Capítulo 35
Enquanto Mariana vivia grandes momentos na Itália, do outro lado do Atlântico, Clara permanecia na mesma solidão que se encontrava desde que rompera com a loira. Porém, como havia decidido, não iria mais chorar nem se deixar levar pelo sofrimento que sentia, de fato, a morena conseguira endurecer seu próprio coração.
No entanto, depois da confissão de Alex, foi inevitável permanecer como se aquele fato não tivesse lhe abalado. Pensava toda noite como seria sua vida se seu primo assumisse um namoro com Fred, sendo ele homem e melhor amigo de seu grande amor. Pensava como iria lidar com o fato dela ter renunciado o amor de Mariana, para não decepcionar seus familiares e ter seu primo e melhor amigo namorando um homem assumidamente. Seus pensamentos davam voltas e voltas, porém sempre acabavam no mesmo ponto:
- "O Alex não vai ter coragem, já faz quase um mês que ele me contou que está afim do Fred e até agora não fez nada." - Pensava Clara- "Na verdade o Alex anda muito sumido, será que ele... NÃOOOO, é claro que ele não ficou com o Fred, seria a primeira coisa que ele iria me contar. Aii meu Deus, não quero que o Alex passe pela mesma coisa que eu, ele acha que é fácil se assumir, mas as coisas não são simples assim, preciso falar com ele."
A morena pegou o celular e discou o número do primo. Desde o momento em que Alex revelou a ela seus sentimentos por Fred, Clara ficou diferente, distante e até mesmo temerosa com a situação. Isso acabou fazendo com que Alex se afastasse um pouco dela, afinal, ele também estava vivendo uma fase de conflitos e descobertas e não queria que sua prima estragasse aquele momento com palavras de desânimo.
Por outro lado, ele sabia que Clara estava vivendo o momento mais difícil de sua vida, assim sempre procurava saber como ela estava, porém, raras vezes ele tocava no assunto: Fred e Mariana. Alex sabia que não iria adiantar nada ficar insistindo para que Clara procurasse a loira, tudo o que ele precisava dizer para animar a jovem já havia sido dito. Assim, deixou que Clara sentisse o peso de suas decisões, mas tinha certeza que quando Mariana voltasse da Itália as cosias iriam mudar, afinal, é sempre mais fácil lutar contra os sentimentos quando não se está vendo a pessoa.
O telefone chamou várias vezes até cair na caixa postal.
- "Caramba Alex, onde está você???" - Disse Clara impaciente, jogando o celular no sofá.
A morena começou a andar de um lado para o outro da casa, depois ligou o computador, ficou um tempo mexendo na internet, nas redes sociais, porém, não tinha nada interessante. Ficou até feliz nessa hora por lembrar que Mariana não tinha um perfil nas redes sociais que ela mais acessava, na verdade a loira não gostava de Facebook, Twitter, Instagran. Assim Clara não precisaria lutar contra a vontade que certamente viria à tona, de fuçar no perfil da loira.
Antes que os pensamentos em Mariana ficassem fortes, Clara desligou o computador e voltou a se sentar no sofá, ligou a televisão, porém também não passava nada que lhe prendesse a atenção, assim voltou a andar de um lado para o outro da casa. Parou em seu quarto e decidiu fazer algo raro: começou a arrumá-lo. Tinha uma ânsia de mudança tão grande em sua vida que estava deixando aquilo ser exteriorizado. Dessa forma, fazia com o quarto, aquilo que ela queria fazer com sua própria vida. Mudava os móveis de lugar, jogava algumas coisas fora e procurava achar o lugar certo para guardar determinados objetos.
Quando começou a arrumar o guarda-roupa achou uma blusa de Mariana misturada no meio de suas roupas. Logo que avistou a blusa seu coração disparou.
Segurou delicadamente a peça de roupa, se sentou na cama, fechou os olhos e começou a imaginar a loira ali com ela. Não há coração endurecido que resista à força de uma lembrança tão marcante, aquela blusa fora deixada ali por Mariana quando a jovem se molhou com um copo de água.
Clara se lembrou direitinho do momento em que Mariana adentrou seu quarto com o colo todo molhado, lembrou-se ainda mais do momento em que a loira tirou a blusa na sua frente, sem nenhum constrangimento. Foi ali que Clara teve a certeza do quanto desejava Mariana, do quanto queria lhe tocar, mais até do que isso, foi ali que a morena percebeu pela primeira vez como é desejar alguém, mas também ter um sentimento maior por essa pessoa: desejo e amor juntos, algo perfeito.
A advogada respirou fundo, voltou a abrir os olhos e, mesmo sabendo que aquilo não iria lhe fazer bem, deixou a blusa de Mariana embaixo de seu travesseiro, como se quisesse ter algo da loira em sua cama, todas as noites. Depois levantou-se rapidamente e não olhou mais para cama, terminou de arrumar o guarda-roupa, sem voltar a pensar nas lembranças de Mariana.
- Ai, preciso sair de casa. - Disse para si mesma, assim que terminou a arrumação. - Ficar sozinha em pleno o sábado já está fazendo parte da minha rotina, mas não hoje, preciso sair daqui.
Sem pensar duas vezes, Clara tomou um rápido banho e desceu para o estacionamento do prédio. Pegou seu carro e começou a percorrer a cidade, sem rumo. Ainda estava na parte da tarde, assim a jovem ficou muito tempo dando voltas na cidade. Ora ou outra parava em algum lugar que lhe chamava a atenção, mas na verdade estava fugindo de locais tranquilos que lhe proporcionasse pensar em sua vida.
Quando a noite começava a se forjar a jovem decidiu ir até a casa de seus pais, estava decidida a não voltar cedo para casa, e como não estava afim de ir para festas badaladas ou boates, nem cogitou a ideia de ligar para Laura e muito menos estava disposta a ir para a casa de Manuela, dessa forma, a opção foi a casa de seus pais. Ao chegar na rua de sua antiga casa, avistou um carro muito chique e já foi logo prevendo quem era seu dono.
- "Ah não, Dr. Gustavo." - Pensou desanimada.
Clara encostou o carro, apoiou os dois braços no volante e ficou um tempo pensando se deveria sair do carro.
- "Não quero ficar escutando meus pais me empurrarem para esse médico, o que eu faço??"
A jovem ficou pensando por alguns minutos, até que decidiu:
- "Vou embora, não estou com saco para aturar essas coisas." - Pensou impaciente.
Voltou a ligar o carro e quando já estava arrancando com ele escutou umas batidas em sua janela lateral.
- Ei, vai aonde?
Clara olhou para o lado e avistou Alex olhando para ela com uma expressão confusa
- O que você está fazendo aqui, hein??? - Perguntou a morena, depois de ter abaixado o vidro do carro.
- Eu vim trazer minha mãe, nós vamos para o interior de São Paulo, na casa dos irmãos do meu pai, sua mãe pediu para gente levar algumas coisas
- Ah tá. - Disse Clara antes de desligar o carro novamente.
Desceu do veículo e deu a volta para abraçar o primo.
- Como você está, Alex? Senti sua falta, não viu minha ligação hoje?
- Ai prima, desculpa, vim sem o celular. Eu estou bem, também estou com saudade, que bom te ver aqui. Como você está?
- Eu estou bem também, queria sair um pouco de casa.
- Isso, faz bem sair de casa, ver pessoas.
- Aii Alex, o Gustavo está aí, né? - Perguntou Clara, fazendo careta.
- Está sim, ele chegou tem pouco tempo.
- Ai que saco, quer apostar quanto que vou ficar escutando indiretas dos meus pais o tempo todo??
- Por isso você estava indo embora?
- Claro né, ninguém merece isso.
- É chato mesmo, mas o Gustavo é legal, Clara, ele não vai te desrespeitar.
- Eu sei Alex, o problema não é ele, mas sim meus pais, até acho que meu pai não vai falar nada, mas minha mãe.
- É, nisso você tem razão. - Concordou o jovem. - Mas então você vai embora de fininho?
- Ah, agora que já desci do carro vou lá, vou entrar um pouco. - Disse a jovem, levantando os dois ombros. - Mas, e você, vai para o interior então?
- Vou sim, peguei essa semana de folga, ai vou levar meus pais.
- Hum, que bom.
- É sim.
Estava um clima estranho entre os dois, ambos queriam tocar no assunto, mas não sabiam se seria uma boa ideia, no entanto Alex não aguentou e disse:
- Ai Clara, vamos parar com isso, nós dois sabemos que não dá certo ficar sem falar as coisas um para o outro. Poxa, somos como irmãos, é bobeira ficar assim.
- Eu sei Alex, concordo com você, mas é uma situação difícil.
- É sim, mas é mais difícil ficar nesse clima com você.
- Aii, tudo bem. - Disse a morena, rendida. - Me diga então, você e o Fred já, er... já...
- Não, Clara. - Respondeu Alex rapidamente, ao ver que a jovem estava com dificuldade de formular a pergunta. - Mas estamos ainda mais próximos, o Fred é demais, respeita meu tempo, não força nada, até por que, acho que ele também tem medo que eu não corresponda, sei lá.
- Entendi, ai Alex, me desculpa por não estar te dando apoio num momento como esse. - Disse Clara, segurando a mão do primo.
- Você não precisa se desculpar, Clara, eu entendo perfeitamente a situação. Mas, e você, ainda continua com os mesmos pensamentos?
- Sim, claro, nada vai mudar, Alex. - Respondeu Clara, demonstrando muito mais convicção do que realmente sentia.
- Está bem, prima, não quero falar mais nada, só espero que você esteja bem.
- Estou sim, fica tranquilo. Agora vamos entrar?
- Vamos sim, minha mãe já está esperando para gente ir. - Respondeu o jovem, caminhando para dentro da casa, com Clara.
Ao chegar lá, Clara foi calorosamente recebida por sua mãe, que obviamente ficara feliz não só por ver a filha, mas também com o fato de Clara poder ver o Dr. Gustavo, ela desejava muito ver sua filha namorando com o médico. Já Sr. Antônio, demonstrou muita alegria por ver a filha, porém ficou mais contido que Dona Ana, devido a tudo o que ocorrera entre eles.
Depois de cumprimentar os pais e a mãe de Alex, Clara deu um leve aceno para o Dr. Gustavo, que olhava para ela com um sorriso simpático no rosto, mas sem demonstrar segundas intenções.
- Como vai, Clara? - Perguntou o médico, educadamente.
- Estou bem, e você?
- Tudo ótimo, que surpresa boa te encontrar aqui, desde o Ano Novo que não te vejo.
- É sim. - Disse Clara, tentando disfarçar a tristeza em sua voz, por se lembrar daquele dia.
- Er... mãe, vamos embora então? - Interrompeu Alex, percebendo o estado que sua prima se encontrava diante daquelas lembranças.
- Vamos meu filho, já está ficando tarde, precisamos ir mesmo. - Respondeu a mãe de Alex.
O jovem foi até Clara e se despediu da prima com um abraço forte e recomendou em seu ouvido:
- Tenta relaxar um pouco, você está precisando, não ligue para as indiretas da sua mãe, ela não faz por mal. Te amo, até daqui a uma semana.
- Obrigada Alex, também te amo, boa viagem! Se cuida lá, ok?
- Pode deixar!
Clara se despediu da tia e depois foi para a sala, se sentar no sofá. O médico aproveitou a companhia da jovem e seguiu atrás dela, enquanto Sr. Antônio e Dona Ana se despediam de Alex e de sua mãe. Ao chegar no sofá, o Dr. Gustavo já foi falando:
- Espero que você não se importe com a minha companhia.
- Não, claro que não, sente-se, fique à vontade, Dr. Gustavo, acho que você já é de casa.
- Me sinto muito bem aqui Clara, seus pais são excelentes pessoas. Mas, para eu me sentir mais de casa ainda acho que você poderia deixar o "doutor" de lado, né? Afinal, já nos conhecemos.
- Ai, me desculpe, é o hábito. Te chamarei de Gustavo então.
- Assim fica melhor. - Respondeu o médico com um sorriso charmoso no rosto.
- Mas, então Gustavo, você e meu pai saíram hoje?
- Não, eu que resolvi fazer uma visita a eles, estava num plantão e assim que saí resolvi passar aqui para conversar um pouco. Seu pai virou um grande amigo, você tem sorte de tê-lo.
- Er... você não tem pai mais? - Perguntou Clara ao sentir um tom triste na voz do médico, ao pronunciar a última frase.
- Não tive a chance de conhecer o meu pai, ele morreu num acidente de carro, quando minha mãe ainda estava grávida de mim.
- Nossa, er... eu sinto muito, Gustavo.
- Tudo bem, não se preocupe, mas vamos mudar de assunto, e você, veio fazer uma visita a eles?
- Vim sim e também não estava afim de ficar em casa.
- Por que, não tem planos para hoje?
- "Merda!! Agora ele vai me chamar para sair." - Pensou Clara - Er... não, estou sem planos para hoje, por que não estou afim de sair.
- Mas, você acabou de falar que não estava afim de ficar em casa.
- "Merda!!!"... Er... er... eu quis dizer que não estou afim de ir para baladas, lugares muito movimentados.
- Ah sim, entendi. Bom, faz muito tempo que eu não saio para uma balada também.
- Você não gosta?
- Ah, acho que não tenho mais pique para isso.
- Nossa, quem vê até pensa que está falando com um velho. - Brincou a jovem.
- Não é para tanto também vai, sou conservado. - Respondeu o médico, retribuindo a brincadeira.
Enquanto os jovens riam na sala, Dona Ana espiava pela porta da cozinha e fazia comentários com Sr. Antônio, porém Clara nem percebeu que seus pais estavam demorando para voltar, pois a conversa com o Gustavo estava de fato agradável.
Somente depois de um tempo que a jovem notou a ausência dos pais e foi até a cozinha atrás deles, acompanhada do médico. Assim, os quatro ficaram conversando, sentados à mesa e Clara percebeu nitidamente a alegria de sua mãe diante daquele momento. Clara e Gustavo estavam apenas conversando, mas para Dona Ana aquilo representava muito mais, era como se fosse um início de namoro.
Já em relação ao seu pai, a jovem percebeu que ele estava quieto e conversava apenas o básico com ela e com o Gustavo, sabia que ele ainda não tinha superado tudo o que acontecera. Algumas vezes percebeu até que seu pai impedia que Dona Ana falasse algo referente a ela e ao Gustavo, mesmo que disfarçadamente. Aquilo deixou o coração de Clara mais tranquilo, porém não soube decifrar exatamente se seu pai fazia aquilo por ela ou se era para não iludir seu mais novo amigo, o médico.
Várias vezes durante a conversa na cozinha, Clara parou para pensar que Alex tinha razão, realmente o Gustavo era uma pessoa boa, sempre alegre, simpático, brincava com todas as situações, mas também sabia falar sério. Demonstrava muita maturidade e aquilo de certa forma deixara Clara mais à vontade e até mesmo mais segura de que o jovem não iria ficar tentando nada com ela. Inclusive percebera que o médico já havia notado que sua mãe estava fazendo torcida para que eles tivessem algo, no entanto ele não se aproveitava daquele fato e querendo ou não, isso era uma atitude louvável.
Quando já estava próximo de dar 20 horas, Clara decidiu ir embora. Gustavo aproveitou-se para ir também e Dona Ana, pela primeira vez não insistiu para que o jovem ficasse, afinal, tinha esperança que ele e Clara saíssem. Dessa forma, ela e Sr. Antônio acompanharam os jovens até o portão e depois deram um jeito de voltar rapidamente para dentro da casa. Gustavo percebeu a situação e começou a rir, fazendo com que Clara também achasse graça.
- É, eu acho que seus pais querem formar um casal aqui. - Disse rindo.
- Ai que vergonha, desculpe meus pais, Gustavo, eles são assim mesmo, minha mãe então. - Disse a morena rindo e virando os olhos.
- Sua mãe é um amor de pessoa, Clara, fique tranquila, não me importo com isso. - Disse Gustavo, se encostando no carro e cruzando os dois braços, enquanto encarava a morena. - Mas confesso uma coisa, a filha de Dona Ana é uma mulher para casar, quem conseguir roubar aquele coração será uma pessoa de sorte.
- Ah, para com isso, Gustavo. - Disse a morena, um pouco constrangida.
- Foi só um comentário, mas, já que estamos aqui conversando, o que você acha de irmos para algum barzinho? - Perguntou o médico, todo charmoso.
- Eu agradeço o convite Gustavo, mas acho que vou para casa.
- Que isso, ainda são 20 horas - Disse o jovem olhando para o relógio. - Eu sei que você não está com vontade de ir para casa, vamos Clara, podemos ir a um barzinho que tenho costume de ir, é bem tranquilo, podemos ficar lá conversando e ouvindo uma boa música.
- Ah, não sei Gustavo. - Disse Clara, olhando para baixo, como se estivesse pensando.
- Vamos vai, se você realmente não quisesse ir tenho certeza que responderia olhando nos meus olhos.
- Nossa, você é médico ou psicólogo? - Perguntou rindo.
- Um pouco dos dois. - Respondeu o jovem, piscando o olho para a morena. - Relaxa Clara, vai ser bom, vamos sair, conversar, ouvir música, prometo não te prender muito tempo, se minha companhia estiver chata você poderá ir embora quando quiser, sem ter dó de mim.
- Ah, você sabe ser convincente, viu.
- Opa, então consegui te convencer?
- Ok, conseguiu! - Respondeu Clara rendida ao convite do jovem. - Mas, não vou demorar muito, ok?
- Sem problemas, vamos então, entra aqui. - Disse o jovem médico, dando a volta no carro para abrir a porta para Clara entrar.
- Não, eu estou de carro também, cada um vai no seu.
- Ah, deixa o carro aí, amanhã você pega ele.
- Melhor não, aqui é bem longe da minha casa e já perdi o costume de andar de ônibus. - Disse sem graça.
- Então amanhã eu te trago aqui, isso não é problema. Vamos Clara, deixa o carro aí.
- Hum, tudo bem então, vou pedir para o meu pai guardar o carro para mim.
- Tudo bem.
A jovem entrou novamente na casa de seus pais e deixou a chave do carro com Sr. Antônio, pediu para que ele guardasse para ela e avisou que buscaria no dia seguinte. Sr. Antônio não demonstrou muita animação por saber que ela iria sair com o médico, mas também não falou nada, apenas pegou as chaves de sua mão e avisou que deixaria ele guardado na garagem. Depois, Clara saiu novamente da casa e caminhou até o carro de Gustavo, que já lhe esperava do lado de dentro.
- Vamos? - Disse a morena, entrando no carro e fechando a porta.
- Vamos! - Respondeu o jovem com um sorriso lindo no rosto.
Gustavo arrancou com o carro e Clara ficou olhando para sua expressão sorridente.
- Posso saber por que você está sorrindo tanto?
- Como não sorrir com uma morena linda como você no meu carro?
- Er... Gustavo, eu espero que você não esteja interpretando errado. - Disse Clara, incomodada. - Eu só quero espairecer a cabeça, por favor, não leve essa nossa saída de outra maneira.
- Fique tranquila Clara, só fiz um comentário, sou muito brincalhão, as pessoas costumam me interpretar errado por causa disso.
- Tudo bem, me desculpa, acho que fui até pretensiosa agora, né? - Falou a morena sem graça.
- Claro que não, a situação é propícia para se pensar isso. Mas não se preocupe Clara, apenas vamos sair.
A jovem concordou com a cabeça e voltou seu olhar para a rua. Somente depois daquela conversa, que ela se deu conta de que certamente estava sendo ingênua demais em sair sozinha com o médico, porém não voltou atrás e seguiu. Até por que, Gustavo já havia se tornado amigo da família, não era apenas seus pais que gostavam dele, mas seus tios também admiravam muito o caráter do rapaz, tinha certeza que ele iria lhe respeitar.
Dessa forma, Clara tentou relaxar e não pensar mais nessa situação, entretanto, sentia algo estranho no coração, como se estivesse fazendo algo de errado. A morena demorou para perceber, mas na verdade, aquela sensação estranha era por causa de seu sentimento por Mariana, no fundo ela sentia como se estivesse traindo a loira, só pelo fato de sair sozinha com o médico.
-"Controla esse pensamento Clara, não tenho por que ficar com essas sensações estranhas, pois não tenho mais nada com a Mari e muito menos terei algo com o Dr. Gustavo"
Clara nem precisou ficar muito tempo lutando contra seus pensamentos, pois o Gustavo voltou a puxar assunto com ela e sempre conseguia distrair a morena com seus comentários engraçados e inteligentes. Logo Gustavo estacionou o carro em frente a um bar que Clara não conhecia e levou a jovem para dentro do estabelecimento.
Clara olhou à sua volta e apreciou o ambiente do bar. Era tranquilo, mas tinha muitos jovens bebendo e conversando, já ao fundo havia um palco com um rapaz tocando teclado e uma mulher tocando violão e cantando MPB.
- Gostei daqui, nunca tinha vindo. - Falou Clara, se sentando na cadeira que o médico acabara de puxar para ela.
- Aqui é muito bom, descobri esse lugar há anos e por acaso.
- Por acaso? - Perguntou Clara, acompanhado com o olhar o jovem se sentar à sua frente.
- Sim, eu estava muito próximo daqui quando a filha de um paciente me ligou. Ele estava começando a sofrer um AVC e na hora ela ficou tão desesperada que só se lembrou do meu número no celular de seu pai. Então eu vim correndo para cá e felizmente nós conseguimos salvá-lo a tempo.
- Nós?
- Sim, eu estava com minha ex-namorada, que na época, óbvio, era minha namorada.
- Ah sim, ela é médica também?
- É sim, neurologista por sinal.
- Nossa, esse senhor deu sorte então.
- Na verdade ele deu sorte por que conseguimos uma ambulância rapidamente, em casos como esse, qualquer minuto perdido pode ser fatal.
- Nossa, você deve ter muita história para contar, hein.
- É, tenho algumas. - Disse o jovem, rindo simpaticamente.
O assunto foi interrompido com a chegada do garçom, perguntando o que eles desejavam pedir.
- O que vocês vão beber?
- Acho que vou beber um Martini e você Gustavo?
- Vou te acompanhar então, dois Martini's, por favor. Aceita também uma porção de filé mignon? - Perguntou o médico.
- Sim, claro.
A jovem esperou o garçom anotar o pedido e voltou a conversar com o Gustavo:
- Então, continua me contado sobre suas histórias, está interessante.
- Tem certeza que quer ficar me ouvindo falar aqui?
- Tenho sim, vai, me conta, você já socorreu mais algum paciente em um ambiente externo ao hospital?
- Vários, Clara, parece que eu atraio essas coisas. - Brincou.
Assim o jovem ficou contando sobre as várias vezes em que precisou socorrer alguém fora do hospital e Clara ficou espantada com a variedade de lugares que o jovem médico já havia atuado. Os lugares variavam desde de um ponto de ônibus até uma escola, um shopping e por incrível que pareça o mais bizarro de todos: um bueiro.
- Um bueiro???? - Perguntou Clara rindo muito
- Essa história quase ninguém acredita, mas é verdade. Eu já trabalhei em uma cidade no interior de Minas, como lá tudo era muito perto eu ia trabalhar todos os dias a pé. Foi então que em um desses dias eu avistei uma multidão de pessoas na rua, uma senhora havia acabado de cair em um bueiro.
- Meu Deus!! - Exclamou Clara.
- Pois é, foi bem delicada a situação, pois a senhora sofreu fraturas na perna e as pessoas que estavam lá tentavam tirá-la do bueiro sem o mínimo cuidado.
- Caramba, muitas vezes as pessoas acham que estão ajudando, mas na verdade estão só piorando a situação né. Nossa, que coisa mais absurda de se acontecer, Gustavo.
- É sim, te falei, quase ninguém acredita nessa história, mas é verídica.
Os jovens continuavam conversando e Clara ria cada vez mais das coisas que Gustavo contava. O médico havia conseguido fazer com que ela esquecesse pelo menos por algum tempo o quanto estava sofrendo. Realmente fazia tempo que Clara não ria tanto.
Logo ela também começou a falar de sua vida profissional e dos casos que já havia defendido, afinal ela também tinha vivenciado situações engraçadas em seu ambiente de trabalho. Dessa forma a conversa fluía cada vez mais entre eles enquanto os dois permaneciam no bar degustando a porção de filé mignon e apreciando a música ambiente. Já em relação a bebida os dois jovens decidiram parar de beber. Clara resolveu parar, pois sabia que não seria uma boa ideia ficar bêbada apenas na presença de Gustavo e já o médico preferiu se conter na bebida alcoólica, pois não gostava de dirigir depois que bebia.
Assim, depois de mais um tempo de conversa Clara pediu para o médico lhe levar em casa:
- Bom Gustavo, foi bem legal nosso bate-papo, mas acho melhor irmos embora, será que você poderia me deixar em casa?
- Claro vamos sim, te deixo em casa.
O médico fez questão de pagar a conta e em seguida eles saíram em direção ao carro. Durante o percurso, Clara foi pensando na noite divertida que tivera ao lado do médico e se sentiu mais tranquila, pois em nenhum momento o Gustavo tentara algo com ela, ele nem mesmo perguntara se ela estava namorando ou interessada em alguém.
Os dois chegaram no local onde o carro estava e o Gustavo correu para abrir a porta para Clara.
- Nossa, que coisa rara.
- Ah, que isso Clara, ainda existem cavalheiros.
- Muito obrigada, doutor! - Agradeceu a jovem sorrindo.
Gustavo voltou a contornar o carro e adentrou o veículo.
- Bom, não sei onde você mora, então, vá me guiando.
- Ok, te mostro o caminho.
Clara ficou o caminho todo orientando o médico enquanto eles conversavam. O assunto não morria em nenhum momento e rapidamente eles chegaram em frente ao prédio de Clara. Gustavo encostou o carro, olhou para a morena com um sorriso charmoso no rosto e disse.
- Viu, até que minha companhia não foi tão ruim, né?
- É, não foi tão ruim assim. - Brincou a jovem, arrancando risos do médico.
- Bom, se você animar outras vezes, podemos sair mais, você é uma ótima companhia, Clara.
- Obrigada mesmo, Gustavo, foi bom sair um pouco, me distrair, enfim, vou indo então, amanhã você me dá uma carona até a casa dos meus pais?
- Dou sim, marquei de levar seu pai para jogar tênis comigo na parte da tarde. Posso passar aqui umas 14 horas?
- Pode ser.
- Combinado então.
- Até amanhã, Gustavo, tenha uma ótima noite. - Disse a morena já abrindo a porta para sair do carro. Porém antes que ela saísse, Gustavo segurou-lhe o braço.
- Não, espera, Clara...
A morena voltou com o corpo para dentro do carro e virou-se para olhar para o médico. Ele estava um pouco nervoso, mas seus olhos não se desgrudavam dos lábios de Clara.
- Gu-Gustavo, o que foi? - Perguntou Clara, já imaginando o que poderia acontecer a seguir.
- Eu sei que é um risco muito grande eu fazer isso, mas jamais me perdoaria por deixar de tentar...
Assim que terminou a frase, Gustavo puxou levemente o rosto de Clara lhe beijou a boca. Clara ficou sem ação na hora e até chegou a corresponder o beijo, porém quando sentiu a língua do médico invadir sua boca, sentiu uma repulsa grande e um sentimento de culpa forte que lhe fez o empurrar.
- Não faça isso, Gustavo... - Disse Clara, tentando controlar seu nervosismo.
- Clara, er... me-me desculpe, eu... eu não quis ser invasivo.
O jovem abaixou a cabeça e ficou um tempo em silêncio, esperava até que a morena fosse sair do carro sem lhe dirigir novamente a palavra, porém Clara ficara parada, olhando para o chão do carro respirando muito rápido. Aquela reação deixou Gustavo assustado.
- Clara, por favor, não fica assim, me desculpe, er... eu... eu não fiz por mal, achei que você estivesse afim também, fica calma, foi só um beijo, não irei tentar mais nada.
A jovem continuava calada no carro e o médico já estava ficando completamente confuso, afinal, havia sido apenas um beijo.
- Clara, você está namorando?? É isso? Está se sentindo mal?
A advogada começou a chorar ao ouvir as últimas perguntas do médico. Estava vivenciando um turbilhão de sentimentos, que lhe impedia de falar ou de organizar as ideias. Porém a ausência de palavras era compensada pelos inúmeros pensamentos que lhe passavam pela cabeça.
"- Como posso sentir tanta aversão assim, meu Deus?? Me sinto tão mal, como se eu fosse outra pessoa, meu Deus, nunca senti isso, é horrível, é como perder a essência." - Pensava a morena. Seu coração batia muito rápido e as lágrimas desciam ainda mais ao se lembrar dos beijos de Mariana, da boca suave, do toque de sua língua.
- Tudo bem, tudo bem, fica calma. - Falou Gustavo, já desesperado por ver a morena chorar tanto. - Se é isso que está te deixando assim, não se preocupe, esse beijo não vai sair daqui do carro, ninguém precisa saber que a gente se beijou.
- Gustavo, pare... - Falou a morena, tentando se recuperar do choro.
Um silêncio incômodo invadiu o carro e depois que conseguiu parar de chorar, a morena voltou a falar.
- A questão não é o beijo em si Gustavo, isso, er... me desculpe dizer assim, mas isso não significou nada. A questão é os sentimentos que vieram à tona em mim.
- Como assim, Clara, eu não entendo.
- Gustavo... aii, eu não posso falar. - Disse chorando novamente.
- Ei, calma, pode falar o que quiser comigo, você está envolvida com alguém, não é?
Clara apoiou os dois braços nas próprias pernas e abaixou a cabeça, não estava acreditando que um simples beijo lhe desestabilizara toda. Aquele beijo lhe fez comprovar que ela não só amava Mariana, mas também gostava de mulheres.
- "Meu Deus, como vou viver fingindo não gostar de mulheres??" - Pensava a jovem, ainda nervosa.
- Clara, não precisa me falar quem é, só não quero te ver assim, ainda mais por minha causa. - Insistia o médico.
Clara levantou a cabeça, enxugou as lágrimas e com muita dificuldade falou:
- Gustavo, eu sou lésbica.
O jovem olhou para ela sem entender muito bem se havia escutado certo e perguntou confuso:
- Vo-você é??
- Sim, eu gosto de mulher, sou lésbica. - Confessou tanto para o Gustavo, como também para si mesma.
O jovem encostou-se no banco e ficou olhando para frente sem reação.
- Gustavo, eu não quis te enganar, me desculpa se dei a entender que estava interessada, na verdade não tenho raciocinado muito nesses dias, não estou bem e estou tentando fingir que tudo está sob controle na minha vida, mas, não está! Esse beijo me despertou para muita coisa, pode parecer bobeira, mas me fez ver que realmente gosto do feminino.
- Nossa, não é muito fácil ouvir isso, Clara.
- Por favor Gustavo, não fique achando que você não é bom ou que não beija bem, não tem nada a ver com isso, tem a ver comigo e com os meus sentimentos.
- Quais são seus sentimentos, Clara? Você já se envolveu com uma mulher, então?
Clara ficou um tempo pensando se deveria contar tudo para o Gustavo, afinal ele era muito próximo de seu pai, no entanto, ela acreditava no caráter do jovem e preferiu dar um voto de confiança a ele.
- Gustavo, isso não pode sair daqui, ok?
- Claro, não vou contar a ninguém, fique tranquila. - Respondeu o jovem, tentando disfarçar o quanto estava surpreso com tudo aquilo.
- Gustavo, eu e a Mariana, fomos namoradas, não sei se você se lembra, mas ela...
- Ela estava na virada de ano, na sua casa. - Disse o jovem, completando a frase de Clara.
-Isso, e foi naquele dia que tudo se tornou complicado.
- O que aconteceu? Bem que eu reparei que você sumiu em determinada hora da festa.
- Bom, meu pai me viu beijando a Mari, aí tudo acabou.
- Nossa! - O médico não conseguia se expressar muito bem, dada a dimensão daquela revelação.
- Gustavo, por favor, meus pais não podem saber disso, quer dizer, meu pai já sabe, mas acha que eu desisti dessa vida, na verdade eu desisti mesmo.
- Então você terminou com a Mariana? Você vai lutar contra isso?
- Sim, nós terminamos. - Disse triste. - Eu estou tentando fazer a vontade dos meus pais, mas isso está acabando comigo, eu vivo numa instabilidade muito grande, ao mesmo tempo em que penso que estou forte e com o coração endurecido, de repente me vejo fraca e sem perspectiva alguma em relação à minha afetividade.
- Poxa, é muita informação Clara, er... me desculpe, nem sei o que te falar.
- Não precisa falar nada, apenas guarde esse segredo por mim, por favor.
- Pode deixar, guardarei sim. Acho que agora eu estou entendendo por que seu pai parou de me incentivar. - Disse pensativo
- Incentivar? Incentivar o que?
- Antes do Ano Novo ele sempre falava que gostaria muito de nos ver namorando, mas depois ele parou de falar, só a sua mãe mesmo que sempre comenta algo sobre isso.
- É, isso é estranho, pois achei que depois do que meu pai viu ele iria querer ainda mais que eu namorasse homens.
- Vou te confessar Clara, até eu gostaria que você se interessasse, eu gosto de você, da sua família, mas, acho que realmente confundi as coisas hoje. - Falou Gustavo de maneira séria. - Não se preocupe, pois sei respeitar as opções das pessoas.
- Obrigada Gustavo, você é uma pessoa boa, vai achar alguém que possa ser verdadeiro com você.
Os dois ficaram mais um tempo em silêncio, mas logo Gustavo voltou a falar.
- Ual, mais uma coisa bizarra na minha vida- Brincou o jovem, tentando achar graça em meio a toda aquela revelação.
- Ai, não fala assim, mas agradeço por você tentar me animar.
- Tudo bem Clara, essa é a vida, sempre nos surpreendendo.
- É sim. -Concordou a jovem. - Bom, eu vou indo então Gustavo. Espero que você não mude comigo por causa disso.
- Óbvio que não, Clara, só não vou mais investir em você. - Tentou brincar, mas na verdade falava sério. - Mas, se precisar de um amigo, pode contar comigo.
- Obrigada, de verdade.
- Amanhã eu passo aqui para te levar.
- Sério?
- Sim, seríssimo!
- Achei que você, er... ah... enfim, obrigada. Até amanhã então. - Disse a morena, já abrindo a porta do carro.
- Até amanhã.
Clara saiu do carro e entrou rapidamente em seu prédio. Embora a conversa com o Gustavo tenha sido tranquila, sua mente continuava fervilhando. Parecia que todo o esforço que havia feito para endurecer seu coração tinha sido em vão, pois agora, mais do que nunca pensava em Mariana e em sua própria sexualidade.
Chegou em seu apartamento e foi direto para o banho. Começou a se lembrar do beijo que Gustavo lhe dera e como aquilo havia sido ruim para ela, mesmo o jovem sendo uma ótima pessoa, simpático e bonito. Depois do banho Clara foi direto para cama e quando foi retirar a colcha para poder se deitar, avistou a blusa de Mariana, que ela deixara embaixo do travesseiro, mais cedo.
- Mari...
Abraçou a pequena peça de roupa e depois de muito resistir, voltou a dar asas ao seu pensamento. Eram os beijos da loira que não saíam de sua cabeça, pensava como era maravilhoso beijar Mariana e como ela conseguia transmitir os sentimentos através do simples toque de seus lábios.
Clara levou a blusa da loira até seu rosto e fechou os olhos, na tentativa de sentir a presença dela em sua cama. E depois de muito pensar e sentir a força daquele amor que tinha por Mariana, a jovem falou:
- Não dá, preciso te ver Mari, volta, volta para o Brasil, preciso te procurar, preciso ir atrás de você!
Fim do capítulo
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Anastacia
Em: 19/11/2015
Ei Gi,
Como disse a Flora, não poderia ficar de fora dessa sua primeira "coletiva", rs. Antes da pergunta quero, mais uma vez, parabenizá-la pela linda história e agradecer por sua delicaliza e atenção às suas leitoras.
Vamos lá: Esse é seu primeiro trabalho e já teve uma aceitação e uma repercussão incrível, colocando-a lá no extinto Abcles e aqui no Lettera entre as histórias mais lidas e comentadas. Certamente isso é fruto de um trabalho muito bem feito, bem escrito, cuidadoso e sensível. Essa repecurssão toda não lhe faz pensar concretamente em publicar EOESEV em livro? Se positivo, existe algum movimento seu nesse sentido?
No mais, Gi. Desejo-lhe muito sucesso, será merecido!
Beijos,
Anastácia.
Resposta do autor:
Ei minha querida Anastácia
Que alegria ter vc aqui! Fico feliz por vc não ter ficado de fora dessa "coletiva" rsrs... que honra!
Muito obrigada pelos elogios, fico muito lisonjeada! Essa atenção para com vcs é uma forma de agradecer pelo apoio e carinho!
Vamos à resposta: Essa repercurssão toda ainda me surpreende bastante! Não havia pensado, até então, em transformar esse trabalho em um livro, porém, após pensar bastante e ver que muitas leitoras apoiam essa ideia, me animei em aperfeiçoar a história para tal feito... quem sabe? Acho que esse é meu movimento inicial.. tem muita coisa para corrigir e aperfeiçoar, o começo da história possui muitas reticências e também alguns erros que passaram batidos, rs... Então preciso me dedicar a consertar esses detalhes. Depois pensar na próxima etapa, que tb não é fácil...
Vamos ver o que vai dar, rsrs
Muito obrigada pelo apoio, desde da época do ABCles... vc sempre me deixa nas nuvens com seus comentários.. ;)
Beijos
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