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  • Entre olhares e sorrisos: encontrei você
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Entre olhares e sorrisos: encontrei você por Gi Franchinni

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Palavras: 11505
Acessos: 8052   |  Postado em: 00/00/0000

Capítulo 26

 

As semanas se passaram e finalmente chegara o dia do casamento de Sr. Augusto e Andréa. Mariana estava ansiosa, pois, além de ser um acontecimento importante na vida de seu pai, também seria a primeira vez que ela e Clara seriam vistas juntas por toda sua família. Depois que Mariana tivera aquela conversa com seu pai os dois se aproximaram ainda mais. Sr. Augusto fez questão de receber Clara em sua casa, apesar de no começo ter estranhado ver a filha namorando uma mulher. Porém, havia decidido que mais nenhum motivo o faria se afastar de Mariana, assim, embora estranhasse aquela situação preferiu encará-la de frente para não perder novamente a presença da jovem em sua vida.

 

 

 

Quando Clara começou a frequentar a casa de Sr. Augusto, já como namorada de Mariana, várias coisas começaram a lhe passar pela cabeça. Ao mesmo tempo em que estava feliz por ser recebida tão bem pelo pai de Mariana e por Andréa, também tinha medo de que alguma pessoa conhecida descobrisse sobre elas. Isso por que Mariana não escondeu de ninguém da sua família a sua opção sexual, assim as tias da jovem e seus primos já sabiam que ela e Clara eram namoradas.

 

 

 

Obviamente nem todos aceitaram bem aquele romance, mas as poucas pessoas que até então puderam conhecer Clara pessoalmente, já a tratava como se fosse da família e aquilo embora a fizesse feliz, também a deixava inquieta. Essa inquietação era causada não apenas por seu medo de ser descoberta, mas também por não conseguir se sentir completamente livre em seu namoro. Na verdade, Clara sempre ficava com uma sensação estranha quando estava próxima à família de Mariana, mas não conseguia entender o porquê daqueles sentimentos, afinal, qualquer pessoa ficaria feliz de ser recebida tão bem na casa da mulher que ama.

 

 

No entanto, era exatamente esta a questão: ser recebida tão bem. Para Clara aquilo era algo tão improvável de se acontecer que acreditava estar vivendo um caso específico, raro. Tinha certeza que em sua casa as coisas seriam completamente diferentes e aquilo a incomodava, pois se sentia pressionada em ter que se assumir simplesmente por ser aceita por quase toda a família de Mariana, mesmo sem estar sendo pressionada por ela.

 

 

Dessa forma, naquele dia, em que seria vista por toda família da loira como sua namorada, sentia-se tensa e aquilo acabara transparecendo para Mariana.

 

 

 

- Amor, por que você está com essa cara preocupada? Até parece que é seu pai quem está casando. - Falou Mariana, enquanto as jovens tomavam o café da manhã em sua casa.

 

- Ai amor, eu sei, acho que estou um pouco nervosa de estar no mesmo ambiente em que estará toda sua família.

 

- Ah Clarinha, também estou ansiosa com isso, mas sei que vai correr tudo bem. Eles já te tratam como se fosse da família.

 

- Pois é, acho isso muito estranho.

 

- Cruzes amor, qualquer pessoa iria adorar ser tratada assim, por que você está falando dessa maneira?

 

- Aii Mari, me desculpa. Não é que eu esteja achando ruim, mas é estranho. Todos aceitaram tão bem a gente.

 

- Quase todos, né Clara. - Corrigiu a loira.

 

- É... que seja, quase todos. Mas a maioria nos aceitou! Porém, eles nunca estiveram em uma festa com a gente ou em alguma situação em que estaríamos todos reunidos num mesmo lugar. Na verdade, poucos de sua família me viram pessoalmente.

 

- O que você está querendo dizer? - Perguntou Mariana sem entender onde Clara queria chegar.

 

- Ah, só estou pensando que talvez eles não tenham o mesmo pensamento quando nos virem juntas.

 

- Aiii Clara, não fala bobagem. Eles te adoram, vai correr tudo bem, meu amor.

 

- Queria ter sua tranquilidade, loirinha. E detalhe que a família é sua e você aí, sempre tão calma.

 

- Na verdade, não estou tão calma assim. É o dia do casamento do meu pai e estarei com o amor da minha vida, que é uma mulher, perante todos da minha família. - Falou a jovem, tentando mostrar para Clara que ela sim tinha motivos de sobra para ficar nervosa. - Mas eu sei que vai correr tudo bem e eu não me importo com o que o restante da minha família pensa. Meu pai já aceitou a gente, os demais não têm que achar nada.

 

- Ai Mari, você é um caso raro, sabia?

 

- Não sou nada, você que se preocupa demais com as coisas.

 

- Claro né Mari, se você não se lembra, eu ainda não me assumi para ninguém. É estranho essa sensação.

 

- Que sensação? - Perguntou Mariana já preocupada.

 

- Essa sensação, Mari, de ser assumida para pessoas que eu mal conheço, mas não ser eu mesma com minha família.

 

- Amor, mas você sabe como resolver isso. - Falou Mariana insinuante.

 

- Mari, não começa, não é simples assim, você acha que é só chegar para meus pais e falar tudo, como se eles fossem aceitar bem, igual sua família aceitou?? - Falava Clara já nervosa. - Não é assim Mari, sua família é um caso à parte. Todos me virariam as costas, ninguém te receberia bem não.

 

- Ei, calma Clara. Não falei que seria fácil, não coloca palavras na minha boca, né. - Defendeu-se a loira.

 

- Tudo bem, me desculpa, amor. É que você teve sorte, Mari, mas as coisas são complicadas.

 

- Amor, tudo bem, vamos esquecer isso. - Falou a loira ao ver que aquela conversa não iria chegar a lugar algum. - Olha para mim...

 

- Hum? - Murmurou Clara, olhando para Mariana.

 

- Hoje é um dia especial, não vamos brigar por causa dessas coisas. Eu sempre disse que entendia você, não estou pedindo para você fazer nada, apenas que fique ao meu lado.

 

- Aii, você está certa, me desculpe. - Pediu a morena dando a volta na mesa e se sentando no colo da loira. - Eu que fico pensando besteira, mas você está certa, sua família é muito legal, Mari, vai correr tudo direitinho.

 

- Claro que vai, meu amor. - Disse a loira beijando a boca de Clara. - Vamos ficar juntinhas o tempo todo, pois é o casamento do meu pai e ele fez questão que fossemos juntas.

 

- Juntinhas como? Er... você vai me beijar na frente de seus parentes?

 

- AMOR!! Você está parecendo uma criança com essas perguntas. - Falou a loira, rindo de Clara.

 

- Aiii Mari, poxa, eu só quero saber para ficar preparada, oras!

 

- Sua bobinha, você é minha namorada! Vou te tratar como tal. Mas, é claro que não vamos ficar nos beijando na frente das pessoas né, Clara. Não tem necessidade disso, mas também não quero ter que esconder meus gestos carinhosos.

 

- Entendi, amor. - Falou a morena pensativa.

 

- Entendeu mesmo? - Perguntou Mariana, tombando a cabeça para olhar nos olhos de Clara.

 

- Aham... entendi.

 

- Então por que continua com essa carinha?

 

- Nada não, vamos esquecer essa bobagem. - Falou Clara, tentando mudar de assunto. - Hoje vai ser especial e eu estarei ao seu lado.

 

- Estou muito feliz Clarinha, desde que você voltou para mim, minha vida está tão leve, me sinto tão realizada.

 

- Eu também me sinto realizada! " Mas, queria tanto me sentir leve também" - Concordou Clara, sem expor verbalmente a última parte.

 

 

Mariana percebeu que a morena continuava preocupada, mas preferiu apenas abraçá-la. Sabia que não iria adiantar falar mais nada agora. O melhor seria deixar Clara perceber com sua própria vivência que tudo ficaria bem. De certa forma ela também compreendia a situação que Clara estava passando, pois sabia o quanto a jovem valorizava sua própria família. Assim, não era fácil ver que pessoas desconhecidas para Clara já sabiam sobre ela, enquanto seus pais mal faziam ideia do que ela estava vivendo.

 

 

Depois do abraço, Mariana levou carinhosamente a mão até o rosto da morena e voltou a falar:

 

 

 

- Hoje está proibido ficarmos tensas, preocupadas, com medo ou qualquer outra coisa que nos impeça de aproveitar ao máximo a festa do meu pai. Combinado?

 

- Está bem. Combinado, loirinha. - Respondeu Clara sorrindo.

 

- Sabia que eu não canso desse seu sorriso lindo? - Disse a jovem ao olhar para o sorriso de sua amada.

 

- Mari, só você mesmo para conseguir me deixar mais relaxada. - Falou Clara dando um selinho na loira. - Esse sorriso é seu, meu amor.

 

- Ah, vou pintá-lo em um quadro e colocá-lo na parede então, para poder ficar olhando para ele sempre.

 

- Não precisa fazer isso. Você tem meu sorriso na hora que quiser, basta olhar para mim com esses olhos lindos.

 

- Hum, hoje vou olhar muito para você, aquele vestido que você comprou ficou perfeito, vai arrasar no casamento.

 

- Eu?? Você está brincando, Mari, seu vestido verde é a coisa mais linda, ficou perfeito, meu amor. Ainda bem que são pessoas da sua família, senão eu ficaria com ciúmes, pois os homens ficariam babando aos seus pés, se bem que tem os parentes da Andréa, né? - Falou a morena pensativa.

 

- Ai amor, não fala assim, fico com vergonha. - Disse a jovem, já sentindo o rosto ruborizar. -  Ninguém vai ficar olhando para mim não!

 

- Você é linda demais, Mari. Eu amo quando você veste verde.

 

- Pois eu comprei pensando em você mesmo. Quero agradar minha namorada.

 

- Você sempre agrada, amor, estou ficando mal-acostumada. - Falou Clara lançando mais um sorriso para loira.

 

- Tudo tem um preço, gatinha. - Brincou a loira

 

- Hum, e seu preço é muito alto? - Perguntou Clara, beijando o pescoço da loira.

 

- É sim, mas faço um desconto para você e deixo pagar de várias formas.

 

- Já gostei! - Riu a jovem.

 

- Combinado então, essa noite você paga a primeira parcela.

 

- Nossa, só a primeira parcela? E se eu quiser pagar várias parcelas em uma mesma noite?

 

- Fique à vontade. - Respondeu Mariana maliciosa.

 

- Acho que esse papo logo de manhã já está me fazendo querer antecipar o pagamento. - Disse a morena já com a voz baixa, segurando firme a cintura da jovem.

 

- Aii, não me tenta. Segura aí, gatinha, pois já já tenho que ir para o salão.

 

- Hunf, dispensou o pagamento à vista - Disse Clara, fazendo bico.

 

- Nem adianta vir com essa carinha de cachorro abandonado. Amor, não podemos nos atrasar, combinei com a Andréa de chegar mais cedo na igreja para ver se vai estar tudo certo lá.

 

- Verdade, eu também marquei o salão para depois do almoço. - Disse a morena se levantando do colo de Mariana. - Pode deixar que a noite eu faço questão de pagar com juros.

 

- Humm, essa mulher veio do céu, só pode. Obrigada Senhor! - Falou a loira olhando para o alto e fazendo Clara rir do comentário.

 

- Bom, então chega de papo, loirinha. Vou indo, quero passar em casa antes de ir para o salão, já são quase meio-dia, acordamos tarde.

 

- Você acordou tarde, né! Eu acordei cedinho, até dei uma arrumada na casa.

 

- Aii, essa mulher sim veio do céu. - Brincou Clara, repetindo a frase de Mariana.

 

- Boba.

 

- Boba por você! - Falou aproximando-se da loira e a beijando mais uma vez. - Agora eu vou mesmo amor. Te encontro na igreja.

 

- Está bem linda.  - Concordou Mariana levando Clara até a porta.

 

- Até mais tarde loirinha. - Despediu a morena ao chegar na porta.

 

- Até! Te amo.

 

- Também te amo.

 

 

 

----------xx----------

 

 

 

 

A tarde passara rápido e logo Mariana já estava na igreja, verificando se tudo estava conforme Andrea desejava. Estava nervosa, andando de um lado para o outro, cumprimentando seus parentes que chegavam e também os familiares de Andréa. A jovem estava deslumbrante em seu vestido longo de cor verde escuro, com a maquiagem em harmonia perfeita com sua roupa e o cabelo preso fazendo com que parte das suas costas ficasse visível. Mariana estava atraindo diversos olhares, todos admirados com a sua beleza. Porém a loira estava tão tensa, que nem percebeu que se tornara o centro das atenções.

 

 

 

Caminhou até a porta principal da Igreja e avistou uma funcionária do cerimonial chamá-la.

 

 

- Mariana, pode ficar tranquila. Já está tudo certo, todos os padrinhos já estão aqui, seu pai também. Agora é só esperar a noiva chegar.

 

 

Mariana deu um sorriso envergonhado para moça e percebeu que realmente estava deixando transparecer seu nervosismo. Não tinha porque ficar nervosa com os preparativos do casamento, pois tudo estava sob responsabilidade do cerimonial. Assim, decidiu ir até seu pai para ver como ele estava.

 

 

-  Pai! O senhor está lindo, um gato.

 

- Mariana, agora você já sabe de onde puxou toda essa beleza. - Brincou Sr. Augusto, que estava extremamente calmo.

 

- Como é convencido, né? Mas tudo bem, o senhor está certo, está lindo demais.

 

- Obrigado, filha!

 

- A Andréa tem sorte pai, o senhor é de ouro. - Falou Mariana, tentando esconder a emoção.

 

- Estou muito feliz por você estar aqui. Esse casamento não seria o mesmo sem você, filha. Te amo.

 

- Paiii, para, não posso borrar a maquiagem antes da noiva entrar né? - Disse a jovem, segurando para não chorar.

 

- Tudo bem. - Concordou Sr. Augusto. - Mas filha, preciso dizer, você está tão linda. A Clara também tem sorte.

 

- Pai, o senhor não faz ideia de como me enche de alegria escutar isso da sua boca.

 

- Que você é linda? - Brincou

 

- Não né pai! Ahh, o senhor entendeu.

 

- Estou só brincando Mariana. É claro que entendi.

 

- Pai, impressionante, é seu casamento e o senhor nem está nervoso. Acho que agora sei de onde aprendi a ser tão calma.

 

- Rum, a senhorita é calma só quando quer, né mocinha. - Corrigiu Sr, Augusto. - Bem, estou tranquilo mesmo, só espero que a Andrea também esteja assim.

 

- Ela vai estar sim, a Andréa é muito segura e está louca para casar com o senhor.

 

 

 

Sr. Augusto reparou que Mariana não parava de olhar em direção as escadarias da igreja. Logo deduziu que a loira estivesse na verdade procurando por Clara.

 

 

- Filha, onde está a Clara? Ainda não chegou?

 

- Não pai. - Falou a jovem ainda olhando para as escadarias.

 

- Me parece que tem alguém ansiosa por aqui.

 

- Aii pai, por que o senhor tinha que me conhecer tanto assim, hein? - Brincou a jovem.

 

- Fica calma filha, já já ela chega e...

 

 

 

Sr. Augusto não conseguira terminar a frase, pois fora interrompido pela moça do cerimonial, pedindo para que todos ficassem nas posições corretas, pois a cerimônia já iria começar. Mariana deu um beijo no pai e ficou olhando para ele, que estava agora de braços dados com a sua tia Beth. Logo os pensamentos da loira se voltaram novamente para Clara.

 

 

 

- "Clara Pinheiro, onde você está?? Já era para ter chegado! " - Pensava a loira enquanto tentava olhar para o começo da rua à procura de Clara. - "Não acredito que ela vai chegar atrasada, poxa, já falei que detesto atrasos, principalmente numa ocasião como esta."

 

 

 

Logo a música de entrada para os padrinhos começou a tocar e a loira ficou ainda mais ansiosa.

 

 

- "Calma, hoje é o dia do meu pai, não posso me dar ao luxo de ficar chateada por causa de um atraso bobo. "

 

 

A loira olhou para o pai, que lhe lançava um sorriso tranquilo e decidiu que não iria ficar do lado de fora esperando Clara, para não ficar ainda mais ansiosa. Então, apenas piscou os olhos para o pai e adentrou a igreja. Sentou em um banco próximo ao altar e tentou relaxar a mente e esperar até que Clara chegasse.

 

 

Logo todos os padrinhos já haviam entrado e chegara a hora do noivo.

 

 

 

-"Não acredito mesmo que a Clara vai perder a entrada do meu pai, só pode ser brincadeira. "

 

 

 

A loira já estava impaciente pensando onde Clara estaria, até que finalmente escuta uma voz conhecida próxima ao seu ouvido.

 

 

 

- Preciso dizer logo de cara, você está maravilhosa, amor!

 

 

Mariana virou-se assustada e avistou a mulher que tanto amava, olhando para ela com aquele sorriso lindo de dar inveja.

 

 

- Aii amor, que susto você me deu, achei que não iria vir mais. - Falou a loira com o olhar brilhante e apaixonado.

 

- Acha que eu perderia uma data tão importante como esta? Acha que deixaria minha namorada sozinha, linda desse jeito? - Disse Clara em a voz baixa.

 

- Mas, você perdeu a entrada dos padrinhos, amor, onde você estava?

 

- Mari, minha sandália quebrou o salto na hora que fui sair do elevador, então tive que voltar e achar uma outra que combinasse com meu vestido. Me desculpa, linda.

 

- Ahh, tudo bem. - Compreendeu a loira, olhando discretamente para o corpo da morena. - Você está linda demais, muito linda.

 

- Não tanto quanto você.

 

 

 

As duas trocavam olhares apaixonados, mas logo se deram conta de que a música do noivo já estava tocando.

 

 

 

- Mari, olha seu pai, ele está muito bonito, tão tranquilo. - Falou Clara olhando para o fundo da igreja.

 

- É mesmo, olha como ele está feliz. - Falou Mariana toda emocionada.

 

- Você é a cara dele, amor.

 

 

A loira apenas sorriu e ficou acompanhando o pai adentrar a igreja ao lado de dona Beth. Ao passar por ela, Sr. Augusto deu uma piscada de olho para a jovem e lançou-lhe um sorriso sincero, como se estivesse mostrando o quanto estava feliz por vê-la ali. Seguiu caminhando lentamente e quando chegou até o altar continuou com o sorriso no rosto, enquanto aguardava a entrada da noiva.

 

 

- Ai, será que ela vai atrasar? - Perguntou Mariana ansiosa.

 

- Não amor, eu vi a Andréa dentro do carro, ela já está lá fora.

 

 

 

Mariana nem precisou falar mais nada, pois agora o som que tomara conta de toda a igreja fora a marcha nupcial. Logo as portas da entrada principal se abriram e Andréa surgiu de braços dados com seu pai. Estava linda, vestida de branco segurando um buquê de rosas vermelhas. A loira mal piscava os olhos, pois já sentia vontade de chorar. Revezava o olhar entre a noiva e o Sr. Augusto, que esperava a chegada de Andrea com um brilho nos olhos.

 

 

- Nossa, ela está muito bonita, Mari. - Falou Clara também olhando fixamente para o corredor principal.

 

- Está mesmo, nossa, eles são tão tranquilos, olha a Andréa, nem treme. - Falou a loira com os olhos vidrados em Andréa.

 

- É, ela está muito segura. - Concordou Clara, encarando a loira, que olhava para Andréa com aquele olhar tradicional de uma pessoa que está emocionada com alguma cena. - "Será que a Mari sonha em casar assim, na igreja, vestida de branco?" - Pensou Clara ao ver a emoção de Mariana.

 

 

Porém, o momento estava tão belo que logo os pensamentos de Clara se esvaíram com a chegada de Andréa ao altar. Também estava tão encantada com aquele momento que nem percebera que Mariana havia lhe segurado a mão. Apenas se deu conta quando avistou uma pessoa olhando para ela de uma maneira curiosa. Assim, soltou-se da mão da jovem fazendo com que Mariana a olhasse de maneira confusa.

 

 

- O que foi, amor? - Perguntou a loira com a voz baixa.

 

- Mari, melhor não ficarmos dando muita bandeira aqui, afinal, isso é errado segundo a visão da igreja.

 

- Amor, apenas te dei a mão. - Falou Mariana

 

- Eu sei, mas tem pessoas olhando. Estamos na igreja Mari, é melhor respeitar.

 

- Clara, não estou desrespeitando, fica calma. - Disse a loira tentando não perder a paciência. - Quem está olhando?

 

- Não olha agora, mas é aquele rapaz ali à sua esquerda. - Disse Clara acenando discretamente com a cabeça.

 

 

A loira virou-se disfarçadamente e percebeu o rapaz olhando para elas.

 

 

- Aii, fica tranquila amor. É só o sobrinho da Andréa.

 

- Ele sabe sobre nós?

 

- Acho que não, só se a Andréa tiver falado.

 

- Ah sim.

 

 

O rapaz passou a cerimônia toda encarando as jovens e aquilo já estava verdadeiramente incomodando Clara. Já Mariana, até esquecera que o jovem as olhava, pois estava completamente concentrada na celebração. Logo o casamento chegara ao final e as jovens seguiram para o fundo da igreja para abraçar os recém-casados.

 

 

 

- Pai! - Chamou Mariana, antes que Sr. Augusto e Andréa entrassem no carro. - Já estão indo?

 

- Filha! Vamos passar em alguns lugares que a Andréa inventou, para tirar foto. - Respondeu o pai alegre.

 

- Ah pai, então deixa eu te dar um abraço logo. Foi lindo. Te amo, parabéns!

 

- Obrigado minha filha. - Falou Sr. Augusto, dando um forte abraço na filha.

 

- Verdade Sr. Augusto, foi tudo muito lindo. Parabéns! - Disse Clara também abraçando o pai da loira.

 

- Andréa, você ficou perfeita de noiva. - Falou a loira, cumprimentando também a Andréa. - Parabéns e bem-vinda à família Novaes!

 

- Obrigada Mari. Estou muito feliz.

 

- Você ficou linda mesmo Andréa! Parabéns - Também falou a morena.

 

- Ai meninas, obrigada. Muito bom ter vocês aqui.

 

- Mas agora vamos meu bem, não quero ficar muito tempo tirando fotos, quero ir para nossa festa. - Brincou Sr. Augusto.

 

- Tudo bem, meu amor. Vamos. - Concordou Andréa rindo de Sr. Augusto. - Encontramos vocês na festa.

 

- Com certeza! Até lá - Despediu a loira.

 

 

 

Mariana virou-se para Clara e pode contemplar melhor o visual da morena.

 

 

 

- Ai, vem aqui amor. - Disse a loira puxando Clara.

 

- Amor.. onde... er... onde você está me levando? - Perguntou Clara confusa.

 

 

 

A loira conduziu Clara até a parte de trás da igreja, onde não tinha ninguém e parou próximo a uma árvore.

 

 

- Amor, sei que você morre de medo, sei que você não quer desrespeitar os preceitos da igreja, mas eu precisava fazer isso...

 

 

Nessa hora Mariana deu um leve beijo na boca de Clara, fazendo-a ficar ainda mais desconcertada. O beijo foi rápido, mas suficiente para aquecer os corações das jovens. Mariana afastou um pouco o corpo e percebeu a expressão assustada de Clara...

 

 

- Relaxa linda, não vou te agarrar aqui. Só precisava te dar um beijo e dizer que você está maravilhosa.

 

 

A loira sorria lindamente para Clara, que embora estivesse morrendo de medo de ser vista, também sentira o coração palpitar com a atitude da loira.

 

 

- Você também está maravilhosa, amor. - Disse com um sorriso tímido no rosto.

 

- Adorei seu vestido, seu cabelo, sua maquiagem, tudo... tudo fica perfeito em você. - Disse a loira olhando para a roupa de Clara.

 

 

A morena estava com um belo vestido grafite e também usava os cabelos presos, formando um penteado simples, mas que deixava o seu visual ainda mais lindo.

 

 

 

- E eu adorei o seu, tudo em você. - Falou Clara encantada, mas olhando para os lados para ver se ninguém estava olhando para elas. - Er... amor, vamos para o carro, lá dá para você me beijar e falar o que quiser.

 

- Ai amor, então, isso que eu queria te falar. Minhas tias pediram uma carona, também estou de carro aí né.

 

- Ah sim, tudo bem. Se quiser que eu leve alguém, meu carro também está vazio.

 

- Verdade. Vamos lá então perguntar se alguém quer carona. - Clara queria ser prestativa, mas logo se arrependera.

 

- Espera, Mari. - Disse segurando o braço da loira. - Amor, estou com vergonha e se alguém puxar assunto sobre a gente? Não sei como me portar.

 

- Ai linda, para de bobeira. Acha mesmo que as pessoas irão tocar nesse assunto? A maioria tem vergonha de falar sobre isso.

 

- É, acho que você tem razão.

 

- Tenho sim, fica tranquila. - Falou Mariana com sua paciência de sempre.

 

- Tudo bem, vamos então.

 

 

 

As jovens voltaram para a entrada principal da igreja, onde ainda tinha várias pessoas paradas conversando.

 

 

 

- Mari, me apresenta as pessoas pois, não conheço quase ninguém. - Disse a jovem no ouvido de Mariana.

 

- Eu também não conheço todos, tem muitos aqui que são da família de Andréa, nem sei os nomes. Mas fica tranquila, pois os da minha família eu vou te apresentar.

 

- Está bem.

 

 

Mariana apresentou Clara para alguns parentes que ainda não a conheciam pessoalmente, sempre tentando evitar a palavra "namorada", visto que este título deixaria Clara totalmente sem graça. Porém, mesmo assim percebeu que a jovem ainda estava bastante incomodada, então decidiu pedir para a morena que levasse apenas as tias Beth e Eva, pois ela já as conhecia. Assim, Clara se sentiu um pouco melhor, pois as duas senhoras sempre lhe trataram de maneira educada. Sem contar que elas eram divertidíssimas e aquilo certamente lhe deixaria mais à vontade.

 

 

Dessa forma, Clara seguiu para o salão de festas com as tias de Mariana, que foram o caminho todo comentando sobre a cerimônia. Logo chegaram ao local da festa e Clara decidira ficar esperando, ainda na entrada, que a loira chegasse.

 

 

 

Enquanto Clara seguia para o local da festa com suas tias, Mariana continuava na igreja perguntando, para os que lá ainda estavam, se algum deles desejavam carona. Para sua surpresa, o rapaz que antes estava encarado as jovens dentro da igreja, perguntara se ela poderia levá-lo no carro.

 

 

 

- Oi Mariana, tudo bem? - Perguntou o sobrinho de Andréa.

 

- Oi, Felipe né? - Falou sem ter certeza do nome do rapaz.

 

- Isso, Felipe.

 

- Eu estou bem e você? - Falou a jovem educadamente.

 

- Estou bem também. - Respondeu o jovem. - Er... eu percebi que você estava oferecendo carona para a festa. Será que ainda tem uma vaga para mim?

 

- Tem sim, sem problemas. Na verdade, o carro está vazio. Ninguém quis carona, você sabe de mais alguém?

 

- Tinha duas senhoras perguntando por você, mas não sei onde elas estão agora.

 

- Ah sim, eram minhas tias. Mas elas já foram com a Clara.

 

- Clara era aquela morena que estava ao seu lado no casamento?

 

- É sim.

 

- Ela é linda. É sua amiga? - Falou o jovem todo interessado.

 

- Er... bom, na verdade ela é minha namorada, Felipe.

 

- Co-como? - Perguntou o jovem assustado.

 

- Nós namoramos, ela é minha namorada. - Falou Mariana calmamente, antes que o jovem demonstrasse claramente suas intenções com a jovem.

 

- Namorada, Mariana? Mas... eu.. er... eu não sabia que você era...

 

- Lésbica?

 

- É, lésbica, caramba!! Duas gatas como vocês...

 

- Eii, não vai fazer nenhum comentário preconceituoso, né? Por que estou sem paciência para ouvir essas coisas calada.

 

- Não... não Mariana, imagina. Eu só ia falar que vocês formam um casal incrível, as duas são muito gatas. - Falou o jovem se defendendo. - Não tenho preconceito Mari, não se preocupe.

 

- Ah, que bom. - Disse Mariana aliviada. - Vamos indo então? Pelo jeito ninguém mais quer carona.

 

- Vamos sim.

 

 

 

Os dois caminharam até o carro da jovem e, já dentro do veículo, Felipe voltou a tocar no assunto.

 

 

 

- Nossa, realmente estou surpreso, jamais imaginei que você fosse lésbica. Nossa, você não tem cara de que gosta de mulher.

 

-  Felipe, eu também pensava dessa forma antes, que existia uma placa de alerta na testa de mulheres que gostavam de outras mulheres, mas isso na verdade é relativo.

 

- Como assim?

 

- Eu quero dizer que muitas vezes temos a mania de rotular a opção sexual de uma pessoa, de acordo com seu estilo de roupa ou de sua forma de falar.

 

- Hum, continua seu raciocínio - Pediu o jovem, interessado nas colocações de Mariana.

 

-  Felipe, tem mulheres que se sentem à vontade em se vestir de forma mais masculina, e tem outras que são mais femininas. Mas não quer dizer que apenas aquelas que se vestem de uma forma mais masculinizadas que gostam de mulheres. Isso nada mais é do que um rótulo. Eu te garanto que existem muitas mulheres que se vestem como menininhas que gostam, e muito, de ficar com outras mulheres. Entendeu?

 

- Agora entendi. - Respondeu o jovem de maneira engraçada. - Nunca tinha pensado dessa forma. Você tem razão, nós temos uma tendência a estereotipar as coisas pelo que a gente vê logo de cara.

 

- Isso mesmo. - Concordou Mariana, surpresa com a mente aberta do rapaz. - Felipe, eu conheço meninas que se vestem com calça larga e camiseta e são heterossexuais. Cada um se veste do jeito que se sente mais à vontade. Nem sempre sua forma de vestir reflete sua opção sexual, bom, pelo menos é o que eu penso.

 

- Faz sentido sim, Mari, também conheço pessoas que se vestem assim e não são gays.

 

- Fico surpresa por ver que você pensa assim, sabia?

 

- Achou que eu fosse um preconceituoso, né? - Perguntou o jovem divertido

 

- Er, sabe o que é Felipe, eu e a Clara reparamos você olhando para ela lá na igreja. - Falou a loira um pouco sem graça. - A Clara até ficou preocupada achando que você estava com o olhar reprovador.

 

- Bem, na verdade eu estava achando a Clara linda, Mari... er... me desculpe, com todo respeito, viu?

 

- Felipe!!! Abre teu olho, hein! - Falou a jovem fingindo estar com ciúmes.

 

- Não Mari, imagina, não fica brava.

 

- Estou brincando com você, Felipe. - Disse Mariana, rindo do rapaz. - Sei que você não é louco de mexer com a minha mulher.

 

- Não mesmo! - Respondeu Felipe enfaticamente, também rindo.

 

 

Os jovens seguiram o caminho todo conversando. Mariana estava adorando conhecer melhor o rapaz, pois viu que eles possuíam pensamentos muito parecidos e que possivelmente dali surgiria uma nova amizade. O assunto estava tão interessante que logo perceberam que já estavam na entrada do sítio onde seria a festa. Mariana estacionou o carro e esperou o jovem sair para seguir em direção a entrada. Logo avistou Clara, que esperava por ela na porta de entrada com uma cara de poucos amigos.

 

 

- Mari acho que sua namorada não gostou muito de me ver com você. - Falou o jovem no ouvido de Mariana ao ver a expressão que Clara fazia para eles.

 

- Que isso Felipe, a Clara é tranquila. - Falou Mariana não muito certa. - Ela deve estar emburrada de ter ficado esperando, mas ela está linda.

 

- É está mesmo... com todo respeito! - Falou o jovem levantando as duas mãos, como se estivesse se defendendo.

 

- Menino, perdeu o medo do perigo é? - Disse a loira dando um soco no braço do rapaz.

 

 

Clara, porém, olhava para eles com um olhar ainda mais fuzilador. Era nítido que ela não estava gostando de saber que sua namorada viera no carro sozinha, com aquele rapaz "desconhecido" que não parava de olhar para ela na igreja.

 

 

- "A Mariana está de brincadeira comigo, né? Como teve a coragem de trazer no carro esse cara?"

 

 

A morena falava em pensamentos enquanto mantinha o olhar para os dois. Percebera que Mariana estava de muita intimidade com aquele rapaz que ela mal conhecia e aquilo estava a deixando cada vez mais enciumada. Notou ainda que os jovens estavam rindo de alguma coisa e que o rapaz acabara de falar no ouvido de Mariana.

 

 

- "Aiii!! Aposto que esse sujeitinho estava na verdade olhando para a Mari lá na igreja e não para mim." - A morena sentiu o rosto ficar vermelho por conta dos pensamentos que lhe estavam ocorrendo sobre o rapaz - "Com certeza é mais um afim da minha namorada! Preciso fazer alguma coisa, não quero ninguém dando em cima dela!"

 

 

A loira e o jovem foram se aproximando de Clara e notaram que ela estava inquieta, olhando de um lado para o outro, como se estivesse analisando o movimento da festa. Quando menos esperaram a morena começou a caminhar também em direção a eles e num ato de impulso, puxou Mariana para si dando-lhe um beijo cinematográfico, deixando Felipe com cara de bobo e a jovem com a expressão surpresa.

 

 

Mariana nem tentava entender a situação, apenas correspondia o beijo, aproveitando-se da raridade daquele momento, visto que Clara nunca apoiava demonstrações públicas de amor. As duas permaneceram por mais algum tempo se beijando até escutarem o Felipe pigarreando.

 

 

- Ran-aham - Pigarreou o jovem, tentando despertar as belas mulheres do beijo cinematográfico.

 

 

 

As duas foram se afastando devagar, Clara olhava para Mariana com o olhar possessivo e a loira retribuía o olhar, porém de forma surpresa e feliz.

 

 

- Er... oi amor, nossa, até perdi o norte! - Falou a jovem literalmente desnorteada.

 

- Oi amor! Estava esperando você, achei que o seu carro estaria cheio. - Falou a morena, jogando uma indireta pelo fato de Mariana ter ido para festa sozinha com o rapaz.

 

- Ah sim. - Entendeu a loira na hora. - Amor, esse aqui é o Felipe, ele é o sobrinho da Andréa.

 

 

O jovem estendeu a mão para Clara, que retribuiu o cumprimento apenas por educação.

 

 

- Mas, não veio mais ninguém com vocês? - Perguntou ainda enciumada.

 

- Não amor, ninguém mais quis carona.

 

- Er... me dá licença. Vou deixar vocês duas conversando, já vou entrar. - Disse o Felipe, percebendo o ciúme de Clara.

 

- Não, espera Felipe. - Pediu a loira. Clara por sua vez lançou um olhar reprovador para Mariana e ela logo entendeu o recado. - Ah, não, pode deixar, nos vemos lá dentro.

 

 

O jovem seguiu para dentro do sítio e Mariana voltou o olhar para Clara.

 

 

- Amor, o que foi isso que acabou de acontecer? - Perguntou com um sorriso divertido no rosto, pois na verdade já sabia a resposta.

 

- Ué, não aconteceu nada, eu apenas beijei minha namorada. Não posso?

 

- É claro que pode, mas vindo de você, que tem medo que até a própria sombra descubra sobre nós é algo raro, concorda?

 

- Ah, que exagero amor, não fiz nada de mais. - Falou Clara, se sentindo agora constrangida, pois realmente agira por impulso desviando em muito de sua conduta costumeira.

 

- Fez sim. - Disse a loira segurando a cintura de Clara. - E quer saber, eu amei.

 

 

 

Logo encostou sua boca a da morena, beijando-a carinhosamente.

 

 

- Ah amor, por que você veio só com esse menino? - Perguntou Clara de forma manhosa, assim que terminaram o beijo.

 

- Linda, ele me pediu uma carona, não poderia negar né.

 

- Mas amor, você viu que ele não parava de olhar para a gente lá na igreja, aposto que ele estava afim de você.

 

 

A loira começou a rir do comentário de Clara

 

 

- Está rindo de quê? - Perguntou Clara mais uma vez, sem entender aquela risada de Mariana.

 

- Olha, se toda a vez que você pensar que alguém está afim de mim, me der um beijo como esse, acho que vou viver te fazendo ciúmes. - Falou a loira tirando sarro da cara da morena.

 

- Marii!! Pode parar, não tem graça nenhuma isso.

 

- Ai amor, tem sim. Você precisava ver sua cara quando eu saí do carro com o Felipe.

 

- Claro né, vocês não paravam de rir e ele ainda ficou falando as coisas no seu ouvido.

 

- Ainn, como fica linda com essa carinha de ciúmes.

 

- Não estou com ciúmes, Mariana, apenas acho que esse rapaz estava de muita intimidade com você.

 

- Pois é amor, acho melhor você ficar a festa toda grudadinha em mim.

 

- Mariana, para de fazer hora com a minha cara! Me fala, esse rapaz tentou alguma coisa com você? - Perguntou Clara séria.

 

 

 

Mariana até tentou continuar enrolando Clara, porém não conseguiu conter o riso.

 

 

 

- Aii amor, como você é boba! - Falava tentando controlar o riso. - O Felipe estava na verdade olhando para você,ele disse que você é linda. Pode ter certeza, se ele estava interessado em alguém, esse alguém é você!

 

 

Clara ficou um tempo olhando para Mariana que não conseguia parar de rir, e logo percebeu que estava fazendo papel de boba.

 

 

- Aii Mari, não acredito que estava agindo igual uma boba- Falou com ar de incredulidade.

 

- Por isso que estou achando tão engraçado.

 

- Poxa, como eu iria adivinhar também? - Disse sem graça. - E você hein Mari, não ficou com ciúmes não?

 

- Eu já fui logo dando um chega para lá nele. Disse que você era minha namorada.

 

- Caramba!! E ele ficou assustado?

 

- Ficou surpreso, mas ele é gente boa, amor. Viemos o caminho todo conversando sobre esse assunto.

 

- Sobre a gente??

 

- Não, linda, sobre o homossexualismo mesmo. Ele é muito cabeça aberta, você também iria gostar de conhecê-lo melhor.

 

- Mas er... e se ele vier com gracinha para o meu lado. - Perguntou Clara, testando a jovem.

 

- Ele não vai fazer isso. Mas se fizer eu garanto que ele vai se arrepender de mexer com minha mulher.

 

- Humm, agora senti firmeza. - Falou sorrindo.

 

- Linda... - Disse Mariana se sentindo feliz por estar ali com a morena. - Vamos entrar então?

 

- Vamos!

 

- Mas antes, vem aqui... - A loira puxou Clara para dar-lhe mais um beijo antes de entrarem - Já disse isso, mas tenho que dizer de novo, você está linda demais, meu amor.

 

- Se eu estou linda, é somente para você. - Disse Clara com um sorriso apaixonado no rosto.

 

- Hoje vou fazer inveja em muitos homens e quem sabe em algumas mulheres também - Brincou a loira, se referindo à beleza de Clara.

 

- Vai nada, as pessoas irão ficar com inveja é de mim, você está perfeita, amor. Sem dúvida é a mulher mais bonita dessa festa.

 

 

 

A loira sentiu as bochechas ficarem vermelhas e antes que Clara a deixasse ainda mais sem graça, puxou a morena para adentrarem o sítio.

 

 

- Vamos, pois hoje quero aproveitar muito a festa do meu pai.

 

 

As jovens seguiram para dentro do salão e de cara foram atraindo diversos olhares. Alguns apenas admiravam a beleza das duas jovens, já outros, olhavam de maneira curiosa, pois tinham conhecimento que as duas eram namoradas.

 

 

- Amor, as pessoas estão olhando para gente. - Falou Clara próximo ao ouvido de Mariana.

 

- É, estão mesmo. Mas já esperava isso. - Respondeu Mariana pegando na mão de Clara. -Vem, não dê importância a isso, vamos procurar uma mesa e aproveitar a festa sem nos preocuparmos.

 

 

As jovens procuravam alguma mesa que ainda estivesse vazia, porém ao olharem para o canto do salão avistaram o Felipe sentado em uma mesa ao lado de um outro jovem.

 

 

- Amor, se importa da gente se sentar com o Felipe?

 

- Não Mari, tudo bem, agora que já percebi o fora que dei, né. - Falou Clara brincando.

 

- Linda, nem me lembra, se não vou começar a rir aqui de novo. Vamos lá então.

 

 

As jovens caminharam até a mesa onde Felipe estava e perceberam que o rapaz que o acompanhava não tirava os olhos delas.

 

 

 - Oi Felipe, vocês estão guardando lugar para alguém?

 

- Não Mari, que bom que vocês vieram, sentem-se conosco. - Falou o jovem todo educado.

 

- Obrigada.

 

 

As jovens se sentaram na mesa e Clara mantinha um sorriso sem graça para o Felipe, pois estava com vergonha da cena que protagonizara há alguns minutos atrás na frente do jovem.

 

 

- Bom pessoal, este é o Igor meu primo. - Disse Felipe, apresentando o jovem para Clara e Mariana.

 

- Não te conhecia Igor. Prazer, sou Mariana e esta é a Clara.

 

- Prazer meninas. - Respondeu o jovem.

 

- A Clara é namorada da Mariana, Igor. - Disse Felipe no ouvido do primo, tentando ser discreto. Porém a expressão surpresa do jovem revelara o que acabara de ouvir.

 

- Err... vo-você está formando agora não é Mariana? - Perguntou Igor ainda sem graça, puxando o primeiro assunto que lhe viera à cabeça para tentar disfarçar sua reação.

 

- Estou sim. - Respondeu Mariana, achando graça da situação. Clara por sua vez estava tão sem graça quanto o rapaz. - Como você soube disso?

 

- Ah... er... o Felipe comentou comigo. - Disse o jovem ainda mais sem graça, por ter entregado que havia perguntado de Mariana.

 

- Mas e você Clara, faz o que? - Perguntou Felipe, tentando ajudar o primo.

 

- Eu sou advogada. E você?

 

- Eu sou professor de educação física.

 

- Poxa, que bacana. Admiro muito as pessoas que têm o dom de ensinar. - Comentou a morena.

 

- Pois é, não é muito fácil, mas eu gosto. O Igor também é professor, mas ele dá aulas de inglês.

 

- Nossa, quantos professores! - Falou a loira rindo.

 

- Mas e você Mariana, também é professora? - Perguntou o Igor.

 

- Não... Não levo o menor jeito para ensinar. Eu faço turismo.

 

- Ah, mas se você for guia turística de algum lugar vai acabar precisando explicar as coisas para as pessoas. - Disse Felipe.

 

- Isso é verdade. Mas, tem muitas diferenças né. Lá as pessoas vão por que querem conhecer o lugar, aí fica até gostoso para explicar.

 

- Com certeza! É bem diferente da realidade de um professor de escola pública. - Completou o Igor.

 

 

Os quatro jovens rapidamente entrosaram diversos assuntos e, aquele constrangimento presente no primeiro momento, logo deu espaço para as risadas e brincadeiras entre eles. Clara percebeu que o Felipe realmente era uma pessoa legal e seu primo, embora tivesse ficado surpreso por saber sobre as jovens, também as tratava de forma muito respeitosa.

 

 

Clara já estava se sentindo tão à vontade que já até chamava Mariana de amor na frente dos rapazes. Aquilo deixava Mariana radiante, pois sabia o quanto era difícil para a morena demonstrar os sentimentos por ela na frente das pessoas. Sem contar que Mariana também tinha esperanças que Clara decidisse se assumir para sua família ao perceber que nem todas as pessoas eram preconceituosas como se imaginava.

 

 

Assim seguiu-se a festa, com os jovens cada vez mais animados, já sob o efeito da bebida. Clara até mesmo se aventurava em beijar Mariana de vez em quando, pois havia se desligado completamente do restante das pessoas que dividiam aquele ambiente festivo. A loira estava adorando vivenciar aquele momento em que estava livre para demonstrar por gestos, o quanto amava a morena e também por receber os carinhos vindos dela.

 

 

Não demorou muito e começaram a tocar músicas mais animadas e as jovens sentiram vontade de ir para a pista de dança. Igor e Felipe preferiram ficar na mesa, pois não curtiam muito dançar. Assim, Mariana se levantou animada da mesa e seguiu para a pista de dança, puxando Clara, que também a seguia animada. A loira parecia não estar acreditando na postura de Clara frente à sua família, esperava que a morena ficasse acanhada e escondida em uma mesa, mas Clara estava animada e divertida, o que fez com que Mariana se recordasse do primeiro encontro delas, lá no Ted's.

 

 

- Amor, estou tão feliz - Disse a loira já na pista de dança.

 

- Eu também, meu amor. - Respondeu Clara enquanto dançava. - É nossa primeira festa juntas. Está perfeito, estou me divertindo tanto.

 

- É só a primeira, amor, muitas outras virão. Tem minha formatura ainda, você está lembrada, né?

 

- Nossa, verdade. Vai ser muito bom também.

 

 

As jovens continuavam dançando uma música atrás da outra. Não reparavam que algumas pessoas olhavam para elas com olhares curiosos, apenas aproveitavam o momento de diversão. Mariana olhava para Clara dançando e ficava ainda mais encantada com o jeito que a morena mexia o corpo, era lindo vê-la livre daquele jeito. Clara também encarava a jovem, que dançava de acordo com o ritmo da música, mas sem desgrudar os olhos dela.

 

 

A diversão ficou ainda maior quando Sr. Augusto e Andréa se aproximaram das jovens também dançando. Sr. Augusto dançava de uma maneira engraçada arrancando risos das pessoas à sua volta. Já Andréa, acompanhava o esposo com a mesma felicidade que ele, mas sem exagerar na performance de dança, como Sr. Augusto exagerava.

 

 

- Ai Mari, seu pai é muito engraçado. - Disse a morena no ouvido de Mariana, rindo da dança de Sr. Augusto.

 

- Nem me fala. Só me faz passar vergonha. - Brincou a loira. - Meu pai já deve ter bebido todas!

 

- Com certeza! - Concordou Clara, rindo.

 

- Maaariana, você é de "oro" minha filha, vale muito - Falou Sr. Augusto, já meio embriagado, colocando o braço em volta do pescoço da filha.

 

- O senhor também é de OURO, pai! - Disse a jovem brincando com a dificuldade do pai em falar corretamente.

 

- Nãoo, você sim é de oro filha. CLARA... - Gritou Sr. Augusto, fazendo gesto com a mão para que a morena se aproximasse deles. - Claaara minha filha, você que vai cuuuidar da Mariana agora. E é para cuidar direeeito.

 

- Pode deixar Sr. Augusto, cuidarei muito bem da Mari. - Respondeu Clara, ainda rindo da embriaguez do pai de Mariana

 

- Voocê também é dá família agora. Te con..considero como filha.

 

- Obrigada Sr. Augusto. - Respondeu a jovem olhando para Mariana, que ria da situação.

 

 

 

Porém Clara não achou apenas graça da situação, aquelas palavras de Sr. Augusto a fizera sentir um carinho muito grande por ele e também a levara a pensar se fosse seu pai no lugar de Sr. Augusto. Queria muito ter a certeza de que Sr. Antônio a receberia daquele jeito, que aceitaria Mariana da mesma forma que Sr. Augusto lhe aceitara, porém era difícil acreditar que aquilo fosse possível.

 

 

- Amor, ganhou o coração do meu pai. - Falou a loira sem perceber que Clara estava pensativa.

 

- É sim amor, pelo menos de seu pai, né. - Respondeu Clara com um sorriso diferente no rosto.

 

 

A loira olhou mais uma vez para sua amada e deduzira que ela estava com os pensamentos em seu pai. Assim, deu um beijo na testa de Sr. Augusto e puxou Clara para a parte externa da festa.

 

 

- Ei, está tudo bem?

 

- Você me conhece mesmo, né amor? - Disse Clara com um meio sorriso no rosto.

 

- O que foi, minha linda? Você estava se divertindo tanto, por que ficou assim? - Perguntou Mariana abraçando a jovem. - É por causa do seu pai, não é?

 

- Ai amor, eu estou me divertindo, mas, é que seu pai foi tão legal comigo, fiquei emocionada e comovida, mas também fiquei pensando no meu pai, queria que ele tivesse essa mesmo reação.

 

- Minha linda, não fica assim. - Consolou a loira, fazendo carinho no rosto de Clara. - Olha, eu sei que você não gosta de ouvir isso, mas acho que você só vai saber qual será MESMO a reação do seu pai, contando para ele.

 

- É amor, você tem razão.

 

- Tenho? - Perguntou Mariana, surpresa por Clara ter concordado com ela.

 

- É, acho que preciso tomar coragem e contar para eles.

 

- Sério?? Você está mesmo pensando nisso?

 

- Ai Mari, não sei, eu andei pensando nisso sim, e agora, vivenciando esse acolhimento do seu pai em relação ao nosso namoro, confesso que meu coração ficou apertado, estou sentindo vontade de contar para os meus pais.

 

- Clarinha, não sei se você está percebendo, mas esse é um grande passo. - Falava Mariana com um sorriso animado no rosto. - Amor, acho que você tem que contar sim, nunca sabemos ao certo como será a reação das pessoas, por mais que a conheçamos.

 

- Eu sei amor, mas o medo é maior que minha coragem.

 

- Mas, e se eu for com você?

 

- Co-como assim? Você está querendo ir até a casa dos meus pais conversar com eles, junto comigo? - Perguntou Clara meio assustada.

 

- Sim, eu iria com você, se você quisesse, é claro.

 

- Ai amor, acho melhor não, eu que tenho que enfrentar isso, são meus pais.

 

- Mas, que você sempre tenha isso em mente: você não está sozinha. Sempre estarei com você.

 

- Eu sei linda, eu te amo tanto Mari. - Falou a morena, lançando um belo sorriso para Mariana.

 

- Eu também te amo.  - Respondeu a loira dando mais um abraço apertado em Clara. - Amor, não desista de contar para seus pais, vai te fazer bem. Tenho certeza que você vivera bem melhor sendo verdadeira com eles.

 

- Ai Mari, vamos ver. Amanhã a gente volta a conversar sobre isso. Desculpa te tirar daquele momento família com seu pai.

 

- Ah, que isso, linda. Meu pai já está para lá de Bagdá. Mas vamos sim, vamos voltar, pois eu estava adorando dançar com você.

 

- Eu também - Falou Clara já se animando de novo.

 

- Mas antes vem aqui, me dá mais um beijo. - A loira puxou Clara para si e a beijou longamente. - Queria poder fazer sempre isso com você.

 

 

Clara apenas sorriu, mas guardou as palavras de Mariana no coração... "Queria poder fazer sempre isso com você". Realmente era maravilhoso beijar sua amada sem se preocupar com o que as pessoas iriam pensar. Olhou para a loira e sorriu para ela antes de dizer:

 

 

- Vamos então, meu amor, temos muito da festa ainda para aproveitar.

 

 

As jovens retornaram para a pista de dança e foram logo ao encontro de Andréa que estava lhes procurando.

 

 

- Mariana, Clara, estava só esperando vocês voltarem para jogar o buquê. - Disse animada.

 

- Nossa, é agora? - Perguntou a loira na mesma animação.

 

- Sim! Já vou subir no palco para avisar as encalhadas de plantão. - Falou Andréa de forma engraçada, mostrando que também já estava sob o efeito do álcool.

 

 

Clara e Mariana começaram a rir e acompanharam com o olhar Andréa subir no palco.

 

 

- Atenção mulheres que estão interessadas em se casar, e precisam de uma forcinha de Santo Antônio. A chance é agora hein... vou jogar o buquêêê!! - Andréa falava eufórica e antes mesmo de precisar chamar mais uma vez, um aglomerado de mulheres se formara próximo ao palco, na expectativa de pegarem o buquê.

 

- Ai Mari, sempre achei isso uma bobagem, mas é engraçado o desespero da mulherada para pegar o buquê. - Falou Clara sem empolgação.

 

- Que isso amor! Isso é tradição, quem pegar o buquê vai ser a próxima a casar. - Falou Mariana, fingindo acreditar naquilo.

 

- Ahh sim, é verdade, me desculpe pela pouca importância dada à tradição. - Respondeu a morena, também fingindo se importar com aquilo.

 

- Bom, se prepara então, pois se eu pegar o buquê seremos as próximas a casar!

 

 

 

Clara ficou com aquela frase de Mariana na cabeça, pois nunca tinha pensado na ideia de se estar casada com uma mulher. Seus pensamentos lhe distraíram tanto da agitação que estava ocorrendo a sua volta, que nem percebera que já estava no canto, marginalizada da multidão que ansiava pelo buquê.

 

 

Olhou para a aglomeração e avistou Mariana acenando para ela com as mãos, como se não estivesse entendendo o porquê de Clara ter se afastado da multidão. A morena sorriu para a jovem, porém, agora não era mais possível retornar ao local onde Mariana estava devido a concentração de mulheres. Assim, Clara levantou os dois ombros e balançou a cabeça como se estivesse dizendo "já era". Ficou no canto do palco observando Andréa contar até três, pelo menos umas duas vezes, até finalmente jogar o buquê.

 

 

Todas as jovens acompanharam o buquê sendo arremessado para o canto esquerdo, onde quase não tinha ninguém e parar aos pés de uma bela morena, que parecia estar assustada, pois não pegara o buquê que estava no chão logo à sua frente. Quando se deu conta que uma multidão de mulheres corria em sua direção, finalmente abaixou e pegou o buquê para decepção de muitas jovens.

 

 

Clara ainda estava sem reação, segurava o buquê de forma tímida ao mesmo tempo em que olhava para os lados e via todos lhe encarando. A quantidade de pessoas a sua volta era grande, mas ainda assim conseguira escutar algumas meninas que estavam próximas a ela falando:

 

 

- Que ironia, justo ela pegou o buquê! - Falou uma jovem de forma maldosa.

 

- Quando duas mulheres puderem se casar na igreja, meu nome não será mais Alice. - Disse a outra, debochando de Clara.

 

 

Porém, a morena nem teve tempo de pensar em uma resposta àquelas provocações, pois Mariana vinha em sua direção, correndo, toda empolgada por ver que sua namorada tinha sido a sortuda da noite.

 

 

- Amorrr!!! Não acredito, foi muita sorte, o buquê caiu no seu colo praticamente.

 

- É, acho que foi o buquê que me pegou. - Brincou Clara, fazendo Mariana rir.

 

- Agora já era, você será a próxima a se casar! - Disse a loira, insinuante.

 

- Só caso se tiver um pedido.

 

- Olha só, jogando a responsabilidade para mim - Falou Mariana divertida, com as duas mãos na cintura.

 

- Amor, tem pessoas que não gostaram de me ver pegando o buquê.

 

- Ah é? Quem?

 

- Aquelas duas que estão ali no canto. - Disse Clara virando a cabeça da loira em direção às jovens.

 

- Elas são da família da Andréa, nem conheço.

 

- Eu escutei o nome de uma delas, é Alice. Mas não importa, é bobeira.

 

- Bobeira nada, o que elas falaram?

 

- Ah, acharam que foi ironia justo eu ter pegado o buquê, zombaram com o fato de não podermos casar na igreja.

 

- Ai, que ridículas, não acredito que elas falaram isso. - Disse a loira decepcionada.

 

- Mas, deixa isso para lá, linda, nem me importei.

 

- Se não fosse pela Andréa, eu iria lá agora mesmo falar poucas e boas para elas.

 

- Não precisa, amor. Elas devem estar é com inveja. - Falou Clara, rindo mais uma vez.

 

- É verdade, elas devem estar encalhadas, já nós... - Disse a loira envolvendo os braços na cintura de Clara. - ...estamos muito bem acompanhadas.

 

 

As jovens optaram por esquecer aquelas provocações e voltaram para a pista de dança, para aproveitar o restante da festa. As músicas permaneciam animadas e logo Mariana não se conteve e buscou o Felipe e o Igor para também se divertirem na pista. Com muito custo, os jovens aceitaram sair da mesa e começaram a dançar timidamente junto com as duas belas mulheres.

 

 

E assim permaneceram os jovens, até começar a tocar músicas mais lentas, já prenunciando o final da festa. Nem Igor nem Felipe ousaram chamar nenhuma das jovens para dançar, pois não sabiam qual seria a reação delas, então voltaram discretamente para seus lugares deixando Clara e Mariana na pista de dança, cercadas por apenas alguns casais que ainda permaneciam na festa.

 

 

- Vem amor, não perco essa dança com você por nada. - Disse a loira estendendo a mão para Clara.

 

 

A música tocava ao fundo:

 


Why do birds suddenly appear

Por que os pássaros aparecem de repente

Every time you are near?

Cada vez que você está por perto?

Just like me, they long to be

Assim como eu, eles desejam estar

Close to you

Perto de você

 

 

Why do stars fall down from the sky

Por que as estrelas caem do céu

Every time you walk by?

Cada vez que você passa?

Just like me, they long to be

Assim como eu, elas desejam estar

Close to you

Perto de você

 

 

(Trecho da música: Close To You- The Carpenters)

 

 

 

- Mari, isso te lembra alguma coisa? - Perguntou Clara, já com o corpo colado ao da loira.

 

- Com certeza, me lembra o melhor aniversário que já tive.

 

 

A música continuava tocando ao fundo e as duas jovens dançavam lentamente enquanto conversavam.

 

 

- Amor, isso nem tem muito tempo que aconteceu, mas parece que já estamos juntas há anos. - Falava Clara, deixando-se levar pelo leve ritmo da música.

 

- É sim, meu amor. Tudo está acontecendo rápido, logo estaremos completando 1 ano de namoro.

 

- No dia 26 de agosto vai fazer um ano que te vi pela primeira vez.

 

- Você se lembra do dia? - Perguntou Mariana com um sorriso no rosto, enquanto permanecia dançando a música lenta com os dois braços em volta do pescoço de Clara.

 

- Eu me lembro de tudo, mas principalmente do seu olhar. Ah amor, esses olhos são inesquecíveis.

 

- Você está tão romântica, isso é efeito do casamento? - Perguntou Mariana, adorando aquele momento.

 

- Ah loirinha, casamento, você aí toda linda, música lenta, acho que isso ajuda no romantismo, né?!

 

- Ajuda sim! - Respondeu a loira rindo.

 

 

As jovens permaneceram dançando agarradinhas uma música atrás da outra até que Clara voltou a falar no ouvido de Mariana:

 

 

- Amor.

 

- Fala, minha linda.

 

- Sei que é a festa de casamento de seu pai, mas estou louca para ir embora e ficar agarradinha com você lá em casa.

 

- Então você acabou de ler meus pensamentos, também quero isso. Vamos embora?

 

- Mas, seu pai não vai ficar chateado?

 

- Amor, não sei se você reparou, mas meu pai e a Andréa já foram há muito tempo. Só ficaram alguns gatos pingados. - Falou Mariana, achando graça da distração de Clara. A morena por sua vez, olhou para os lados e percebeu que realmente havia poucas pessoas no salão.

 

- Nossa amor, acho que me distrai mesmo aqui. Vamos então.

 

- Amor, vamos ter que ir em carros separados, pois nós duas viemos de carro.

 

- Ai, verdade, tinha me esquecido disso também. Bom, vai na frente que eu vou te seguindo então.

 

- Está bem. - Concordou a loira. - Vamos sair de fininho, pois a maioria que está aqui eu não conheço mesmo, nem vou me despedir.

 

 

As duas jovens seguiram para o estacionamento e cada uma se direcionou para seu carro. Clara esperou Mariana sair para poder segui-la.

 

 

- "Caramba, que dia, quantas coisas novas eu pude viver hoje" - Pensava a morena já no meio do caminho - "Quero conversar com a Mari, preciso que ela me encoraje ainda mais para que eu conte tudo à meus pais, quero viver isso que vivi hoje, de ser eu mesma no meio das pessoas, poder declarar meu amor à Mari em qualquer lugar. Aii meu Deus, preciso mesmo de coragem!"

 

 

Enquanto Clara permanecia envolta em seus pensamentos, Mariana olhava pelo retrovisor e tentava imaginar o que sua amada estava pensando no outro carro.

 

 

-"Acho que a Clara gostou da festa, ela ficou tão solta, tão à vontade, como é bom ficar assim com ela, poder beijá-la, abraçá-la sem precisar ficar me controlando para não dar ‘pinta', é isso o que eu quero para minha vida. "

 

 

As duas jovens continuaram cada uma em seu carro, pensando nas diversas situações que aconteceram naquele dia, mas como já estava de madrugada e não havia nenhum trânsito, logo chegaram ao prédio de Clara. Subiram de mãos dadas até o apartamento da advogada e assim que entraram na sala a morena já correu em direção a loira.

 

 

- Aii, como você está linda. - Disse beijando a loira.

 

- Você que está linda, amor. - Respondeu a loira, retribuindo o beijo. - Eu amei a festa, foi perfeito por que você estava lá comigo.

 

- Eu também amei, Mari... er... eu... ah... deixa para lá, depois falamos sobre isso. - Disse a morena confusa.

 

- O que linda? Me fala.

 

- É sobre mim amor, sobre essa história de me assumir. Mas vamos conversar depois, pode ser?

 

- Tudo bem, meu amor, conversamos quando você quiser. - Concordou a loira para não pressionar Clara.

 

- Agora eu quero ficar agarradinha com você, vem, vamos tirar esses vestidos de festa e tomar um banho juntas.

 

- Humm, adorei a ideia. - Respondeu Mariana, deixando-se levar pela jovem.

 

- Deixa eu tirar esse vestido de você. - Falou Clara já no quarto, descendo o zíper do vestido de Mariana.

 

 

A loira também ajudou Clara a tirar o vestido e logo as duas adentraram o banheiro, iniciando o banho entre carícias e beijos. Depois que saíram do banho, as jovens seguiram para a cama, já exaltas por conta da festa, mas ainda assim Clara quis conversar com Mariana.

 

 

- Amor, vamos conversar? Ou você está muito cansada? - Perguntou a morena enquanto fazia carinho nos cabelos de Mariana.

 

- Não linda, estou ótima, vamos conversar sim. Você deve estar pensando várias coisas, né Clarinha. - Comentou a loira, já prevendo o que Clara queria conversar.

 

- É, estou sim, essa festa mexeu bastante comigo, foi muito bom estar em um ambiente em que não precisei fingir.

 

- É sim.

 

- Eu sei que no começo eu estava toda preocupada, mas é por que eu não esperava aquela reação das pessoas. Quase todos nos trataram bem... er... foi tão bom, amor. - Disse tímida.

 

- Que bom que você gostou. Você é parte fundamental da minha vida, não poderia te deixar de fora da festa do meu pai.

 

- Pois é Mari, você também é parte da minha vida. - A morena deu uma pausa e depois falou. - por isso que eu decidi, eu quero falar para meus pais.

 

- Mesmo? Quer mesmo, meu amor? - Perguntou Mariana, levantando metade do corpo na cama.

 

- Amor, eu quero muito, mas não consigo ser corajosa como você. Me ajuda?

 

- Own minha linda, é claro que te ajudo. Só me diga o que você quer que eu faça.

 

- Mari, eu só quero que você me encoraje, me faça tirar esse medo da minha cabeça. Eu quero me sentir livre e também quero que você seja livre comigo, mas não quero pensar que posso perder o amor dos meus pais.

 

- Clarinha, primeira coisa que você tem que colocar na cabeça é: eles são seus pais, não irão deixar te amar, aconteça o que for você é a filha amada deles. Não deixe algo assim, tão improvável te deixar receosa.

 

- Tudo bem, eu entendi, mas e se eles me virarem as costas? Se isso for muito para eles suportarem?

 

- Amor, eles podem até te virar as costas, mas pode ter certeza que por amor eles voltarão a te procurar.

 

- Aii... não sei.

 

 

Mariana percebeu que não estava conseguindo deixar Clara mais tranquila, assim resolveu falar de forma mais otimista com a jovem.

 

 

- Amor, sei que é difícil acreditar nisso, mas quem sabe seus pais te aceitem bem? Até agora a gente só ficou pensando o pior, mas essas coisas nos surpreendem.

 

- Ai Mari, é muito difícil mesmo tentar ser otimista, mas talvez você tenha razão. - Disse a morena, olhando para a loira.

 

- Amor, eu andei pensando, seu pai ficou sabendo que você beijou uma mulher e não te falou nada, não se revoltou e muito menos procurou tirar essa história a limpo.

 

- Verdade, você acha que essa atitude dele quer dizer alguma coisa? - Perguntou a morena, levantando também uma parte do corpo para encarar Mariana.

 

- Acho sim, se seu pai fosse tão intransigente assim, certamente ele já teria falado muita coisa com você. Tudo bem que ele não tem certeza se é verdade, mas quem sabe ele não está apenas esperando que você conte para ele?

 

- O que??? Você acha que meu pai já desconfia de mim e apenas está esperando que eu conte? - Perguntou Clara sem levar muito a sério o que loira dizia.

 

- Sim amor, é o que eu acho. Nunca te falei isso, pois sabia que você iria pirar quando eu falasse. Mas sinceramente, mesmo sem conhecer seu pai eu acho que ele não irá reagir mal, eu sinto isso.

 

- Aii... - Falou Clara jogando a cabeça no travesseiro e olhando para o teto - Preciso pensar um pouco mais.

 

- Tudo bem, pensa sim, mas não perca a coragem, seja forte. Você não está sozinha.

 

- Eu sei linda, vem aqui. - Chamou a morena, fazendo Mariana deitar em seu braço. - Obrigada pela força, meu amor, por ser tão paciente comigo.

 

- Eu amo você, se é coragem que você precisa, sempre estarei aqui para te encorajar.

 

- Te amo também. - Respondeu Clara, dando um beijo na testa da loira. - Amor, vamos dormir então, estamos cansadas, amanhã continuamos esse assunto.

 

- Claro, minha linda. Vamos dormir abraçadinhas.

 

 

Mariana não quis insistir na conversa, pois sabia que já era um passo enorme para Clara estar conversando sobre esse assunto e principalmente por estar pensando em se assumir para os pais. Assim, ficou fazendo carinho no braço da morena até que as duas finalmente pegassem no sono.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 26 - Capítulo 26:
Lana queen
Lana queen

Em: 05/09/2016

Oie de novo

Tudo lindo como sempre...Amo tudo, amo os detalhes das conversas, susto achei que Clara nao fosse no casamento ...Clara com ciumes e o beijos na frente de todos, pegando o buquê...Tudo lindo

Beijos


Resposta do autor:

Ei,

 

Fico muito feliz em saber que gosta dos diálogos, dos detalhes de cada cena. Obrigada, viu minha querida, de coração!

 

Beijos

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Sophia L
Sophia L

Em: 20/09/2015

Enquanto a dona Cruela, malvada favorita não posta a continuação, vou me esbaldando em partes da história. Nunca me canso de ler. Bjos Gi


Resposta do autor:

Rsrs, malvada favorita! Não aguento vcs me chamando assim, mto engraçado, kkkkk

 

Obrigada, meu bem. Bjs

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