Meninas, como falei, a formatação não está das melhores, rsrs... Alguns parágrafos ficam muito espaçados, já outros não.. Perdoem-me por isso, com tempo eu conserto.
Capítulo 19
Algumas semanas já haviam se passado e as duas jovens permaneciam se encontrando às escondidas no apartamento de Clara. Desde que tiveram aquela conversa sobre serem mais discretas, as duas evitavam se encontrar nas ruas, inclusive a morena pedira até para que elas evitassem de saírem juntas por um tempo. Mariana achou aquela atitude um pouco exagerada, pois afinal de contas não sabia nada sobre o bilhete anônimo que Clara recebera e jamais pensaria que alguém pudesse ser capaz de fazer algo contra elas.
Porém, como temia que Clara desistisse de continuar vivendo tudo aquilo, a loira simplesmente acatava as decisões da advogada, sem muito questionar. Mas isso fazia com que Mariana sempre ficasse com algumas dúvidas em relação ao que Clara sentia, pois nunca a morena tocava no assunto de assumir algo mais sério entre elas. E para piorar ainda mais a suas cismas, sempre quando Mariana estava prestes a falar algo mais profundo para Clara, esta a impedia de continuar, como se temesse o que a loira fosse dizer.
Embora estivesse decidida a esperar o tempo de Clara, Mariana não conseguia deixar de pensar sobre esse bloqueio da morena. Tal insegurança fazia com que ela se sentisse sem o controle de sua própria vida, e isso a deixava completamente agoniada. Contudo, essa agonia apenas existia nos momentos em que a loira não estava com a jovem, pois, quando se encontravam eram sempre as mesmas trocas de carinhos e cuidados que faziam com que Mariana se sentisse a pessoa mais querida e desejada do mundo.
E foi dessa forma que a belas jovens foram levando aquele relacionamento oculto, até que um dia os tormentos se fizeram presente novamente na vida de Clara... A morena estava a caminho de casa, depois de um dia de trabalho cansativo quando escuta seu celular vibrar. Era uma mensagem de texto enviada pela internet que dizia:
"Boa noite, gata! Quando você chegar em seu prédio, passe antes na portaria para pegar uma surpresa que deixei lá para você."
Clara leu novamente a mensagem:
- Hum, não tem remetente... quem será? Ahhh, só pode ser a linda da Mari... o que será que ela está aprontando? - Clara abriu um largo sorriso no rosto enquanto pensava no que poderia ser a surpresa.
Assim que chegou em seu prédio já foi logo se encaminhando para a portaria para conferir o que tinha lá para ela. De cara avistou o Sr. João acenando com a mão para que a morena fosse até ele.
- Boa noite Srtª. Clara, chegou uma encomenda para você. Foi um rapazinho bem jovem que deixou, me parece que foi a pedido de uma outra pessoa.
- Ah sim Sr. João, já estava sabendo sobre essa encomenda. Muito obrigada. - Disse Clara ao pegar o embrulho das mãos do porteiro.- Tenha uma ótima noite!
- Boa noite senhorita.
Clara subiu para seu apartamento ansiosa para ver o que tinha dentro daquele embrulho. Apalpava com a mão para tentar adivinhar o que pudesse ser, porém a única coisa que conseguiu perceber é que se tratava de uma caixa de papel. Esperou o elevador abrir e correu até sua porta já com a chave de casa na mão. Assim que entrou na sala foi logo se sentando no sofá para abrir o pacote... rasgou rapidamente o embrulho e percebeu que de fato se tratava de uma caixinha de papel. Porém, quando abriu a caixa e avistou o que tinha lá dentro, a alegria que antes sentia perdeu espaço para a tensão e o medo...
Tinha várias fotos dela e de Mariana se beijando dentro do carro e algumas outras, com elas bem próximas ou fazendo carinho no rosto uma da outra. Clara olhava foto por foto e começara a tremer quando notou que havia um bilhete no fundo da caixa. Abriu rapidamente com as mãos trêmulas e leu:
"Quantas vezes terei que avisar que não estou para brincadeira? Acho que agora ficou claro que posso estragar sua vida, pois, de onde veio essas fotos também existem muitas outras. Não estou brincando, Clara, ou se afasta logo da Mariana, ou o próximo lugar que mandarei uma surpresinha será na casa de seus queridos pais. Se você quer ser sapatão o problema é todo seu, só espero que não interfira naquilo que é de meu interesse! Outra coisa, é melhor não contar nada disso para Mariana, ou ela também sofrerá algumas consequências.
PS: Achou mesmo que seu apartamento fosse um lugar propriamente escondido para se encontrarem?"
Clara terminou de ler o bilhete completamente assustada.
- MEU DEUS, TEM ALGUÉM ME VIGIANDO! - Clara levantou-se rapidamente do sofá e correu até a varanda na tentativa de avistar alguém suspeito na rua. Seu coração batia muito rápido enquanto olhava desesperadamente de um lado para o outro da rua. Como não conseguiu avistar ninguém, Clara fechou a porta da varanda e a cortina e voltou a se sentar no sofá. Pegou mais uma vez o bilhete e releu cada frase cuidadosamente.
- Não.. isso não pode estar acontecendo comigo... não é possível que o Henrique foi tão baixo assim. - A morena levava a mão à cabeça enquanto respirava de forma rápida. Olhou novamente para o bilhete e leu a parte em que dizia: "Se você quer ser sapatão o problema é todo seu, só espero que não interfira naquilo que é de meu interesse!" - Não interfira naquilo que é meu?? Meu Deus, ele não está se referindo a mim... E sim a Mariana... MEU DEUS!!! NÃO PODE SER O HENRIQUE ENTÃO. Co-como pode não ser ele??? Ele que fez tudo aquilo com meu pai.... O QUE ESTÁ ACONTECENDO???
Clara tremia bastante enquanto olhava mais uma vez as fotos.
- Ma-mas... se não é o Henrique, quem poderia ser?? Meu Deus, essa pessoa quer me afastar da Mari... minha Mari.... - Clara encostou-se no sofá e começou a chorar desesperadamente. - O que eu faço?? Ai meu Deus... não tenho ninguém para falar... ninguém que possa me ajudar.... nãoo.... não posso ficar sem a Mari... mas... meus pais... nãoo, eles não podem saber disso.
Clara levantou-se do sofá ainda chorando e começou a andar de um lado para o outro da casa.
- Preciso descobrir quem é essa pessoa.. quem pode ser?? Se não é o Henrique, só pode ser uma pessoa ligada a Mari. Meus Deus... mas... mas ela nunca namorou ninguém antes... quem iria querer nos ver separadas? - Clara parou um pouco de andar de um lado para o outro e se lembrou.. - Meu Deus, a Mari disse que vivia dando o fora nesses carinhas... será que algum deles está obcecado por ela? MEU DEUS, SERÁ QUE ESSA PESSOA SABE TUDO SOBRE A GENTE??
A morena caminhou até a cozinha para preparar um copo de água com açúcar.
- Calma Clara, com esse nervosismo você não vai conseguir pensar em nada. Calma!! - Clara bebeu a água e decidiu descer até a portaria para perguntar ao Sr. João se ele tinha ideia de quem entregara aquele pacote. Ao chegar lá, avistou o porteiro que estava lendo um jornal.. respirou fundo para não transparecer seu nervosismo e caminhou até ele.
- Boa noite Sr. João, queria perguntar uma coisa para o senhor. - Disse com a voz ainda um pouco trêmula.
- Boa noite minha jovem, pode perguntar. - Respondeu o porteiro com a simpatia de sempre, sem notar o estado nervoso da morena.
- O senhor chegou a ver quem entregou aquele embrulho para mim?
- Então Srtª Clara, como eu já havia falado, na verdade foi um rapazinho que entregou aqui a mando de outra pessoa.
- Mas o senhor não conversou nada com esse rapaz? - Disse a morena apoiando os dois braços no balcão da portaria.
- Conversamos sim, eu perguntei para ele quem havia mandado o embrulho e ele disse que não podia responder. Apenas avisou que era para a senhorita.
- Mas ele não deixou escapar nenhum detalhe sobre quem mandou? - Insistiu Clara fazendo com que Sr. João pensasse um pouco mais.
- Hum, ele chegou a comentar que foi um jovem... ele disse que o rapaz estava um pouco agitado... parecia que estava bravo com alguma coisa e por isso temia dar mais detalhes. - Respondia Sr. João pensativo.
- Mas ele não comentou nada sobre as características físicas dele? - Perguntou Clara já demonstrando seu nervosismo.
- Er... não Srtª Clara... isso ele não disse. - Falou o porteiro um pouco assustado com o estado de Clara.
- Tudo bem então. Obrigada Sr. João. - Respondeu a morena em total desânimo. Porém, quando já estava entrando no elevador, escutou Sr. João dizer:
- Senhorita, o rapaz chegou a comentar que o moço que te mandou isso estava todo engravatado. Deveria ser uma pessoa importante então, não é? - Falou Sr. João se recordando deste detalhe e comentando de forma simples com Clara.
- Obrigada! - Foi a única coisa que deu para dizer, pois a porta do elevador já estava se fechando. - Meu Deus, realmente não é o Henrique... ele sempre detestou usar gravata e roupa social. Quem pode ser?
Clara retornou ao seu apartamento e novamente sentiu vontade de chorar. Encostou a porta e logo sentiu as lágrimas descerem sobre seus olhos.
- Não é possível isso... por que a vida tem que ser tão complicada? Por que as pessoas não podem simplesmente aceitar o amor, independente se é entre duas mulheres? Meu Deus, preciso achar uma solução... não quero ficar sem a Mari... mas para eu ficar com ela terei que contar para minha família. - Clara chorou ainda mais nessa hora. - Nãooo, minha família nunca aceitará isso.. nunca.. Não acredito que só tenho uma alternativa...
A morena não conseguira mais controlar as lágrimas e começou a chorar compulsivamente. Sentiu que sua vida estava totalmente nas mãos de um desconhecido, que agora estava conseguindo fazer com que suas ameaças se tornassem concretas.
- Não... como posso me esquecer de você Mari?? Como posso fingir que nada aconteceu? Ai meu Deus, me ajuda... o que eu faço?? - Clara continuava chorando enquanto tentava achar uma solução, porém, na realidade ela sabia que só tinha dois caminhos a escolher: ou permanecia ao lado da loira e enfrentava a reação de sua família, ou abria mão de todo aquele sentimento que tinha por Mariana, para continuar vivendo um papel ideal de "boa moça" para seus familiares.
Clara tinha que pensar... precisava ficar calma e refletir sobre a decisão que tomaria, mas para isso precisava que Mariana não a procurasse naquele dia. Assim, apenas mandou uma mensagem de texto para loira falando que havia ido para casa de seus pais e que retornaria no dia seguinte. Desligou o celular e caminhou até o banheiro na esperança de que o banho pudesse dar a ela o relaxamento que tanto precisava... Porém, saiu do banho com o coração do mesmo jeito que entrara e viu que a noite não seria nada fácil. Tinha uma decisão a tomar e não poderia mais passar daquela noite...
--------xx--------
Mariana tivera um dia ótimo. Tudo em sua vida estava correndo extremamente bem, algo que até ela mesma estranhava. Sua carreira profissional na agência já estava garantida, já estava prestes a comprar um apartamento para poder morar sozinha, ganhara o carro de seu pai e ainda encontrara uma pessoa que a fazia se sentir completa e realizada afetivamente. Qualquer um que a visse perceberia seu estado enlevado.
Porém, a única coisa que conseguia deixar Mariana com um pequeno ar de preocupação, era o sentimento de insegurança que muitas vezes tinha em relação ao bloqueio de Clara para ouvir suas demonstrações de carinho. Mas ainda assim, procurava entender aquela reação como algo normal, afinal, tinha ciência do quanto aquele relacionamento era complexo.
Dessa forma, todas as vezes que vinha em sua mente algum pensamento ruim, Mariana procurava desviar o foco para alguma atividade relacionada ao seu trabalho e à sua viagem para Itália. E era exatamente isso que Mariana estava tentando fazer, ao notar que Clara não havia ligado para ela ainda. Assim, antes mesmo de começar com seus pensamentos torturantes, a loira chamou o Pedro até sua mesa e procurou traçar um roteiro para quando eles estivessem participando do curso na Itália.
- Pedro, precisamos nos programar direito para podermos conhecer vários pontos que ainda não conhecemos da Itália. - Disse a loira de forma afobada, procurando atropelar seus pensamentos.
- Nossa, nada a ver esse assunto agora hein gata. - Falou o jovem rindo da forma brusca em que Mariana começou o assunto.
- Ai Pedro, larga de ser chato. Eu estou aqui toda empolgada, pensando no nosso passeio na Itália e você fica aí implicando comigo. - Disse Mariana, fingindo ter ficado sentida.
- Nossa, como ela é sensível gente. Está bem, vamos traçar um roteiro. - Falou o jovem se rendendo ao drama da amiga.
Os dois permaneceram o restinho do expediente organizando o roteiro turístico para Itália e em seguida seguiram para suas casas. Porém antes de Mariana entrar em seu carro sentiu alguém lhe segurar o braço.
- Boa tarde gata... ou já seria boa noite?
- Thi-Thiago? Er... você por aqui? - Disse a loira assustada.
- Nossa Mari, parece até que viu uma assombração. Tudo bem com você? - Falou o jovem com um sorriso exagerado no rosto.
- Tu-tudo, mas como você veio parar aqui no estacionamento do meu serviço? Como descobriu que eu trabalhava aqui? -Mariana não parava de fazer perguntas, demonstrando sua surpresa com a presença do rapaz.
- Ei, calma loira... eu ouvi a Clara comentar que você trabalhava aqui na Bellamar. Ai resolvi esperar aqui no estacionamento, antes de você sair com o carro.
- Mas como você sabia que eu estava de carro? Tem pouco tempo que ganhei ele. - Disse Mariana desconfiada.
- Er... er... eu te vi um dia na rua. Ah Mari, não é tão difícil de notar uma loira gata como você dirigindo um carro amarelo né. - Respondeu o jovem um pouco sem graça, mas procurando se justificar.
- Hum... pode ser - Disse Mariana um pouco incerta.
- Mas eu vim aqui te chamar para irmos ao bar beber uma cervejinha. Topa?
- Ai Thiago, me desculpe, mas estou bem cansada... só quero ir para casa e descansar. - Inventou Mariana.
- Hum... que pena. Queria comemorar uma causa que ganhei hoje.
- Me desculpa mesmo Thiago...E você também deve estar cansado... pelo jeito acabou de sair do trabalho. - Disse Mariana apontando para a roupa que o jovem vestia.
- É, saí agora mesmo do escritório. - Respondeu o jovem desviando o olhar de Mariana.
- Bom... então vou indo Thiago. Parabéns pela causa que você ganhou. Até mais! - Falou Mariana já entrando no carro.
- Tchau. - Respondeu o jovem decepcionado.
Mariana arrancou com o carro rapidamente, antes que Thiago insistisse no convite. Porém no caminho se lembrou do que Duda havia falado em relação aos comentários do jovem sobre ela e Clara.
- Aquele menino é insistente. Será que não percebe que não quero sair com ele? Aff.... bom, pelo menos ele agiu normal comigo. Com certeza ele nem deve se lembrar que falou aquelas coisas para Duda. Talvez ele nem desconfie de nada... talvez tenha sido apenas papo de bêbado. - Falava a jovem se sentindo mais tranquila por ver que Thiago não agira de forma estranha com ela.
- Mas deixa esse chato para lá.... queria ver minha gatinha hoje. Ela ainda não me ligou... deve estar com muito trabalho no escritório. Nossa... não acredito que falei isso de forma tranquila. - Riu Mariana, por ver que pela primeira vez não pensara coisas ruins em relação ao que a Clara pudesse estar fazendo. - É, acho que finalmente estou aprendendo a me controlar... pelo menos um pouco né...
A loira continuou conversando sozinha até chegar à sua casa. Tomou seu banho e depois começou a ler alguns textos para a faculdade, até que finalmente escuta seu celular vibrar. Viu que era uma mensagem de Clara:
"Boa noite Mari... precisei ir para casa dos meus pais, mas amanhã estarei de volta. Te ligo quando chegar. Beijos!"
Mariana leu a mensagem novamente e estranhou a forma direta com que a morena se expressou. Pegou o celular e ligou para Clara, porém nem chegou a chamar e foi logo caindo na caixa postal.
- Ai meu Deus.... será que aconteceu alguma coisa? Por que ela não me ligou para avisar? Acho esse lance de mandar mensagem tão complicado... Poxa... mensagens nos enganam, pois não expressam muito bem os sentimentos. - Mariana levou a mão a cabeça e continuou a falar. - Aiii, não é possível que vou ficar agoniada de novo! Será que essas minhas reações são normais? Nossa, pareço uma louca precipitada... meu Deus, como a Clara consegue me deixar assim? Se ela soubesse como eu fico, certamente iria me achar uma criança. Preciso ocupar minha mente!
Mariana deixou de lado os textos que lia e desceu para a cozinha... Logo que chegou à parte de baixo da casa, encontrou com seu pai, que estava vendo TV na sala.
- Oi minha filha, achei que já estivesse dormindo.
- Não pai... estava estudando um pouco. Mas me deu fome. Tudo bem com o senhor? - Perguntou dando um beijo no pai.
- Tudo minha filha... e você? Parece um pouco preocupada. - Disse Sr. Augusto olhando para filha.
- Ah, nada não pai.. Eu estou ótima... tudo tem caminhado tão bem na minha vida. - Respondeu a jovem tentando desconversar.
- Humm, tudo tem dado tão bem é? Isso não envolve nenhum namoradinho não né?
- Ai pai... nada a ver... não posso estar de bem com a vida por outros motivos? - Respondeu Mariana na defensiva.
- Eii, calma aí mocinha. Conheço muito bem a filha que tenho e posso praticamente afirmar que tem algum rapaz nessa história.
- Ihh pai, acho que o senhor não me conhece tão bem assim então viu. - Disse Mariana, debochando do pai, mas ao mesmo tempo tentando disfarçar sua tensão diante daquela pergunta.
- Sei... tudo bem filha. Quando quiser me contar quem é o felizardo você me diz. Só espero que não seja nenhum engraçadinho querendo se aproveitar da minha menina. - Falou Sr. Augusto de forma protetora.
- Aiii pai... Meu Deus o senhor não percebe que eu cresci não? Olha para mim, sou adulta já. Er.. e por falar nisso, eu queria conversar com o senhor.
- Pode falar Mariana... quer me contar alguma coisa? - Perguntou curioso.
- Er... sim pai... quero te falar sobre alguns planos... mas primeiro me deixe ir na cozinha pegar algo para comer. Já já venho aqui para gente conversar. - Disse Mariana já seguindo em direção a cozinha.
Quando chegou lá sentiu seu coração se acelerar ao perceber a vontade forte que teve de contar toda a verdade para seu pai. Porém, acabou pensando um pouco melhor e decidiu que ainda não era hora, afinal, nem estava oficialmente namorando com Clara. Assim, decidiu que apenas falaria sobre seus planos de já comprar um apartamento, para poder mudar logo que se formasse.
Preparou um sanduiche gigantesco com um suco de goiaba e retornou para sala.
- Nossa, mas não engorda de ruim mesmo hein. - Brincou Sr. Augusto ao olhar para o tamanho do sanduiche da filha.
- Ah pai, estou em fase de crescimento, preciso me alimentar bem, não é? - Disse a loira dando uma enorme mordida no sanduiche.
- Então para isso você aceita ainda ser criança?? Ai, como entender os jovens de hoje? - Falou Sr. Augusto divertido. - Mas enfim... me diga o que queria me falar?
- Er... pai... eu estava pensando em já comprar um apartamento. Está na hora de sair debaixo das asinhas do pai... - Disse Mariana tentando brincar, mas ao mesmo tempo mostrar que era sério o assunto.
- Como assim Mariana? Não está feliz aqui na sua casa ao lado do seu pai? - Disse Sr. Augusto surpreso.
- Pai!!! Claro que estou feliz aqui, mas a gente amadurece... e sentimos necessidade de ter nosso próprio espaço. E o senhor vai casar no final do ano... muitas coisas irão mudar aqui. Vai ser bom para nós dois.
- Mariana, mas o fato de eu casar com a Andrea não vai mudar em nada na nossa relação, você sabe disso.
- Eu sei paizinho. Mas eu quero ter meu espaço e também quero dar privacidade a vocês. - Mariana deixou o prato com o restante do sanduiche de lado e virou-se para o Sr. Augusto - Pai, eu cresci! Já estou quase formada, conquistei a vaga de efetiva na agência e em breve viajarei para a Itália para fazer aquele curso, o que certamente enriquecerá muito meu currículo... quem sabe até não surja outras oportunidades de emprego melhores... Eu já sou independente pai, mas o senhor sempre me enxerga como um menina.
- Filha, mas você sempre será minha garotinha. - Disse o pai da jovem com um olhar brilhante para ela.
- Eu sei Sr. Augusto!!! E o senhor sempre vai ser meu paizinho lindo. Mas precisa entender que eu cresci e que quero conquistar minhas coisas. Pai... - Mariana retribuía o olhar brilhante para Sr. Augusto. - ...pode ter certeza que o senhor será muito feliz aqui com a Andréa.. e eu sempre estarei por perto.
- É filha, você tem razão... Tem mais é que ir atrás de seus sonhos mesmo. Eu sempre vou te apoiar em suas decisões. - Mariana aproximou-se do pai e lhe deu um abraço apertado. Porém não pôde deixar de pensar se ele realmente iria apoiá-la se soubesse de seu relacionamento com Clara.
- Er... pai... - Disse a loira já saindo daquele abraço.
- Diga filha...
- Ah... não... deixa... não é nada. Er.. foi muito bom ter essa conversa com o senhor. Amanhã mesmo vou começar a procurar um apartamento que esteja acessível à minha renda mensal e às minhas economias.
- Isso filha... escolha com calma e de acordo com o que você poderá pagar, já que você vai financiar né...
- Vou pai. - Respondeu a loira concordando com o pai. - Bem, agora deixe-me subir, pois vou tentar terminar de ler um texto antes de dormir. Boa noite pai.
- Boa noite Mariana, durma bem!
- O senhor também pai.
Mariana deixou o prato com o restante do sanduiche na cozinha e voltou para seu quarto. Ao chegar lá se sentiu mais tranquila por ter conseguido a aprovação de Sr. Augusto para a compra de seu apartamento, porém voltou a pensar no comportamento estranho de Clara na mensagem.
- "Ai Clarinha, não consigo ficar muito tempo sem pensar no seu comportamento. Posso até parecer uma louca cismada... mas sinto que tem algo estranho acontecendo." - A loira caminhou até sua escrivaninha e pegou o texto para tentar ler. - "Acho difícil conseguir ler isso agora... para quê também... amanhã é sábado.... Aii Mariana, relaxa essa mente... muitas coisas boas já estão acontecendo... imagina quando tiver com meu apartamento... aii, vou receber a Clara na hora que eu quiser... ISSO, foco no pensamento positivo... essa noite só quero pensar nisso... em como será minha vida ao lado dela... se pelo menos ela deixasse eu falar o tanto que gosto dela... que vontade de pedi-la em namoro....".
Mariana se levantou da escrivaninha e foi para a cama dar asas aos seus pensamentos bons...
- "Namorar... meu Deus... nunca namorei antes... mas quero tanto ser a namorada dela... poder chamá-la de minha namorada... aiii que gostoso, me dá até um frio na barriga." - A loira ficou mais um tempo pensando sobre o assunto até que decidiu - "Quer saber??? Amanhã vou pedi-la em namoro... não tem por que ela não aceitar, diante de tudo o que estamos vivendo.... ela quer isso... tenho certeza que o que ela precisa é só de um empurrãozinho... amanhã falarei tudo o que está acumulado aqui no meu coração."
Fim do capítulo
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Anastacia
Em: 06/06/2017
Ei Gi! (quanto tempo, hein?)
Embora a vida esteja corrida demais, não abandonei o projeto de comentar todos os capítulos. Você merece ter todos os comentários perdidos no Abcles (não me cansarei de disser isto, rs). De qualquer forma, vale destacar que não obstante sua história ter se iniciado aqui já transcorrida mais da metade, sua obra está entre as histórias mais comentadas e você entre as autoras mais lidas e favoritadas! E olhe que já não escreve faz tempo! Imagina emplacando uma nova história?
Sua história é muito emblemática na minha vida e, retomando a leitura hoje, fiquei pensando se você não teria escrito o roteiro da minha vida, rsrs. Mas chega de conversa e vamos ao capítulo!
Embora a temática principal desse capítulo gire em torno da chantagem que as meninas estão sofrendo, para mim o ponto alto são os embates psicológicos enfrentados pelas personagens. Desde o início a Mariana optou por deixar o sentimento falar mais alto, entregar-se sem restrição e sempre se mostrou disposta a encarar o mundo pelo sentimento que descobriu em contraposição aos medos da Clara.
Recordo-me que quando li a história pela primeira vez irritei-me com a Clara por inúmeras vezes. Hoje, com um segundo olhar e tendo vivenciado algo parecido em minha vida, percebo o quanto é difícil se desprender das amarras familiares e sociais para enfrentar o mundo por um sentimento tão novo e surpreendente. Nesse contexto, a Clara evita falar de sentimentos pois eles só corroborariam sua falta de coragem de lutar pelo que sente. Diante disso, a Mari sofre duplamente pelos seus desafios e pelos da Clara. A Mari tem tentado respeitar o tempo da Clara... mas até quando? Cenas dos próximos capítulos!
Um grande beijo, Gi! Estamos com saudades
Anastácia
Resposta do autor:
Ei, minha querida Anastácia!
Que alegria poder te encontrar aqui, senti sua falta! E como sempre você retorna com vários elogios na bagagem que engrandecem minha inspiração e gratidão. Muito obrigada, por cada palavra, por esse reconhecimento carinhoso e gentil que sempre teve para com a minha história.
Parece-me então, que essa história também é sua, né? Falarei disso logo a seguir... mas antes apenas queria lhe revelar que curiosamente essa história se transformou como numa profecia em minha vida... Alguns trechos são tão reais para mim que parece ter sido escrita recentemente, rs.
O que posso lhe dizer, minha prezada leitora, é que se realmente eu tivesse escrito o roteiro da sua vida, pouparia-te pelo menos umas 50 páginas de drama, rs. O mesmo desejaria para esse protótipo de profecia sobre minha vida.
Pelo que pude entender, você tem se identificado com a Clara, com os medos dela, com a pressão social, pressão pessoal e claro, a pressão sentimental. São questões reais, tão complexas de serem absorvidas, mesmo para quem vive um sentimento intenso e verdadeiro.
Queria hoje, poder vir aqui lhe dizer que é algo fácil de se resolver, mas infelizmente não é. Contudo, creio no poder dos sentimentos que foram construídos de maneira sólida, que podem encorajar, quebrar barreiras internas, preconceitos e até dificuldades de se "auto-aceitar". Se for esse o caso, tenho convicção que as coisas entrarão no eixo em sua vida. (Saiba que é um desejo profundo meu para você!)
Sobre o capítulo, a história... vamos lá...
A Clara, sempre escondeu o que sentia, justamente por saber que assumindo tais sentimentos, junto viriam decisões que ela não estava preparada para tomar, como vc bem comentou. Ela fugiu, se desesperou, sentiu-se sozinha e cada vez mais foi se aprofundando na tristeza, na solidão, na apatia. (Spoiler né... mas como vc já leu, creio que não haja problema). Ela esteve perto de abdicar (acabou por abdicar durante um tempo) um grande amor, por temer a reação das pessoas ao vê-la com uma mulher, por ser tão presa à convenções sociais. Até se dar conta que estava sofrendo de qualquer forma, com ou sem a Mari... e que no final das contas, o amor que ela sentia era maior que isso e poderia lhe dar forças para enfrentar o mundo e ter de volta o carinho, o olhar, o sorriso, a cumplicidade, a amizade e o sentimento de completude que tinha ao lado da loirinha. Percebeu que sua vida era algo sério demais para deixar que alguém externo a manipulasse, ou mesmo que seu próprio medo a impedisse de ser feliz.
Afinal, o que buscamos na vida, senão a plenitude?
Por outro lado, tem a Mari... que apesar de compreender esses dramas, sofre por viver a insegurança de um amor correspondido, mas que teme e que só consegue se entregar inteiramente em um universo particular. A Mari, em uma escala geral, tem medo do amor dela não ser suficiente... mas em uma escala mais pontual, ela também teme perder o sentimento de estar plena pela primeira vez na vida, de ter alguém que a preenche sem faltar nada, que alegra seu coração com apenas um "oi", um sorriso, uma expectativa do reencontro. Na verdade, a Clara ganhou a Mari nas pequenas coisas... essas, são as tais coisas extraordinárias, que somente um amor verdadeiro permite viver. Coisas que muitos casais menosprezam facilmente, para a Mari era mais que suficiente, pois acalentava seu coração... ela se sentia em casa, havia encontrado seu lugar no mundo. O ato de estar ao lado da Clara já era suficiente... nisso, independia o que a sociedade iria pensar ou aprovar.
Você pergunta no final: "A Mari tem tentado respeitar o tempo da Clara... mas até quando?"
O que posso te dizer é o seguinte: A Mari quer ser feliz... enquanto ela acreditar que pode alcançar isso ao lado da Clara, certamente ela irá esperar. A Mari ama a Clara de uma maneira que nem mesmo ela consegue expressar... é o tipo de amor que muitas pessoas não entendem, mas é o amor que espera, que sofre junto, que quer ver a felicidade ser compartilhada... é o amor que dorme e acorda com ela, que muitas vezes tira o sono, mas que sem dúvida é o único capaz de transportá-la para o seu universo particular, seu lugar feliz e pleno.
É isso minha querida. Me perdoe por ter sido tão extensa... mas acho que esse comentário foi bom para mim, para poder refletir minha vida e relebrar um pouco mais dessa história que criei há tantos anos e que se parece algo recente.
Espero ter ajudado de alguma forma.
Um beijo, GIGANTE!
Gi!
Lana queen
Em: 05/05/2016
Oi Gi, é eu sei que sumi, vim hoje aqui dizer que li suas respostas a todos meus comentários, você é uma querida, aconteceu tantas coisas nesse ultimo mês que acabei não conseguindo vir aqui, mais sinto muita falta das minhas madrugadas com Clara e Mari kkk.
Mais que safado o Thiago, como que Clara não pensou nele... Coidada da Mari, mais Clara já tão cheia de duvidas ainda tem um louco pra pertubar mais ainda...Boa noite amanhã eu volto...beijos
Resposta do autor:
Ei minha querida,
Acho que estamos empatadas então, pois também dei uma sumida, né, rsrs... Mas sempre que posso venho aqui responder aos seus adoráveis comentários.
Espero que esteja bem...
O Thiago é um safado mesmo, rs... era tudo o que a Clara não precisava, dado seu momento tão perturbador já.
Um beijo, obrigada pelo comentário!
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Ana_Clara
Em: 08/09/2015
Já que os capítulos estão sendo postados novamente, estou aproveitando e relendo algumas partes. Como é gostoso acompanhar o início de amor das duas, são tão intensas juntas. Um amor único!
Resposta do autor:
Esse início é muito gostoso mesmo. Que bom que está acompanhando novamente... Realmente tem muita intensidade entre elas. ;)
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