroporto correndo, tentando avistar a mulher de sua vida, ainda em solo brasileiro, porém o aeroporto era enorme, indicando que a missão não seria tão simples assim.
Olhou de um lado para o outro e nada de encontrar a loira. Depois olhou para o painel de embarque e avistou o anúncio de um voo para Itália, logo em frente ao anúncio estava escrito: embarque imediato.
Seu coração quase parou nessa hora.
- "Mariii, nãooo..."
Clara saiu correndo em direção ao saguão de embarque, porém ao chegar ao local, sua entrada foi proibida, pois era permitida somente às pessoas que iriam viajar. A jovem nem insistiu, pois sabia que seria perda de tempo. Assim, sem pensar direito Clara correu até o balcão de venda de passagens e pediu com urgência uma passagem para Itália. A atendente demorou "um ano" para entender que Clara queria uma passagem para o voo que já estava para sair e mesmo diante do desespero da morena, a atendente não pôde vender a passagem, pois a jovem estava sem passaporte.
- Drogaaa. - Esbravejou Clara, ainda em frente ao balcão de venda de passagens. - Er.. me desculpe, me desculpe. É que eu estou desesperada, preciso muito impedir uma pessoa de viajar.
- Sinto muito senhora, mas não podemos autorizar a entrada no salão de embarque se não estiver com a passagem comprada.
- Mas não tem nenhum outro destino, então, que eu possa comprar para ter acesso ao portão de embarque 4 da ala C??
- Só um instante que vou verificar.
Clara ficava para morrer cada vez que a moça lhe falava que iria verificar. Cada minuto era precioso para ela e a jovem sabia que Mariana estava prestes a embarcar.
- Senhora, estou vendo que tem um voo para Buenos Aires que sairá daqui a meia hora. É na mesma ala de embarque deste voo para a Itália que a senhora desejava comprar e não precisa de passaporte para efetivar a viagem
- Isso, isso... pode me vender uma passagem para Buenos Aires então, mas estou com muita pressa.
- Sim senhora! Poderia me fornecer seus documentos, por favor?
Clara abriu a bolsa tremendo e retirou os documentos de dentro da carteira. Em seguida entregou o cartão de crédito para a moça e voltou a apressá-la:
- Moça, por favor é urgente.
- Já estou acabando senhora, só mais um minuto.
A morena batia o pé no chão repetidas vezes e não parava de olhar para o relógio.
- Aqui senhora, apenas confirmando: Sua passagem é para Buenos Aires, com saída às...
- Não precisa me informar nada disso, eu não vou para lá mesmo. - Disse Clara, interrompendo a atendente e pegando a passagem de suas mãos. - Me desculpa, mas estou realmente com pressa.
A jovem saiu correndo em direção ao saguão de embarque e com menos de cinco minutos já estava apresentando a documentação para passar pelo detector de metais.
- Senhora, por favor, é preciso deixar aqui na esteira qualquer objeto de metal que esteja com a senhora. - Pediu o funcionário do aeroporto.
Clara foi tirando desesperadamente o relógio, o celular do bolso e colocando junto com sua bolsa de colo que já estava na esteira. Porém quando foi passar pelo detector de metais, escutou um apito indicando que ela ainda portava alguma coisa de metal.
- Meu Deus, me deixa passar, por favor, não tenho mais nada de metal aqui.
- A senhora está com algum cinto ou possui alguma fivela de metal em sua sandália?
Clara estava ficando tão irritada com aquele sistema que nem se preocupou em responder. Apenas tirou a sandália e o cinto e colocou na esteira. Em seguida voltou a passar pelo detector de metais, dessa vez com sucesso.
- Aqui, suas coisas senhora. - Disse o jovem atendente, entregando a bolsa e os objetos de Clara.
A morena recolheu tudo de qualquer maneira e ainda descalça, começou a correr em direção ao portão de embarque 4.
- "Mariii, cadê você???"
Clara olhava de um lado para o outro, desesperada, até que avistou o portão de embarque 4. Porém, para sua decepção, o portão já estava fechado, o embarque já havia sido concluído.
- "Nãoooo, não pode ser meu Deus, nãooo"
Clara continuava olhando para os lados, como se ainda tivesse esperanças de encontrar a loira ali.
- "Marii, onde você está??? Não pode ser tarde, não pode!!"
A morena já estava desolada e sem conseguir controlar as emoções, começou a chorar de maneira muito triste.
- "Tudo isso é culpa minha, sou uma idiota, perdi a Mari."
Clara sentou em uma cadeira, abaixou a cabeça e se rendeu ao choro e a tristeza que sentia por saber que Mariana estava partindo em direção a Itália.
- "O que vou fazer agora? A Mari nunca vai me perdoar, ela... ela partiu".
A dor que Clara sentia era tão grande que a jovem não conseguia se levantar da cadeira. Ficava olhando para o portão de embarque, imaginando que há pouco tempo o amor de sua vida estivera ali.
- "Que merd* essa burocracia toda para entrar na sala de embarque, se não fosse por isso, eu teria encontrado a Mari aqui" - Pensou a morena com raiva, porém, ela sabia que na verdade a culpada era ela mesma. - "Não, isso tudo é culpa minha, nada tem a ver com o sistema do aeroporto, eu demorei muito para perceber as coisas".
Clara se sentia ainda pior por ver que aquilo estava acontecendo por sua culpa e isso fez a jovem chorar ainda mais. Continuava de cabeça abaixada, chorando e se lamentando por tudo o que estava acontecendo, quando de repente, uma voz vinda do canto direito da sala chama seu nome:
- Clara??
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
lucy
Em: 11/01/2016
ai quem será ? kkkk pode ser o ex dela ,pode ser dr. Gustavo néh ? a Manu sua irmã
seria ótimo ser a Mari kkkk mas estou duvidando...affz karaaaaacas quem será ?
bóra ler xau , nota mil bjs fuiiiii
Resposta do autor em 13/02/2016:
Kkkkkkkkkkk, Lucy,
Adorei as suposições, rsrs... Acho que muitas leitoras quiseram me matar nessa parte da história, pois fiz um suspense danado aqui, rsrs... vc deu sorte que a história já estava postada.
Beijinhos, obrigada!
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renata_rs04
Em: 25/11/2015
da vontade de dá uns cascudos na clara, mas ela reconheceu que fez as escolhas erradas é foi egoista!! ainda bem rsrs lendo a carta da mari dificio não querer que ela encontre um novo amor, pois ela demontrou esta tão decidida! mas acredito no amor das duas! uma pena clarinha ter chegado tarde, ela correu tanto... mas isso ja se sabia pelo começo da historia é por ser uma caracteristica dela chegar atrasada rsrs so não desconfio que neste final seja a mari pq não resisti e dei uma olhada rapida no começo do outro cap. antes de comentar então ja sei que não é ela rsrs
beijos GI, comentario mais acanhado o meu, pq não to muito avontade, chegando no finalzinho da historia rsrs
Resposta do autor:
Olá Re,
Fiquei muito feliz com seu retorno... sempre adorei seus comentários, por isso não se acanhe não, fique à vontade sempre!
Ah, sei que a Clarinha não é fácil, cometeu muitos erros, mas ela se arrependeu e foi atrás da Mari... mas como vc bem colocou, ela sempre chega atrasada, rsrs... Como vc já viu que a pessoa a lhe chamar não era a Mari, resta agora saber qual será o desfecho dessa confusão...
Espero que vc volte aqui para comentar os outros capítulos.
Muito obrigada, minha querida.
Um beijo
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Laryssa Stark
Em: 17/09/2015
Que seja meu então o comentário de número 200, kkkkkkk. Se estivesse no abc, sua história estaria agora com mais de 1000 comentários. Uma pena, vc merece esse reconhecimento. Beijos, sou sua fã de carteirinha
Resposta do autor:
hahaha...
Obrigada, minha querida!
Ah, pois é, mas não importa, esse carinho que tenho recebido aqui é maior que esses números.
Um beijo agradecido!
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