Capítulo 56
NATÁLIA
Aquele beijo me motivou a lutar mais do que nunca pelo amor da Bia.
Voltei para o meu antigo apartamento, o apartamento que me trazia muitas lembranças boas, mas me trazia principalmente a lembranças da maior besteira que eu fiz na vida.
Ao voltar pro Brasil mudei completamente minha vida, não saia mais pras baladas, ficava mais em casa. Resolvi reorganizar o apartamento e mudar o clima de la, pra ver se as lembranças ruins saiam junto.
Resolvi dar o tempo que a Bia precisava, é claro que não da pra ela decidir de uma hora pra outra tudo isso. A dias atrás ela era noiva de outra mulher e estavam juntas a 5 anos, é claro que existia amor, mas eu sei que amor de verdade é só o que nós sentimos uma pela outra.
Uns dias depois recebi uma ligação que me surpreendeu.
-- Alô, Natália Vasconcelos?
-- É ela mesmo, com quem eu falo?
-- Meu nome é Juliano, sou diretor do Hospital San Pietro aqui em Roma, e queria lhe fazer uma proposta para trabalhar conosco.
-- Bem, eu estou no Brasil agora.
-- E tem previsão de quando volta?
-- Pra falar a verdade não estava pensando em voltar.
-- Quem nos deu o seu contato foi a Daniella, ela trabalha conosco e estávamos precisando de uma chefe pra ala de psicologia e ela nos indicou você.
-- A Daniella me indicou?
-- Sim, você tem interesse na vaga?
-- Olha Juliano, eu sei que é uma proposta irrecusável, sei também que a remuneração será ótima, mas no momento não penso em sair do Brasil. Quero trabalhar por aqui mesmo.
-- É uma pena, tínhamos ótimas referencias suas. Quem sabe em uma outra oportunidade.
-- Quem sabe.
-- Mesmo assim, obrigada pela atenção.
-- Eu que agradeço a proposta.
Era realmente uma proposta em tanto, mas nem me passou pela cabeça deixar a Bia mais uma vez.
Era uma oportunidade incrível, mas eu estou tendo a oportunidade mais importante da minha vida agora, que é reconquistar a Bia e não vou desistir.
Fui até a casa dos meus pais e comentei sobre essa proposta. Eles ficaram admirados por eu não ter aceitado.
-- Mas seria ótimo para a sua carreira filha. – mãe
-- Mãe, a minha carreira pode esperar, mas a Bia não pode mais esperar por mim.
-- Você esta certa, tem que lutar pelo que quer. Além disso, a psicóloga que trabalha la no hospital esta se aposentando e a vaga vai ficar aberta, tenho certeza que consigo pra você. - pai
-- Sério pai? Seria perfeito.
-- Sem contar que a Beatriz esta estudando neurologia e ficando com os casos específicos, vocês vão ter contato frequentemente por la. – pai
-- Eu não tinha pensado nisso, isso vai ser ótimo.
-- Amanha mesmo já falo com o chefe do departamento pra te indicar.
Trabalhar com a Bia ia ser de mais, estar perto dela o tempo todo seria um sonho.
No outro dia meu pai me ligou todo feliz dizendo que tinha conseguido a vaga pra mim no hospital e que eu tinha que ir la pra conversar com o Chefe.
Fui la no horário combinado e ele adorou meu currículo e já me contratou.
Eu faltava sair correndo pelos corredores e gritando de tanta felicidade.
Fui procurar a Bia pelo hospital pra contar a novidade e em um dos corredores encontrei com a menina que estava no show.
-- Natália?
-- Oi... ééééé....
-- Mari rsrs
-- Desculpa, Mari, é claro rsrs
-- O que você faz aqui? Não esta se sentindo bem?
-- Não, eu vim conversar com o Chefe vou trabalhar aqui agora. Sou a nova Psicóloga.
-- Nossa, que ótimo. Meus parabéns. Seja bem vinda.
-- Obrigada. Você sabe onde eu posso encontrar a Beatriz?
-- A Bia não ta.
-- Ela esta de folga?
-- Não, a Bia foi viajar, partia hoje. A essa hora já deve estar no avião.
-- Pra onde ela foi?
-- Pra África.
Eu nem podia acreditar no que eu estava ouvindo. A Bia foi pra África ficar com a Camila. Eu já deveria ter suspeitado disso, é claro, elas se amam e eu só sou um amor antigo e fui uma quebra galho quando ela estava carente.
Parecia um carma ou uma macumba bem feita, e mais uma vez o destino nos separou.
Já completamente desnorteada sai sem nem deixar a Mari falar o que tinha pra falar.
Entrei no carro em prantos, liguei o radio, apoiei a cabeça no volante e fiquei ouvindo a música que tocava.
Como eu pude deixar isso acontecer? Será que perdi ela pra sempre dessa vez?
Eu não sabia o que fazer, pra onde ir.
Eu não tinha como ir atrás dela na África, se ela foi é por que ela fez uma escolha e por mais que eu a ame eu não tenho direito de interferir nisso.
Minha vontade era de voltar no tempo e apagar tudo que fiz e nunca ter saído de perto da Beatriz.
Fui para a praia, onde sempre foi meu lugar de refugio, onde já aconteceram muitos episódios da minha história com a Beatriz e fiquei la sentada por horas só olhando pro mar, tentando achar uma luz pra minha vida. Como começar tudo de novo sem ela?
Burra, burra, burra. Como eu consegui ser tão burra?
Joguei minha felicidade no lixo e depois de viver 5 anos uma vida falsa, agora que eu tinha a chance ela vai embora.
Não a culpo, claro que não. Eu a fiz sofrer de mais e ela é de mais pra mim, nunca mereci nem nunca vou merecer o amor dela, mas eu só queria uma chance de mostrar que eu me arrependi e que eu mudei. E agora eu perdi a chance pra sempre.
Fui pro meu apartamento e fiquei la por todo o fim de semana sem falar com ninguém, tentando cogitar o que fazer agora e me veio a cabeça a proposta que recebi de trabalhar na Itália.
Mas fugir de tudo novamente?
Na verdade, dessa vez eu não vou fugir de nada, só não quero ficar aqui nesse lugar que me trás tantas lembranças dela e que vão me torturar pra sempre.
Eu não posso viver assim nessa tortura.
Fim do capítulo
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