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Entre olhares e sorrisos: encontrei você por Gi Franchinni

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Palavras: 13396
Acessos: 8580   |  Postado em: 00/00/0000

Capítulo 25

 

Alguns meses já haviam se passado e o final de ano se aproximava. As jovens permaneciam se encontrando escondido, porém agora não tinha mais aquela pressão exercida pelas ameaças de Thiago. Assim, elas sempre saíam de casa, mas procuravam locais discretos onde dificilmente encontrariam alguém conhecido. Mariana sempre respeitava os medos Clara tinha de encontrar algum amigo ou parente que pudesse especular alguma coisa sobre elas, dessa forma, nunca tentava beijar a morena ou expô-la em alguma situação que a constrangeria.

 

Por mais que Mariana desejasse que Clara se assumisse, preferia continuar com sua paciência de sempre e ter a morena ao seu lado, afinal, era certo que ela não iria mudar sua posição diante da pressão da loira. Mariana também procurava ser compassiva à tristeza que Clara sentia por ver que sua irmã Manuela ainda não havia a procurado. Aquilo era motivo de muita dor para a morena, visto que elas sempre foram muito próximas.

 

E fora exatamente esse assunto que surgira naquele dia, enquanto as jovens estavam no restaurante almoçando juntas:

 

- Mari, estava pensando sobre o final de ano.

- O que, linda?

- Ah Mari, a Manu não vai me entender nunca, não tem mais clima para viajar com ela. Então pensei em deixa-la viajar com o Guilherme.

- Nossa, sério, Clarinha?

- Sério. - Respondeu a jovem um pouco triste.

- Ai, não fica assim, meu amor. - Falou Mariana segurando discretamente a mão da jovem sobre a mesa. - Sei o quanto isso é difícil para você, mas a Manu ainda vai perceber o quanto está sendo preconceituosa.

- Ah Mari, nem sei, viu. Na concepção dela, eu que estou agindo errado e expondo a integridade da família. Dá para acreditar?

- Ei, não se deixe abater com isso. Você não está errada, amor, não tem porque ficar se sentindo mal.

- Eu sei, Mari, mas ela é minha irmã, né? - Falou Clara de forma impaciente. - Mas enfim, já está decidido. Vou passar hoje na clínica que ela trabalha para falar sobre a viagem. Não vou mais para Natal, ficarei por aqui mesmo.

- Tudo bem, você quem sabe, te apoiarei em qualquer decisão. - Falou a loira lançando um sorriso consolador para sua amada.

- Obrigada, amor. - Agradeceu, Clara, apertando a mão da jovem.

- Por falar nisso tudo, também andei pensando no meu pai. O casamento dele já está chegando, não queria ficar à parte desse acontecimento. Clara, eu amo muito meu pai, também está sendo difícil para mim. - Era a primeira vez que a loira demonstrava para Clara o quanto estava doendo ficar sem falar com o pai.

- Mari, er.. por que você não procura ele então? - Sugeriu a jovem ao ver a tristeza nos olhos de Mariana.

- Você acha mesmo que eu deveria fazer isso?

- Acho que sim, Mari, tenta conversar com ele, pelo menos para ver como ele está.

- É, acho que você tem razão. Já se passaram meses sem notícias dele. Nossa, nem acredito que consegui ficar tanto tempo assim sem procurá-lo. - Os olhos da loira já começavam a lacrimejar.

- Ei, não chora, está bem? - Consolou Clara - Tenho certeza que o coração do seu pai vai amolecer quando te encontrar.

- Tomara mesmo, quero muito poder ir ao casamento dele com a Andrea, quero presenciar esse momento, pois sei o quanto meu pai sofreu com a morte da minha mãe, ele merece ser feliz.

- Ai Mari, você é uma pessoa tão boa. Seu pai vai te aceitar, tenho certeza disso. Mas, agora acho que está na nossa hora, loirinha. - Falou a morena ao olhar no relógio.

- Está mesmo, então ficamos combinadas assim, hoje eu vou procurar meu pai e você vai atrás da Manu.

- Ok! - Confirmou a morena.

- A noite eu vou para sua casa e a gente conversa melhor lá. - Falou a loira se levantando da cadeira. - Vamos então.

- Vamos Mari. Ai, já estou ansiosa, espero que a Manu não me decepcione hoje e, claro, espero que o Sr. Augusto te entenda.

- Ai ai, hoje o dia vai ser tenso para nós duas, meu amor. Mas vamos lá, por que coragem não me falta.

- "Quem me dera ser assim também" - Pensou Clara, mas sem exteriorizar a frase. - É, eu sei que coragem você tem de sobra.

 

As jovens deixaram o restaurante e seguiram para seus respectivos trabalhos, cada uma pensando na situação que enfrentaria mais tarde, logo após o expediente.

 

Logo que Mariana entrou na agência Pedro a chamou em sua mesa.

 

- Boa tarde gatinha, seu querido patrão pediu para você ir até a sala dele para resolver algumas coisas. - Disse o jovem bem-humorado.

- Boa tarde, gatinho! Aii meu Deus, não me diga que tem pepino para resolver? - Perguntou a loira já desanimada.

- Acho que não Mari, caso contrário ele já teria me enchido de trabalho também. - Deduziu o jovem.

- É verdade, bom, vou lá então.

 

Mariana caminhou até a sala de Cláudio e bateu em sua porta.

 

- Com licença Cláudio, posso entrar?

- Ah sim, entre Mariana. - Respondeu o patrão de dentro da sala. - Tudo bem?

- Tudo sim, e você? - Perguntou a loira assim que se sentou na cadeira que ficava de frente para Cláudio.

- Tudo ótimo também. - Falou Cláudio educadamente. - Pedi para você vir aqui, pois quero confirmar o dia da sua formatura. Ontem recebi uma ligação da empresa de turismo italiana que fechamos parceria e eles ofereceram uma vaga para participar de um workshop sobre a história italiana e sobre os bens tombados pela UNESCO como patrimônio histórico-cultural daquele país. Esse workshop acontecerá uma semana antes do curso que você e o Pedro farão lá na Itália, assim eu e a Luiza pensamos em oferecer essa vaga a você, pois sabemos que essa é uma área que você se interessa bastante. O que acha?

- Nossa Cláudio, isso.. isso é ótimo. Eu agradeço muito. - Falava a loira empolgada.

- Mas, primeiro precisamos saber se não coincidirá com o dia da sua colação de grau.

- Bom, minha colação de grau está marcada para segunda semana de janeiro. Então acho que não haverá nenhum empecilho, já que o curso começará só no início de fevereiro. - Respondeu a jovem animada.

- Excelente então, Mariana. Precisarei que você envie um fax dos seus documentos para a cede da empresa.

- Pode deixar Cláudio, hoje mesmo já envio tudo por fax. E mais uma vez obrigada.

- Não precisa agradecer, Mariana, você fez por merecer. Quando a Luiza chegar ela te passará melhor os detalhes.

- Está bem Cláudio!

- Ah, antes de você voltar para sua mesa, gostaria de te pedir para ligar para essas duas clientes. - Falava Cláudio enquanto entregava uma pasta nas mãos da jovem. - Elas estão querendo diminuir os dias da viagem, porém o pacote já foi fechado. Então, conto com você para resolver a situação.

- Tudo bem Cláudio, ligarei agora mesmo para mostrar as alternativas possíveis para elas.

- Não podemos perder nenhum cliente, Mariana, lembre-se disso. - Alertou o patrão da loira.

- Pode deixar que resolverei isso, Cláudio. - Respondeu Mariana com seu profissionalismo de sempre. - Com licença.

 

A jovem deixou a sala de Cláudio e caminhou até sua mesa. Assim que se sentou já foi logo abordada por Pedro.

 

- E aí, Mari, era pepino?

- Bom, tenho um pepino para resolver sim, mas a boa notícia que tive foi a melhor parte. - Falou a jovem com um sorriso no rosto tentando fazer suspense para o amigo.

- Fala Mari, qual foi a boa notícia?

- Pedro, não fique triste, mas você não terá mais minha companhia na viagem de ida para Itália.

- O-oque, como assim? - Perguntou o jovem confuso.

 - Meu querido, tirei a sorte grande, vou viajar para Itália antes de você, para participar de um workshop sobre a história italiana e sobre os bens tombados. - Falou a jovem completamente feliz. - Tem noção de como isso é maravilhoso?

- Caramba, Mari!! Fico muito feliz por você. É sua área, você ama essa parte do Turismo. O Cláudio mandou muito bem agora. - Falou Pedro de forma sincera.

- Mas, er... você não ficou chateado, né? Não quero que você pense que o Cláudio está me favorecendo, entende?

- Não Mari, nunca pensaria isso, ele fez certo, você já tem um grande conhecimento sobre turismo histórico, ele tinha mesmo que chamar você. - Falou Pedro tranquilizando a jovem.

- Pois é, e só tinha uma vaga. Mas vai ser apenas uma semana, logo você estará em solo italiano comigo. - Disse Mariana feliz.

- Nossa, não vejo a hora. Vamos aproveitar demais, loirinha.

- Ai, por falar em loirinha, me lembrei da Clara.

- Porque? Aconteceu alguma coisa? - Perguntou Pedro preocupado.

- Não, Pedro, nós estamos muito bem, mas hoje tivemos uma conversa e decidimos que eu vou procurar o meu pai e ela a Manu. Estou tensa!

- Nossa, vocês vão tentar se acertar com eles?

- Na verdade eu tentarei me acertar com meu pai, mas a Clara vai apenas falar para Manu que não viajará mais com ela para Natal, vai oferecer sua parte da viagem para o Guilherme. Ai que dó, Pedro. ­- Falou Mariana com o coração apertado.

- Mas ela ainda acha que a Manuela não vai aceitá-la?

- Ela tem certeza disso, até por que a Manu não procurou mais a Clara, então ela já imagina qual será a reação dela ao vê-la.

- Que complicado né, Mari. Mas ainda acho que a irmã da Clara vai mudar de postura, elas me pareceram ser tão unidas e...

 

O jovem ia continuar a frase, mas percebeu que a Luiza estava entrando na agência. Então apenas fingiu que iria pegar um papel na mesa de Mariana e deixou a jovem trabalhar.

 

- Depois conversamos mais. - Falou baixinho para a loira.

 

Mariana apenas concordou com a cabeça e começou a abrir a pasta para analisar o que iria fazer com as clientes que queriam mudar o pacote. Luiza passou pela jovem e ao perceber que ela estava ocupada, apenas pediu para que ela fosse à sua sala depois que estivesse desocupada.

 

Logo após ter resolvido o problema com as duas clientes de forma inteligente, a loira seguiu para sala de Luiza e ouviu de sua patroa todos os detalhes de sua ida à Itália. Aproveitou-se também para enviar os documentos para empresa italiana e confirmar sua participação no workshop. Depois que saiu da sala de Luiza, Mariana avistou a agência cheia de clientes, afinal, já estava em alta temporada e a aquela agência tinha os melhores preços da cidade. Dessa forma, passou o resto do dia vendendo pacotes de viagens e quando se deu conta já estava na hora de ir embora.

 

Saiu da agência de forma apressada e logo voltou seus pensamentos para seu pai. 

 

- "É agora pai, nossa conversa não passa de hoje." - Enquanto a loira pensava em seu pai, ia caminhando até sua casa para pegar o carro. - "Ai meu Deus, estou ficando tensa, nem sei o que falar. E se meu pai não quiser me ver?"

 

A loira estava tão distraída que nem percebera o carro vindo em sua direção ao atravessar a rua. Apenas escutou um barulho forte e avistou o carro parado há quase um centímetro de sua perna.

 

- QUER MORRER, SUA MALUCA??? - Gritou o homem que dirigia o carro, freando-o bruscamente.

 

Mariana olhou assustada para o moço, que estava com a cabeça do lado de fora da janela buzinando o carro e xingando a jovem.

 

- Nossa, er.. me desculpe. - Falou a jovem ainda assustada e com o coração acelerado. - Moço, me desculpe mesmo.

 

Mariana parou na calçada e avistou o dono do veículo girando o dedo indicador na lateral da cabeça, tentando mostrar que a jovem era louca. A loira ficou extremamente sem graça com aquele gesto e voltou a caminhar de forma apressada para sua casa.

 

- "Meu Deus, quase fui atropelada, não posso andar distraída assim pelas ruas, isso é um perigo."

 

A loira evitou pensar em qualquer outra coisa até que finalmente chegou em seu prédio. Apenas subiu para seu apartamento para pegar a chave do carro e desceu novamente até a garagem para ir à casa de seu pai. Procurou manter a concentração em todo o caminho e quando se deu conta já estava em sua antiga rua. Ao avistar o portão da casa de seu pai seu coração começou a bater rapidamente.

 

- Ai meus Deus, calma Mariana, calma. - Parou o carro em frente ao portão da casa e saiu pensativa. - Que saudade de vir aqui, que saudade do meu pai.

 

Um pequeno filme passou pela cabeça da loira ao avistar aquele local onde passou grande parte de sua vida. Parecia que estava há muito mais tempo sem ir àquela casa do que de fato estava.

 

- Respira fundo., vai dar tudo certo. - Disse a loira se encorajando antes de tocar a campainha.

 

Logo avistou Andréa aparecer na porta da sala.

 

- Ma-Mariana? - Falou surpresa.

- Oi Andréa, er... será que eu posso entrar? Queria falar com meu pai.

- Claro que pode entrar, Mariana. Pelo amor de Deus, essa casa também é sua. - Respondeu Andréa já se encaminhando até o portão. - Quanto tempo, Mari, er... é muito bom te ver.

- Muito bom te ver também. - Falou a loira de cabeça baixa. - O meu pai está em casa?

- Não Mari, o Augusto foi até o mercado, mas não deve demorar. Entra. - Falou Andréa, dando passagem para que a loira entrasse. - Queria mesmo conversar com você.

- Er.. eu também.

 

As duas seguiram para dentro da casa e assim que se sentaram no sofá começaram a conversar.

 

- Er.. Andréa, eu vim até aqui para tentar me acertar com meu pai. Na verdade, também queria falar com você, pois nem sei o que você pensa de toda essa história, não tive a oportunidade de conversar com você.

- Mari, faz dias que estou com vontade de te procurar, mas estava com medo da reação do seu pai.

- É, imagino, pelo jeito ele não vai querer me ver.

- Calma Mariana, espera o seu pai chegar, acho que passou da hora de vocês conversarem. - Falou Andréa de forma firme.

- Tudo bem, vou esperar.

- Bom, Mari, eu também quero conversar com você. Quero que você saiba o que penso de tudo isso. - Falou encarando Mariana.

- Pode falar então, Andréa - Pediu a loira já esperando uma atitude receosa por parte dela.

- Mari, eu queria que você soubesse que nunca lidei com uma situação como esta. Nunca tive alguém tão próxima de mim que fosse interessada por uma pessoa do mesmo sex*. Isso de fato assusta à princípio, mas depois quando começamos a pensar melhor, percebemos que é mais normal do que imaginamos. Têm homossexuais onde a gente menos espera.

 

Andréa fez uma pausa para analisar a reação da loira, porém esta permanecia calada apenas escutando.

 

- Quando você se assumiu, eu me dei conta de como a sociedade é cruel quanto a isso. Porém, eu penso que cada um escolhe a forma melhor para se viver e ninguém deveria se intrometer nessas opções. Bom, resumindo, eu queria que você soubesse que nunca tive preconceito de você, Mari, apenas fiquei assustada com o fato, pois realmente não esperava. E infelizmente também não pude te procurar por causa do seu pai.

 

A loira sentiu um alívio grande no coração ao ouvir aquelas palavras e logo começou a falar.

 

- Nossa Andréia, estou surpresa com sua reação, não esperava que você fosse reagir tão bem. Realmente me deixou feliz, sempre gostei muito de você.

- E eu de você. Fiquei muito chateada com o Augusto, tentei conversar com ela várias vezes, mas ele simplesmente parou de me ouvir. Mas, eu sei que ele sente muito sua falta, Mari, já peguei ele entrando em seu antigo quarto várias vezes.

 

Ao ouvir aquilo Mariana não conseguiu conter as lágrimas. Sentia muita falta do carinho de seu pai e da forma protetora como ele agia com ela.

 

- Mari, seu pai é muito orgulhoso, mas tenho certeza que ele vai mudar de postura quando te ver. Ele é louco por você, vive falando sobre você quando era criança, tenho certeza que o que ele mais quer é ter sua presença no nosso casamento e na vida dele.

- Ai Andréa, ouvir tudo isso está até me encorajando mais. - Falou a jovem enxugando as lágrimas. - É muito bom saber que tenho seu apoio. Obrigada mesmo.

- Não precisa agradecer, Mari. - Disse Andréa segurando a mão de Mariana. - Não fique triste, seu pai vai te entender.

- Nossa, como sinto falta dele. Sabe Andrea, não sei como consegui sair de casa e ficar esse tempo todo sem procurá-lo. Meu pai é o pilar que me sustenta, ele é meu maior exemplo e mesmo diante de toda a forma preconceituosa que ele agiu comigo eu não deixei de amá-lo e respeitá-lo por nenhum minuto. Tomara mesmo que ele me entenda. - Falou Mariana tentando segurar o choro.

- Ei, não chora Mari.

- Eu só queria que meu pai entendesse que essas coisas são naturais. Eu não provoquei isso, simplesmente aconteceu e hoje sou uma pessoa muito mais feliz e realizada. Mas minha felicidade jamais será completa sem o consentimento do meu pai. Eu o amo demais...

 

Antes que Mariana falasse novamente ela escutou a voz de seu pai vindo em direção à cozinha.

 

- Filha...

 

Nem ela nem Andréa se deram conta, mas Sr. Augusto havia chegado quase junto com Mariana e assim que avistara o carro da loira em frente à sua casa, entrou sorrateiramente pela cozinha e ficou escutando escondido a conversa delas. Ele era extremamente orgulhoso, mas ao ver sua filha partilhar o quanto estava sofrendo com sua distância, sentiu seu coração doer e o instinto paterno acabara por falar mais alto.

 

- Pa-pai? - Falou a jovem surpresa, secando novamente o rosto das lágrimas que antes rolavam nele.

 

Sr. Augusto também estava com os olhos lacrimejantes e com um nó na garganta, impedindo-o de pronunciar outra palavra além do "filha".

 

Andréa olhou para aquela cena e já imaginou o que aconteceria, então, sem ser percebida saiu da sala deixando os dois a sós.

 

- Pai, er... eu... - A loira tentava achar as palavras, mas estava tão emocionada por ver seu pai ali, na sua frente, com os olhos cheios de água que apenas seguiu seu coração, correu em direção a ele e o abraçou sem temer não ser correspondida.

 

O abraço fora forte, intenso, carregado de emoções e significados, pois, embora Mariana não tivesse escutado da boca de Sr. Augusto sua aceitação em relação a sua opção sexual, aquele abraço representava muito mais do que meras palavras.

 

- Pai... - finalmente falou a loira ao sair dos braços do pai. - ... eu vim aqui para dizer que sinto sua falta.

- Eu também, Mariana, eu.. eu não posso ficar sem te ver, você é minha filhinha, eu te amo muito.

- Eu também te amo muito, pai. - Falou a loira ainda entre lágrimas. - Er.. eu.. eu queria conversar com o senhor.

- Tudo bem Mari, vamos conversar. - Respondeu Sr. Augusto se sentando no sofá. A jovem o acompanhou e logo voltou a falar.

- Pai, já se passaram meses que não nos falamos, o senhor percebe o ponto em que nós chegamos?

- Sim filha, eu sei, mas eu pensei que você fosse esquecer essa história toda, eu pensei que...

- Pai, não posso esquecer quem eu sou! No fundo o senhor já sabia que isso nunca aconteceria, não é?

 

Sr. Augusto apenas concordou com a cabeça.

 

- Pai, eu sei que o senhor ainda não aceita essa história, mas eu vim aqui para tentar me entender com o senhor, pois não posso ser plenamente feliz sabendo que eu tenho um pai que mal fala comigo.

- Não diz isso, Mariana. Eu falo com você sim, er... você que quis sair de casa.

- Pai, nesses dois meses o senhor também não me procurou.

 

Mais uma vez o pai da jovem ficara em silêncio.

 

- Mas, não vim aqui para remoer essas coisas. - Disse a jovem de forma madura. - Pai, eu vim aqui para saber se o senhor pode pelo menos tentar me aceitar do jeito que sou sem tentar me mudar. Repito pai, não estou pedindo para que o senhor levante a bandeira do homossexualismo, mas pelo menos aceite que sua filha é feliz assim, namorando uma outra mulher.

 

Sr. Augusto permanecia de cabeça baixa, escutando atentamente as palavras de Mariana.

 

- E então pai, o senhor acha que isso é possível? - Perguntou a jovem, abaixando um pouco a cabeça para olhar nos olhos do pai.

- Mariana, você sabe o quanto isso é complicado para eu aceitar, não sabe?

- Eu sei pai, por isso estou propondo de irmos com calma. Quero somente que o senhor perceba que estou feliz, muito feliz, pai.

 

Sr. Augusto levantou a cabeça para olhar para a filha. Realmente nunca vira os olhos da jovem brilhar tanto. Sentiu um aperto no coração e percebeu que pouco importava se ele achava que aquilo não era certo, afinal sua filha estava feliz. Assim, respirou fundo e respondeu decididamente.

 

- Tudo bem filha, vou me esforçar para te entender e te aceitar, só quero a sua felicidade, Mariana, e se você de fato a encontrou ao lado da... da...

- Clara, pai. - Falou a jovem sorrindo.

- É.. isso... da Clara, então não me resta outra opção, a não ser te apoiar.

- Ai pai, agora sim eu estou enxergando o Sr. Augusto que eu conheço. - Disse a jovem olhando de forma carinhosa para o pai. - Eu te amo pai.

- Também te amo, filha. Senti muito a sua falta, não fique mais sem vir aqui, combinado?

- Combinado pai.

- Finalmente hein! - Falou Andréa do meio da escada.

 

Os dois olharam para ela com um sorriso parecido no rosto, demonstrando o quanto estavam felizes.

 

- Incrível como vocês se parecem. - Disse Andréa ao chegar na sala. - Se parecem não apenas na aparência, mas também no coração.

- Que isso, sou muito mais bonita que meu pai, Andréa. - Brincou Mariana, já se sentindo aliviada.

- Isso eu vou ter que concordar. Minha filha é linda, né Andréa? - Falou Sr. Augusto com sua tradicional "corujisse".

- É sim, ai meu Deus, nem acredito que vocês dois se acertaram.

- Nem eu Déia. - Concordou a loira, chamando Andréia por seu apelido. - pode acreditar, estou muito feliz.

- Bom, agora podemos falar sobre o casamento então, né? Queria sua ajuda para resolver alguns detalhes, Mari.

- Mas é Claro, nossa, estava me sentindo mal de não fazer parte dos preparativos.

- Não seja por isso, tem muita coisa para fazer ainda.

- Ih, já vi que vou sobrar nesse assunto. - Brincou Sr. Augusto.

- Vai mesmo, você não tem paciência para resolver as coisas, Augusto. - Falou Andréa brava.

- Ah meu bem, isso é coisa para mulher resolver.

- Ai pai, para de inventar desculpas, tem que ajudar a Andréa, né.

- Eu sei filha, mas não levo jeito para isso.

- Mas pai, é seu casamento! - Falou a loira incrédula.

- Por isso, nada mais justo do que minha filha me ajudar.

- Desiste Mari, ele sempre consegue enrolar a gente.

- Tudo bem. - rendeu-se a jovem. - Eu te ajudo. Quero saber de todos os detalhes.

- Então enquanto vocês conversam aí, eu vou tomar um banho.

- Pai, não demora. Estou com saudades. - Disse Mariana de forma doce, fazendo os olhos de Sr. Augusto brilharem.

- Eu também filha. Volto rápido.

 

Sr. Augusto deixou as duas conversando na sala e seguiu contente para o banho, pois finalmente se dera conta de que era melhor ter a filha por perto e feliz do que ficar preso ao seu preconceito e orgulho e perder a presença da loira.

 

E assim se passou grande parte da noite, a loira se inteirou de todos os detalhes do casamento de seu pai e ainda aproveitou para matar a saudade que sentia da presença dele e de Andréa. Porém já estava tarde e Mariana também estava ansiosa para saber como fora a conversa de Clara com Manuela. Assim, despediu-se do pai e de Andréa e seguiu para casa, atrás de notícias de sua amada.

 

 

--------xx--------

 

 

Clara já estava parada em frente a clínica que Manuela trabalhava, esperando impacientemente a irmã sair. Ficara o dia todo tensa, imaginando mil maneiras para iniciar o diálogo com ela, porém nada do que a morena havia pensado conseguira lhe deixar mais tranquila e confiante.

 

Na realidade estava um tanto pessimista quanto à reação de Manuela, por isso, decidira falar rapidamente o assunto que queria tratar com a irmã e ir embora. Porém, já tinha se passado mais de meia hora que Clara estava em frente a clínica e nada de Manuela aparecer. Assim, decidira entrar para procurá-la.

 

- Ai Manuela, cadê você? Está na sua hora de sair, vai me dizer que resolveu não trabalhar hoje, justo no dia que tive coragem para te procurar. - Resmungava Clara, ainda dentro do carro, tentando enganar o nervosismo que sentia. - Ok, fica tranquila Clara, será uma conversa rápida. Vamos lá!

 

A morena saiu do carro de forma veloz, antes que sua coragem lhe traísse. Entrou na clínica e caminhou até a recepção.

 

- Boa tarde, er...quer dizer, boa noite... já é noite, né? - Cumprimentou a recepcionista de forma confusa, entregando seu nervosismo.

- Boa noite! Em que posso ajuda-la, senhora?

- "Comece não me chamando de senhora" - Pensou a morena ainda nervosa. - Er, eu estou procurando a Dr. Manuela Pinheiro, ela está na clínica?

- A senhora tem hora marcada com ela? - Perguntou a recepcionista com uma calma que já estava irritando Clara.

- Er, Aline, não é isso? - Falou Clara, olhando para o crachá da moça.

- Isso, meu nome é Aline. - Respondeu a recepcionista tranquilamente.

- Meu nome é Clara Pinheiro, sou irmã da Dr. Manuela. Você nunca me viu aqui?

- Me desculpe senhora, sou nova aqui, não sabia. Aguarde só um minuto que avisarei a Dr. Manuela.

- "Aii, será que dá para não me chamar de senhora???" - Pensou a jovem mais uma vez irritada. Era evidente que Clara estava uma pilha de nervos, pois até a educação da moça lhe incomodava.

 

A morena se sentou em uma das cadeiras que ficava na recepção na tentativa de controlar suas emoções, antes que Manuela aparecesse.

 

- "Pelo amor de Deus, que nervosismo é esse?? É só a Manu, minha irmã, que bobeira, só vou falar para ela que não viajarei mais, não tem motivo para ficar nervosa assim!!" - Pensava a morena, tentando se convencer que seria uma conversa rápida e fácil.

 

Logo avistou a recepcionista voltando pelo corredor.

 

- Com licença, senhora Clara.

- Ai, por favor, me chame apenas de Clara. - Falou a jovem deixando escapar sua impaciência.

- Ah sim, me desculpe. - Falou a moça sem graça. - A Dr. Manuela pediu para você ir até a sala dela. Ela mudou de sala, fica no final do corredor, à esquerda.

- Obrigada, Aline.

 

Clara seguiu pelo corredor com o coração batendo forte. Naquele momento ela entendeu a aversão que a maioria das pessoas têm à clinicas e hospitais, pois aqueles corredores conseguiam deixar qualquer pessoa ainda mais tensa do que já estava.

 

- "Ai que porr* de sala que não chega." - Pensou a morena, cada vez mais nervosa, até avistar a porta com o nome de Manuela - "Ai, é agora!"

 

Clara respirou fundo, deu duas batidas na porta e antes mesmo de Manuela responder, a abriu e colocou a cabeça do lado de dentro para avistar a irmã.

 

- Clara, er... entra. - Manuela tentava disfarçar, mas não conseguia esconder a expressão surpresa por ver a irmã.

- Er... oi Manu, tudo bem? - Falou Clara, entrando na sala e fechando a porta.

- Tudo, e você? - Perguntava desconfiada.

- Estou bem. Er... eu queria conversar com você, será que você tem um tempinho para falar comigo agora?

-Tudo bem, sente-se. - Manuela estava tão fria e sucinta que Clara começou a se sentir como uma paciente e não como sua irmã. - O que gostaria de me falar?

- Bom, vou direto ao ponto. Eu vim aqui para dizer que desisti da viagem à Natal, acho que os motivos são óbvios, não é? Então eu resolvi passar aqui para dizer que vou deixar a minha parte da viagem para o Guilherme, aí vocês aproveitam juntos.

 

Manuela olhou para a irmã surpresa e Clara notou por um rápido momento a expressão dócil que sua irmã sempre tinha para com ela.

 

- Eu.. eu não posso aceitar, Clara. Er... vamos devolver o pacote, ou então você viaja e... er... leva outra pessoa no meu lugar. - Ao finalizar a frase, Manuela voltou a ficar com o olhar duro para irmã.

- Manu, não dá para devolver o pacote, pois se paga uma multa que não vale a pena, você sabe disso e não estou mais afim de viajar. Comprei o pacote para ir com você, não faz sentido eu levar outra pessoa. Por isso, acho que você deve levar o Guilherme, você é louca para conhecer Natal, eu já fui, nada mais justo do que vocês dois irem.

- Não posso aceitar Clara, já disse. Foi você que pagou todo o pacote, seria um abuso da minha parte viajar com o Guilherme às suas custas.

- Para com isso, Manuela! - Falou Clara impaciente. - Pare de me tratar como se eu fosse uma estranha. Eu sei que você não quer me ver, que não quer falar comigo, mas eu continuo sendo sua irmã. Aceite essa viagem, ou então o pacote será perdido, pois eu não viajarei.

 

Manuela estava de cabeça baixa, não queria admitir, mas realmente estava tratando Clara como uma estranha e aquela atitude estava fora de seu controle.

 

- Tudo bem Clara, er... eu aceito a viagem. Obrigada. - Agradeceu a fisioterapeuta de forma sem graça.

- Por nada. - Respondeu a morena.

 

As duas ficaram alguns segundos em silêncio, provocando um clima constrangedor na sala, até que Manuela voltou a falar.

 

- Er.. Clara eu preciso terminar de analisar alguns exames aqui.

- Ah, tudo bem. - Respondeu Clara sentindo um forte aperto no coração por perceber que sua irmã inventava desculpas para que ela fosse embora. - Já entendi.

- Não é isso que você está pensando, Clara, eu... er... eu realmente estou com muito trabalho aqui. - Manuela tentou disfarçar a grosseria, ao perceber a reação de Clara.

- Não precisa explicar, Manu. Já estou de saída, vim mesmo para falar da viagem. - Retrucou a advogada já se levantando da cadeira. - Bom, tenha uma, boa noite.

- Boa noite, Clara, mais uma vez obrigada pela viagem.

- Por nada. - Respondeu Clara, com um nó na garganta por ver que Manuela realmente não iria falar mais nada com ela.

 

A morena começou a caminhar vagarosamente até a porta na esperança de Manuela lhe chamar para tentar se reconciliar, porém ela permanecia calada fazendo com que o coração de Clara doesse ainda mais. Chegou até a porta, colocou a mão na maçaneta e um súbito de coragem se fez presente naquele coração apertado, fazendo-a voltar seu corpo para onde Manuela estava sentada. A irmã olhou em seus olhos com expressão tensa, pois já temia o que Clara fosse falar e começou a escutar suas palavras:

 

- Será que você realmente não percebe que eu sou aquela mesma pessoa que sempre esteve presente em sua vida? Será que você deixou de enxergar sua irmã, por causa de algo que não concorda? É isso mesmo, Manu? Será que você se esqueceu de toda nossa cumplicidade, simplesmente por conta de seu preconceito? - Clara não conseguia parar de fazer perguntas retóricas para a irmã. Seus olhos já estavam lacrimejantes.

 

Manuela permanecia imóvel na mesa, apenas escutando Clara falar, porém seus olhos também continham um brilho proporcionado pelas lágrimas que estava segurando para não deixar cair.

 

- Manu, eu sou a mesma pessoa de sempre, com a vida um pouco diferente, mas a minha essência é a mesma. Sempre fomos de partilhar tudo, você sempre conheceu o que estava aqui, no mais profundo de mim. - Clara apontava o dedo em direção ao próprio coração. - Mas hoje, você não sabe mais nada do que estou passando.

 

Nessa hora Clara não conseguiu conter as lágrimas e começou a chorar. Manuela, por sua vez, permanecia com os olhos lacrimejantes, mas não ousava pronunciar nenhuma palavra, pois sabia que sua voz sairia falhada. Era inevitável não pensar em tudo o que Clara representava para ela, sentia muita falta da irmã, de seu jeito preguiçoso e folgado, mas também de sua preocupação e cuidado.

 

 Lembrou-se dos momentos de cumplicidade, sempre presentes entre as duas. Desde criança, quando uma aprontava algo, a outra dava um jeito de livrar sua barra diante do interrogatório dos pais. Lembrou-se também das vezes que assumiu a postura de irmã mais velha e defendeu Clara das ofensas de alguns colegas de escola e de ex- namorados, como o próprio Henrique.

 

Clara percebeu que aquele era o momento para tentar uma reaproximação da irmã e começou a caminhar lentamente em direção a ela.

 

- Manu, você me conhecia melhor do que ninguém, por f...

- Conhecia nada Clara. - Falou Manuela, interrompendo a irmã. - Descobri que eu não conhecia nada de você, pois se eu conhecesse de fato, não teria me surpreendido tanto quando soube... quando soube...

- Que eu estou apaixonada pela Mariana. - Falou Clara de forma impaciente ao perceber que a irmã mal conseguia tocar no assunto. - Pode falar Manuela, não vai cair sua língua por falar isso.

- Não seja infantil, Clara, apenas não me sinto à vontade falando uma coisa dessas.

- Pois deveria ficar, Manu, estamos no século XXI, ACORDA! - Alertou Clara exaltando a voz.

- É melhor você baixar seu tom de voz, Clara, estou no meu trabalho e não quero confusão aqui. - Repreendeu a jovem. - De confusão já basta as que você quer colocar nossa família.

- Que absurdo é esse que você está falando, Manu? Acha que quero confusão para nossa família??? - Clara estava indignada.

- É o que parece, Clara, pois, se você acha que se envolver com uma pessoa do mesmo sex* é normal, sinto te dizer, mas você vive fora da realidade.

- Não vivo fora da realidade, Manu, e se você acha que eu não sei o quanto tudo isso é difícil, você está muito enganada. - Falou Clara, revoltada. - Você não faz ideia das coisas que eu tenho passado, você não sabe mais nada de mim. Eu fui até ameaçada, Manu... e sabe por quem??

- O-o que? - Perguntou a jovem mudando seu tom de voz - Como assim, quem te ameaçou??

- Mais uma vez fui traída por um amigo. - Falou Clara, triste. - O Thiago andou me ameaçando, e foi sério, Manu. Por isso, não me venha dar lição de moral como se eu não soubesse como a realidade funciona!

- Espera aí, você está me dizendo que o Thiago te ameaçou??? - Perguntou mais uma vez a irmã de Clara, com o olhar enfurecido.

- Isso não importa mais, afinal, pelo jeito você também compartilha do mesmo pensamento que ele.

- Não fale assim, Clara, jamais seria capaz de fazer mal a alguém, muito menos a você.

 

Mais um silêncio constrangedor se instaurou na sala. Manuela, percebera a incoerência de seus atos, pois ao mesmo tempo em que julgava as atitudes da irmã, sentia o coração doer por ver que alguém tão próximo estava fazendo mal para Clara pelos mesmos motivos que ela a discriminava. Assim, por mais que não concordasse com a situação toda, ela queria saber ao certo o que acontecera em relação ao Thiago.

 

- Clara, me fala o que aconteceu, por favor!

 

A morena olhou para a irmã, que curiosamente demonstrava preocupação e decidiu falar de forma superficial o que havia acontecido. Não queria apelar para o emocional para fazer Manuela lhe aceitar. Queria na verdade que a irmã desse conta do quanto ela precisava de seu apoio e compreensão. Assim, contou o que ocorrera com o Thiago sem se ater aos detalhes, mas deixando claro o quanto ele era desprezível. Manuela ouviu tudo atentamente e, por aqueles poucos minutos, Clara pode sentir de volta os cuidados da irmã, que sempre ouvia atenciosamente seus problemas.

 

- Não acredito que ele foi capaz de fazer isso com você! Ele... ele... é um monstro!

- Pois é Manu, acho que você que não tem ideia do que o preconceito faz com as pessoas. No caso do Thiago, o preconceito se aliou ao seu mau-caráter e deu nisso. Mas há várias formas de se fazer uma pessoa sofrer, não é apenas por ameaças. - Falou a morena, jogando uma indireta para o preconceito da irmã.

- Eu já sei o que você está querendo dizer, Clara, mas não tenho intenção nenhuma de te fazer sofrer, eu... eu só não concordo com isso tudo. Acho que você vai se arrepender depois e ainda vai magoar nossos pais.

- Manuela, acorda! Pare de querer controlar minha vida, é pedir muito para que você simplesmente me aceite como eu sou?? Para que você aceite que minha felicidade não está no convencional, mas sim no diferente?? Poxa Manu, você sabe que jamais faria mal a nossos pais, não quero decepcionar eles.

- Então me diga, como não iria decepcionar eles diante de uma situação como esta?

- Eu não sei, simplesmente não sei Manu, mas não tenho a intenção de contar para eles agora. - Falou Clara se sentindo perdida.

- E nem depois, né Clara! - Repreendeu a irmã - Eles não poderão saber disso nunca.

- É... pode ser... - Concordou Clara, com a sua fraqueza de sempre quando se tratava de contar o segredo a seus pais.

- Viu, você vacila quando o assunto é sobre nossos pais.

- Claro, né Manuela, tenho medo da reação deles. - Falou a jovem mais uma vez impaciente com a irmã. - Tenho medo de decepcioná-los, afinal, eles cresceram em um tempo diferente do nosso e ainda são da igreja. É óbvio que fico receosa ao falar deles. Queria que você entendesse isso, queria que você estivesse ao meu lado como sempre esteve, me dando forças.

- Como posso ficar do seu lado se sei que isso magoaria nossos pais???

- Como você pode agir assim comigo sabendo o quanto isso me magoa? - Falou Clara, lançando uma pergunta do mesmo nível de Manuela.

- Ai Clara, não vamos chegar a consenso nenhum desse jeito.

- Consenso?? Acha que é isso que estou procurando? Manu, presta atenção, eu apenas quero que você me trate como sua irmã e não como uma estranha. Se você não quer aceitar o meu namoro com a Mari, tudo bem, mas não precisa simplesmente me abandonar, fingir que não existo. - Clara falava olhando nos olhos da irmã. - Eu sinto sua falta, Manu.

- Eu também sinto a sua, Clara. - Mais uma vez Manuela abaixou a cabeça e se sentiu confusa em relação a situação que Clara estava vivendo.

- Então tenta fazer um esforço, Manu, por mim. Você sabe que não vou mudar de opinião.

- Não vai mesmo, Clara?? Tem certeza disso? - Perguntou irônica. - E se nossos pais descobrissem, o que você iria fazer?

- Não tem como eles descobrirem, Manu, só se você contar. - Respondeu Clara confusa.

- É óbvio que não vou contar. Mas, dá para perceber que você sempre fica insegura quando cogito a possibilidade de nossos pais saberem.

- Eu fico mesmo, Manu. - Confessou Clara. - Você não tem ideia de como é difícil amar uma pessoa, mas ter medo de fazer seus pais sofrerem. Na sua cabeça deve ser fácil passar por tudo isso, não é Manu? Mas, entenda uma coisa, eu não estou vivendo uma aventura, isso é real e o que eu sinto pela Mari é muito forte, caso contrário, pode ter certeza que jamais arriscaria ficar com uma mulher, sabendo toda a complicação que isso envolve. Por tanto, pare de me tratar como se eu fosse uma inconsequente e entenda, de uma vez por todas que, essas coisas, a gente não controla.

 

Manuela escutara quieta todo o desabafo da irmã. Era nítido que seu coração permanecia endurecido em relação a toda aquela situação, porém seu extinto fraterno também gritava dentro de si. Se sentia péssima por ver que Clara estava enfrentando uma situação difícil e que ela não conseguia ajudá-la por conta de seu preconceito, então, num súbito ato de amor, levantou-se da mesa e caminhou em direção a Clara. Parou a sua frente e percebeu que o amor era capaz de vencer as barreiras do preconceito, pois naquele instante enxergava apenas a Clara, sua irmã mais nova, que sempre fora a amiga, a confidente, a divertida. Então, sem deixar que o momento fraterno passasse abraçou a irmã, superando qualquer sentimento que pudesse impedi-la de fazer aquele gesto.

 

Clara correspondeu ao abraço deitando a cabeça no ombro de Manuela. Logo não conteve as lágrimas e rendeu-se ao choro que estava entalado em sua garganta, pois naquele abraço percebera o quanto precisava da irmã. Manuela por sua vez, sentiu um aperto no coração por ver que a morena realmente sentia falta dela. Na verdade Manuela achava que a atitude de Clara em insistir naquele relacionamento era egoísmo, pois acreditava que era apenas uma aventura impensada que causaria sofrimento se chegasse ao ouvido de seus pais. Mas, agora, diante daquele abraço e de tudo o que Clara lhe falara, apenas enxergava uma mulher que tinha certeza do que queria, mas que ao mesmo tempo possuía medo de magoar sua família.

 

Clara chorava compulsivamente, enquanto Manuela a abraçava mais forte.

 

- Ai Clara, como isso tudo foi acontecer? - Falava a irmã tentando entender a situação. Porém, Clara continuava chorando nos braços dela sem conseguir pronunciar uma palavra. - Calma Clara, não chora, fica calma.

 

Depois de alguns minutos a morena conseguiu se acalmar, saiu dos braços da irmã e falou enquanto enxugava as lágrimas:

 

- Er, me desculpe Manu, não consegui conter o choro.

- Tudo bem, Clara, não precisa pedir desculpas. - Falou Manuela soltando um suspiro. - Clara, vou tentar mudar minha postura sobre vocês. Prometo fazer o possível para tentar entender, mas te peço que me dê mais tempo, também não quero forçar uma situação, entende?

- Tu-tudo bem, Manu, eu entendo. - Falou Clara surpresa e esperançosa por ouvir aquilo da irmã - Você não faz ideia de como fico feliz por isso.

- Clara, eu amo você. Por favor, jamais pense o contrário.

- Eu também te amo, Manu. - Falou Clara ainda com água nos olhos.

 - Se as vezes eu discordo de você e tento reverter alguma situação é por querer defender aquilo que acho certo, por querer o seu bem, Clara...

- Não sei se concordo muito com isso, Manu.

- Por que você diz isso?

- Porque é assim que o preconceito de esconde, por trás daquilo que muitas vezes chamamos de princípio sou daquilo que achamos ser o certo. A sociedade deveria parar um pouco de tentar controlar a vida das pessoas e passar a respeitar as diferentes formas possíveis de ser feliz.

- Talvez você tenha razão, Clara, mas não é fácil para uma pessoa que cresceu achando isso errado, aceitar assim repentinamente. Requer tempo.

- Eu sei, Manu, e estou disposta a te dar esse tempo. Mas quero que você saiba que sua presença é muito importante na minha vida.

- E a sua presença também é importante na minha vida. Por isso vou me esforçar para tentar te entender.

- Tudo bem. - Concordou Clara. - Eu entendo, mas será que um dia vamos voltar a ser como éramos?

 

Manuela demorou para responder.

 

- Pelo jeito não né, Manu. - Falou Clara triste.

- Não sei Clara, infelizmente não sei te dizer isso.

- Tudo bem, Manuela, como diz você, não quero forçar uma situação. - Disse a morena se levantando da cadeira. - Acho que já vou indo então.

- Clara, por favor, tenta me entender também. Jamais imaginei passar por isso.

- Eu também jamais pensei, Manu. Mas uma coisa eu te falo, se fosse o contrário eu estaria te apoiando agora, disso você não precisa duvidar. Mas cada um é de um jeito, por isso vou te dar espaço e esperar que agora você me procure.  

 

Manuela estava de cabeça baixa apenas ouvindo a irmã falar.

 

- Bom, agora vou indo então. Mas, antes me diga uma coisa, você chegou a falar alguma coisa para o Guilherme?

- Claro que não, está maluca?

- Por que não Manu? Ele é praticamente seu marido.

- Mesmo assim, Clara, não tive coragem de falar, por que...

- Por que pensou que eu iria mudar de ideia, não é? - Falou Clara, completando a frase de Manuela.

- É... é isso mesmo. - Concordou Manuela envergonhada.

- E vai continuar omitindo isso dele?

- Não sei Clara, já disse para não me pressionar, ok?

- Tudo bem Manuela, relaxa. Não estou te pressionando, não quero mesmo que muitas pessoas saibam, só fiquei curiosa.

- Entendi.

- Agora vou indo.

- Tudo bem.

- Er... não se esqueça de tudo isso que te falei, preciso de você. - Falou Clara já perto da porta.

- Não me esquecerei, Clara, assim que conseguir colocar as ideias em ordem eu te procuro.

- Estarei esperando. - Reforçou a jovem. - Tchau, Manu.

- Er, Clara! - Chamou Manuela, antes que Clara fechasse a porta.

- Oi. - Respondeu Clara virando-se para a irmã.

- Eu não sou uma pessoa má, por favor, não pense isso de mim. - Falou Manuela, deixando evidente que estava com a consciência pesada por não conseguir agir de uma forma mais amável com a irmã.

- Não se preocupe, não penso isso de você. - Falou Clara séria. - Estarei te esperando, até logo.

 

 

Clara deixou a sala de Manuela num misto de dor e compreensão. Era incrível como o preconceito fazia as pessoas se tornarem frias, mesmo diante daqueles que mais amavam. Era assim que Clara via sua irmã, pois percebera que Manuela também estava vivendo um conflito interno entre seus próprios princípios e o amor que sentia por ela. Em vários momentos notou o olhar protetor de sua irmã, mas em contrapartida também viu a dureza e a intolerância presentes em sua fala.

 

- "Como pode um pessoa ficar com o coração tão endurecido assim?" - Pensava a morena, sentindo um aperto no coração. - "A Manu está tão presa em seu preconceito que não consegue acatar aquilo que seu coração pede. Tenho certeza que ela também queria chorar, naquele abraço pude perceber como sua cabeça está confusa."

 

Clara chegou até o carro e rapidamente se deslocou em direção a sua casa. Queria se afastar o mais rápido da clínica onde sua irmã trabalhava, como se isso fosse ajudá-la a também afastar os pensamentos, porém eles continuavam voltados para a conversa que tivera com Manuela.

 

-"Ai meu Deus, por que não consigo ficar mais tranquila, agora que sei que a Manu vai tentar me aceitar? Por que sinto esse aperto no coração?" - Clara estava incomodada com as sensações deixadas pelo encontro com a irmã. - "Posso parecer pessimista, mas acho que a Manu nunca vai me aceitar, acho que as coisas jamais voltarão a ser como era antes, entre nós duas, ela não vai amolecer aquele coração, por mais que sinta falta de mim, jamais ela irá concordar com meu namoro".

 

Clara refazia mentalmente a conversa com Manuela, tentando analisar a postura da irmã e perceber alguma possibilidade, ainda que fosse mínima, de se ter esperança em relação a sua aceitação.

 

- "O gestos da Manu foram tão contraditórios, ao mesmo tempo em que ela me abraçava eu também sentia uma certa resistência por parte dela, nossa, e quando eu falei sobre o Thiago, ela quis me proteger, isso é muito contraditório."- Pensava Clara sem desviar a atenção do trânsito. - "Aii, preciso encontrar logo com a Mari, ela sabe ser otimista, por que eu só consigo pensar no pior."

 

Clara continuava pensando na conversa, porém ao lembrar-se de Mariana, sentiu um grande peso na consciência, pois não conseguira demonstrar para Manuela a certeza de que queria se assumir para as pessoas, especialmente para seus pais. Na verdade, o que Clara fez foi exatamente o oposto, visto que acabara falando que não desejava que as pessoas descobrissem sobre elas.

 

- "Aii não posso contar toda a conversa para Mari, ela não vai gostar nada de saber que eu concordei com a Manu sobre talvez nunca contar para os meus pais sobre a gente. Aii meu Deus, como tive coragem de falar isso justo para Manu?? Realmente eu sou muito fraca, não me imagino mesmo contando para eles, nisso a Manu tem razão, sempre vacilo quando o assunto é esse. " - Pensou Clara, desanimada. - "Nossa, por falar na Mari, como será que foi a conversa com Sr. Augusto? Estou curiosa para saber, tomara que ela tenho tido mais sorte do que eu. Bom, já estou chegando, ligo para Mari lá de casa."

 

Logo a morena já estava em seu apartamento com o celular na mão para ligar para Mariana. Discou o número dela e se jogou na cama, esperando a loira atender.

 

- Amor? - Atendeu Mariana com a voz diferente.

- Oi meu amor, tudo bem? Que vozinha é essa?

- Ai, estou passando mal, estou com uma dor de cabeça forte. Mas e você, amor, como está? Como foi lá com sua irmã?

- Nossa Mari, então você precisa ficar deitadinha.

- Mas, quero saber como foi a conversa com a Manu, será que tem como você vir para cá, ao invés d'eu ir aí?

- Claro minha linda, já estou indo aí cuidar de você, mas, você está assim por causa da conversa com seu pai, Mari? - Perguntou Clara preocupada.

- Não amor, muito pelo contrário, a conversa foi ótima, aqui eu te conto melhor. Vem rapidinho pois quero saber de você.

- Está bem, só vou tomar um banho e já vou. Toma um remédio para a dor Mari.

- É, acabei de tomar. Vou ficar te esperando deitada na cama, você já sabe como entrar aqui. - Falou a loira se referindo à chave debaixo do tapete.

- Está bem, loirinha, logo chego aí. Um beijo.

- Beijo.

 

Clara tomou um banho rapidamente e seguiu para a casa da loira. Logo já estava em frente a porta de entrada do apartamento de Mariana. Pegou a chave que ficava embaixo do tapete e entrou silenciosamente. Caminhou até o quarto e lá estava Mariana com o travesseiro na cabeça, como se estivesse tentando aliviar a dor que sentia. Clara sentou na beira da cama e chamou a loira com a voz bem baixa.

 

- Mari, meu amor, cheguei...

 

A loira tirou o travesseiro da cabeça e pressionou as pálpebras para evitar que a luz forte atingisse suas vistas.

 

- Aii meu amor, só você mesmo para ficar com a luz acesa estando com dor de cabeça. - Falou a morena caminhando até o interruptor para apagar a luz. - Fica tranquila que agora cheguei para cuidar de você.

- Oi amor, chegou rápido, ainda bem, pois  já estava com saudades. - Disse a loira puxando Clara para se deitar com ela. - Como você está, Clarinha, me fala, como foi a conversa?

- Ei, calma, primeiro vamos cuidar dessa sua dor de cabeça, depois conversamos melhor. - Falou a morena de forma cuidadosa.

- Eu te amo, sabia? Amo a forma como você cuida de mim.

- Eu também te amo, linda. Vem cá, deita no meu braço que vou fazer uma massagem para melhorar sua dor. - Pediu Clara, já levando a mão na testa da loira. - Mari, você precisa ver isso direito, você sempre tem dor de cabeça, deve ser por causa da visão.

- Aham. ­- Apenas murmurou a loira.

- Fica quietinha então que logo vai melhorar - Falou Clara, dando um beijo na testa de Mariana.

 

A loira teve uma sensação boa no coração por ver que Clara esperava pacientemente que ela melhorasse para depois falar sobre a conversa com Manuela. Assim, Mariana silenciou a mente e ficou esperando que a dor passasse para voltar a conversar com Clara. Já a morena estava com um turbilhão de pensamentos na cabeça. Queria conseguir enxergar a conversa com a Manuela de uma maneira mais otimista, mas só pensava na forma fraca como se portara diante das insinuações da irmã em relação ao medo que ela sentia de contar tudo a seus pais.

 

Olhava para Mariana, que permanecia com os olhos fechados, o semblante meigo e pensou:

 

- "Como pode você ser tão corajosa, Mari? Conseguiu falar para seu pai e pelo jeito as coisas se acertaram. Agora fico pensando, será mesmo que meus pais reagiriam tão mal assim? Será que a Manu não está exagerando? Se bem que nem eu acredito que eles reagiriam amigavelmente, meus pais se sentiriam culpados, como se eu estivesse cometendo um crime. Meus pais não são cabeça aberta como o Sr. Augusto. Bem, na verdade o pai da Mari não é cabeça aberta, não posso falar uma coisa dessas, a Mari sofreu bastante, nem sei como foi a conversa também". - Clara voltou a olhar para Mariana - É, pelo jeito foi tudo bem, a Mari está com um semblante tranquilo.

 

Clara ajeitou o corpo para conseguir deitar de frente para loira e a envolveu completamente em seus braços, colocando a cabeça dela sobre seus seios. Queria sentir o corpo da jovem o mais próximo possível, pois só Mariana tinha o poder de fazê-la se esquecer das coisas que a incomodava. Porém, Mariana percebeu uma inquietação vindo de Clara e não conseguiu mais esperar, precisava ouvir como sua amada estava e como havia sido a conversa com Manuela.

 

- Amor, preciso saber como foi a conversa, estou percebendo que você está agitada.

- Não linda, pode descansar a cabeça. Depois eu te conto como foi. - Respondeu Clara ainda abraçando a loira, de maneira protetora.

- Amor, já estou melhor, me fala. Estou preocupada com você, dá para perceber que a conversa foi tensa, não foi? - Insistiu a loira, olhando diretamente nos olhos de Clara.

- É Mari, a conversa foi tensa sim, como eu já esperava.

- Ai linda, me conta então, quero saber de tudo. - Pediu a loira se ajeitando na cama para prestar atenção em sua amada.

- Bom Mari, como sempre a Manu continuou resistente a nosso namoro, nem quis tocar no assunto, foi super fria comigo. Eu já estava prestes a sair da sala dela, conformada com aquela frieza toda, mas aí me veio uma coragem e resolvi falar tudo o que estava entalado aqui. - Falou a morena levando a mão à garganta.

- O que você falou para ela?

- Ah Mari, falei que sou a mesma pessoa de sempre, pedi para que ela parasse de me tratar como uma estranha, tentei mostrar como o preconceito estava deixando ela cega, dentre outras coisas.

- Amor, me conta direito. Quero saber de tudo. - Pediu a loira ao ver que Clara estava com dificuldades para explicar o ocorrido.

- Tudo bem, vou te contar desde o começo. - Falou a morena ao perceber que Mariana não iria se dar por satisfeita com explicações vagas.

 

Assim a morena contou toda a conversa que tivera com Clara, omitindo apenas a parte em que ela havia concordado com Manuela sobre os pais. Mariana escutou tudo com o olhar compassivo e logo que Clara terminou de falar ela já quis dar sua opinião.

 

- Amor, embora a conversa tenha sido bem difícil para vocês, acho que esse foi um passo importante. Você pode até não ter percebido, mas a Manu demonstrou uma certa compreensão com essa situação. Ela percebeu que você está sofrendo, e isso é muito importante.

- A Mari, não consigo ver dessa forma. Ela deve ter ficado é com dó de mim e não é isso que quero da Manu.

- Não meu amor, você não está enxergando, mas a Manuela percebeu uma coisa fundamental para ajudá-la a te aceitar.

- O que?

- Ela percebeu que você não está fazendo isso apenas para se divertir ou se aventurar, agora ela sabe que tem sentimentos verdadeiros envolvidos aqui e que você não quis ficar com uma mulher apenas para experimentar, simplesmente aconteceu. Acho que você mostrou bem a ela o medo que tem de magoar seus pais.

- É, acho que nisso você tem razão, amor.

- É sim, Clarinha e pensa, ela te deu um abraço, ela que foi até você, ou seja, ela sente muito sua falta. Será questão de tempo até ela resolver te procurar. Deixa esse pessimismo de lado. Confie mais no amor que ela tem por você!

- Amor, durante todo o caminho da clínica até minha casa eu só pensava nisso.

- No amor da Manu por você? - Perguntou Mariana sem entender se era disso mesmo que Clara falava.

- Não Mari, eu pensava que quando te encontrasse você iria me deixar mais tranquila com seu otimismo. Você sempre consegue enxergar o lado bom das coisas, fico admirada com isso.

- Own, que linda...

- É verdade, Mari. No meio de tanta coisa ruim que falei desse encontro com a Manu, você pegou justamente a parte boa. Já eu só consegui pensar na parte tensa.

- Então pare de pensar no que é ruim, vamos dar esse tempo para Manu perceber as coisas. Se ela está disposta a tentar te entender isso já é um grande passo. Lembra da última vez que vocês se encontraram, quando ela disse que nunca apoiaria isso?

- Lembro. - Disse Clara balançando a cabeça.

- Então, agora ela já pensa em te entender. Vamos com calma gatinha, um passo de cada vez.

- Só você mesmo para conseguir me deixar calma. Obrigada amor, por me entender, por me tranquilizar e por ser tão compreensiva com a Manu.

- Não precisa agradecer, linda. Sou sua namorada e estarei sempre do seu lado. - Falou a jovem dando um beijo em Clara. - Eu gosto muito da Manu, ela é uma pessoa boa, mas que vive presa às coisas que ela acredita ser o certo. Muitas pessoas são assim, por que foram criadas desse jeito.

- Você está coberta de razão, Mari. A Manu é desse jeito, embora ela seja uma pessoa boa, ela tem dificuldades de apoiar aquilo que lhe foge dos princípios que aprendeu em casa.

- Eu acredito que a forma como alguns princípios são passados de geração em geração acabam por incitar ainda mais o preconceito. Não falo de forma genérica, mas em alguns casos acontece sim. O preconceito é passado de geração em geração sem que as pessoas percebam que na verdade estão discriminando uma forma de vida, uma raça ou uma opção sexual.

- É, eu falei um pouco disso com a Manu.

- Então pode ter certeza que ela vai refletir sobre isso. Amor, a Manuela é uma pessoa inteligente, ela não vai querer perder o amor da irmã por causa de seu orgulho. Fica tranquila que ela vai te procurar sim.

- Já estou mais tranquila por estar aqui com você. - Falou Clara de maneira apaixonada.

- Eu quero ficar sempre assim com você.

- Eu também. - Disse Clara, beijando Mariana. - Mas agora é sua vez de contar. Como foi com seu pai?

- Amor, estou tão feliz!!! - Falou a loira com um sorriso no rosto. - Tive um encontro emocionante com meu pai.

- Ai, quero saber tudo, me fala amor, todos os detalhes. - Pediu Clara feliz por saber que tinha corrido tudo bem.

- Bom, quando eu cheguei lá apenas a Andrea estava em casa e por incrível que pareça ela foi super gentil comigo. Disse que fazia algum tempo que estava querendo conversar comigo e que não tinha preconceito.

- Nossa amor, que ótima notícia.

- É sim. Ficamos conversando um tempão e quando eu estava falando do meu pai ele apareceu do nada na cozinha, eu tomei um susto e ao mesmo tempo fiquei emocionada por vê-lo. Então eu não aguentei e corri para abraçá-lo e fui correspondida. Meu pai disse que estava disposto a me aceitar, ele quer me ver no casamento dele e também não quer que eu me afaste de sua casa.

- Ai, estou tão feliz por você. - Falou Clara mais uma vez, abraçando a loira. - Eu sabia que o Sr. Augusto não iria conseguir ficar longe de você.

- Na verdade, eu também sabia, sempre acreditei nisso. Por isso que te falo meu amor, seus pais também irão te aceitar, sei que eles têm o mesmo amor por você.

- Mari, é totalmente diferente. - Falou Clara, mudando a expressão do rosto. - Seu pai nem é da igreja, já os meus são. É bem diferente, não dá para se comparar, são realidades diferentes.

 

Mariana percebeu uma nova resistência de Clara ao tocar no assunto sobre seus pais, então decidiu não falar mais nada sobre aquilo.

 

- Tudo bem amor, vamos mudar de assunto. Tenho uma outra notícia para te dar.

- Notícia boa? - Perguntou Clara receosa.

- Sim, uma ótima notícia.

- Ai, fala logo então, amor, sou curiosa.

- Bom, hoje eu ganhei uma semana a mais na Itália!! Vou fazer um workshop sobre os bens tombados pela UNESCO. Vai ser uma semana antes do curso que farei lá também.

- Nossa!!! Mas você está com muita sorte, loirinha, que ótima notícia, você merece meu amor.

- Obrigada, linda! - Agradeceu a loira, dando um beijo estalado na bochecha de Clara.

- Hum, mas isso quer dizer que eu ficarei sem minha namorada por um mês?

- Ai, verdade, não tinha pensado por esse lado.

- Ah, mas um mês passa rápido, amor, e você tem que aproveitar essa oportunidade. Vou ficar com muitas saudades, mas estarei aqui te esperando.

- É muito bom ouvir isso. - Disse a loira levando a mão ao rosto de Clara e lhe dando um beijo na boca. - Eu amo você, Clarinha.

- E eu amo você, loirinha. Acho que apesar dos pontos ruins, temos mais motivos para comemorar hoje, o que você acha?

- Humm, só se for uma comemoração caseira, bem particular.

- Hum, o que você está sugerindo hein, gatinha?? - Perguntou Clara, entrando no jogo malicioso de Mariana.

- Estou sugerindo que a gente faça AQUELA comemoração que só nós duas sabemos fazer.- Falou Mariana toda sugestiva.

- Hummm, entendi, mas tinha alguém aí que estava com dor de cabeça agora há pouco. - Falou Clara fazendo doce.

- Quem? - Perguntou a loira se fazendo de desentendida e subindo do colo de Clara.

- Meu Deus, um mulherão desse no meu colo, assim fica difícil resistir né.

- E quem disse que é para resistir??? - Falou a loira tirando a própria blusa e expondo os belos seios sob o olhar devorador de Clara.

- Aí já foi demais. - Disse a morena, virando-se por cima de Mariana de forma habilidosa. - Vou te mostrar qual o preço que se paga por me provocar assim.

 

Clara segurou as duas mãos de Mariana que estavam jogadas na cama acima de sua cabeça e começou a morder seu pescoço.

 

- CLARAAA, NÃOO!! VAI FICAR MARCADO! - Gritou a loira.

- Ahh, agora é tarde para gritar loirinha, só paro se você conseguir se soltar de mim. - Falou Clara de forma sensual, segurando forte os punhos da loira e causando várias marcas vermelhas no pescoço da jovem.

- CLARAAA, NÃO OUSEE...

 

Antes de Mariana terminar a frase, Clara já estava dando um ch*pão no pescoço de Mariana, próximo à nuca da jovem.

 

- AGORA VOCÊ ME PAGA!!! - Gritou a loira mais uma vez esperneando debaixo do corpo de Clara.

- Ah, mas você está muito fraquinha, Mari, assim não vai sair nunca debaixo de mim.

- CLARA, EU ESTOU FICANDO NERVOSA, ME LARGA!!

- Own, é claro que está nervosa, você está até vermelhinha, tão linda. - Debochou a morena.

 

Mariana continuava ouvindo as provocações de Clara e, esta, ria cada vez mais de seu nervosismo. A jovem tentou escapar a todo custo dos braços fortes da morena, porém ela a segurava de tal forma que Mariana continuava presa, sem nem ao menos conseguir esboçar qualquer tipo de reação.

 

- Clara, quando eu me desprender daqui você vai se arrepender, ou não me chamo Mariana!! - Falou a loira por entre os dentes. Porém Clara continuava segurando a loira e rindo de seu nervosismo.

- Mari, você tem que ver como você fica linda toda nervosinha.

 

Mariana continuava irritada, porém não podia negar que aquela atitude de Clara estava a deixando completamente excitada.

 

- Carinha linda você vai ver já já, quando eu conseguir escapar daqui. - Esbravejou a loira.

 

Clara permanecia por cima de Mariana, rindo de suas provocações e de suas tentativas para se livrar de seus braços. Foi então que Mariana percebeu que não iria conseguir se soltar das mãos de Clara e decidiu mudar de estratégia.

 

- Tudo bem, tudo bem, você venceu. Hoje vou ser completamente submissa, faz o que quiser comigo, amor, não vou relutar mais.

- Hã?? Tudo o que eu quiser?? - Perguntou Clara com um sorriso malicioso no rosto.

- Tudo, está vendo esse corpinho aqui... - Falou a loira lançando um olhar para o próprio corpo. - ... étodo seu, pode usar e abusar...

- Posso deixar marca onde eu quiser? - Perguntou a morena já enfeitiçada pela estratégia sedutora de Mariana.

- Onde você quiser - Sussurrou a loira.

 

Clara estava caindo direitinho nos planos de Mariana para reverter a situação que nem percebera que já havia afrouxado as mãos que estavam segurando os punhos da loira. A jovem por sua vez, se aproveitou daquele momento de descuido de Clara para deixá-la ainda mais hipnotizada.

 

- Antes de você começar a fazer o que quiser, vem aqui... - Disse a loira ainda mais sensual, passando a língua em seus próprios lábios. - Vem, começa sugando minha língua, meus lábios...

 

Nessa hora Clara nem se lembrou mais que estava segurando Mariana e desceu a boca até os lábios da jovem, sugando-os com força. Clara pensava que Mariana estava totalmente rendida, mas na verdade era ela quem estava fazendo as vontades da loira. Assim, Mariana aproveitou-se da distração da morena e cuidadosamente abriu a gaveta do criado-mudo que ficava ao lado de sua cama, pegou um objeto e discretamente o escondeu embaixo do travesseiro, enquanto Clara permanecia sugando seus lábios e sua língua de forma concentrada.

 

Foi então que, com a mesma habilidade que Clara utilizara antes, Mariana virou-se por cima da jovem, prendendo seu corpo por entre suas pernas. Até então Clara estava achando graça, pois ainda não tinha se dado conta de que Mariana estava aprontando algo.

 

- Loirinha, então esse que é o seu jeito submisso?

- Não...  - Respondeu a loira com um sorriso enigmático, levando as duas mãos de Clara para próximo à cabeceira da cama. - Na verdade meu amor... esse é o SEU jeito submisso!

 

Ao terminar a frase a loira já havia prendido de forma veloz as duas mãos de Clara em uma algema.

 

- MARIANA, QUE NEGÓCIO É ESSE???? - Gritou Clara assustada. - MARIANA, ME SOLTAA, ESTOU MANDANDO!!

 

A loira olhava para Clara, que estava agora presa pelas duas mãos na cabeceira da cama e não conseguiu conter o riso.

 

- Quem está no comando agora?

- Ma- Mariana, me solta, não estou brincando. - Falou Clara, mais uma vez, deixando visível sua cara assustada.

- Agora é minha vez de fazer o que eu quiser. - Falou a jovem ignorando o nervosismo de Clara.

- MARIANA, NÃOO. EU DISSE PARA ME SOLTAR!!!

-  Não solto! - Respondeu a loira bem próxima ao rosto de Clara. - Agora você vai ver como é bom me provocar!!

 

Logo Mariana começou a tirar a calça de Clara, que tentava a todo custo resistir balançando as pernas. Porém Mariana achava ainda mais graça da situação e continuava tirando as peças de roupa de Clara, até deixá-la completamente nua da cintura para baixo.

 

- Ma-Mariana, o que você vai fazer?? - Perguntava a morena assustada.

- Calma gatinha, só vou pegar o que é meu! - Falou Mariana abocanhando o sex* de Clara.

 

A morena começava a experimentar uma mistura de sensações, pois ao mesmo tempo que sentia raiva por estar presa contra sua vontade, também não podia negar que era maravilhoso sentir a boca de sua amada lhe sugando com tanta habilidade. Clara estava extasiada e logo Mariana começou a provocar ainda mais a morena tirando a boca de seu sex*.

 

- Nãooo, pelo amor de Deus, não para... não para!!! - Implorou a jovem.

- Tsc, tsc, tsc. - Pronunciou a loira ao mesmo tempo em que balançava o dedo em negativa. - Eu que mando hoje, vou te deixar louca, meu amor.

 

Clara sentiu a excitação triplicar ao ouvir aquelas palavras de Mariana e, de forma abobalhada,  apenas acompanhou com o olhar a loira ficar em pé na cama, de frente para ela.

 

- Ma-Mari, por favor, o-o que você vai faa-zer. MARIIII

 

A loira começou a tirar o short de forma sensual ficando apenas de calcinha. Clara forçava o punhos, na tentativa de se desprender das algemas, porém era em vão.

 

- Mari, por favor, me solta...ME SOLTA, MARIANA! - Falava Clara desesperada com o olhar devorador para Mariana. A loira por sua vez apenas balançava a cabeça, negando o pedido de sua amada.

 

Mariana passava o pé pelo corpo da jovem de forma sensual e esta sentia instantaneamente até as partes mais íntimas ficarem arrepiadas. Logo Mariana tornou o momento ainda mais torturante para Clara, pois começara a tirar bem devagar a própria calcinha, expondo agora, toda a beleza de sua nudez. Clara olhava fixamente para o sex* de Mariana, com uma parte de seu corpo semi levantada.

 

- Ai meu Deus, isso é tortura demais para uma pessoa só! - Falava a morena ofegante.

 

Mariana continuava com o sorriso safado para ela e para aumentar ainda mais a tortura, começou a passar as mãos por seu próprio corpo de maneira provocante. Apertou os seios e foi descendo a mão até a barriga, quando ia tocar o próprio sex*, perguntou para Clara:

 

- É aqui que você quer tocar? - Sua voz exalava sedução.

- Si-sim, é.. é Mari... eu quero... deixa eu tocar... me solta...

- Quer tocar assim? - Falou a loira tocando o próprio sex*.

 

Nessa hora Clara enlouqueceu de vez e começou a implorar para que Mariana lhe deixasse tocá-la.

 

- Mariii, por favor, eu te imploro, me deixa te tocar, eu quero... eu quero te ch*par Mari... - Clara falava tão rápido e ofegante que apenas sua voz estava deixando Mariana completamente molhada. - Vem Mari, senta na minha boca...

 

A loira colocou uma perna de cada lado da morena deixando uma visão privilegiada para ela e continuou com a provocação.

 

- Quer me ch*par?? - Falou com a mão em seu próprio sex*. - Então fala, quem manda aqui?

- Você, você que manda loirinha... você... - Clara nem pensava mais para responder, pouco estava se importando de se comportar de maneira tão submissa. Apenas queria sentir o corpo de sua amada. - Por favor amor, olhar somente é uma tortura, quero te sentir...

 

Mariana também já estava louca de desejo por ver sua amada lhe implorando daquela forma e foi logo andando com as pernas abertas até chegar à cabeça de Clara, inverteu a posição para poder também ter acesso ao sex* da jovem e sentou cuidadosamente sobre o rosto da morena, descendo ao mesmo tempo a boca ao ponto de prazer de Clara. Mariana nunca tinha visto a morena tão molhada daquele jeito e sem mais enrolar começou a sugar o sex* dela na mesma velocidade em que esta lhe sugava o seu.

 

Estava perfeita a posição 69formada por elas e o fato de Clara estar presa pelas mãos a fazia sentir um prazer ainda maior. Mariana brincava com a língua no ponto sensível de sua amada e esta por sua vez retribuía o carinho com leves mordidas no clit*ris de Mariana. Aquele momento estava tão prazeroso que as duas jovens não conseguiram segurar por muito mais tempo e logo soltaram gritos de prazer ao alcançarem juntas um forte orgasmo.

 

Mariana deixou o corpo cair de lado e apenas esperou sua respiração voltar ao normal para levar sua boca até a de Clara.

 

- Eu te amo. - Disse a loira, agora carinhosa.

- Aii, também te amo, loirinha. - Respondeu a morena ainda ofegante. - Mas será que agora dá para me soltar?

- Está bem! - Falou Mariana sorrindo. - Se bem que está tão linda assim, presa...

- Mariana!! Nem pensar, me solta. - Falou Clara tentando esconder a vontade de rir.

- Ah, só mais um pouquinho, pode?

- Não não, me solta Mariana, ou eu me vingarei!

- Ai, que feio amor, vingança é algo tão ruim, vai me dizer que você não gostou? - Perguntou a loira dando um beijo no pescoço de Clara.

- Me solta que eu te falo o que achei dessa sua ousadia.

- Mas, primeiro promete que não vai fazer nada comigo!

- Como posso prometer uma coisa dessas?? - Falou a morena tentando bancar a esperta. - Estou louca para fazer um monte de coisas com você!

- Humm, e por acaso eu vou gostar desse monte de coisa?

- Vai adorar!- Provocou a jovem.

- Clara Pinheiro, eu te conheço muito bem, sei que você já está pensando em aprontar algo comigo. Não vou cair nessa sua sedução. - Falou Mariana, tentando não se render aos encantos da morena - Vamos, prometa que não vai aprontar nada comigo que aí eu te solto agora mesmo.

- Você é jogo duro, loirinha, tudo bem, eu prometo. - Disse Clara rendida.

- Agora sim. - Falou Mariana dando um beijo na boca de Clara. - Vou te soltar, meu amor.

 

A loira pegou a chave da algema que estava na gaveta do criado-mudo e soltou Clara.

 

- Caramba amor, olha meus pulsos como ficaram. - Clara mostrava os dois pulsos vermelhos para a jovem que fingia cara de dó para ela. - AMOR!! É sério, olha, culpa sua!

- Own minha linda. Está bem, vou dar beijinhos para sarar. - Falou a loira respondendo ao dengo de sua amada.

- Amor, você quando quer é cruel! - Brincou Clara. - Só causei algumas marcas no seu pescoço, precisava fazer isso comigo?

- Nem me fala! Como vou trabalhar amanhã com esse ch*pão no pescoço, hein??

- Ah, nem dá para perceber, coloca o cabelo na frente.

- É né, vai ser a solução, sua aproveitadora de pessoas frágeis. - Falou a loira divertida.

- Frágeis??? Desde quando uma pessoa frágil possui algemas escondidas no quarto?? - Retrucou Clara. - E por falar nisso, posso saber onde a senhorita arranjou essa algema?

- Ah meu amor, comprei esses dias, queria fazer uma surpresa para você, mas acabei usando ela antes do previsto. - Falou a loira um pouco envergonhada.

- Meu Deus, como pode ter esse rostinho todo meigo e por trás ser essa mulher malvada?? - Disse Clara inconformada.

- Ai amor, que isso, não sou malvada, mas você me provocou. - Justificou a jovem.

- Agora já sei o furacão que tem aí dentro. Pode deixar que pensarei duas vezes antes de te provocar. Agora chega de papo, vem aqui, me dá um abraço gostoso.

- Claro, minha linda. - rendeu-se a loira, dando um forte abraço em sua namorada. - Amor, foi tão gostoso, tão bom ver sua carinha de excitada.

- Nossa, Mari, você me deixou louca, estava quase quebrando a cabeceira da sua cama. - Falou Clara rindo de si mesma.

- Estava linda. - Disse a loira beijando os lábios sorridentes de Clara. - Você fica linda de qualquer jeito.

- Te amo, loirinha. - Falou Clara, sentindo um frio gostoso no coração.

- Te amo. - Respondeu a Loira, compartilhando a mesma sensação. - Estou tão feliz.

- Eu também amor, nunca estive tão feliz antes. - Concordou Clara.

- Não quero que nada estrague essa felicidade, não quero mais ficar sem você.

- E nem eu quero ficar sem você. - Disse a jovem fazendo carinho no rosto de Mariana. - Você me faz tão bem, Mari, me sinto mais forte com você.

- Agora as coisas estão se ajeitando, fiquei ainda mais otimista com tudo o que aconteceu hoje com a gente.

- É sim linda... é sim. - Concordou Clara, tentando mostrar a mesma firmeza que Mariana. - Mas então, a comemoração já acabou?

- Claro que não, apenas começamos. Mas, estou com fome agora, será que está tarde para pedirmos uma pizza?

- Pizza, Mariana?? - Falou Clara, assustada. - Meu Deus, como pode manter esse corpinho comendo tanto assim?

- Ai amor, nem como tanto, vai, topa pedir uma pizza?

- Está bem, vamos pedir então.- Aceitou Clara dando risada do apetite de Mariana. - Mas depois você vai ter que me ajudar a perder esses quilinhos.

- Humm, isso é fácil meu amor. Vou colocar você para se exercitar aqui, na minha cama. - Falou a loira, piscando o olho para a jovem.

- Assim não dá mesmo para resistir. Vamos então. - Chamou a morena já se levantando da cama.

- Vamos!! - Respondeu Mariana, se encaminhando para a sala.

- Eiii, não vai vestir uma roupa?

- Não, está ótimo assim.

- Ahh não, como vou conseguir comer olhando para você sem roupa?? - Perguntou a morena, que já estava vestindo sua blusa.

- Pode comer pizza com Mariana então, eu deixo. - respondeu a jovem deixando Clara com cara de boba no quarto.

- "Essa mulher ainda me mata" - Pensou a morena antes de ir para sala atrás de seu amor.

 

 

Fim do capítulo


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Comentários para 25 - Capítulo 25:
Lana queen
Lana queen

Em: 05/09/2016

Oi Gi

 Chorei nesse capítulo com os pai da Mari e com a conversa da Claranja com a irmã como pode o preconceito ser tao duro assim, como se a pessoa mudasse, deixasse de ser quem sempre foi porquestra simplesmente Ama uma pessoa do mesmo sexo...Não consigo Entender por mais que eu tente...Essas duas que fogo...Mari safadinha tinha algemas kkkkkk 

Beijos

Paty


Resposta do autor:

Olá,

 

O preconceito ainda é muito forte, especialmente em famílias tradicionais ou religiosas. As pessoas não enxergam que viver um relacionamento entre pessoas do mesmo sexo nem sempre (quase nunca mesmo) é uma escolha ou um capricho... simplesmente acontece e não se pode controlar.

 

Apesar de toda tensão, as duas deram um jeitinho de relaxar né, kkkkkk. Fundamental! ;)

 

Beijos

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Laryssa Stark
Laryssa Stark

Em: 17/09/2015

Giiii, já está completando 200 comentários, uhuuuuuuu


Resposta do autor:

Opaaa... completamos mais de 200, rsrs

 

Devo isso à todas vocês, leitoras queridas!

 

Muito obrigada. Beijos

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