Capítulo 55
CAMILA
Minha vida estava perfeita, eu tinha uma mulher maravilhosa ao meu lado, tinha o emprego que eu almejava, tudo do jeito que eu sempre sonhei, mas como o destino gosta de brincar com a gente eu tive que escolher entre o amor da minha vida e a minha carreira.
Em muitos casos de filmes de romance bonitinhos a minha história teria sido diferente. Eu teria ficado com a Beatriz e viveria feliz pra sempre ao lado dela, mas não é bem assim que as coisas acontecem.
A proposta que recebi para trabalhar na África era irrecusável, me daria experiência e sem contar a quantidade de pessoas que eu poderia salvar e ajudar indo pra la.
Uma vez Richard Bach disse: “Se você ama alguém, deixe-o livre. Se ele voltar, é seu. Se não, nunca foi.”
Quando eu comecei a namorar com a Bia eu sabia que ela não era minha, mas eu arrisquei a minha felicidade pra fazer a dela, arrisquei ficar triste, magoada e ser usada pra ela esquecer outra pessoa, para estar ao lado dela e fazer ela se apaixonar por mim.
Por 5 anos a Bia foi minha, seu corpo era meu, seus beijos eram meus, suas palavras bonitas eram minhas, mas seu pensamento e seu amor verdadeiro nunca foram meus.
Por todo esse tempo eu soube disso mas eu fingia não ver, não queria perder a Bia e não queria deixa-la sofrer outra vez como ela já tinha sofrido.
Podem dizer que sou idiota por dedicar anos da minha vida a uma pessoa que eu sabia que não era inteiramente minha, mas só quem conhece a Beatriz que sabe o que é estar ao lado dela.
É simplesmente maravilhoso. Não da pra explicar a sensação que se sente quando ela chega perto e abre aquele sorriso, é algo surreal. Deveriam usar o sorriso dela como terapia para pessoas com depressão, por que não da pra ficar triste perto dela.
Quando ela esta com um skate na mão ela é moleca, quando bota o jaleco ela é profissional e quando esta comigo ela é mulher, eu tinha a perfeição em minhas mãos.
Quando eu tive que escolher entre ela e ir para a África eu queria mais é cavar um buraco e me esconder, por que não da pra escolher uma coisa dessas.
Mas a razão falou mais alto que o coração e eu resolvi deixa-la livre e ver se ela realmente era minha e se ela não voltasse pra mim e recomeçaria a minha vida em busca de uma pessoa que se entregasse a mim e assim seguiria a minha vida, mas nunca esquecerei da Drª Skatista que eu tanto amei.
Quando cheguei na África eu fiquei completamente perdida, não conhecia ninguém e não tinha nenhum Brasileiro. Comecei a tentar me enturmar com os outros médicos, mas os poucos que eu conhecia falavam línguas que eu não falava.
Alguns dias depois ouvi boatos que uma médica Cardiologista Brasileira estaria chegando.
Finalmente alguém que me entenderia e que eu pudesse conversar.
No dia em que ela chegou foi um tumulto, ela era uma das Cardiologistas mais renomadas no mundo.
Todos foram cumprimenta-la, mas ela sempre com cara fechada, não fazia questão de simpatia com ninguém.
Eu como uma humilde mortal quis conhece-la também e fui ver quem era essa famosa médica.
Quando cheguei no lugar que ela estava tive uma surpresa. Eu esperava uma senhora de uns 55 anos, baixinha, com gordurinhas sobrando, usando óculos, mas o que eu vi me fez cair pra traz.
Uma mulher que aparentava uns 33 anos, alta, corpão de atleta, morena com os olhos verdes e um sorriso de fazer todo mundo ficar de boca aberta.
-- Drª, muito prazer. Sou a Neurologista daqui, Camila Toledo, muito prazer.
-- Prazer – ela disse secamente
-- É ótimo ter uma médica tão renomada e ainda Brasileira aqui, espero que possamos conversar bastante.
-- Garota, eu não estou aqui pra ser professora de ninguém.
-- Eu sei Drª, só queria conversar sobre suas experiências se não for incomodo.
-- Você já esta me incomodando.
Eu não estava acreditando na ignorância dessa mulher, tão talentosa, mas totalmente vazia por dentro.
Encarei aqueles olhos verdes e eles me encararam também, ficamos um bom tempo nesse combate de olhares até ela desviar o olhar empinar o seu nariz e sair andando.
Ótimo, a única pessoa que eu poderia conversar direito por aqui é maluca.
Mas mesmo esse jeito dela não tira a sua beleza e sensualidade.
Alguns dias depois eu soube que teria um mutirão para ajudar as pessoas mais carentes da região e seriam convocados muitos médicos, no mesmo momento pensei na Bia e liguei pra ela.
Nossa, ouvir a voz dela era tão bom, eu estava me sentindo tão sozinha aqui e ouvir uma voz como a dela me trazia paz.
Devido a minha decisão de deixar a Bia livre eu tentei seguir a risca e trata-la como uma grande amiga, claro que seria difícil ouvir ela falar de outras pessoas, mas eu precisa, queria a Bia perto de mim de qualquer forma, então aguentar ela falando de seus relacionamento seria um preço a pagar.
A convidei para vir trabalhar aqui por alguns dias e pra minha felicidade ela aceitou.
Eu vou tentar ser uma boa menina e me fazer de amiguinha, mas não prometo nada, eu estava morrendo de saudade dela e vê-la novamente seria maravilhoso, mas também uma tortura, pois ela iria ter que partir em breve.
Bia
Depois que falei com a Camila comecei a organizar minhas coisas no hospital e deixar tudo certo.
Passei as duas semanas estudando os casos frequentes daquela região da África e adiantando as papeladas do hospital.
Os dias passaram tão rápido que eu nem notei.
Recebi a ligação da Camila me dizendo como seria todo o trabalho. Fiquei super animada pra chegar la de uma vez.
No dia da viajem passei no hospital para me despedir das pessoas. Primeiro fui na sala do meu chefe, ele estava todo bobo pelo fato de eu ter sido escolhida pra ir pra la.
-- Beatriz, eu te desejo muita sorte e sucesso enquanto você estiver la, serão dias difíceis, você vera coisas que nunca viu, mas vai ter a oportunidade que muito queria ter. Aproveite casa segundo.
-- Muito obrigada, vou aproveitar ao máximo e com certeza voltar com uma grande bagagem de volta, a experiência que aquele lugar vai me dar, nem anos em hospitais me dariam.
-- É isso ai, e vê se volta heim, já perdi uma neurologista brilhante pra África, não quero perder outra.
-- Não se preocupe, eu vou voltar.
Nos despedimos sem formalidades de Drº e Drª dessa vez e eu sai.
Quando eu estava saindo do hospital ouvi alguém chamar o meu nome.
-- Biiiia.
-- Marii, que bom que te encontrei.
-- Me encontrou nada, se eu não te encontrasse você iria sem se despedir de mim sua abusada.
-- Ai Mari, para de drama, me disseram que você estava de folga, eu ia te ligar quando chegasse em casa.
-- Acho bom mesmo.
-- Vem ca me da um abraço.
Nos abraçamos e ficamos um tempão assim.
-- Te conheço a tão pouco tempo, mas parece uma eternidade. – Mari
-- É verdade, obrigada por tudo viu.
-- Não precisa agradecer. Se cuida la viu.
-- Pode deixar.
-- Mas me conta uma coisa, como é que ta o coração em saber que vai encontrar com a Camila?
-- Ta confuso Mari.
-- É a Natália né?
-- É, mas eu não posso negar o sentimento que ainda sinto pela Camila.
-- Deixa o seu coração falar Bia, eu sei que essa frase é a mais manjada do mundo, mas é verdade. Vê onde esse coraçãozinho bate mais forte, em que situação ele fica mais quente.
-- Nessa viajem eu decido tudo Mari.
-- Mas e se você se acertar com a Camila?
-- Ai eu não sei, mas não curto namoro a distancia, então...
-- Não acredito que você vai me abandonar aqui Beatriz.
-- Ai Mari, ta com ciúmes é? Você quer um beijinho também?
Fui indo em direção a ela fazendo que iria beijá-la.
-- Sai de mim criatura. Eu heim.
-- Nada esta decidido ainda.
-- Então pense muito bem.
-- Pode deixar.
Nos despedimos e eu fui pra casa pegar minhas malas e depois fui pro aeroporto.
Enquanto entrava no avião pensava em tudo que essa viajem me traria.
Com certeza mudaria o resto da minha vida e é com essa viajem que eu vou ter certeza de tudo que esta me deixando confusa.
Fim do capítulo
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