Capítulo 21
Coragem! Palavra não muito simples, mas que, ao contrário de Clara, Mariana sabia muito bem como usá-la em sua vida. A loira era tão madura que, opostamente ao que se imaginava, não se rendeu à dor que sentia por ter perdido a mulher que amava. Sofria sim, porém toda àquela dor só fez com que seu peito se enchesse ainda mais de coragem para ir atrás de sua felicidade. Jamais iria se permitir ficar prostrada diante de algo que parecera tão vago.
Embora a noite tivera sido bem dolorida para a jovem, também servira para ela como um retiro, no qual se é possível refletir de forma profunda sobre vários aspectos da vida. Mariana sabia que tinha motivos de sobra para se afastar de Clara, porém algo ainda a fazia crer que aquele não era realmente o desejo da morena.
Assim, decidira não desistir daquele sentimento que tinha por ela, até porque sabia o quanto a amava e um amor como aquele não se esquece assim, da noite para o dia. No entanto, iria ser cautelosa e paciente, pois almejava descobrir o que de fato estava acontecendo.
- "Não adianta tentar me enganar, Clara, em nenhum momento deu para sentir firmeza no que você falava. Tem coisas que só conseguimos perceber quando aquietamos nosso coração. Só desisto de você quando tiver certeza de que realmente você não me quer mais" - Pensou a loira, sentindo uma força diferente em seu coração.
Começou a perceber que era o sentimento de coragem que lhe dava forças, nem mesmo ela achou que pudesse ser tão forte daquele jeito. E foi dessa forma, com o coração um pouco mais tranquilo, que conseguiu pegar no sono depois de uma noite de muita reflexão. Voltou a despertar às 13 horas com o chamado de Sr. Augusto próximo ao seu ouvido.
- Filha... filha... acorda... - Chamava Sr. Augusto com a voz baixa e preocupada. - Mariana, acorda, você está bem?
A loira virou-se de frente para o pai sentindo uma leve pontada na cabeça.
- Oi pai, estou melhor, mas minha cabeça está começando a doer. - Respondeu Mariana, levando as mãos à sua testa.
- Mari, estou preocupado, você chorou a noite toda... er... eu ouvia seu choro, filha.
- Pai, não se preocupe, eu vou ficar bem.- Mariana tentava tranquilizar o pai, já se sentando na cama.
- Filha, como não me preocupar? Que pai ficaria tranquilo ao ver sua filha chorando? - o semblante de Sr. Augusto era de total preocupação. Porém, Mariana olhava para o pai e imaginava se ele iria ficar de fato mais tranquilo quando soubesse o que estava lhe deixando daquela forma.
- Pai, eu vou ficar bem, olha, na verdade eu já até estou melhor.
- Não me parece muito melhor não, filha. O que parece é que você não quer me contar o que está acontecendo. - Mariana respirou fundo ao ouvir aquelas palavras de seu pai, mas, não segurou o comentário:
- Pai, e se o que eu tiver evitando de contar for algo que vai te deixar decepcionado? - Perguntou Mariana olhando para o pai.
- Nossa, mas o que poderia ser tão grave assim que me deixaria decepcionado, filha? - Questionou Sr. Augusto tentando imaginar o que poderia ser motivo de decepção para ele.
Mariana abaixou a cabeça, como se estivesse pensando bem antes de dizer o que estava acontecendo.
- Vamos filha, diga, por que tem tanto medo assim de me decepcionar? Eu duvido que isso aconteç...
- Pai eu sou lésbica! - Disse Mariana com a voz tranquila e cheia de firmeza.
- O- oque? Vo-você é o que? -Gaguejou Sr. Augusto.
- Pai, eu estou amando uma mulher, mas ela...
- NÃO PODE SER MARIANA! QUE BRINCADEIRA SEM GRAÇA É ESSA? - Gritou o pai da jovem, já se levantando da cama onde antes estava sentado.
- Pai, olha bem para o meu rosto, olha para minha expressão, acha mesmo que estou brincando? Será que o senhor já se esqueceu da noite difícil que eu passei? Não acha que tem algo a ver com tudo isso? - Mariana já previa aquela reação do pai, mas as reflexões que teve na noite passada lhe deram coragem suficiente para conseguir expor toda verdade para ele. - Pai, eu amo uma mulher e essa mulher é a Clara.
- O QUE???? A.. a Clara? Você está me dizendo que vocês duas.. er.. - Sr. Augusto fazia um gesto com a mão tentando entender se era aquilo mesmo que ele estava imaginando.
- É pai, é isso mesmo que o senhor está pensando e não tem coragem de dizer, nós ficamos pai, estávamos juntas, até ontem... - Mariana voltou a transparecer um semblante triste. Estava muito mais preocupada com o fato de não ter mais a morena, do que com a reação de seu pai diante dessa descoberta.
- Pare Mariana, pare com isso. Que besteira é essa?? A clara é sua amiga... vocês... vocês são duas mulheres. Isso não existe. - Sr. Augusto falava desesperado, andando de um lado para o outro do quarto.
- Pai, a verdade é essa, cansei de mentir, de esconder as coisas. Eu sou assim e espero que o senhor entenda e continue me amando como eu sou. - A jovem falava com um misto de tristeza e tranquilidade.
- Como entender isso, Mariana?? Isso é uma pouca vergonha. O homem foi feito para a mulher e a mulher feita para o homem, não existem outras opções.
- Pai, chega. Por favor, não torne meu dia ainda mais difícil. - Mariana olhava para o pai que permanecia agitado, como se ainda não estivesse entendendo a situação.
- Já sei... já sei o que aconteceu, isso só pode ser influência daquele sujeitinho que você diz ser seu amigo, aquele rapaz esquisito.
- CHEGA!!! Pai, não vou admitir que o senhor fale mal do Fred. Ele é um dos poucos que sempre está ao meu lado. Ele sim é um amigo de verdade, que não julga as pessoas. Se o senhor quer me discriminar, tudo bem, mas não coloque a culpa em ninguém. - Mariana acabara se exaltando ao ouvir a acusação de seu pai. Geralmente tinha muita paciência com tudo, mas quando se tratava de alguma injustiça, seu pavio era extremamente curto. - O Fred não tem nada a ver com isso. Eu me apaixonei pela Clara logo na primeira vez que a vi. Não pude controlar, e com ela eu vivi as coisas mais profundas que já senti na vida.
- NÃO QUERO OUVIR! CHEGA MARIANA. - Sr. Augusto fazia um sinal desesperado com a mão para que a filha parasse de falar. - Por favor, isso é muito para eu entender, não dá.
- Tudo bem pai, já esperava essa reação sua. O curioso é que há poucos dias o senhor disse que me apoiaria em qualquer situação que eu enfrentasse. Mas, na verdade não era bem isso que o senhor quis dizer, né?! - Mariana olhava com o olhar triste para o pai, que permanecia imóvel no meio do quarto, sem saber o que dizer. - Pai, eu amo muito o senhor, pode ter certeza que eu nunca desejei te magoar ou te decepcionar, mas tem coisas na vida que acontecem sem a gente esperar. Eu queria muito poder sentar agora com o senhor e contar tudo o que está acontecendo... como estou sofrendo. Mas eu entendo pai, eu sei que isso é complicado de se entender. Não se preocupe, essa semana mesmo eu procurarei um apartamento para mim. Vou respeitar a sua reação e se um dia o senhor entender que isso não interfere em nada na pessoa que eu sou, no meu caráter e em tudo aquilo que eu aprendi com o senhor, pode me procurar, pois a porta da minha casa sempre estará aberta.
Sr. Augusto continuava no meio do quarto sem falar nada. Sua única reação ao ouvir as palavras da filha fora abaixar a cabeça, como se estivesse pensando em tudo o que ela lhe falara.
- Pai, pode ir, não precisa me dizer nada. Vou tomar um banho e dormirei na casa do Fred hoje. Quando o senhor se sentir preparado para conversar comigo novamente é só me procurar. - Mariana caminhou em direção ao banheiro, mas antes de fechar a porta disse a seu pai: -Pai, só te peço para não me tratar de forma preconceituosa, e muito menos tentar mudar o que eu sou.
Mariana entrou no banheiro e fechou a porta, deixando Sr. Augusto ainda parado e desacreditado em seu quarto. Ligou o chuveiro e começou a pensar em tudo o que acabara de acontecer, não sentiu nenhum arrependimento por ter falado tudo a seu pai, muito pelo contrário, sentiu-se tranquila e segura de ter feito a coisa certa.
Depois que saíra do banho escutou Sr. Augusto saindo com o carro e pensou que certamente ele estaria indo para casa de Andréa contar tudo a ela. Porém, nem se importou com aquilo, decidira que não iria esconder mais de ninguém quem ela realmente era, independente se ira sofrer preconceito ou não.
Trocou de roupa e ligou para Fred para saber se poderia dormir em sua casa naquele dia. Precisava de um ombro amigo e de alguém que realmente pudesse entender o que ela estava passando.
- Alô, Mariii! - Atendeu o amigo com seu habitual bom humor.
- Fred, oi amigo, tudo bem? - Mariana demonstrava em sua voz que não estava bem.
- Mari, que vozinha é essa? Aconteceu alguma coisa? - Perguntou preocupado.
- É, você me conhece mesmo né Fred, posso dormir aí hoje? Preciso de você, aconteceram várias coisas. Estou sem chão, amigo.
- Meu Deus, estou preocupado Mari. O que aconteceu?
- Ah Fred, melhor eu falar pessoalmente, se não vou começar a chorar. Posso ir para sua casa agora? - Perguntou Mariana tentando conter o choro.
- Claro meu amor. Vem para cá, aqui você me explica tudo direitinho.
- Está bem, já já eu chego aí. Obrigada amigo! Beijos
- Beijos Mari.
Mariana terminou de se arrumar, colocou uma peça de roupa dentro da bolsa para vestir no dia seguinte e seguiu para casa de Fred. Ao chegar lá foi logo recebida pelo amigo com um abraço apertado.
- Mari, minha linda. O que aconteceu, hein? - Fred abraçava Mariana tentando já confortá-la, pois sabia que algo grave tinha acontecido. - Vem, vamos entrar.
- Ai Fred, minha vida parece uma montanha russa, vive entre altos e baixos.
- Calma minha flor, senta aqui, me explica direito o que está acontecendo. - Disse Fred, apontando para que Mariana se sentasse no sofá.
- Fred, a Clara terminou tudo comigo, disse que não quer mais continuar, pois percebeu que estava ficando sério demais. Disse que percebeu que aquele sentimento que tinha por mim era apenas amizade. Como pode isso, Fred? Como pode?? - Mariana começara a chorar, sabia que diante do amigo não conseguiria conter o choro.
- Ai Mari, não acredito nisso, como assim, vocês estavam tão bem. - Fred se aproximou da jovem para lhe consolar. - Calma, me conta tudo o que aconteceu, me fala direito o que ela te disse.
- Fred, ela simplesmente mudou da água para o vinho em menos de em dia. Eu não consigo acreditar nas palavras dela, é mentira, alguma coisa aconteceu. Me diz como pode alguém fazer uma surpresa romântica como aquela que ela fez no meu aniversário e depois de pouco tempo dizer que só sente amizade??? - Mariana ainda falava chorando e tentava mostrar para o amigo que tudo aquilo ainda não fazia sentido para ela.
- Mari, você tem que me contar direito o que aconteceu para que eu possa te ajudar a analisar a situação. Vamos lá, respira, tenta ficar calma e me conta exatamente o que aconteceu.
Fred ajudou Mariana a controlar seu choro e esperou calmamente até que a jovem conseguisse contar tudo o que acontecera entre ela e Clara.
- Mas, Mari, ela não estava agindo de forma estranha antes? - Perguntou Fred após ouvir todo o ocorrido.
- Não Fred, ela estava um amor comigo, as coisas estavam mais intensas. Ela sempre me chamava para dormir em seu apartamento e tal. A única coisa que pensei que pudesse fazer ela se preocupar com nossa relação é o medo dos pais dela descobrirem.
- Mas, você disse que a irmã dela descobriu, né?
- Descobriu e não gostou muito da ideia. Mas, a gente estava super bem, mesmo depois disso tudo. Não dá para entender.
- E em relação ao sentimento, o que você percebia por parte dela? - Fred continuava com suas perguntas, como se estivesse investigando a história.
- Ai Fred, é como falei, tudo estava tão intenso e profundo. Eu me sentia a pessoa mais querida do mundo ao lado dela, tinha um sentimento forte ali, tenho certeza. - Mariana falava pensativa. - Er.. só uma coisa que me intrigava. Sempre que eu estava prestes a falar algo mais profundo em relação a nós ela me cortava, parecia que tinha medo de ouvir, não sei bem explicar.
- Hum... entendo, isso pode ser medo, Mari, sempre achei a Clara bem medrosa para lidar com essa situação. Ao contrário de você.
- É, quando quero algo eu não me importo com o que os outros vão pensar. Inclusive hoje eu contei para o meu pai, Fred. - Mariana abaixara a cabeça ao se lembrar da reação do pai.
- O QUE???? SEU PAI SABE DE VOCÊ??? - Falou o amigo espantado.
- Sabe e você já pode imaginar a reação dele, né? - Seu tom de voz continuava triste.
- Aii amiga, que momento é esse que você tá passando, hein!? Vem cá. - Fred puxou a amiga para um abraço. - Mas, er... ele te expulsou de casa?
- Não, ele brigou no começo, mas depois não conseguia falar nada, apenas eu que falava, ele saiu de casa sem me dizer nenhuma palavra. Mas Fred, nem estou muito preocupada com isso, acho que logo meu pai irá aceitar, a reação dele foi esperada e também, como você sabe pretendo me mudar em breve.
- É verdade, Mari, você é muito corajosa. Acho isso fantástico, é inspirador.
- Fred, de que adianta ter essa coragem toda, mas não ter ao seu lado a pessoa que ama? - Mariana continuava indignada com a situação.
- Calma linda, eu também começo a crer que tem algo a mais nessa história toda. - Fred olhava para o chão pensativo. - Mari, talvez a Clara esteja com medo de que a Manuela conte alguma coisa para os pais dela. O medo faz coisas, Mari, sei bem disso por que já sofri muito com as indecisões do meu ex., você se lembra?
- Sim, me lembro - Mariana balançava a cabeça afirmativamente ao se lembrar do quanto o amigo já sofrera com as indecisões e os medos de seu ex namorado. - Mas Fred, nunca pedi para a Clara me assumir, na verdade nem estávamos namorando oficialmente, ela nunca me deu brecha para pedi-la em namoro.
- Viu, exatamente por isso, ela tem medo, Mari. Pensa um pouco, tudo aconteceu de forma muito rápida entre vocês, talvez ela tenha deixado para processar as informações todas agora e acabou pirando.
- É, pode ser, mas se você tivesse visto o jeito cruel que ela falou comigo. Fred, ela me expulsou da casa dela, rebaixou meus sentimentos, como se eu estivesse enganada em relação a eles. - Mariana inclinou o corpo para trás e encostou a cabeça no sofá. - Só que quando eu estava indo embora eu a beijei e ela correspondeu. Vi que ela estava chorando enquanto me beijava, Fred, entende como isso tudo parece loucura?
- Parece sim, Mari, acho que a Clara está vivendo um conflito interno muito grande: estar completamente apaixonada por uma mulher, mas saber que ninguém de sua família aceitaria isso. - Fred segurou as duas mãos da amiga e voltou a dizer. - Mari, não é uma situação fácil, tem que ser muito forte para enfrentar tudo isso.
- Mas, e o amor, Fred? O amor não é maior que tudo isso? - Perguntou a loira ainda indignada.
- É sim minha flor, mas, você tem que pensar que o tempo das pessoas não são iguais. Você aceitou muito rápido essa situação, mas talvez a Clara não. Será então que essa atitude dela não tenha sido por covardia?Sei lá, talvez tenha sido o caminho mais fácil pra ela.
- Mais fácil?? Poxa, se me fazer sofrer assim for o caminho mais fácil para ela nem sei o que pensar mais. - Falou a loira revoltada.
- Marii, não foi isso que eu quis dizer. Estou querendo te mostrar que muitas vezes as pessoas acham que é mais fácil fugir do que enfrentar a situação. Você mesmo disse que tem certeza que ela está sofrendo, que ela estava chorando.
- É...
- Então Mari, tudo indica que é isso que está acontecendo. - Fred tentava clarear a história para a amiga.
- Mas, o que eu faço então, Fred? Simplesmente cruzo os braços e espero ela se decidir? - Falou a loira se sentindo perdida.
- Não Mari, acho que você tem que fazer algo, mas não agora, deixe ela sentir sua falta, deixe ela perceber que a dor de não ter você é maior do que o medo que ela sente.
- Mas, e se não for nada disso? E se ela realmente percebeu que não me quer mais? - Perguntou Mariana preocupada, deixando voltar suas ideias pessimistas.
- Mari, diante de tudo isso que você relatou, acho muito improvável que ela não te queira mais. Mas, isso é um risco que você terá que correr.
- É, você tem razão.- Mariana sentiu uma lágrima escorrendo em seu rosto. - Fred, eu a amo, muito. Quero lutar por ela.
- Então lute, Mari, não tenha medo de correr atrás do amor. Mas, faça isso no tempo certo.
- Me ajuda então amigo, por que a vontade que eu tenho é de ir atrás dela nesse momento.
- Own minha linda, vem cá. - Fred voltou a abraçar a amiga. - Hoje você vai ficar aqui e nós vamos nos distrair. Vou te ajudar, fique tranquila, tudo vai acabar bem.
- Obrigada Fred, você é um tesouro na minha vida!
- Hum, só se for um tesouro com muito brilho, meu bem. - Falou Fred de forma totalmente alegre, arrancando um sorriso do rosto de Mariana. - Ahh, viu só, já consegui um sorriso seu.
- É, só você mesmo.
- Agora vem, vamos comer alguma coisa, pois pela sua cara você ainda não comeu nada. - Disse Fred estendendo a mão para a amiga.
- Tens razão, não comi nada ainda, nem estou com fome... deix..
- Nem pensar! Anda, levanta daí, não será fraquinha desse jeito que você laçará de volta o coração da sua morena. - Falou o jovem com a voz firme, interrompendo o desânimo da amiga.
- Ok, você venceu, vamos. Mas não vou comer aquelas gororobas que você faz não. - Disse a jovem se sentindo um pouco mais animada e brincando com o amigo.
- Hum, que afronta! Tudo bem, então você que vai cozinhar.
- Combinado, cozinhar sempre me distrai. - Falou a loira se levantando do sofá. - Vamos.
- Vamos!
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Diferentemente de alguns dias atrás, a semana começara triste para as duas jovens. Tanto para Mariana quanto para Clara, o domingo havia sido extremamente tenso, e os pensamentos continuavam fervilhantes em suas mentes. Porém, Mariana ainda tinha o apoio de seu amigo Fred, que sempre tentava animá-la com suas frases engraçadas. Já Clara estava se sentindo mais sozinha do que nunca, pois, além de se ver obrigada a ficar longe de Mariana por conta de sua covardia, também não tinha ninguém que pudesse conversar sobre aquele assunto.
Tinha vontade de ligar para Manuela e explicar tudo o que acontecera, porém sabia que sua irmã ainda não havia digerido bem toda aquela história. Assim, continuou guardando apenas para si toda dor que sentia, procurando achar alguma forma de esquecer tudo aquilo e seguir em frente com sua vida.
Enquanto Clara tentava esquecer o momento ruim que estava vivendo, Mariana procurava trabalhar sua paciência, já que havia decidido ouvir os conselhos de Fred em não procurar a jovem, por enquanto. Assim, tentou manter sua cabeça ocupada na procura de seu novo apartamento. Queria sair logo de sua casa, pois o clima entre ela e Sr. Augusto continuava pesado e a loira sabia que embora seu pai a amasse muito, ele iria demorar um bom tempo para entender sua escolha.
Dessa forma, pediu a ajuda de Fred para achar um imóvel acessível, mas que também fosse agradável e bem localizado. Como o jovem tinha comprado há pouco tempo um apartamento para si, já conhecia os locais certos para se buscar. Então, depois de algumas semanas visitando diferentes tipos imóveis, a loira acabou fechando a compra de um apartamento localizado próximo à agência em que trabalhava. Ficara feliz com a escolha, pois iria economizar bastante com combustível, já que iria poder ir para o trabalho caminhando.
Já para decoração, Mariana preferiu pedir ajuda à amiga Duda, pois Fred tinha tendência em escolher objetos espalhafatosos, algo que era totalmente o oposto de seu gosto. Na verdade, depois das despesas que tivera com a compra do apartamento, a loira não estava muito em condições financeiras para gastar com a decoração interna da casa. Assim, ela e Duda procuraram apenas móveis e eletrodomésticos simples, mas que eram essenciais para que Mariana não ficasse dependendo de mais nada na casa de seu pai. Então, as jovens aproveitaram o sábado para comprar os utensílios que estavam faltando e para terminarem de organizar o apartamento da loira.
Depois que o apartamento já estava quase todo montado as duas jovens resolveram parar para descansar.
- Ai Duda, ainda bem que você veio me ajudar, por que se fosse o Fred aqui, do jeito que ele é perfeccionista ainda estaríamos arrumando a sala. - Disse Mariana brincando.
- A sala nada, vocês ainda estariam na loja comprando. - Retrucou Duda, dando uma forte gargalhada.
- Ai amiga, fico muito feliz de ter vocês por perto, nem sei como estaria agora. - Falou a loira procurando demonstrar o quanto a amizade de Duda e Fred estava sendo fundamental para mantê-la em pé.
- Own Mari, nós sempre estaremos aqui. Eu sei que esse momento não está sendo nada fácil para você, mas vai passar. Tenho certeza. Pode reparar, nessas semanas que se passaram você ficou bem.
- Ah Duda, não fiquei tão bem assim, foi essa correria toda com a mudança que acabou mantendo minha cabeça ocupada. Mas as noites tem sido horríveis. - Mariana abaixou a cabeça ao se lembrar de como estava sendo difícil para ela ficar longe de Clara. - E acho que agora vai piorar, Duda, ficar aqui sozinha só vai me trazer mais lembranças da Clara. Não sei se vou aguentar ficar mais tempo sem procurá-la.
- É amiga, isso é bem complicado, eu no seu lugar já teria desistido. Poxa, a Clara pisou na bola com você, não esperava isso dela. - Duda tentava se compreensiva em relação a esperança que Mariana tinha em voltar com a morena, porém sempre acabava deixando escapar sua impaciência diante da atitude de Clara.
- Duda, sinceramente eu queria muito pensar assim, simplesmente deixar para lá, esquecer, mas eu a amo, não quero ficar sem ela. E meu coração diz que ela também sente o mesmo. - Mariana virou-se para a amiga olhando em seus olhos, como se quisesse a convencer do que iria falar. - Duda, aconteceu alguma coisa, eu não sei o que é ainda, mas meu coração diz que a Clara foi forçada a agir daquela forma.
- Como assim, Mari? - A amiga ainda não entendia como Mariana podia pensar daquela forma.
- Não sei explicar, eu apenas sinto. - Mariana se levantou do sofá tentando achar uma forma de explicar para Duda sua intuição, mas acabou percebendo que não seria fácil e deixou para lá. - Enfim, vamos deixar esse assunto de lado. Vem, vamos fazer algo para comer, quero estrear minha cozinha.
- Oba., vamos, estou morrendo de fome. - Respondeu Duda acompanhando Mariana até a cozinha.
- Acho que vou fazer um sanduiche mesmo, pode ser Duda? - Perguntou a loira olhando para as poucas opções que tinha na geladeira.
- Claro Mari, um sanduba cairá muito bem. - Respondeu Duda, acompanhando a movimentação da amiga. - Nossa, mudança cansa tanto.
- Cansa. Obrigada mesmo, amiga, por me ajudar. Por que você não dorme aqui hoje? Te empresto uma roupa.
- Ai Mari, não vai dar, eu marquei de sair com o Pedro.
- Humm, então vocês estão namorando oficialmente? - Perguntou Mariana com um sorriso no rosto.
- Estamos! - Respondeu Duda com um sorriso ainda maior que o da loira.
- Fico muito feliz por vocês. Pelo menos alguém por aqui está com sorte no amor. - Disse Mariana em tom melancólico.
- Eii, pode ir parando com isso. Mari, olha para você, uma moça linda, independente. Acha que vai ficar solteira para sempre?
- Não, não vou, pois vou reconquistar minha morena! - Falou a loira decidida.
- Aiii Mari, ok, não vou interferir mais. Quero que você seja feliz, e se for ao lado da Clara também te apoiarei. Mas, me prometa que não vai deixá-la te fazer sofrer.
- Eu te prometo que vou atrás da minha felicidade, Dudinha, por que falar em não sofrer agora é praticamente impossível. - Disse Mariana com um olhar triste para Duda.
- Aii meu Deus, por que as coisas do coração são tão complicadas? - Perguntou Duda sem esperar uma resposta e caminhando em direção a amiga para abraçá-la.
- Se as coisas já são complicadas entre um homem e uma mulher, imagina entre duas mulheres?! As pessoas são muito preconceituosas e acabam interferindo nesse tipo de relacionamento.
- É verdade, você foi muito corajosa em se assumir, Mari. Mas, por falar em preconceito, você chegou a se encontrar com o Thiago depois do seu aniversário? - Perguntou Duda, se lembrando dos comentários maldosos do jovem, no aniversário de Mariana.
- Duda, acredita que ele apareceu um dia lá no meu trabalho? Ele queria sair, mas, novamente dei o fora nele. - Mariana abaixou a cabeça pensativa. - Nossa, a última vez que o vi foi um dia antes da Clara terminar comigo.
- É amiga, se ele realmente tivesse certeza sobre seu envolvimento com a Clara, agora ele estaria festejando por vocês não estarem mais juntas. - Disse Duda, tentando brincar com a situação. Porém aquele comentário deixara Mariana pensativa.
- Duda, você acha que o Thiago teria a coragem de falar sobre isso com a Clara?
- Ai Mari, não sei, não o conheço muito bem. Só pude perceber que ele não gosta muito de perder né. E o fato é: você não deu a mínima para ele, com certeza ele ficou com o orgulho ferido ali.
- Meu Deus Duda e se o Thiago tiver feito alguma coisa para assustar a Clara? Sei lá, talvez ele tenha tentado afastá-la de mim. Talvez por isso ela esteja agindo assim comigo! - Falou a jovem como se tivesse acabado de ter um insight.
- Mas por que você acha isso, Mari? Nós nem temos certeza se ele sabe sobre vocês.
- Ai, não sei Duda, esse pensamento me veio agora na cabeça, mas, talvez você esteja certa, deve ser bobeira minha. Até por que o Thiago é amigo da Clara.
- Pois é, se ele é amigo da Clara pode até ser que tenha conversado com ela sobre isso, mas, a Clara teria lhe falado, Mari. - Disse Duda tentando tranquilizar a amiga e mostrar que ela estava começando a imaginar coisas.
- É, teria sim.
- Aii amiga, para de ficar procurando motivos para justificar as atitudes da Clara. Já disse, você precisa olhar para frente, tentar esquecer essa história.
- Tudo bem, vamos esquecer esse assunto. - Disse Mariana ainda pensativa.
- Bom, mas agora eu preciso ir, Mari. - Falou Duda olhando no relógio e já se levantando. - Fica bem amiga, pare de ficar imaginando coisas absurdas. Mas, olha, se você se sentir sozinha me liga, está bem? Não fique alimentando os pensamentos que não te fazem bem.
- Pode deixar, Duda. - Disse a loira, levando a amiga até a porta. - E mais uma vez obrigada pela ajuda e pelos conselhos.
- Não precisa agradecer. Quero te ver bem viu! Agora deixe-me ir, pois preciso ficar gata para meu namorado. - Falou Duda piscando para a loira. - Beijo amiga!
- Beijo, Dudinha, até segunda!
Mariana fechou a porta da sala e caminhou até seu novo quarto. Era a única parte do apartamento que ainda estava bagunçado. Começou a desembrulhar as coisas que ainda estavam nas caixas de papelão e procurou manter a mente ocupada para não pensar em Clara. Porém, ao abrir a última caixa, avistou o presente que a advogada lhe dera no dia de seu aniversário. Pegou o globo de vidro carinhosamente e sentiu um nó em sua garganta ao se lembrar dos planos de viajarem juntas para Veneza.
- Ai Clara, já se passaram várias semanas. Como você faz falta, como quero te ver. - Mariana colocou o presente com cuidado em cima do criado-mudo e deitou-se na cama. Começou a pensar na conversa que teve com Duda sobre o Thiago e na possibilidade de ele ter falado algo para Clara. - Meu Deus, essa dúvida em relação ao Thiago me deixou com uma sensação estranha, primeiro por que eu não confio muito nele, tenho um feeling para coisas suspeitas, acho ele muito pretensioso, realmente não aceita perder e segundo por que se ele tiver contado algo para Clara é possível que ela tenha ficado com medo dele falar para outras pessoas sobre a gente.
Porém, depois de pensar melhor, aloira começou a achar que Duda tinha razão.
- Hunf, estou vendo chifre em cabeça de cavalo. Se a Clara realmente tivesse conversado com o Thiago ela teria me falado, aiii, estou viajando, a Duda está certa.
Mariana levantou-se da cama rapidamente e voltou a arrumar seu quarto. Queria dar um basta naqueles pensamentos e apenas esperar o tempo passar até se certificar de que era a hora certa para procurar por Clara.
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Já era o quinto fim de semana consecutivo que Clara passava trancada em seu apartamento. Desde que terminara com Mariana, a morena não tinha mais cabeça para sair e nem para estar com outras pessoas. Os únicos dias que se via obrigada a sair de casa era no meio de semana para trabalhar, entretanto, logo que acabava o expediente a morena voltava direto para casa. Sua vida se tornara uma verdadeira monotonia.
Todos os dias pensava na loira, mas não tinha coragem de procurá-la. Havia se conformado em viver daquele jeito, com a sensação de estar faltando um pedaço de si. Se sentia muito triste e também abandonada pelos amigos, que não lhe procuraram em nenhum daqueles dias, nem mesmo sua irmã, que sempre estivera ao seu lado.
Clara realmente se sentia sozinha, caminhou até seu quarto e se olhou no espelho. Estava com uma aparência horrível.
- Meus Deus, preciso superar isso, estou péssima! Ficar trancada em casa não vai me ajudar em nada, preciso sair.
Aproveitou o momento súbito de ânimo que tivera para a trocar rapidamente de roupa antes que desistisse de sair. Passou uma maquiagem no rosto para tampar as olheiras, olhou no relógio e decidiu ir para o shopping almoçar por lá. Desceu para a garagem do prédio, pegou seu carro e ligou o som de forma a distrair seus pensamentos. Colocou os óculos escuros e saiu em direção ao shopping, porém, no meio do caminho, enquanto seu carro estava parado no engarrafamento avistou uma bela loira saindo de um carro amarelo.
Seu coração começou a bater de forma acelerada ao se dar conta de que era Mariana. Sem perceber, Clara deu sinal para encostar seu carro do outro lado da rua e continuou observando a loira.
Ela estava linda, vestindo uma calça jeans apertada, que realçava os músculos de sua perna e uma bata branca que combinava incrivelmente com o seu estilo.
- Ai Meu Deus, é a Mari.- A morena engolia seco, não estava acreditando que demorara tanto tempo para sair de casa e justamente no dia que resolvera sair encontrara com Mariana. - Como ela está linda, ai que saudade.
Clara reparou que a loira estava acompanhada de Duda e que as jovens estavam entrando em uma loja de móveis.
O coração de Clara batia muito rápido, impedindo-a de conseguir pensar racionalmente. Assim, de maneira automática ligou o carro e contornou a rua, parando com seu carro próximo aonde estava o carro de Mariana. Ficou um bom tempo lá parada, esperando as jovens saírem da loja.
- Preciso sair daqui, preciso ir embora. - O coração da morena continuava batendo de forma descompassada e ela permanecia imóvel dentro do carro observando a porta de saída da loja. - Tenho que ir, a Mari não pode me ver.
Quando ia ligar o carro para sair daquele local, avistou a loira saindo da loja de forma distraída, ainda conversando com Duda. Acompanhou as duas entrarem no carro e saírem sem notar sua presença, para logo em seguida arrancar com o carro e seguir a loira. Porém, logo se deu conta do que estava fazendo.
- EU ESTOU SEGUINDO A MARI! Aiii, eu estou maluca. - A morena falava para si mesma de forma assustada, no entanto não conseguia parar de seguir Mariana. Logo percebeu que a loira entrara com o carro em uma rua de bairro residencial e parara em frente a um prédio esperando o portão da garagem se abrir. Em seguida avistou Mariana entrar com o carro no estacionamento do prédio.
- Que lugar é esse? Será que é a casa da Duda? Mas, o que a Mari está fazendo na casa dessa menina?? Será que... NÃOOO... NÃO.. ela é amiga da Mari, ela.. ela fica com o Pedro., não pode ser isso que estou pensando. - Clara tentava manter a calma e controlar seus pensamentos. - E se esse for o apartamento da Mari? Ela estava para comprar um, era para eu estar ao seu lado ajudando-a.
Clara abaixou a cabeça triste por se sentir à parte da vida de Mariana.
- O que eu esperava também??? Eu que pedi para ela se afastar, esquece isso Clara, preciso sair daqui. - A morena arrancou com o carro rapidamente ante que tomasse uma atitude que a faria se arrepender depois. Dirigiu até o shopping e tentou, em vão, esquecer a imagem de Mariana, que permanecia viva e lúcida em sua mente.
- Ai como dói ficar longe dela. Ela.. ela continua linda... aiii Marii, eu quero você! - Clara falava consigo mesma enquanto terminava de estacionar o carro no estacionamento do shopping. - Como ela consegue me desestabilizar dessa forma? Não consigo tirar sua imagem da minha cabeça. Aiii, por que fui sair de casa, PORQUE??
Clara continuava parada dentro do carro, tentando se tranquilizar após ter visto Mariana na rua.
- Não vou conseguir ficar longe dela, não dá! Nessas várias semanas que fiquei sem vê-la não consegui esquecê-la em momento algum, imagina agora que eu a vi. - Clara encostou a cabeça no volante. - Estou perdida, não posso continuar nessa situação. Ou eu decido esquecer a Mari de uma vez por todas, ou eu procuro alguma forma de estar com ela sem que aquele filho da puta descubra. AI QUE ÓDIO DESSE DESGRAÇADO!
A morena dava socos na parte do volante onde antes estava com a cabeça encostada.
- COMO NÃO DEIXAR QUE AQUELE INFELIZ NOS DESCUBRA SE NÃO TENHO NEM IDEIA DE QUEM ELE SEJA??? - Clara praticamente gritava no carro indignada, por ver sua vida nas mãos de um desconhecido. Encostou a cabeça no banco e ficou olhando para o lado de fora do shopping, completamente desanimada com sua vida. - De que adianta manter uma imagem de boa filha, de mulher que fora muito bem-educada e que segue os princípios da família se eu não estou feliz?? De que vale tudo isso? Ai meu Deus, até quando será que vou conseguir abdicar minha felicidade por medo da minha família não me aceitar?
Clara fazia perguntas reflexivas para si mesmo enquanto continuava olhando para as pessoas que passavam felizes de um lado para o outro no estacionamento do shopping.
- Eu preciso falar com alguém, preciso de alguém que me encoraje, que me ajude a ser mais forte, mas quem?? - Clara levou as duas mãos à cabeça e segurou a franja por entre seus dedos. - A Manu seria a pessoa para isso, ela sempre me apoiou.É... sempre me apoiou, até o dia que ficou sabendo do meu envolvimento com a Mari. Aiii, por que será que é tão difícil assim para ela aceitar que eu quero a Mariana?
A morena continuava se sentindo desolada por não ter ninguém com quem ela pudesse se abrir. Até que de repente foi tomada por um pensamento que a fez se animar.
- E se eu conversasse com o Fred? Eu sei que ele é amigo da Mari, mas tenho certeza que ele me ouviria. Quem sabe ele até não imagine quem possa ser esse desgraçado que está me ameaçando? Quem sabe ele não arrume uma solução para que eu posso ficar com minha loirinha? - Clara já ia pegar o celular para procurar o número de Fred quando a covardia novamente falou mais alto. - O que eu estou fazendo?? Só posso estar maluca mesmo, a primeira coisa que o Fred vai fazer é contar para Mariana o que está acontecendo. Não posso fazer isso, tenho medo desse babaca que me mandou a carta contar tudo para o Sr. Augusto.
Clara permanecia enrolada em seus dilemas, ir ou não ir? Contar ou não contar? Esquecer ou lutar?
- Ai Meus Deus, desde quando fiquei assim, tão fraca, tão medrosa? Se pelo menos eu tivesse um pouco de esperança de que meus pais aceitassem isso. Mas isso é impossível. Meus pais sentiriam vergonha de mim. Deus, me ajuda, preciso conversar com alguém, não vou aguentar. -Clara voltou a pegar o celular. - Vou ligar para o Fred sim, se ele souber que eu estou sofrendo uma ameaça e que a Mari também corre risco de ter seu segredo revelado, tenho certeza que ele não falará para ela. Está decidido vou ligar!
Clara sentiu seu coração se acelerar e antes que mudasse de ideia novamente selecionou o número de Fred.
- Ainda bem que a Mari colocou o número dele no meu celular, vai Fred atende.- Clara batia o pé nervosamente no chão do carro enquanto esperava o amigo de Mariana atender. Porém, o celular chamou até cair na caixa postal, deixando Clara novamente desanimada. - É, nada tem dado certo na minha vida, esquece Clara!
Jogou o celular de forma nervosa no porta-luvas e resolveu sair do carro, para finalmente almoçar. Adentrou o shopping olhando para o chão em total postura de derrota. Seguiu para praça de alimentação e pediu um prato de comida num lugar em que já tinha o hábito de almoçar. Porém conseguiu comer apenas metade do que estava no prato, o restante do tempo ficara mexendo na comida com o olhar vago, como se apenas seu corpo estivesse presente ali.
Depois que já havia se passado quase uma hora, a morena decidira voltar para casa. Começou a andar pelo shopping em direção a porta de saída, quando por uma feliz providência do destino escutou uma voz toda alegre vindo muito próxima de onde ela estava. Olhou para o lado e avistou Fred olhando a vitrine de uma loja e conversando alegremente com uma moça que parecia ser a atendente do estabelecimento.
Na hora sentiu seu coração palpitar e por impulso caminhou em direção ao jovem.
- Fre-Fred? - Disse a morena tentando recuperar a calma.
- Clara??? - Respondeu o jovem assustado.
- Oi, tudo bem?
- Tudo minha querida e você? - Fred respondera de forma automática, porém olhava para morena como se estivesse a analisando.
- Fred, não estou muito bem... er.. eu te liguei agora há pouco... queria conversar com você. - Clara falava um pouco insegura, pois parecia que ainda não estava muito certa do que iria falar para o amigo de Mariana.
- Tudo bem gata, vamos conversar então. Prefere conversar aqui no shopping mesmo? - Fred estava curioso para ouvir o que a morena tinha a dizer. Acreditava que ela era completamente apaixonada pela amiga e queria a todo custo ajudá-las a ficarem juntas de novo.
- Bom.. er.. eu preferia conversar em um local mais calmo. O assunto é sério, Fred.
- Nossa, se você quiser podemos ir lá para casa. Ou até mesmo para sua. - Respondeu o jovem preocupado.
- Ai Fred, você realmente é uma pessoa boa. Podemos ir para sua casa então, mas você está ocupado? Se quiser eu posso esperar você terminar de fazer suas coisas aqui no shopping.
- Aii, imagina, eu estava andando à toa, olhando vitrines, nada de mais. - Disse o jovem simpático, já puxando Clara em direção ao estacionamento. - Vamos, quero saber o que está acontecendo com você, acho que já imagino o que seja.
- Acho que não Fred. - Clara falava com a cabeça baixa se deixando guiar por Fred. - Quer dizer, você deve saber apenas uma parte do que quero te contar.
- Tudo bem, vou aguentar minha curiosidade até em casa. Você está de carro ai?
- Estou sim, e você?
- Também estou, meu carro está ali. - Respondeu Fred apontando para o carro que estava do lado oposto de onde o da morena estava. - Vamos fazer assim, você espera eu vir com o carro e vai me seguindo, pode ser?
Ao ouvir a palavra "seguir", Clara ficou com o olhar perdido por se recordar que há poucas horas estava ela agindo feito louca ao seguir Mariana.
- Claraaa, ei, tudo bem? - Fred estalava os dedos para a morena na tentativa de despertá-la de seu transe. - Oii, pode ser?
- Hã... er... po-pode... espero você passar com o carro e te sigo. - Respondeu Clara desviando de seus pensamentos.
- Então me espere aqui, já volto.
Fred saiu em direção ao seu carro tentando pensar o que poderia ter acontecido de tão sério para fazer Clara procurá-lo.
- " Não estou crendo que a Clara quer conversar comigo. Ai Senhor, diz que é para me dar uma boa notícia, diz que ela quer voltar para Mari."
O jovem entrou no carro e logo já estava acenando para que Clara o seguisse. Assim que a morena avistou o aceno de Fred, esperou que ele passasse com o carro para acompanhá-lo até sua casa. Porém, enquanto estava no caminho Clara precisou lutar contra seus pensamentos, pois toda hora sentia vontade de desviar o caminho e seguir para casa, mas sabia que essa atitude não a faria se sentir melhor.
- "Calma Clara, você precisa conversar com alguém, chega de guardar as coisas, chega de ser covarde!" - A morena ligou o som do carro e tentou colocar o volume numa altura que fosse maior que seus pensamentos. Porém aquela medida não estava resultando em nada, então decidiu começar a cantar. Por sorte não tocara nenhuma música que a fizesse se lembrar de Mariana e quando se deu conta, Fred já estava encostando o carro em uma rua tranquila.
Aproveitou o espaço vago e estacionou o carro atrás do local onde Fred parara com seu veículo.
- Bom, chegamos, vamos subir. - Disse Fred ansioso.
- Vamos.- Respondeu Clara num misto de tensão e ansiedade.
Logo Fred já estava abrindo a porta de seu apartamento, dando passagem para que Clara entrasse.
- Fique à vontade, Clara. - Disse o jovem apontando com a mão para que a morena sentasse no sofá. - Quer beber alguma coisa?
- Eu aceito um copo de água, Fred. - Respondeu Clara já se sentando no sofá.
- Só um minuto que vou pegar para você. - O jovem saiu da sala e enquanto ele pegava a água a morena ficara reparando na decoração da casa dele. Era tudo muito alegre e ela não pôde deixar de se lembrar de Mariana ao pensar
- "É, o apartamento de Fred se parece com ele" - Suspirou levemente, justamente na hora em que Fred retornava com o copo de água.
- É impressão minha ou eu ouvi você dar um leve suspiro?
- Não é impressão não. Ai Fred, preciso muito conversar com alguém, obrigada por querer me ouvir.
- Não precisa agradecer, Clara. Toma, beba sua água, respire fundo e coloque tudo para fora, já estou curioso e ansioso para ouvir o que está acontecendo.
- Nossa, dá para perceber que eu estou tensa? - Perguntou Clara ao ouvir o jovem recomendando-a que respirasse fundo.
- Está sim, Clara, mas na verdade eu que tenho alguns palpites do que esteja acontecendo com você.
- Quais palpites, Fred? - Perguntou a morena encarando Fred.
- Clara, você é louca pela Mariana, dá para ver em seus olhos. Acho que você surtou quando se deu conta de que estava apaixonada por uma mulher e acabou terminando com ela.
- Por que você acha isso?
- Porque não fez sentido nenhum você terminar com ela daquela forma. Clara, aquilo foi péssimo. - Falou Fred em tom sério.
- Eu sei. - Respondeu Clara abaixando a cabeça. - E é por isso que quero conversar com você. Fred, não decidi terminar com a Mari do nada, aconteceu uma coisa que me forçou a tomar essa decisão.
- O que poderia ter acontecido de tão sério, que a faria ser tão cruel com alguém que te ama? - Fred falava de forma sincera, demonstrando em seu tom de voz o quanto reprovava aquela atitude da morena.
- Fred, eu recebi uma carta anônima, me ameaçando caso eu não me separasse da Mari.
- O que? Você está sendo ameaçada?? - Perguntou, Fred, sem acreditar.
- Estoue na verdade não recebi apenas uma carta. Tinha fotos de mim e da Mari aos beijos no carro... Fred, tinha alguém seguindo a gente, nos espionando.
- MEU DEUS! - Fred arregalava os olhos espantado ao perceber que a morena não estava inventando. - E você não tem ideia de quem possa ser?
- No começo eu achei que fosse meu ex, o Henrique. Por que eu fiquei sabendo que ele havia me seguido durante alguns dias, mas depois cheguei à conclusão de que não poderia ser ele.
- Por que?
- Fred, a pessoa que está me ameaçando na verdade quer a Mari, por isso não pode ser o Henrique.
- Quer a Mari?? Como assim, Clara, me explica melhor. - Pediu o jovem virando-se para Clara.
- Na carta ele dizia para eu não interferir naquilo que era do interesse dele. - Disse a morena pensativa, tentando se lembrar dos detalhes da carta. - E também tem outro detalhe. Eu descobri que o moço que mandou entregar a carta para mim era alguém que estava com roupa social e de gravata, mas o Henrique odiava vestir gravata, ou seja, não é ele, Fred!
- Se não é seu ex, só pode ser alguém que esteja fissurado na Mari. - o jovem se levantou num pulo do sofá e disse assustado. -MEU DEUS CLARA, precisamos falar com a Mari agora mesmo, temos que descobrir quem é essa pessoa.
- NÃOOO, FRED, NÃO PODEMOS. -Gritou a morena amedrontada. - Fred, pelo amor de Deus, esse desgraçado disse que se a Mari ficasse sabendo de algo ele faria algo... e se ele mandar uma foto para o Sr. Augusto? Não posso fazer isso, a Mari ficaria péssima se o pai dela descobrisse sobre...
- Mas, o pai dela já sabe, Clara. - Disse o jovem interrompendo a frase da morena.
- O que??? Co-como assim, Fred, ele descobriu? - Perguntou Clara completamente surpresa.
- Não, a Mari que contou. Clara, olhe bem para mim. - Fred voltou a se sentar no sofá olhando para os olhos de Clara. - A Mari te ama muito, ela aceitou isso tudo e enfrentou o Sr. Augusto por você. Acho que você deve a verdade a ela, você precisa contar tudo isso que está acontecendo. Clara, é um direito dela, saber disso.
- Mas, eu tenho medo. E se essa pessoa contar para meus pais? Fred, eu não posso perder o amor deles, não posso, por favor, tente me entender. - Clara estava nervosa, temendo que Fred falasse algo para Mariana.
- Clara, fica calma, pensa um pouco. Talvez a Mari possa te ajudar a descobrir quem é essa pessoa. Sei que você tem medo, mas acho que o melhor caminho a se seguir é você contar para ela. Vai me dizer que você não está com saudade dela? - Fred fizera a pergunta, mas sabia muito bem qual era a resposta.
- Fred, não tem um dia sequer que eu não pense nela. - Respondeu Clara com os olhos cheios de lágrimas.
- Então toma coragem, Clara, vai atrás da sua loira, ela te ama, ela quer você mais do que tudo. - Fred levantara a cabeça da morena com a mão, fazendo-a olhar para ele. - Acha mesmo que ela não entenderia esse seu medo de perder seus pais?Pare de ser tão medrosa e vá se apoiar naquela que jamais te abandonaria.
Ouvir aquelas palavras de Fred fez o coração de Clara se encher de vontade de estar com Mariana. Durante todo aquele tempo ela tentara se convencer de que conseguiria ficar longe da loira, porém, com poucas palavras Fred lhe fez perceber que a loira era a única capaz de entendê-la e ajudá-la.
- Ai Fred, me ajuda então?
- Ajudo!! Me diz, o que você quer que eu faça? - Disse o jovem empolgado.
- Primeiro me confirma uma coisa, a Mari comprou um apartamento?
- Comprou, fica lá perto da agência que ela trabalha.
- Ah sim. - Clara procurou disfarçar, pois não queria que Fred soubesse que ela tinha seguido a jovem. - Er... Fred, será que você poderia me levar até lá? Acho que se eu for com você me sentirei mais segura de que não tem ninguém me seguindo e me vigiando.
- Mas é Claro! Por mim podemos ir agora mesmo. - Fred se levantara do sofá, feliz feito uma criança por ter conseguido fazer Clara procurar Mariana.
- Fred, mas você acha que a Mari vai querer me receber, será que ela irá me perdoar?
- Você está brincando com a minha cara, né? O que a Mari mais quer é você, mulher!! - Disse o jovem chacoalhando Clara pelos braços. - Mas, para você ficar mais tranquila eu tenho uma ideia. Vem, vamos que no caminho eu te explico.
- Vamos. - Saiu a morena atrás de Fred com o coração quase saindo pela boca.
Os dois correram em direção ao carro de Fred e lá o jovem contou tudo o que estava pensando em fazer.
- Clara, vou ligar para a Mari e dizer que estou querendo dormir na casa dela. Com certeza ela vai oferecer para eu guardar meu carro na garagem do prédio, então eu entro com o carro, mas não subo... te deixo lá e aí minha querida... - Fred olhou para a jovem com cara de malandro. - ...é com você!
- Ai meu Deus, Fred, estou nervosa, er... eu... eu tenho medo, sei lá.
- Pode ir parando!!! Eu te proíbo de pensar qualquer coisa agora que seja pessimista.Clara, acorda!! A Mari deve estar sozinha em casa agora, pensando em você!
Mais uma vez Fred conseguiu encher o coração de Clara.
- Aiiii, Vai Fred, acelera logo esse carro. - Parecia que o coração de Clara tinha ganhando novamente um sopro de vida. - Chega de fugir, vou contar tudo para Mari.
- É assim que eu gosto de ver!! - Disse Fred com a voz animada. - Então fica em silêncio que eu vou ligar para a Mari.
Clara concordou com a cabeça e acompanhou com o olhar o jovem pegar o celular e discar o número da Mari. Instantaneamente seu coração começou a bater rápido, como se fosse ela a falar com a loira.
- Está chamando. - Disse Fred com a voz baixa.
- Alô, Fred!!! Ai que bom que você me ligou. - Clara ouvira a voz de Mariana sair abafada do celular de Fred e sentiu uma vontade ainda maior de estar com ela. Estava com aquele frio característico na barriga, como se estivesse encontrando com a loira pela primeira vez.
- Marii, minha linda, fiquei com saudade de você. - Fred falava com Mariana enquanto olhava para o rosto de Clara. - E ai, como está a arrumação do apartamento?
- Finalmente já está quase tudo arrumado, a Duda me ajudou bastante. Ficou faltando apenas meu quarto.
- Ah, que bom Marizinha, mas a Duda ainda está ai? - Perguntou o jovem, tentando investigar se a loira estava sozinha.
- Não Fred, ela acabou de sair, até chamei ela para dormir aqui hoje, mas ela vai se encontrar com o Pedro. Aii Fred, não queria ficar aqui sozinha. - Clara ouviu o comentário triste de Mariana e sentiu um forte aperto no peito. Teve vontade de arrancar o celular da mão de Fred e avisar que ela não precisaria mais se sentir sozinha, que ela iria ficar com ela, que queria se redimir por ter sido tão covarde e cruel, mas resistiu ao seu impulso e deixou Fred continuar com seu plano.
- Então gata, pode ficar feliz, pois eu estou exatamente a caminho de sua casa, ficarei com você hoje!
- Aii Fred, jura?
- Iii, eu preciso jurar uma coisa dessa, minha flor? - Rebateu Fred com sua alegria de sempre.
- Não, não precisa mesmo! - Respondeu Mariana rindo. - Então venha, vou avisar o porteiro para abrir o portão da garagem para você. Deixe o carro na vaga ao lado da minha.
- Combinado amore!
- Mas você está vindo agora, Fred?
- Sim senhorita, já estou a caminho! - Respondeu Fred, olhando com cara animada para a expressão ansiosa de Clara.
- Ah, Fred, vou fazer assim, deixarei a chave da porta da sala debaixo do tapete, pois já estou terminando de arrumar aqui e preciso urgente de um banho. Então, se na hora que você chegar eu não atender a campainha, pode pegar a chave, entrar e me esperar na sala, está bem?
- Está ótimo! - Respondeu Fred com os olhos arregalados para Clara. - Até já já então!
- Beijo, amigo!
Fred desligou o celular e virou-se para Clara de forma empolgada.
- É gata, hoje é seu dia de sorte!
- Ai Fred pelo amor de Deus, meu coração está muito acelerado. - Clara apertava a mão contra seu peito, como se estivesse tentando segurar o coração. - Me diz exatamente o que ela disse, não dava para escutar muito bem.
- Ela disse que deixará a chave da porta da sala debaixo do tapete, pois possivelmente estará tomando banho quando eu chegar. Então, meu bem, é só você entrar e surpreender sua loira! - Disse Fred todo animado por ver as coisas finalmente dando certo para elas. - Ai, como é bom fazer as pessoas felizes.
-Fred, você é uma pessoa muito amiga! A Mari tem muita sorte de ter você. - Falou a morena de forma sincera.
- E você tem sorte de ter o amor daquela loira! Faça tudo por ela Clara, pois aquela ali é de ouro! - Disse Fred piscando para Clara, enquanto ela retribuía o comentário com um lindo sorriso no rosto. - Agora chega de papo, vamos, pois tem alguém aqui que está prestes a morrer de ansiedade.
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A loira desligou o celular, caminhou até o lado de fora do apartamento e colocou a chave por baixo do tapete da sala. Depois entrou pela porta da cozinha e voltou ao quarto para continuar com sua arrumação. Sentia-se um pouco mais animada por não ter que passar a noite de sábado sozinha em seu novo apartamento. Guardou os últimos objetos que estavam na caixa e finalmente pode parar para contemplar seu quarto devidamente organizado.
- Ufa, chega de arrumação, agora preciso de um banho.
Caminhou até o banheiro e voltou a pensar na presença do amigo em sua casa.
- Ai, o Fred é ótimo, parece que ele sempre sente quando não estou bem. - Falava a loira se despindo e caminhando para dentro do Box do banheiro. - Pelo menos com ele aqui não ficarei o tempo todo pensando na Clara... aii.. a Clara.
A loira fechou os olhos e começou a se lembrar das vezes que tomara banho com a morena. Deixou a água quente cair sobre seu corpo enquanto mantinha aquela lembrança viva em sua mente.
- "Que saudade, meus Deus, que saudade. Queria poder ir atrás dela, dizer o quanto está sendo difícil ficar sem ela, mostrar que eu sou a pessoa que vai fazê-la feliz." - Mariana entrelaçava seus dois braços envolta de seu tronco como se estivesse abraçando a si mesma. - "Clara, daria tudo para ouvir que você está arrependida, que me quer de volta, daria tudo para estar com você agora."
A loira não percebera, mas deixara algumas lágrimas escaparem, misturando-se com as águas que caíam do chuveiro.
- "Não quero ficar com essa postura de derrota, não quero ter esses pensamentos saudosistas, como se eles não fossem acontecer novamente. A Clara me quer e vai ser esse pensamento que vou fazer prevalecer até o dia que eu encontrá-la novamente"
A loira continuava com seus pensamentos até escutar a campainha tocando.
- Aii, o Fred chegou, ainda bem que deixei a chave debaixo do tapete.- Desligou o chuveiro, se enrolou na toalha, abriu metade da porta do banheiro e gritou: - FRED, ENTRA AI, ME ESPERA NA SALA QUE JÁ ESTOU ACABANDO.
Voltou a fechar a porta e assim que terminou de se enxugar, abriu novamente a porta e caminhou até cômoda para procurar uma roupa para vestir. Pegou a primeira peça de roupa que encontrou e começou a colocá-la... depois que já estava vestida caminhou até o espelho do guarda-roupa e começou a pentear os cabelos molhados. Porém, antes mesmo de terminar de penteá-los avistou um reflexo no espelho que a fez ficar imóvel. Seu coração começara a bater rápido e sem se dar conta deixara a escova de cabelo escapar de sua mão e cair no chão.
Mariana olhava fixamente para o reflexo de Clara no espelho, como se estivesse procurando se certificar de que aquilo não era um sonho. Seu coração continuava acelerado e percebera, ainda olhando para o espelho, que a jovem se aproximava de seu corpo. Virou-se lentamente e quando se deu conta, Clara já estava parada bem à sua frente. Mariana respirava rápido e ainda estava em dúvida se aquilo tudo era real ou parte de sua imaginação. Porém ao sentir a mão de Clara segurar a sua, teve a confirmação de que aquilo não era um sonho.
- "é ela... ela realmente está aqui..."
Fim do capítulo
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Anastacia
Em: 17/06/2019
Ei Gi!!
O Fred é realmente o tipo de amigo (gay ou não, rsrs) que todo mundo quer ter na vida. Se for gay é melhor porque além de tudo é divertido. Mas se for leal, companheiro e te der um colo para chorar de vez em quando, já é bom demais. A Mari está precisando de colo. As vezes as coisas ficam tão embaralhadas na vida, que só alguém que nos conhece bem consegue nos ajudar a enxergar melhor e seguir em frente.
Mas no fundo tanto a Mari, quanto a Clara sabem que não acabou... seja pela forma como se deu o término, seja pelo sentimento forte que as une... Enfim, esse encontro terá muitas emoção!
Beijos, Gi! Até o próximo capítulo.
P.S. Espero que seu aniversário tenha sido especial. Você merece o melhor dessa vida!
Resposta do autor:
Ei, Anastacia!
Esse capítulo realmente gira em torno do papel que as amizades exercem em nossas vidas. Amigos fiéis nos ajudam a voltar ao nosso eixo, nos mostram o melhor caminho a seguir quando tudo parece desnorteado. A Mari é muito sortuda por ter colo e um conselheiro como o Fred. Nossos amigos muitas vezes enxergam saídas que nós mesmos não visualizamos, por isso é tão importante ouvi-los. Contudo, também é imprescindível ouvir a voz do coração, da intuição... especialmente quando se trata de sentimentos.
A Mari tem a convicção em seu coração de que não é o fim da história, mas sente medo justamente pelo fato da Clara ter rompido com ela mesmo tendo sentimentos. Isso parece loucura, né? Que bom que o Fred achou uma maneira de reaproxima-las... mas, principalmente, que bom que a Clara percebeu o que estava perdendo (pelo menos por enquanto, né, já que muitos outros dramas envolverão a Clara ao longo dos próximos capítulos, como você já sabe, rsrs). No fim, penso que nunca é tarde para correr atrás do seu grande amor.
Até o próximo capítulo!
P.S. Obrigada, mais uma vez! Desejo o mesmo pra vc!
Lana queen
Em: 16/05/2016
Oi Gi, que amigo fofo o Fred, quero um amigo desse...Como Mari foi corajosa em contar para o pai, Mari super decidida e sabe o que quer, que bom, Clara meu amorzinho, que vontade de estar perto dela, que bom que ela ligou pro Fred...adoro os detalhes...não vou matar você agora porque já posso ler o próximo capítulo kkk...isso não se faz heim terminar o capítulo assim na melhor parte.
Ei Gi cadê você que sumiu do face e daqui, viagem de niver?
Paty
Resposta do autor:
Ei Paty,
Ah, o Fred é fofo, né? É o amigo gay que eu sempre quis ter, rsrs
A Mari é decidida, quando resolve algo não fica enrolando, ela encara, mesmo sabendo que as consequências poderiam der catastróficas.
Que bom que você se identifica com a Clara e que sente vontade de estar perto dela... sei que minha personagem causou raiva em algumas leitoras, rsrs
Sobre os finais dos capítulos, bem, gosto de acabar com suspense, mas agora que a história está completa, nem tem graça mais, rsrs
Sumi, né... viajei sim... por sinal, foi maravilhoso!
Obrigada, viu. Um beijo
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Hanna Stark
Em: 15/09/2015
Amanha volto p comentar mais afinal ja li varias vezes os capitulos. Vc merece Gi
Bjkas
Resposta do autor:
\o/
Oba, volte sim, ficarei feliz, rs
Beijos
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