Capítulo 23
Clara já se encontrava em sua cama, quando resolveu pegar o celular para ligar para Mariana.
A morena havia passado rapidamente no prédio onde Fred morava e seguido sem demora com seu carro para casa, pois o horário já estava bastante avançado. Quando chegou em casa, deixou apenas as boas sensações tomarem conta do seu interior, e ficou pensando em como era perfeito as noites em que passava com Mariana. Ao lado dela, sempre tinha a sensação de estar no lugar no qual ela fora destinada a estar. Assim, logo que chegou em seu apartamento, tomou logo seu banho e deitou-se na cama para ligar para sua loirinha e ouvir novamente sua voz.
- Volta para cá Clarinha. - Foram primeiras palavras pronunciadas pela loira ao atender a ligação de Clara.
- Aii minha linda, não fala assim, vontade não me falta. - Respondeu Clara sentindo o peito se encher de boas sensações.
- Mas me diga, chegou bem em casa?
- Cheguei sim, Mari, fui tomar um banho antes de te ligar, agora já estou aqui deitadinha na cama, pronta para dormir. - Falou a morena com a voz manhosa.
- Hum, queria estar aí com você, mas, já estou tão feliz de ter passado o fim de semana ao seu lado que me contento em apenas ouvir sua voz.
- Eu também Mari, é tão bom ouvir sua voz antes de dormir, essas semanas foram complicadas para conseguir pegar no sono.
- Foram mesmo. - Concordou a loira. - Mas, agora devemos olhar para frente, estamos juntas novamente.
- Ai Mari, você me traz tanta paz, obrigada por me desculpar por tudo o que eu fiz, você é linda.
- Claro que eu te desculparia, pois sabia que tudo aquilo que você falava não vinha do coração. Você não me engana fácil, mocinha... - Falou a loira se sentindo.
- Ainda bem então, pois achei que você iria me expulsar da sua casa. - Falou a morena se recordando do momento em que entrara no apartamento de Mariana. - Nossa, eu estava tão nervosa.
- Clarinha, quando eu vi seu reflexo no espelho achei que estivesse delirando, nunca vou me esquecer dessa cena.
- Também não me esquecerei... ai aii... - Suspirou ao se recordar da imagem da loira. - Mari, agora vou fechar os olhos e imaginar você aqui comigo.
- Acho que alguém vai dormir já já hein?! - Falou Mariana, já prevendo que a morena dormiria com ela no telefone.
- Posso, Mari? Posso dormir escutando sua voz? - Pediu Clara com a voz manhosa.
- É claro que pode, linda, posso ficar a noite toda falando coisas no seu ouvido para você dormir.
- Fala loirinha. -A voz da morena saíra extremamente baixa e fraca, como se ela já estivesse quase dormindo.
- Falo... -Respondeu Mariana no mesmo tom de voz de Clara. -Eu falo que você muda meu dia, me faz feliz só com um sorriso, eu sou louca por você Clara, gosto de tudo em você... seu perfume amadeirado, seus cabelos pretos e o jeitinho que você os joga para o lado, gosto do jeito que você fala, da forma como você mexe a boca em algumas expressões, gosto do seu abraço, aiii, o seu abraço! Me sinto tão segura nele.
A loira falava como se de fato a morena estivesse ao lado dela.
- Clarinha eu gosto de ficar olhando para você, os traços do seu rosto são tão perfeitos, parece que foi desenhado por um artista. Eu.. eu sou louca por você... er... eu te amo, Clara...
Um silêncio se fez do outro lado da linha.
- Clarinha? -Chamou a loira, com a voz muito baixa. - Dormiu, né? Não tem problema, sabia que você dormiria. Tenha uma ótima noite, sonhe com os anjinhos. Eu amo você!
A loira desligou o celular e se aconchegou na cama, procurando também relaxar a mente em uma noite profunda de sono, depois de ter passado um fim de semana maravilhoso ao lado da mulher, dona do seu coração.
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Clara acordara no dia seguinte com a música de seu celular tocando, muito próximo de seu ouvido. Pegou o celular de forma assustada e desligou aquele som alto, procurando ainda se localizar aonde estava.
- "Ai, estou em casa, nossa, parece que tive um sonho... um lindo sonho com minha loirinha..." - Pensou suspirando. - "Sonhei que ela estava aqui, me fazendo dormir. Aii foi tão bom. Ela falava coisas bonitas ao pé do meu ouvido."
A morena permanecia deitada tentando refazer mentalmente as palavras que Mariana lhe falara no sonho.
- "Aiii, foram tantas coisas lindas que ela me disse, será que foi sonho mesmo? Afinal, ontem eu dormir com a voz doce dela no telefone, como é bom... - Clara voltou a pegar o celular para conferir a hora e quando se deu conta de que já era quase 7h30m, levantou-se como num salto da cama. - Meu Deus, estou atrasada!!
Rapidamente a morena trocou de roupa e seguiu para o escritório, pois tinha uma reunião agendada. Depois de ficar quase duas horas ouvindo os relatos de seus clientes, os dois se despediram da advogada deixando-a finalmente sozinha em sua sala. Porém, antes de fechar a porta, Clara pediu para que Larissa, providenciasse algumas cópias de documentos que ela precisaria para colocar na pasta de seus clientes.
Assim que terminou de pedir as papeladas para sua estagiária, Clara sentou-se à sua mesa e começou a pensar na conversa que precisaria ter com o Henrique.
- "Como vou fazer para falar com o Henrique sem dar brecha para ele pensar que estou escondendo algo? Aii Mari, só você mesmo para me fazer falar com aquele traste de novo. Não acredito que ele tenha visto alguma coisa, na verdade, o que eu mais temia era que ele tivesse visto eu beijando a Mari." - Logo que Clara terminou aquele pensamento, começara a balançar a cabeça em negativa. - "Não, nãooo! Para com isso Clara, óbvio que ele não viu nada. Ai, não sei por que sempre me vem isso na cabeça."
A morena continuava tão distraída em seus pensamentos que nem escutara Larissa batendo na porta.
- Dr. Clara... Dr. Clara...
- Er.. hã.. oi.. oi Larissa, me desculpe. Pode entrar.
- Com licença, desculpe atrapalhar, Dr. Clara, só vim deixar os papéis que você me pediu. - Disse a jovem um pouco sem graça por perceber que havia tirado a advogada de seus pensamentos.
- Imagina, não precisa pedir desculpas, Larissa, eu que estava distraída aqui. - Respondeu Clara, pegando os papéis da mão da estagiária. - Obrigada!
Tão logo a estagiária saiu da sala e Clara já voltara a pensar em uma forma de abordar o assunto com Henrique.
-"Preciso pensar no que vou falar,não posso apenas ligar para ele e dizer que quero conversar, ele me conhece bem, vai achar aquilo estranho, vai perceber na hora que tenho alguma intenção por trás daquela conversa. Preciso demonstrar naturalidade, mas como fazer isso?"
A morena não conseguia pensar em nada. Para ela, qualquer forma que arranjasse de conversar com Henrique o faria desconfiar de algo. Assim, acabou desistindo de continuar pensando naquilo e dedicou-se inteiramente ao trabalho no restante das horas que faltavam para o almoço. Quando finalmente dera 12h, a morena saiu com o carro para um restaurante, foi então que uma ideia surgiu em sua mente.
- "Caramba, já sei o que fazer! O Henrique sempre almoça no restaurante perto da concessionária em que trabalha. Vou para lá, tentar provocar um encontro casual. " - Pensou animada, já se encaminhando para o restaurante.
Ao chegar lá procurou disfarçar, mas não conseguia parar de olhar para cada mesa do restaurante a procura de Henrique. Porém percebeu que o jovem ainda não estava lá, assim, serviu seu prato e sentou-se em uma mesa que tinha uma visão estratégica para a porta de entrada do restaurante. Assim, enquanto comia, também vigiava a entrada na esperança de que o Henrique chegasse.
Terminara de fazer sua refeição e nada do jovem aparecer...
-"É, acho que foi perda de tempo ter vindo aqui." - Pensava a morena desanimada. Olhou para o relógio e viu que já iria dar 13h30m, então decidiu retornar para o escritório. - "Desisto, ele não vai aparecer, acho que ele nem trabalha mais naquela concessionária. É, realmente foi idiotice vir aqui."
A morena caminhou até o caixa, pagou a conta e saiu do restaurante. Porém quando estava virando a esquina para pegar seu carro, deu de frente com Henrique.
- Meu Deus, Cla- Clara? - Disse o jovem assustado.
- Caramba Henrique, que susto.
- Er.. me-me desculpe, nossa que surpresa, jamais poderia imaginar que te encontraria aqui. - Falava Henrique ainda com expressão assustada.
- É, nem eu imaginei te encontrar aqui. - Disfarçava a jovem.
- Mas, er... co-como você está, tudo bem? - Gaguejava o jovem nervoso, diante da presença da morena.
- Eu estou bem Henrique, er... foi bom te encontrar aqui, queria conversar com você. - Aproveitou-se para iniciar a conversa que tanto queria ter com ele.
- Co-conversar? - Henrique não consegui parar de gaguejar, era incrível como Clara conseguia forjar uma postura que intimidava as pessoas quando ela queria.
- Sim Henrique, é bem rápido. Apenas gostaria de te pedir desculpas por aquele telefonema. Foi um mal-entendido, eu te confundi com outra pessoa.
- Er.. Clara, será que podemos sentar um pouco em algum lugar?
- Acho melhor não, vamos conversar aqui mesmo Henrique, como falei, a conversa será breve. - Falou a jovem.
- Vamos pelo menos sentar ali naquela pracinha? - Insistiu o jovem apontando para um banco vazio na praça.
- Ok, vamos.
Os dois caminharam até lá e voltaram a conversar.
- Er, Clara, você falou um monte para mim naquele dia, nem tive a oportunidade de me defender. No começo pensei que fosse ainda por causa de seu pai, er.. - O jovem abaixara a cabeça nessa hora. - ... eu me sinto muito mal por ter causado tudo isso ao Sr. Antônio, eu realmente não quis isso. Mas...
- Ai Henrique, vamos esquecer esse assunto, ok? - Falou a morena cortando a fala do jovem um pouco impaciente, pois ainda não havia o perdoado e não queria brigar com ele.
- Tudo bem, vamos esquecer. Mas me diga Clara, o que aconteceu para você me ligar daquele jeito? Acho que nunca tinha te visto tão nervosa assim, er... por que você estava achando que eu queria controlar sua vida? - Perguntou o jovem com cautela, mas mostrando curiosidade.
- Henrique, er.. eu... - Clara estava um pouco confusa em relação ao que iria contar para o Henrique e acabou comentando da ameaça. - ... eu recebi uma ameaça de alguém, pensei que fosse você. Essa pessoa não quer me ver er.. namorando.
- Espera aí Clara, como assim, estão te ameaçando? Alguém quer te fazer mal? - Perguntou o jovem com raiva.
- Eii, calma aí Henrique, não vamos mudar o foco da conversa. Essa pessoa não quer que eu continue com o rapaz que estou ficando. - Mentiu - E como você andou me seguindo, eu acabei achando que fosse você.
- Então você está namorando? - Perguntou o jovem triste.
- Isso não te interessa, Henrique, vim aqui para te pedir desculpas e te perguntar uma coisa.
- Tudo bem, pode perguntar.
- Você disse que me seguiu por algumas semanas, será que em algum desses dias você percebeu outra pessoa me seguindo?
- Você está com medo não é Clara? Medo de ser descoberta...
- DO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO MENINO???? - Falou alterada.
- Eu te vi Clara, você pensa que não, mas eu vi você e aquela sua... amiga... - O jovem falava ainda de cabeça baixa, como se não estivesse acreditando que tivera coragem para falar aquilo.
- Não sei do que você está falando... - Respondeu Clara já nervosa e sem saber ao certo o que falar.
- Clara, não sou cego, eu vi você beijando aquela mulher.
- VOCÊ ESTÁ MALUCOO!!! ELA.. ER.. ELA É MINHA AMIGA!
- Clara, pelo que eu saiba, amigas não se beijam na boca. - Falou irônico, deixando Clara completamente desnorteada. - Mas eu sei o que está acontecendo, eu sei Clara, foi por minha culpa, eu que fiz você ficar daquele jeito. Mas, me dá uma chance de mostrar que eu mudei, eu sou outro homem agora, você não precisa buscar em outros lugares, nem querer experimentar coisas novas... eu..
- CALA ESSA BOCA!!!! VOCÊ NÃO SABE O QUE ESTÁ FALANDO. - Gritou Clara.
- Calma Clara, estamos no meio da rua, as pessoas vão olhar. - Disse o jovem tentando tranquilizar Clara. Esta por sua vez olhou para os lados e percebeu que tinha algumas pessoas olhando para eles e logo voltou a se controlar.
- Tudo bem, vou manter a calma, mas para de falar o que você não sabe!!
- Eu não sei?? Clara, por favor né, você vai mesmo insistir em fingir que não aconteceu nada entre você e aquela loira? Eu vi vocês se beijando e também vi a forma como vocês trocavam olhares e ficavam uma alisando o rosto da outra.
Clara estava totalmente sem ação. Não sabia o que falar, pois não esperava que o Henrique teria visto todas aquelas cenas entre ela e Mariana. Sentiu um pouco de vergonha e ao mesmo tempo medo de ser chantageada pelo ex- namorado.
- Vai ficar muda? Será que não mereço pelo menos uma explicação?
- Henrique, eu não tenho que te explicar nada! A vida é minha e o que eu faço ou deixo de fazer só interessa a mim.
- Não interessa nem à sua família, ou às pessoas que te amam? - Perguntou o jovem com o semblante enigmático.
- O que você está insinuando Henrique? - Perguntou a morena tentando disfarçar o desespero.
- Clara,aquele dia em que eu fui até a casa de seus pais eu acabei falando para o Sr. Antônio que vi você beijando uma mulher.
- O QUE???? - Clara voltou a gritar, agora não mais escondendo o desespero. - PARA HENRIQUE, VOCÊ NÃO FEZ ISSO... NÃO FEZ!!!
- Fiz Clara, eu... er... eu estava louco, queria achar uma solução para trazer você de novo para mim e pensei que com esse fato o Sr. Antônio me ajudaria. Mas aí ele ficou transtornado de raiva e partiu para cima de mim. Foi então que ele caiu e bateu com a cabeça.
- Não, não pode ser, não pode ser!! Meu pai...ele não pode saber... - Clara estava com as duas mãos na cabeça, olhando para baixo. Não se dera conta, mas a sua reação acabara de dar a confirmação a Henrique de que ela realmente estava envolvida com uma mulher.
- Então é tudo verdade, né Clara, você está com uma mulher. Meu Deus, não posso acreditar nisso.
- Como você pôde fazer isso comigo, Henrique?? Como?? Já não bastava tudo o que você me causou, agora isso também? - Clara já estava chorando. Tinha a expressão tão preocupada que nem conseguira mais levantar a voz para brigar com Henrique.
- Clara, por favor, me perdoa... eu... er.. eu não quis te magoar... de novo... - Abaixara a cabeça ao pronunciar o "de novo". - Mas fica calma, seu pai não acreditou em mim, ele falou que eu estava ficando louco e que nunca a filha dele faria uma coisa dessas.
A jovem não conseguia esboçar mais nenhuma reação, estava com tanto medo de ser descoberta por seus pais que até esquecera da presença de Henrique lá.
- Clara, por favor, diga alguma coisa...Claraa... - Henrique tentava despertar atenção da morena, porém, esta permanecia de cabeça baixa, chorando. - Clara, por que você começou a ficar com ela? Me diz, isso é só uma aventura, não é? Vo-você na verdade ainda pensa em mim e por isso não quer se relacionar com outros homens, não é?
O jovem perguntava inseguro, tentando achar respostas para aquela atitude de Clara. Porém, ouvir aquelas coisas só deixou a morena ainda mais nervosa.
- Henrique, é a última vez que eu falo. Cala essa maldita boca.
- Eu sei que você não quer falar, que não confia em mim, só que eu já sei de tudo Clara, não faz sentido me esconder mais nada. Fala a verdade e eu prometo te deixar em paz, já percebi as burradas que eu cometi, apenas quero entender, Clara, por favor, me fala.
Clara respirou fundo e começou a falar.
-Primeiramente, você não tinha o direito de falar com meu pai, Henrique, você sabe o quanto isso é inaceitável na minha casa. Você tinha que ter falado para mim, no dia que a gente conversou. Você só faz burradas, eu estou tão decepcionada com você, que nem consigo mais me alterar, você é um caso perdido para mim,você só pensa em você. Será que por nenhum minuto você parou para pensar que poderia arruinar a minha relação com meu pai? - Clara falava tudo de forma firme, enquanto Henrique escutava calado e com a cabeça baixa. - Meu Deus, Henrique, parece que a ficha ainda não caiu.
- Clara, por favor, me perdoa, eu sei que errei muito com você.... er... eu achei que não fosse nada de mais essa história com a loira, mas, é sério, não é? - O jovem olhava para a morena com um olhar triste. Sentia-se péssimo por ter cometido todos aqueles erros. Clara olhou para seu rosto e percebeu que ele estava falando a verdade e, embora estivesse com muita raiva, decidira falar toda verdade para ele.
- Henrique., eu estou apaixonada por ela, é sério sim, simplesmente aconteceu. Nunca me senti assim em toda minha vida. Ela me completa, me faz feliz com coisas simples, não é apenas uma aventura. Eu quero ficar com ela. - O jovem jogou o corpo para trás de forma rendida, ao perceber que ele havia perdido qualquer chance de se reconciliar com Clara, ainda que fosse mínima. Estava doendo ouvir aquelas palavras de Clara, principalmente o fatodela jamais ter se sentido tão completa como agora, com uma mulher.
- Clara, dói ouvir tudo isso, ainda mais por que eu te amo. Depois que você terminou comigo eu me dei conta do que estava fazendo, me senti um idiota e decidi lutar pelo seu perdão, mas hoje eu sei que isso nunca vai acontecer, ainda mais depois de tudo o que eu fiz. - Falava Henrique em tom triste.
- Henrique, eu não posso dizer que nunca te perdoarei. Mas tenho certeza, jamais aceitaria namorar você novamente, você precisa aceitar isso.
- Tudo bem Clara, eu entendi, finalmente eu entendi.
- Mas, se você diz que me ama Henrique, você tem que desejar meu bem, minha felicidade. Já sofri muito por sua causa, você sabe disso.
- Eu sei, infelizmente eu sei... - O jovem apenas concordava com Clara. - Me diz então, Clara, o que posso fazer para ao menos tentar me redimir? Quer que eu fale com seu pai e diga que foi tudo uma mentira minha?
- Nãooo! Meu pai não quer ver você nunca mais, Henrique... tenho até medo dele se alterar novamente.O que já foi feito é passado... já era Henrique...
- Mas Clara, acredite em mim, o Sr. Antônio achou mesmo que fosse uma mentira minha, ele mal quis me ouvir. Você não precisa se preocupar com isso.
- É, assim espero. - Falou a morena pensativa.
- Mas eu não te entendo, se você quiser realmente viver com essa loira, você não poderá esconder isso para sempre de seus pais, precisará encarar a situação.
- Não quero pensar nisso agora. O que eu preciso no momento é que você me diga se viu alguém conhecido perto do meu carro em algum dos dias em que você me seguiu. Por favor Henrique, pensa um pouco, se quer se redimir comigo, comece por aí.
- Alguém conhecido? - Perguntou o jovem pensativo.
- É Henrique, me diz, você não viu alguma movimentação estranha, ou alguém que me conhece parado com o carro perto de onde eu estava?
Henrique tentava organizar suas ideias para voltar a pensar nos dias em que seguira a morena.
- Clara algumas vezes eu vi uma pessoa sim, mas achei que fosse por causa do seu trabalho.
- Quem Henrique??? Me fala por favor! - Pediu Clara ansiosa.
- Eu vi o Thiago algumas vezes, mas pensei que fosse por causa de alguma audiência, ou que talvez vocês estivessem trabalhando juntos.
- Meu Deus! - Exclamou a morena se levantando do banco. - Me diz melhor Henrique, quando você viu o Thiago próximo ao meu carro?
- Eu vi algumas vezes, mas ele sempre estava dentro do carro, no trânsito mesmo, confesso que não reparei muito nisso, pois eu ficava reparando em você.
- Mas e no dia que você me viu com a Ma.. com a loira? - Clara não quis falar o nome de Mariana, pois ainda não confiava plenamente nele. - Você percebeu se o Thiago estava por perto?
- Não Clara, nesse dia eu não o vi.
- Tudo bem, você já me deu uma informação valiosa.
- Espera aí, você está achando que é o Thiago quem está te ameaçando? -Perguntou Henrique também se levantando do banco.
- Henrique, melhor você não se envolver nisso.
- Clara, você está me pedindo informações e ainda não quer que eu me envolva? Já estou envolvido.
- É pode ser. - Respondeu a morena confusa. - Mas,não quero falar Henrique, não insista.
- Tudo bem.
- Mas me diz, não vai me discriminar, não vai sentir nojo de mim por estar com uma mulher?
- Não, esse não é o problema.
- E qual é o problema então?
- Sou eu, se não tivesse feito tudo o que fiz, ainda estaríamos juntos. Não me dói ter perdido você para uma mulher, mas sim ter perdido você por causa dos meus próprios erros. - O jovem falava em tom extremamente triste, quase fúnebre.
-Tente superar isso Henrique, pare de olhar para seus erros, agora já passou. Da próxima vez que aparecer uma pessoa em sua vida, valorize-a.
- Mas, igual a você não encontrarei.
- Não sou melhor do que ninguém, Henrique, pare de sentir pena de si próprio e aceite as consequências de seus atos.
- Tudo bem, Clara, vou seguir seu conselho.
- Bom, agora preciso ir, tenho alguns assuntos para resolver.
- Está certo, se precisar de mim para qualquer coisa é só me ligar. Espero que você consiga resolver toda essa história e que... er... e que seja feliz, seja com quem for. - Falou o jovem de forma sincera, mas sem esconder a tristeza que sentia.
- Obrigada Henrique, que você seja feliz também. Adeus!
- Prefiro dizer até logo.- Disse o jovem antes que a morena fosse.
- Tudo bem, até logo.
Clara seguiu para o carro tentando assimilar tudo o que acabara de ouvir de Henrique, ou seja, o fato dele já saber sobre ela e Mariana, a comprovação de que Thiago havia lhe seguido, e por fim, a descoberta de que Henrique contara para seu pai sobre o beijo que dera na loira. Sem dúvida, este último fato fora o que mais a deixara preocupada, pois a última coisa que queria era que seus pais soubessem de seu segredo.
Entrou no carro e começou a falar em voz baixa consigo mesma...
- Vamos lá, preciso manter a calma, colocar os pensamentos em ordem. Uma coisa de cada vez, primeiramente preciso ligar para Mari, tenho que contar tudo o que descobri para ela, prometi que não mais mentiria nem esconderia nada. Ela precisa saber que realmente foi o Thiago, aquele desgraçado vai se arrepender de ter mexido com a gente, eu acabo com ele. - Clara passou a mão nos cabelos e respirou fundo. - Calma Clara, calma! Vou conversar com a Mari, ela vai me acalmar, mas, não quero falar por telefone, tem que ser pessoalmente.
A morena olhou no relógio e viu que já era bem tarde, quase 14h30, Mariana já estaria na agência, inclusive ela também precisaria voltar para o trabalho, pois tinha uma audiência marcada para as 15h30. Então resolveu ligar para a loira mais tarde. Enquanto esperava a noite chegar, procuraria manter a calma e controlar seu impulso para não agir com a cabeça quente.
- Foco no trabalho! - Dizia para si mesmo em tom firme - Tenho uma audiência importante agora, não posso ficar distraída.
Arrancou com o carro em direção ao escritório, porém seus pensamentos continuavam na conversa que tivera com o seu ex-namorado.
-"Como o Henrique foi capaz de contar aquilo para o meu pai? Como pôde ser tão imbecil assim?? Meu Deus, espero mesmo que meu pai não tenha acreditado em nada. Preciso ficar mais esperta agora, não posso dar a entender que estou com ela.. Ai Mari, por que você não é um homem? Homem?? Mas eu gosto é do corpo feminino dela, do jeito doce de falar, da delicadeza da pele e dos traços... eu... er... eu gosto de mulher!" .
- AI MEU DEUS, EU GOSTO DE MULHER!! - Clara acabou dando voz alta a seu pensamento, pois pela primeira vez se dera conta de que ela não apenas gostava do jeito de Mariana, mas também de seus traços femininos e das sensações que aquela mulher lhe causava. - Eu gosto de mulher, isso... isso quer dizer que eu sou. Nãoooo, não preciso pensar em nada. Já tenho outras coisas para pensar hoje. Chega Clara, chega de pensar nessas coisas, foco na audiência.
A morena ligou o som do carro como sempre fazia quando não queria pensar em algum assunto, e começou a cantar as músicas que tocavam. Não parou de cantar por nenhum minuto até que finalmente chegou ao escritório. Entrou apenas para pegar alguns papeis e logo se direcionou para o fórum com os pensamentos, finalmente, todos voltados para o caso que representaria a seguir, na audiência.
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Mariana acordara novamente com o seu bom humor. Desde que Clara havia terminado com ela, as manhãs chegavam com um pesar imenso, devido as noites mal dormidas. Porém, naquela manhã, após a maravilhosa reconciliação que tiveram, Mariana conseguira acordar antes do celular tocar.
- Aiii, uma noite de sono bem dormida! Que saudade disso! - Falou se espreguiçando na cama.
Levantou-se calmamente, tomou seu banho e ficou escolhendo a roupa que iria vestir. Depois seguiu até a cozinha e preparou seu café da manhã.
- É impressionante como até os alimentos ficam mais gostosos quando a gente está feliz. - Disse a loira degustando um pedaço de melancia. - Aii Clara, olha o que você faz comigo, me deixa tão feliz, não posso mesmo ficar sem você.
De repente uma sensação estranha veio à tona, era novamente aquele sentimento de insegurança em relação a Clara.
- Ai meu Deus, não é possível, será que não consigo focar nas coisas boas e esquecer as inseguranças?? Para com isso Mariana. Acho que preciso de um psicólogo, meu psicólogo particular: Fred! - A loira ria do próprio comentário enquanto se levantava da mesa. - Vou para faculdade e assim que sair da aula procuro o Fred.
Assim fez Mariana, seguiu para a aula e logo que esta terminara, foi atrás do amigo. O avistou caminhando de forma rápida em direção ao portão de saída da faculdade e seguiu em direção a ele.
- Fred.... Fred.... me espera. - Gritou a loira, já do lado de fora da faculdade, correndo atrás do amigo. - Ai menino, como você ousa ir embora sem falar comigo?
- Oi meu amor, e quem disse que eu iria embora sem falar com você?? - Falou Fred dando um beijo no rosto de Mariana. - Só ia comprar um salgado para eu comer, hoje não estou afim de almoçar.
- Nossa, que milagre, vamos lá então, te acompanho e a gente já senta em alguma das mesinhas lá da lanchonete mesmo para conversar.
- Ok honey!
Os jovens seguiram para a lanchonete e assim que Fred comprou seu salgado se encaminharam para a mesa e começaram a conversar.
- Ai Fred, nem sei como te agradecer, você é um amigo e tanto sabia? Meu fim de semana foi perfeito!! - Falou Mariana com os olhos brilhando.
- Mari, não precisa agradecer, já disse. Até por que, foi a Clara quem me procurou para conversarmos. Mari, ela gosta muito de você, pude perceber o sofrimento dela quando estava sem você.
- É Fred, a gente conversou bastante, esclarecemos as coisas. Te falei né, sabia que tinha algo por trás de tudo aquilo. Ninguém muda assim do nada.
- É sim, você sempre sentiu, né amiga?! - Afirmou o jovem segurando a mão de Mariana.
- Sempre...
- Mas me conta Mari, estou super curioso, afinal, quem vocês acham que está fazendo as ameaças?
- Se prepara gato, por que essa vai ser uma bomba daquelas que você fica chocado. - Disse Mariana fazendo suspense.
- Fala logo Mariii - Pediu Fred impaciente.
- Ai Fred, nós ainda não temos certeza, mas é quase certo que essa pessoa seja o Thiago.
- O QUE???? - Perguntou Fred surpreso e com os olhos arregalados.
- Calma Fred, não vá se engasgar aí com o salgado. - Brincou a loira.
- Como assim o Thiago?? Isso é muito estranho Mari, ele te conhece há tão pouco tempo.
- Pois é, mas ele estava super afim de mim, Fred, e eu dei vários foras nele. Então a Clara me falou algumas características sobre quem lhe mandou a carta e nós começamos a ligar os fatos. Tudo indica que é ele mesmo, a roupa engravatada, o jeito presunçoso e preconceituoso e principalmente o fato dele não gostar de perder.
- Caramba Mari, isso é assustador!
- É sim amigo. Mas nós vamos investigar para descobrir se realmente é ele.
- Mas como vocês vão fazer isso Mari? Você está pensando em se encontrar com ele? - Perguntou Fred, ainda assustado.
- Até pensei em fazer isso Fred, mas a Clara não gostou da ideia. Então pensamos em outra coisa.
- Aii, que outra coisa é essa? - Fred estava curioso e ao mesmo tempo preocupado.
- Fred, sugeri para Clara conversar com o Henrique para ver se ele viu o Thiago em alguma das vezes que ele a seguiu...
- Você o que??? - Perguntou mais uma vez assustado. - Mandou sua morena ir atrás do ex dela? Ai meu Deus, minha amiga enlouqueceu de vez.
- Aiii Fred, para de falar assim que eu fico até arrependida, você acha que ela seria capaz de...
- Pode ir parando. - Cortou Fred, antes que Mariana começasse com suas inseguranças. - Não quis fazer você pensar isso Mari, é só por que é engraçado você mandar ela procurar o ex. Mas a Clara é louca por você, não precisa se preocupar não.
- Aii, assim espero, né. - Falou Mariana um pouco insegura. - Bom, se pelo menos o Henrique falar que viu o Thiago próximo da gente, já teremos a confirmação, então vai ter sido válido essa minha loucura, como diz você.
- É Mari, na verdade essa história toda já é uma loucura. - Comentou Fred com a expressão de incredulidade. - Ai minha flor, torço tanto para que as coisas fiquem mais simples para você.
- Pois é Fred, parece que eu atraio confusão, já não bastava a dificuldade toda de um relacionamento homo afetivo, aí vem também o lance das ameaças e tudo mais.
- Tudo mais? Tem mais coisas? - Perguntou Fred já prevendo que tinha algo incomodando a amiga.
- Ai Fred, pode ser coisa da minha cabeça, você sabe como eu sou né, tão insegura em relação a Clara e tal...
- Marii, me fala, o que está te deixando insegura?
- Ah Fred, acho que ela não gostou muito do fato de eu ter me assumido, sei lá, a Clara tem muito medo, e isso me deixa muito insegura.
- Mari, mas você sempre soube dessa dificuldade dela. É como te falei, nem todo mundo aceita isso fácil.
- Eu sei Fred, mas as vezes eu sinto que ela nunca terá coragem de contar para os pais, ela morre de medo deles descobrirem.
- É compreensivo Mari, isso é um processo mesmo, não acontece da noite para o dia.
- Mas, eu encarei meu pai, Fred, contei tudo para ele e agora estou morando sozinha, sem falar com ele, não está sendo nada fácil, mas eu enfrentei a situação.
- Mas nem todo mundo é igual a você Mari. Se tem algo que é extremamente complicado para lidar é a palavrinha "família" - Disse o amigo da jovem, reforçando a palavra "família". - Infelizmente você precisará ter um pouco mais de paciência com a Clara, com o tempo tenho certeza que ela terá mais coragem para contar, afinal ela é louca por você Mari.
- Aii Fred, tomara, não quero sofrer de novo.
- Fica calma, você nunca foi insegura. - Falou Fred, tentando tranquilizar a amiga.
- Nunca fui mesmo, mas com ela é tudo diferente, impressionante. - Respondeu Mariana consciente da falta de controle de suas emoções quando se tratava da morena.
- Aii sua bobinha, isso tudo por que você a ama, o amor muda as pessoas, e você vai ver que seu amor também mudará a vida dela. Tenha calma, ok?
- Aiii... ok! - Concordou Mariana em meio a um longo suspiro.
Os jovens permaneceram conversando diversos assuntos até a hora de Mariana ir para o estágio.
- Fred, o papo está muito bom, mas preciso ir.
- Eu também Mari, daqui vou seguir direto para empresa. - Disse o jovem já se levantando da mesa. - Precisando de qualquer coisa me liga, está bem?
- Pode deixar, você também Fred, conte sempre comigo.
- É claro que conto, você não é maluca de me abandonar! - Falou piscando o olho para Mariana.
- Não sou mesmo! Beijo, qualquer novidade te ligo!
- Liga sim, Marizinha, beijos.
A loira seguiu para a agência, porém logo que chegou lá, antes de alcançar a porta de entrada ouviu uma voz conhecida lhe chamando.
- "Ai, não acredito!" - Pensou a loira ao perceber quem estava lhe chamando. - Oi, Thiago.
- Oi Mari, tudo bem?
- O que você está fazendo aqui a essa hora?
- Er.. eu.. ah.. resolvi passar aqui para te fazer um novo convite.
- Nossa, como você adivinhou a hora que eu começo no estágio? - Perguntou Mariana, tentando arrancar alguma pista do jovem.
- Er.. eu.. eu não adivinhei Mari, apenas passei aqui acreditando que você já estivesse na agência.
- Hum, e se não me achasse aqui na entrada iria subir para me fazer o convite lá em cima?
- Ué, cla-claro. - O jovem não conseguia parar de vacilar nas respostas.
- Ok, mas diga então, que convite você quer me fazer? - Perguntou Mariana sem nenhuma paciência.
- Bom, eu vim te chamar para ir à festa de aniversário de um amigo.
- Hã? Amigo?
- Sim, vai ser na casa dele. Eu já avisei a ele que levaria uma loira de arrasar, não precisa ficar envergonhada. Então, aceita?
A loira encheu os pulmões de ar para controlar sua impaciência e respondeu:
- Thiago, acho que você não entendeu uma coisa, eu não quero sair com você. Acho que você está interpretando errado, nós somos apenas colegas e nada mais, como poderia ir para festa de um amigo seu? Nem conheço ele, na verdade eu mal conheço você.
- Que isso Mari, você me conhece sim, já saímos juntos e também já nos encontramos várias vezes.
- Pode até ser, mas não quero ultrapassar os limites do coleguismo, Thiago. Espero que você entenda isso.
- Ah Mari, vai me dizer que nunca pensou em ficar comigo? - Perguntou de forma presunçosa.
- Na verdade não, nunca, você nunca me atraiu Thiago, não faz nem um pouco meu tipo, er.. me desculpe. - Desculpou-se a loira, como se estivesse mesmo preocupada com os sentimentos do garoto.
- Mas eu garanto que se você ficar não irá se arrepender. - Falou se aproximando da jovem.
- Thiago, já estou arrependida de ter deixado você começar a falar, imagina se tivesse ficado com você. Me poupe de sua presunção, ok? - Retrucou Mariana, desviando-se da aproximação de Thiago. - Agora me deixe ir, pois já estou atrasada.
- Espera. - Disse o jovem segurando o braço de Mariana. Esta por sua vez olhou para a mão do jovem lhe segurando e disse.
- Me solta, Thiago...
- Calma, só quero falar uma última coisa.
- Não precisa me segurar para falar, me solta. - Disse a loira puxando o braço das mãos do moço.
- Ok, só queria dizer que tem muitas meninas afim de mim, mas eu só quero você. Me dá uma chance Mari, apenas saia comigo, você vai gostar, tenho certeza!
Mais uma vez Mariana respirou fundo e respondeu.
- Thiago, não vai rolar, já disse que não quero sair com você. E acho melhor você até parar de me procurar, já está ficando chato isso.
- Você não pode me dar o fora assim! O que tem de errado com você??? Qualquer outra mulher aceitaria o convite, só você que se recusa. Por que?? - O jovem já mostrava sinais de irritação.
- Por que eu não sou qualquer mulher! Não quero sair com você e ponto final.
- Ok... ok... já entendi. Gosta de ver os carinhas aos seus pés, não é? Quer me mostrar que você não é fácil como as outras mulheres, pois bem, assim fica ainda mais emocionante para mim.
Nessa hora, o resto de paciência que Mariana tinha se perdera...
- Você é idiota, ou gosta mesmo de se fazer de retardado?? Eu estou falando claramente: NÃO VOU SAIR COM VOCÊ, NEM AGORA NEM NUNCA, ME ERRA, THIAGO! - Era incrível como mesmo nervosa Mariana conseguia manter a classe. - Você conseguiu uma coisa rara, que é tirar minha paciência, mas, não tenho que ficar mais aqui perdendo meu tempo com você.
Mariana virou-se de costas para o jovem e começou a caminhar para a agência, porém mais uma vez ele a segurou pelo braço.
- Mariana...
- M-e s-o-l-t-a - Pediu a loira pausadamente, demonstrando que estava se segurando para não gritar.
- Só quero falar uma última coisa. - Respondeu o jovem levantando as duas mãos. - Calma, não precisa se exaltar. Mari não quero que você fique com uma impressão errada de mim, não costumo passar por essa situação de rejeição, por isso acabei falando de mais, me desculpa.
- Nossa, até para pedir desculpas você é presunçoso hein, nem parece que já é um homem formado, parece mais um moleque. - Falou a loira debochando da pouca modéstia do rapaz.
- Se você sair comigo vou te mostrar o que é um homem de verdade.
Mariana não aguentou apenas ouvir calada aquele comentário machista e acabou soltando toda sua indignação...
- Quem disse que você sabe o que é ser um homem de verdade?? Meu amigo que é gay é muito mais homem do que você, Thiago, pois não precisa apelar para as palavras para mostrar seu caráter. Ser homem de verdade é saber respeitar as mulheres, aceitar as derrotas e compreender que nem tudo é conforme nós desejamos.
- Aposto que você fala isso por que adora andar com os gays, não é? - Falou tentando bancar o esperto.
- Adoro sim, meu melhor amigo é gay e é a pessoa mais íntegra que já conheci.
- É, pelo jeito você não se importa de ficar mal vista pela sociedade, deveria tomar mais cuidado, as pessoas poderiam pensar que você é... - Thiago fez um gesto estranho com a mão ao terminar a frase.
- Não tenho nada para esconder, Thiago, se você quer ouvir da minha boca, então aguente: Eu sou lésbica! Foi a melhor descoberta que fiz para minha vida, me sinto muito mais livre agora e não tenho medo do que as pessoas vão falar, pois essa sou eu.
O jovem ouvia tudo perplexo, não esperava que a loira fosse falar todas aquelas coisas de forma tão segura e sem medo.
- Agora vai ficar mudo? - Perguntou Mariana olhando para cara de sem graça de Thiago. - Ótimo, pois eu já terminei de falar, acho que agora você esquece essa história. Ou melhor, quero apenas dizer mais uma coisa, acorda Thiago!! Nem tudo está aos seus pés, as pessoas têm o livre-arbítrio, para serem quem elas quiserem. Não tente manipular a vida, aceite as derrotas e cresça, já passou da hora de você amadurecer, não acha?
Thiago mantinha o olhar fixo sobre Mariana e era perceptível o quanto ele estava nervoso. A loira ao perceber o estado de nervos em que o moreno se encontrava começou a temer que este fizesse algo contra Clara, pois acabara deixando escapar sobre sua sexualidade.
- Não vai mesmo falar nada? - Insistiu Mariana
- Não, não preciso dizer nada, está explicado por que me rejeitou, sua sapatona. Que desperdício uma loira como você perdida por esses caminhos nojentos. - Falou de forma ofensiva.
- Eu acho melhor você me respeitar, pois, como advogado você sabe que homofobia é crime. Posso muito bem te processar.
- Essas coisas nunca dão em nada, me poupe, vai querer ensinar sobre leis para um advogado?? - Falou o jovem alterado.
- Não dão em nada?? Tenta a sorte para você ver.
- Por que?? Vai pedir ajuda para sua amiguinha, Clara?? - Perguntou insinuante.
Na hora Mariana entendeu a ironia e achou uma brecha para evitar que o jovem fizesse algo contra a morena...
- Não Thiago, não vou perguntar, pois nem estou falando mais com a Clara. - Mentiu. - mas tenho outros amigos que são advogados, que fariam de tudo para eu ganhar um processo como este.
- Hum, não está falando mais com ela é? Aposto que ela se ligou com quem estava andando ou talvez ela tenha mesmo muito juízo e tenha optado por ficar longe de você.
- É isso mesmo o que você pensa? Por que eu não entendi muito essa parte do "talvez ela tenha mesmo muito juízo e tenha optado ficar longe de você."
- Não tem nada para você entender nisso que falei. - O jovem estava suando mais do que o normal.
- Ok, pois, não estou mesmo afim de ficar mais nenhum minuto ouvindo seus comentários preconceituosos. Só tenho a lamentar por você ser assim, mas enfim, o que você pensa sobre mim pouco me importa, me esquece e não venha mais atrás de mim.
A loira virou-se de costas e finalmente conseguiu adentrar a agência, deixando um Thiago inconformado para trás. Mariana por sua vez entrou correndo no elevador e finalmente pode perder aquela postura de quem pouco estava se importando. Na verdade, seu coração estava doendo muito por ter escutado todas aquelas ofensas. Sempre ouviu dizer que algumas pessoas podiam ser muito preconceituosas, mas não imaginava que viveria um exemplo concreto de forma tão rápida. Subiu o elevador procurando controlar o choro, porém ao avistar Pedro que já a encarava com o semblante preocupado, não conseguiu segurar as lágrimas.
- Mari, o que aconteceu??
- Ai Pedro, não deixa a Luiza ou o Cláudio me verem assim.
- Calma linda, eles ainda não chegaram. - Disse o jovem pegando rapidamente um copo de água para dar a amiga. - mas, me conta Mari, o que aconteceu?
- Ai Pedro, o ser humano as vezes consegue agir de uma forma tão cruel que é até difícil de explicar.
- Mari, tem alguma coisa a ver com sua opção sexual? - Perguntou o jovem, pois já sabia sobre Mariana, que fez questão de contar para ele logo que se mudara para o seu próprio apartamento.
- Sim Pedro, é sobre isso mesmo. Acabei de passar por uma situação constrangedora e preconceituosa.
- É Mari, esse assunto é bem delicado né. Você já sabia que não seria tão fácil assim se assumir.
- Eu sei Pedro, mas também não imaginava que fosse desse jeito. Se bem que meu caso é específico, eu que atraio confusão para minha vida.
- Er... Mari, é sobre a Clara?
- O que??? A Duda abriu a boca mesmo, não é? - Perguntou a jovem assustada, pois por mais que tenha se assumido, ainda não havia falado para Pedro sobre seu envolvimento com a jovem.
- Mari, a Duda não me disse nada, mas você acabou de me dar a confirmação do que eu sempre suspeitei, você sabe que sempre desconfiei que acontecia algo mais entre vocês duas.
- Você tem razão, me desculpa por não ter contado antes, não é por falta de confiança, mas sim por causa da Clara que sempre pedia para que eu guardasse segredo.
- Tudo bem Mari, não precisa pedir desculpas. Isso é complicado mesmo, sempre notei muita resistência da Clara para lidar com isso.
- Sério? Você reparou isso? - Perguntou a loira curiosa.
- Sim, me parece que ela tem medo.
- Ela tem mesmo, muito medo. E se eu contar o que aconteceu hoje, aí que ela vai ficar mais com medo ainda.
- Me conta o que aconteceu, quero te ajudar, nem que seja apenas para te ouvir desabafar. - Falou o jovem solidário.
- Aii, está bem. Estou precisando desabafar mesmo. - Disse a loira se sentindo à vontade com o amigo.
Mariana explicou toda a situação para o jovem, que ouvia tudo com o olhar surpreso por ver que estava acontecendo muitas coisas difíceis com a amiga, como a questão da ameaça. Pedro ouvia tudo atentamente, mas também expressava sua opinião. Achava que Mariana tinha que procurar meios legais para impedir o Thiago de continuar com aquela atitude. Porém Mariana ainda se apresentava receosa por não ter provas concretas de que era de fato ele o mandante das ameaças.
- Mari, pode até não ser ele, mas essa atitude de agora, me pareceu ser uma prova de que vocês estão desconfiando da pessoa certa sim.
- É, também pensei nisso. Acho que é ele sim, tudo aponta para ele, mas como dizem: a pessoa é inocente até que se prove o contrário e provas nós ainda não temos.
- Está certa, Mari, mas você agiu muito bem de ter falado que o processaria. Ele como advogado não vai querer ter um processo nas costas.
- Também acho. - Concordou a loira com a cabeça. - Ai Pedro, me sinto melhor por ter falado. Obrigada por me ouvir e por ser tão legal comigo.
- Já te disse gata, não tenho preconceito. E você é 10 Mari, uma amigona, jamais olharia diferente para você por causa das suas escolhas pessoais. - Mariana abriu um lindo sorriso agradecido para o jovem e antes de falar mais alguma coisa percebeu que seus patrões tinham acabado de entrar na agência.
Assim, rapidamente cada um sentou em sua mesa e focou os pensamentos no trabalho, antes que seus patrões questionassem o que estavam fazendo. Quando já estava para terminar o expediente Mariana sentiu seu celular vibrar. Olhou no visor e viu que era a Clara quem estava ligando. Olhou para o Pedro e fez sinal de que iria atender do lado de fora da agência e este apenas concordou com a cabeça.
- Alô, Clarinha?
- Oi minha linda, tudo bem? - Falou a morena com a voz doce.
- Tudo sim e você?
- Ai Mari, eu estou melhor agora, escutando sua voz.
- Bom, confesso que também estou melhor agora. Mas me diga, o que aconteceu? Conversou com o Henrique? - Perguntou curiosa.
- Então Mari, tenho novidades, mas queria falar pessoalmente, será que tem como a gente dar um jeitinho de se encontrar hoje?
- Claro que dá, nossa, tudo o que preciso hoje é ter você ao meu lado. - Disse a loira com a voz um pouco esmorecida.
- Own, minha linda, o que aconteceu? - Perguntou a morena preocupada.
- Pessoalmente eu te explico, é melhor.
- Tudo bem, até por que eu também tenho várias coisas para te contar. - Concordou Clara.
- Você está com a voz preocupada.
- É Mari, descobri outras coisas também, mas logo mais te conto. Posso ir para seu apartamento?
- Pode sim. Eu já vou sair daqui, se quiser pode ir direto para lá.
- Eu vou passar em casa primeiro e tomar um banho. Depois eu vou para lá.
- Combinado então. Pode subir direto e entrar da mesma forma que você entrou no sábado passado.
- Vai sempre deixar aquela chave debaixo do tapete? - Perguntou curiosa.
- Ah, vou, fico mais tranquila de ter uma chave extra sempre acessível caso eu perca a minha.
- Hum... tudo bem então. Me espera lá loirinha. Ah, tem como eu guardar o carro lá na garagem?
- Dá sim, eu deixo o porteiro avisado. Não demora está bem?
- Pode deixar, vou só tomar um banho e logo estarei lá com você.
- Tudo bem, um beijo então.
- Beijo loirinha.
Mariana desligou o celular e voltou para sua mesa apenas para pegar sua bolsa e ir embora.
- Pedro, já vou indo, tudo bem? - Disse a loira, parando em frente à mesa de Pedro.
- Claro Mari, mas você está bem?
-Estou sim, foi muito bom ter conversado com você, já vou indo, pois a Clara vai lá para casa, acho que ela descobriu alguma coisa.
- Nossa, então pode ser que hoje mesmo vocês já consigam comprovar que é o Thiago que está fazendo as ameaças. - Falou o jovem gesticulando.
- Acredito que sim, ainda mais depois daquele episódio mais cedo. - Disse Mariana com o olhar triste.
- Tomara Mari, espero que tudo se resolva logo. Se precisar de mim, me liga, ok? Mas não fica triste não.
- Pode deixar Pedro, já estou bem melhor. - Respondeu Mariana com um sorriso forçado no rosto. - Bom, agora vou indo. Até amanhã.
- Até!
Mariana desceu até o estacionamento e seguiu com seu caro em direção a sua casa. Como seu apartamento era muito próximo da agência, logo já estava em casa... com os pensamentos voltados para a morena.
- Ai Clara, chega logo, estou louca para conversar com você. - Falava em voz alta, assim que entrara em seu apartamento. -Preciso saber o que aconteceu, mas acho que depois da conversa que tive com o Thiago, não resta muitas dúvidas mais.
A loira jogou a chave em cima da mesa e seguiu para o quarto.
- Preciso de um banho e de relaxar, o dia hoje foi tenso. - Falou já tirando a roupa do corpo e se encaminhando para o banheiro. - Nossa, não quero nem pensar qual será a reação da Clara quando eu falar que me assumi para o Thiago, tenho certeza que ela não vai gostar.
A loira ligou o chuveiro e deixou a água fria cair sobre seu corpo, pois estava em um dia muito quente, porém os pensamentos continuavam fervilhantes em sua mente.
- "Mas o que eu podia ter feito? O Thiago é muito impertinente, já fui paciente demais, não poderia permitir que ele continuasse com aquelas atitudes, a Clara vai ter que me entender."
Mariana terminou de tomar o banho, vestiu uma roupa leve e seguiu para a sala, para esperar por Clara. Queria poder não pensar mais nas ofensas que ouvira de Thiago naquele dia, porém, não conseguia tirar de seus pensamentos as palavras cruéis que o jovem proferira contra ela...
-" ...está explicado por que me rejeitou... sua sapatona... que desperdício uma loira como você perdida por esses caminhos nojentos..."
- NOJENTOS??? Nojento é ele com todo aquele ar de superioridade, se acha o gostosão.Ele é ridículo, nem se eu gostasse de homem iria querer ficar com ele. - Falava Mariana revoltada. - Ai, acho que nunca fui tão ofendida assim.
Novamente a loira sentiu vontade de chorar... mas procurou não se render àquela vontade, pois Clara estava prestes a chegar e não queria que a morena lhe visse abatida, afinal, temia que Clara ficasse ainda mais com medo de toda aquela situação. Assim, queria a todo custo mostrar para Clara o quanto era forte e o quanto estava disposta a enfrentar tudo aquilo por ela.
- É, pensando bem, eu sou forte sim. Enfrentei o Thiago sem medo, não abaixei a cabeça por nenhum minuto. É essa segurança que tenho que mostrar para Clara. Ela tem que sentir que poderá sempre contar comigo, não importa o que os outros pensem.
Mariana ligou a televisão procurando não pensar mais no quanto aquelas ofensas havia lhe deixado triste. Colocou em um seriado de comédia que ela adorava e conseguiu distrair sua mente. Até finalmente escutar alguém mexendo em sua porta. Levantou a cabeça para olhar para trás do sofá, onde ficava a porta da sala e avistou a bela morena adentrando em seu apartamento com um vestidinho de tecido leve, que a deixava simples e linda ao mesmo tempo.
A loira sentiu uma paz tão grande invadir seu coração ao avistar Clara que apenas encostou o queixo no sofá e ficou esperando que ela se aproximasse. A morena por sua vez tinha um sorriso no rosto diferente dos outros dias. Era um sorriso de quem estava com a cabeça cheia de coisas, porém acabara de encontrar um refúgio para depositar suas aflições, ou seja, o sorriso era de pura cumplicidade.
Caminhou até a loira, sentou-se silenciosamente ao seu lado e a abraçou, como se estivesse esperando por aquele abraço em cada minuto daquele dia. Clara deitou a cabeça no ombro de Mariana e ainda envolvida naquele forte abraço, começou a falar:
- Esse abraço era tudo o que eu estava precisando, Mari.
- Aii, eu também. - Disse a loira sussurrando e sentindo aquele abraço gostoso.
- Hoje o dia foi difícil, loirinha, vou te contar tudo o que aconteceu.
- Meu dia também foi bem difícil, mas vem cá, me dá um beijo primeiro - Falou a loira segurando o rosto de Clara com uma mão e colocando sua franja atrás da orelha com a outra.
A morena apenas suspirou e instantaneamente levou a sua boca até a da jovem. O beijo era suave, porém carregado de sentimentos. Permaneceram naquele beijo doce por alguns segundos até que vagarosamente foram afastando suas bocas, mas sem distanciar o rosto uma da outra.
- Seu beijo me faz ficar mais tranquila, Mari. - Disse a morena com a testa encostada à testa de Mariana.
- Me diz linda, o que aconteceu? Você conversou com o Henrique? - Perguntou a loira ainda com a boca próxima à da morena.
- Ai Mari, conversei - Respondeu Clara enquanto se ajeitava no sofá. - Nós conversamos hoje depois do almoço.
- E como foi? - Perguntou Mariana de forma séria, mas tentando esconder o ciúme.
- Mari, é o Thiago mesmo, foi aquele filho da puta, o Henrique viu ele me seguindo alguns dias. - Falou a morena tentando não perder a calma.
- Sabia!! Só podia ser ele mesmo! - Respondeu Mariana empolgada. - Agora temos a prova que precisávamos...
- A vontade que tenho é de ir lá agora e falar um monte para ele Mari, quis fazer isso o dia todo, mas me segurei, pois queria falar com você primeiro.
- Er... Clara, o Thiago me procurou hoje.
- COMO É QUE É??? - Perguntou a morena inconformada e já com a voz alterada.
- É... ele me procurou hoje... e... er... - A loira estava com medo de falar sobre o que acontecera, mas como não iria omitir nenhum fato para Clara, acabou falando logo. - Eu acabei contando que sou lésbica.
- O QUE???? - Falou assustada, se levantando do sofá. - Não Mari, você não podia ter falado, você não entende?? Acabou dando a confirmação para ele de que estamos juntas, agora estou ferrada.
- Calma Clara, não falei nada de você, muito pelo contrário. Eu menti, disse que não tenho falado mais com você.
A morena voltou a se sentar ao lado de Mariana apoiando a cabeça nos dois braços.
- Desculpa Mari, é que esse assunto me deixa muito tensa
- Eu sei, mas, tenha calma. - Disse a loira levando a mão até a cabeça da jovem e fazendo carinho em seus cabelos.
- É verdade., preciso ter calma, já estou até falando coisas sem coerência, agora que temos a confirmação de que realmente é ele, nós precisamos agir, nos defender. - Clara levou a mão até o rosto de Mariana, enquanto continuava falando. - Me desculpa loirinha, quando estou nervosa não penso direito, é óbvio que ele já sabia da gente, não vai interferir em nada o fato de você ter se assumido.
- Clara eu só confessei sobre mim por que o Thiago me falou coisas horríveis, foi super preconceituoso comigo,não aguentei ficar quieta. Falei várias coisas para ele, inclusive ameacei processá-lo por homofobia.
- Aii Mari, nossa, como você está? - Perguntou preocupada. - Deve ter sido horrível, o Thiago sabe ser grosseiro quando ele quer, me diz, ele te humilhou?? Por que eu acabo com ele se tiver feito isso com você.
- Ele me ofendeu Clara, mas não se preocupe, pois as coisas que falei para ele surtiram muito mais efeito do que as que ele falou para mim. Ele ficou morrendo de medo Clara, ele não vai querer ser processado, fica calma. Vamos focar na boa notícia que extraímos de tudo isso, ou seja, descobrimos que é o Thiago e agora ele não vai poder fazer mais nada contra a gente. - Falava Mariana com um autocontrole de fazer inveja.
- Ai Mari, não sei, me explica direito tudo o que aconteceu. - Pediu a morena ainda insegura.
- Tudo bem, vou te falar tudo.
A loira explicou tudo o que ocorrera na conversa que tivera com Thiago e em seguida, também pediu para que Clara falasse tudo sobre a conversa que tivera mais cedo com Henrique.
- Mari,além de tudo isso que o Henrique falou sobre o Thiago, também descobri outras coisas que estão me preocupando muito.
- O que linda, me fala, o que você descobriu?
- Mari, o Henrique viu a gente se beijando. - Falou séria
- O que?? Ele te falou isso??? - Perguntou Mariana surpresa.
- O pior nem é isso Mari. - Falou a morena de cabeça baixa. - Você acredita que ele teve a coragem de contar para o meu pai??
- Meu Deus, como assim Clara?? Então, seu pai já sabe sobre você? - Perguntou a loira ainda surpresa, mas também com uma certa alegria por ouvir aquilo.
- Claro que não né Mari, está maluca?? Ele não acreditou em nada, por isso que teve aquele acidente. O Henrique falou que me viu beijando uma mulher e meu pai não acreditou, por isso partiu para cima dele.
- Hum.. - Murmurou a loira tentando disfarçar a decepção por ouvir Clara falar daquela forma.
- Mas mesmo assim, Mari, agora preciso ser mais cautelosa, disfarçar bem, pois qualquer coisa que me acontecer meu pai vai desconfiar.
- Clara... er... - A loira pensou em falar com a Clara para que ela tivesse mais coragem, afinal ela já era independente, tinha seu próprio apartamento, um emprego bom, não tinha motivos para viver em prol do que seus familiares desejavam. Porém preferiu ficar quieta, pois sabia que a morena não iria acolher bem suas palavras. Percebeu que Fred tinha razão, ainda não era hora para ter aquela conversa. - er... fica calma, ok? Tudo vai ficar bem agora, o Thiago não vai fazer mais nada.
- Não vai mesmo Mari, amanhã vou até a casa dele, isso não vai ficar assim, ele vai se arrepender por cada coisa que fez contra a gente.
- Mas Clara, o que você vai fazer? Não sei se é uma boa ideia, talvez..
- Mari, se não o afastarmos logo, talvez ele continue tentando nos prejudicar. - falou Clara cortando Mariana. - É melhor eu ir lá e resolver de vez essa história.
- Mas, você acha que ele vai recebê-la na casa dele?
- Mari, pelo que você disse, ele acreditou que não estamos nos falando mais. Vou ligar e fingir que ainda sou amiga dele, invento alguma desculpa para ir lá e quando estiver de frente para ele eu falo tudo o que está preso aqui na minha garganta. Ele vai se arrepender muito por ter mexido com a gente.
- Er... mas você vai assumir que está ficando comigo? - Perguntou Mariana curiosa - Por que depois da conversa que nós tivemos tenho certeza que ele pensa que você se afastou de mim.
- Ai, não sei Mari, ele já sabe ou pelo menos suspeita que tivemos algo, mas não queria dar essa certeza à ele. - falou a morena cautelosa.
- Mas Clara, depois de tudo isso que descobrimos ele não poderá fazer mais nada contra nós. Acho esse seu medo um pouco exagerado.
- Exagerado??? - Falou indignada por ver que Mariana não estava entendendo seus motivos- Mari, meu pai ficou sabendo que beijei uma mulher!!! Qualquer outro boato que cair nos ouvidos dele será motivo de confirmação de toda essa história.
A loira abaixou a cabeça e apenas concordou. Não estava sendo nada fácil ouvir Clara falar aquelas coisas, principalmente a parte: "beijei uma mulher", como se ela fosse qualquer pessoa. A morena por sua vez olhou para a jovem e percebeu que havia falado de forma indelicada com Mariana e acabou se aproximando dela para se desculpar.
- Ai Mari, me desculpa de novo, me desculpa, loirinha. - Disse abraçando a loira. - Eu ainda não sei lidar muito bem com tudo isso, por isso fico assim, mas você não merece presenciar esses meus lapsos nervosos.
- Tudo bem Clara, eu entendo. Só quero que você perceba que não está sozinha. Estou do seu lado,não deixarei que ninguém te faça mal e também jamais faria algo que você não quisesse. - Falou Mariana envolvida no abraço da morena.
- Eu sei, linda e eu me sinto segura ao seu lado. Mas tenha paciência comigo, ok?
- Eu tenho, eu quero você Clara e estarei aqui, bem ao seu lado te ajudando a passar por tudo isso.
- Eu podia ser como você, não ter medo, enfrentar mais as pessoas.
- Alguém me disse uma vez que nossos maiores medos estão dentro de nós mesmos, por isso, a primeira pessoa que precisamos enfrentar somos nós. - Falou a loira colocando a mão no próprio peito.
- É, acho que você tem razão Mari.
- Nós vamos ficar bem, confia em mim!
- Eu confio, muito! - Falou a morena dando um beijo no rosto da loira. - Agora vamos esquecer um pouco toda essa história e vamos aproveitar que estamos aqui juntinhas.
- Vamos sim, até por que minha cabeça já está até pesada por conta de toda essa confusão.
- Está com dor de cabeça?
- Aham. - Concordou a loira balançando a cabeça.
- Vem cá então... - Chamou Clara com a mão estendida, já se levantando do sofá. - Vamos ficar deitadinhas lá no quarto e eu vou fazer uma massagem na sua cabeça, rapidinho essa dor vai passar.
- Humm, assim vou querer ter dor de cabeça sempre hein...
- Ah, que isso. Não diga uma coisa dessas, Mari. Faço massagem sempre que você quiser, não precisa estar com dor. - Falou a morena seguindo para o quarto com o braço envolvido na cintura de Mariana.
- Ai ai... então vou querer sempre.
- Também não precisa exagerar né? - Brincou a morena.
- Ninguém mandou dar a ideia. - Falou a loira já dentro do quarto.
- Nossa Mari, você faz a cama mesmo morando sozinha? - Perguntou Clara admirada logo que chegou no quarto e avistou a cama de Mariana arrumada.
- Ah, faço, é tão rápido arrumar a cama. - Respondeu Mariana um pouco vermelha.
- Aiii Mari, você é linda mesmo, ficou vermelhinha só com esse comentário.
- Ai Clarinha, para com isso. - Disse a loira tentando esconder o rosto.
- Está bem, deita aqui que vou cuidar dessa sua dor de cabeça. - Falou Clara se sentando na cama e fazendo com que a loira a acompanhasse. - Isso, deita aqui do meu lado e fecha os olhos, rapidinho sua dor vai passar.
A loira fechou os olhos e apenas sentiu as mãos delicadas de Clara massageando cuidadosamente sua testa. Enquanto permanecia de olhos fechados, Clara observava os detalhes de seu rosto e ficava ainda mais admirada com a beleza da jovem.
- "Você é tão linda loirinha, queria não precisar mais sair de seu lado, queria ser forte para enfrentar meus medos como você faz, mas não consigo ainda... Ainda? Será que um dia terei coragem de me assumir? Aii.. não estou em condições para pensar nessas questões, as coisas podiam ser mais fáceis"
Clara iria continuar com seu diálogo mental se não tivesse notado aqueles belos olhos verdes lhe mirando.
- Está pensando em quê, mocinha? Posso saber? - Perguntou Mariana ao perceber o olhar perdido de Clara.
- Estava pensando em como você é linda, seja de olhos fechados ou de olhos abertos, me encanta ficar te olhando. - Falou a morena sem revelar a outra parte de seu pensamento.
Mariana ouviu aquelas palavras e acabou levantando a cabeça em direção a jovem para beijá-la. Tocou os lábios de Clara e esta retribuiu o beijo de forma carinhosa, segurando o rosto de Mariana e encostando parte de seu corpo ao dela.
- Você que é linda Clarinha, é tão bom sentir sua presença.
- É bom sentir a SUA presença. - Destacou a morena. - Ai Mari, você tem um cheiro tão gostoso.
A morena cheirava o pescoço de Mariana e esta sentia os pelinhos de seu braço se ouriçarem.
- Hum, acho que não quero mais a massagem.
- Ah não é? - Perguntou Clara como se não soubesse o que a loira queria.
- Não, quero outra coisa.- Falou baixinho no ouvido de Clara.
- Humm loirinha, acho que sei o que você quer. Mas antes vamos cuidar dessa dor de cabeça, depois você terá tudo o que desejar.
- Ai aii, minha cabeça já está até melhorando. - Brincou a loira. - Combinado então, vou aceitar novamente sua massagem e depois farei meu pedido.
- Seu pedido será uma ordem!
- Ai, acho que estou no paraíso mesmo! Sempre tenho essa impressão quando estou com você.
- Não loirinha, você está confundindo, você que me leva para o paraíso, ele é bem aqui, onde você está.
A loira olhou com os olhos brilhantes para Clara e percebeu que as palavras lhe fugiram, impedindo-a de continuar brincando. Porém seu sorriso já falava tudo e, mais uma vez, os gestos se tornaram mais expressivos que as palavras. Mariana apenas permaneceu em silêncio, com o sorriso no rosto, enquanto a morena fazia-lhe massagem e interpretava os significados emitidos por aquele belo sorriso.
Depois de terem desfrutado dos carinhos e cuidados uma da outra, as jovens ficaram um tempo abraçadas na cama, em silêncio, cada uma envolta em seu próprio pensamento, sem se darem conta de que na verdade estavam pensando a mesma coisa, porém com perspectivas diferentes:
- "Se a Clara resolvesse se assumir logo não precisaríamos passar por nada disso... tudo ficaria mais simples, seríamos livres para trilhar nosso caminho sem ter que nos preocupar com que os outros pensam. Será que os pais delas reagiriam tão mal assim? Meu pai que é super preconceituoso não falou mais nada comigo, imagino até que ele esteja com saudade, aii Clarinha, pare de viver para o outros e comece a viver para você mesma, por mim, por nós" - Pensava a loira enquanto fazia carinho na cabeça da morena.
Já Clara estava com o olhar igualmente vago, pensando no que iria fazer para tentar solucionar toda aquela história.
- "O que vou fazer? Se eu me assumir para o Thiago ele certamente irá espalhar para meus amigos e isso pode acabar chegando aos ouvidos de meus pais. Mas ao mesmo tempo, como posso ir até a casa dele para tirar isso a limpo sem dar a entender que estou com a Mari? Aii, não dá, vou ter que pensar melhor." - Os pensamentos de Clara foram interrompidos por Mariana.
- Ai Clarinha, não aguento mais, sei que estamos aqui, em silêncio pensando no mesmo assunto,vamos conversar e tentar achar uma solução juntas. Eu fico agoniada só de pensar que você está ai com a cabeça confusa com toda essa situação, vamos pensar juntas, pode ser? - Falou Mariana levantando parte do corpo e apoiando-se com o braço na cama para olhar para Clara.
- É Mari, você tem razão,não adianta ficar postergando o assunto, precisamos pensar juntas, me fala então o que você estava pensando? - Pediu a morena.
Mariana respirou fundo, pois sabia que Clara não iria gostar de ouvir o que ela estava pensando, mas ainda assim decidiu falar.
- Bom, eu estava pensando na questão de se assumir Clara, mas sei que você ainda não consegue encarar isso, só que seria mais fácil, você ficaria livre para ser quem você é.
- Mari, por favor, já te pedi para ter paciência comigo. Eu realmente não conseguiria fazer isso agora.. acho que eu preciso preparar o terreno lá na casa dos meus pais primeiro.
- Como assim preparar o terreno? Está pensando em tocar nesse assunto para ver a reação deles?
- NÃOOO... er.. não. - Repetiu Clara, tentando controlar o tom de voz - Mari, agora não posso falar nada, esqueceu que o Henrique falou com o meu pai sobre nosso beijo?? Se eu tocar nesse assunto é óbvio que ele vai desconfiar.
- Não te entendo então, como você quer preparar o terreno sem tocar nesse assunto com seus pais?
- Ai Mari, não é só assim que a gente prepara o terreno,né. Sei lá, vou achar uma outra forma. - Respondeu Clara de forma vaga.
- Tudo bem, sei que você vai achar sim. - Concordou a loira de forma não muito firme. - Mas de qualquer forma precisamos pensar em como vamos lidar com o Thiago. Na boa Clara, só o fato de você procurar ele para falar um monte já vai dar a entender que você está comigo, não tem como fugir disso.
- É, você tem razão, também estava pensando nisso.
- Então, acho que é melhor nós duas irmos conversar com ele e...
- NÃOO, DE JEITO NENHUM, MARI!!! - Cortou Clara, com a voz exaltada.
- Ei, calma Clara, deixa eu terminar de falar... - Falou a loira com uma calma rara.
- Tudo bem... er.. desculpa Mari, termine de falar. - Respondeu Clara um pouco constrangida diante de tanta calma.
- Clara, pensei de irmos lá na casa do Thiago e falarmos que se ele continuar se intrometendo na nossa vida, nós o processaremos. - Mariana pegou a mão de Clara e continuou a falar -Temos provas de que foi ele quem nos ameaçou, Clara! E eu ainda posso reforçar o que já havia falado, sobre a questão das ofensas contra mim, ele não vai poder manter aquela pose prepotente diante de tudo isso, ele vai nos deixar em paz Clarinha.
- Mari, mas assim ele vai ficar sabendo sobre mim e possivelmente contará para meus amigos.
- Mas, você também tem medo que seus amigos saibam? Achei que você quisesse esconder apenas por causa de seus pais. - Falou Mariana um pouco decepcionada.
- Er.. mas... mas é Mari. Tenho medo que isso cai nos ouvidos de meus pais. Aii Mari, por favor, não me pressiona.
- Não estou pressionando, Clara, apenas quis saber o motivo, seja sempre sincera comigo ok?
- Claro Mari, por que você está falando isso? Acha que estou escondendo algo?
- Não, deixa, só foi um pensamento que me passou pela cabeça, mas é bobeira.. - Falou a loira tentando deixar o assunto para lá.
- Fala Mari, o que você pensou? - Insistiu a morena. Mariana por sua vez encarou aqueles olhos pretos e perguntou:
- Clara, apenas me diga uma coisa e seja muito sincera. Você tem vergonha de ser vista com uma mulher? Sente vergonha ou medo?
- Aii Mari, como você pode pensar isso?? Claro que sinto medo, tenho medo de sofrer preconceito, de não ser aceita. São muitas coisas que passam pela minha cabeça, mas jamais sentiria vergonha de você- Clara levou a mão ao rosto de Mariana. - Eu sou louca por você.
- "E eu amo você, será que eu não merecia ouvir isso também?" - Falou a loira, obviamente por pensamento, pois não queria mais correr o risco de falar e não ser correspondida. - Também sou louca por você Clara.
- Então, pare de pensar essas coisas de mim.
- Mas é por que fico muito insegura com esses seus medos. - Confessou a loira.
- Mari, presta atenção no que vou falar, olha bem nos meus olhos. - Pediu Clara segurando o rosto da loira. - Eu quero você! Não tenho dúvida dos meus sentimentos e das minhas vontades, mas ainda não sei lidar com isso. Por isso te peço paciência, ainda mais agora que já sabemos que é o Thiago, não vamos precisar ficar afastadas, vamos poder nos ver sempre.
A loira suspirou fundo ao ouvir aquelas palavras e se sentiu mais segura.
- Ai, tudo bem, linda, vou parar com essas inseguranças, vou esperar você se sentir preparada para enfrentar a situação, ficarei sempre ao seu lado. - Mariana se aproximou dos lábios de Clara e lhe deu um beijo. - Chega de clima pesado por aqui hoje, nós estamos a um passo de resolver tudo isso, não tem por que nos apavorarmos mais.
- Isso mesmo, vamos ficar tranquilas, agora as coisas só tendem a melhorar. - Confirmou a morena retribuindo o beijo em Mariana.
- Mas só para encerrar esse assunto, vamos fazer o que eu propus então?
- Tudo bem, vamos sim. - Cedeu a morena. - Você tem razão Mari, ele já sabe da gente mesmo, então nada iria impedir que ele contasse para alguém, não terá problema me assumir para ele. Amanhã mesmo eu ligo para o Thiago e peço para ir até a casa dele.
- Clara, pensei em uma coisa agora. Por que você não chama ele para ir na sua casa? Inventa que vai ter alguma coisa lá com sua irmã e o Guilherme, assim vai ficar mais fácil de enganá-lo.
- Boa ideia Mari, aí você já fica lá comigo, quando ele chegar vai ficar todo sem graça de nos ver. - Falou Clara ao imaginar a cena. - Adorei a ideia loirinha.
- Vai ser engraçado, estou louca para ver a cara dele quando me ver em seu apartamento. - Brincou Mariana já se sentindo tranquila com a situação.
- E quando ele ver isso... - Clara segurou o rosto de Mariana e a beijou de forma intensa.
Mariana se rendeu ao beijo com o coração feliz por imaginar Clara assumindo seu romance com ela para o Thiago. Ficou beijando a morena longamente até precisarem parar para recuperar o ar.
- Se você fizer isso ele vai ter um ataque cardíaco de tanta raiva. - Respondeu Mariana meio abobalhada.
- Que tenha então, agora vem cá, quero outro beijo. - Falou Clara puxando a loira para si.
As jovens embalaram vários beijos naquela noite, depois de terem passado por momentos de tensão e nervosismo. Nada melhor do que o diálogo para tranquilizar os corações e dar confiança e discernimento para fazer as escolhas certas.
Fim do capítulo
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Lana queen
Em: 14/07/2016
Oie Gi...
Quem é vivo sempre aparece...
Tava louca pra vir aqui, mais sao tantas coisas acontecendo, não da pausa...
Lindas as duas juntas e resolvendo os problemas, Clarinha meu amorzinho, sempre assim cheia de medos, parece alguem que conheci aqui...haha
Thiago...aff que raiva dessa pessoa...
Beijos Gi, volto logo
Resposta do autor:
Ei Lana,
É sempre bom ver um comentário seu por aqui. Imagino a correria do seu dia-a-dia, mas no seu tempo a história será lida, não se preocupe com isso, ok?
Clarinha sempre cheia de medos, ela não sabe lidar com essa nova situação em sua vida... Difícil para alguns compreenderem, mas cada um sabe das dificuldades que traz em sua vivência. Ela parece com alguém que conheceu? rsrs
Beijos, obrigada!
Sem cadastro
Em: 09/09/2015
que bom que vc vai posta ak fico mega feliz... mas a historia ja estava bem mas avançada nao eh? qse 20 cap a frente bjosss
Resposta do autor:
Ei Sisi,
Bom vê-la por aqui. Sim, a história estava no capítulo 42.. estou tentando postar o mais rápido que consigo, rsrs... logo chegarei lá
Beijos
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Ana_Clara
Em: 09/09/2015
Vou comentar umas dez mil vezes só para a Clarinha e a Mari terem milhões de estrelas. Essa história merece esse feito!! Essas meninas são lindas juntas e Gi, vc é uma autora super querida. ^^^^
Resposta do autor:
Ah, vc é uma graça!
Muito obrigada por esse carinho e apoio, fico muito feliz, de verdade! Vcs tão são muito queridas por mim! s2
Beijos!!
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Ana_Clara
Em: 08/09/2015
Essa paixão inicial delas, essa descoberta do amor, mesmo sem nunca terem vivido algo igual. Lindas! Relendo aqui a história delas, vejo que a Clarinha errou muito, mas mesmo assim merece milhões de chances novamente, afinal esse amor que ela sente pela Mari é tão puro e inocente. Clarinha medrosa, mas diva!!! 😍
Resposta do autor:
Ah, a Clarinha tem seus encantos, não é mesmo? Ela foi vítima do próprio medo e das escolhas erradas, mas agora que ela acordou para a vida vamos torcer para que a Mari a perdoe.
Hahaha, medrosa, mas diva , gostei
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