Capítulo 31
NATÁLIA
Depois minha mãe saiu do quarto e eu fiquei sozinha, pensava em tudo, em tudo que eu estava perdendo sem nem poder me despedir das pessoas que eu amo. Comecei a ficar com sono de novo, mas ouvi a porta se abrindo novamente, e achei que fosse a minha mãe que tinha voltado.
Essa pessoa pegou na minha mão e começou a chorar.
Eu ainda não conseguia decifrar quem estava ali até ela começar a falar.
-- Eu estava com tanta saudade. Nat, não deixa a gente não. Me sinto tão culpada por tudo isso, eu te incentivei a sair correndo atrás da Bia aquele dia, se eu tivesse ficado quieta você estaria aqui com a gente agora, poderia ter falado com a Beatriz outra hora. Desculpa não ter vindo aqui te ver antes, esses últimos meses foram muito difíceis, eu fiquei em casa, depressiva me culpando pelo que aconteceu, depois que soube que você tinha praticamente morrido e voltado eu perdi o chão, e ainda com 5 meses em coma. Mas eu sei que você ainda não poder ouvir de você que você me perdoa, eu não queria que isso acontecesse, não poderia imaginar. Por mais que eu te ame e você saiba dos meus sentimentos, eu quero a sua felicidade e sei que a Beatriz é a pessoa certa pra te dar isso. – Dani
Eu não podia acreditar que a Dani estava se culpando por isso, ela não tinha culpa nenhuma. Ai como eu queria conforta-la, minha melhor amiga. Eu já gostava tanto dela, que já a tinha como uma irmã.
Ouvi a porta abrir e outro dialogo começar:
-- Dani, que bom que esta aqui. – mãe
Logo senti o perfume da Beatriz no lugar, atestei que ela estivesse ali também.
-- Desculpa não ter vindo antes, é que esta tão difícil pra aceitar isso. – Dani
-- Pra todas nós querida, não se preocupe. – mãe
A Beatriz não falava nada, mas eu sentia sua presença perto de mim e ouvia seus soluços de choro.
-- Meninas, como sei que vocês são as únicas amigas da minha filha vou falar pra vocês o que eu e o Rafael decidimos. Resolvemos parar com esse sofrimento, tanto nosso quando da Natalia, ela deve estar sofrendo muito e merece descansar. Eu sei que é duro, mas os médicos não veem outra saída. Vão desligar os aparelhos amanha ao meio dia. – minha mãe disse chorando
-- NÃÃO – Beatriz disse me abraçando
Ai aquele perfume tão perto de mim, aquele pele, aquela mão macia no meu rosto, chorando inconsolavelmente.
-- Vocês não podem fazer isso com ela – Bia
-- Querida, já foi feito todo o possível por ela, não a nada mais a ser feito, a não ser nos despedirmos da nossa querida Nat. – mãe
-- Mas não da pra esperar nem mais um tempo? Eu sei que ela vai ficar bem dona Ana. – Dani disso soluçando em choro
-- Eu tinha essa esperança também Dani, mas depois de conversar muito com o Rafael ele me mostrou como médico e pai e essa é a melhor saída.
Eu não sabia mais o que pensar, saber que minha morte tinha hora marcada era muito estranho. Por que eu conseguia ouvir o que elas conversavam a minha volta mas não conseguia me comunicar? Será muita tortura ter que ver todos se despedirem de mim e eu nem poder olhar pra eles.
Em meio a esse desespero entrei naquele sono profundo.
Quando “acordei” senti que tinha alguém entrando no quarto.
-- Nat? Eu sei que você esta ai, fala comigo, fala alguma coisa, não deixa eles fazerem isso, eu não vou suportar. Sua mãe me ligou pra vir me despedir de você, já vieram todos aqui, quase toda a sua família já esteve aqui, é meio estranho isso né? Mas eu não posso me despedir Nat, eu não acredito que esse seja o fim, eu sei que você esta ai. Eu não estou mais aguentando essa tortura de te ver assim. Eu espero que de tudo certo, eu te amo Nat, a gente se vê. – ela disse me dando um selinho demorado.
Não acredito que minha família toda já esteve aqui e eu nem os ouvi, não pude me despedir de ninguém. Será que a Bia já esteve aqui também? Eu não poderia partir sem ouvi-la mais uma vez.
E a Dani, ow amiga esperta que eu tenho heim. Eu sabia que ela sabia que eu estava ali, ela acredita em mim, nem se despediu. Mas e se não der tempo? Se desligarem os aparelhos realmente antes de eu conseguir me mexer? Meus pensamentos foram interrompidos pela porta se abrindo e aquele perfume inconfundível adentrar aquele quarto.
Ela se sentou ao meu lado e segurou a minha mão.
-- Nat, te ver aqui todos os dias depois desses 5 meses tem doido tanto, saber que estou aqui pra me despedir de você é o fim pra mim. Como eu pude deixar isso acontecer? Eu ainda te vi la no meio daqueles carros bem, mas não consegui chegar a tempo, me desculpa por tudo que fiz Nat, eu queria ter a oportunidade de te mostrar que não sou a pessoa que você deve achar que eu sou, eu te amo de verdade, e sei que você esta chateada comigo, queria poder voltar no tempo, mudar tudo, até o dia que eu esbarrei em você de skate. Se você soubesse como foi aquele dia. Me encantei por você na hora que te vi, me deu um aperto no coração em ver que eu tinha te machucado, aquele jeitinho orgulhoso me encantou e o seu perfume ficou na minha blusa. Foi uma tortura sentir seu perfume pelo resto do dia e não te ter perto de mim, nem saber se eu te veria outra vez. Se eu menti pra você foi pra te ter perto de mim, eu sei que foi puro egoísmo, mas quem ama faz essas coisas mesmo, faz qualquer loucura pra ter quem ama por perto. Mas eu acabei estragando tudo e agora estou aqui me despedindo de um amor que se quer teve um começo. Queria que você soubesse disso, que eu te amo, e sempre vou te amar, você é a pessoa mais incrível que eu já conheci. A única que desperta um sentimento tão bom em mim e sempre que te vejo sinto como se estivesse indo para o céu. Já são 11:50 e eles já devem estar chegando aqui pra desligar seus aparelhos. Se você estiver me escutando saiba que eu te amo e quero fazer um ultimo pedido. Não me deixa! Eu preciso de você. – Beatriz disse em meio a um choro desesperado e soluços me dando um selinho molhado pelas lagrimas
Meu desespero que já era enorme aumentou mil vezes mais depois de ouvir tudo isso da Bia, eu queria poder abraça-la reconforta-la, dizer que vai ficar tudo bem, mas eu não conseguia.
Alguém entrou no quarto e foi se aproximando da Beatriz.
-- Bia, os médicos já estão vindo aqui.
-- Camila, eu não vou aguentar viver sem ela, eu preciso dela. – Bia
-- Eu queria poder fazer mais alguma coisa, mas dediquei meus últimos 5 meses a Natália e mesmo assim não consegui salvá-la. – eu
-- Você a salvou quando ela chegou aqui, eu sei que você fez tudo que pode, mas eu não posso perdê-la agora. Depois de tudo que ela já passou aqui, não pode terminar assim. – Bia
-- Eu estou muito triste com isso também Bia, eu queria ter mais tempo, mas não tenho e o que podemos fazer agora e nos despedir e sempre lembrar de como ela era.
Eu não sei quem era essa mulher falando, mas deduzi que fosse a minha médica.
Ouvi um tumulto no quarto, deveria ser os médicos e a minha família para desligarem os aparelhos.
Ouvia a Bia e a Dani chorando perto de mim e do outro lado minha mãe segurava a minha mão.
-- Filha, descanse em paz, nos te amamos muito. – mãe
-- Eu te amo filha, você sempre será minha princesa, fique bem, em um lugar melhor. – pai
O choro naquele quarto era intenso, eu tentava com todas as minhas forças fazer algum movimento, tentava me debater mas nada acontecia. Até que ouço a voz do meu pai.
-- Podem desligar.
Fim do capítulo
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