Capítulo 30
NATÁLIA
Aos poucos fui sentindo meu corpo todo dolorido, dores que antes não existiam.
Tentei me mover, mas eu estava fraca, não conseguia seques abrir os olhos. Sentia alguém segurar a minha mão, queria saber quem era, queria avisar que eu estava ali, que eu não estava morta. Então ouço um barulho da porta abrindo e senti aquele cheiro inconfundível, do perfume mais marcante, mais desejado naquela hora, era a Beatriz. Eu tinha certeza que era ela ali naquele lugar.
Ouvi conversar perto de mim:
-- Dona Ana, a senhora pode ir pra casa, eu fico com ela um pouco. – Beatriz
-- Eu não quero sair de perto da minha menina Bia, será que esse pesadelo não vai acabar nunca? – ouvi agora a voz de choro da minha mãe
Aaai mãe, como eu estou sentindo sua falta, a senhora deve estar morrendo de preocupação, sempre a mãe coruja, queria evitar essa tristeza toda.
-- Ela vai ficar bem, eu tenho certeza que vai. – Beatriz disse já com a voz chorosa também.
-- Já fazem 5 meses Bia, os médicos já vieram falar sobre desligar os aparelhos. Disseram que o coma é grave e que provavelmente não tem mais volta. – minha mãe disse em um choro intenso
Ao saber disso notei que Beatriz começou a chorar muito mais.
Mas como assim? Coma? 5 meses? Eu estou nessa cama a 5 meses em coma? E agora que eu recupero a consciência querem me matar? Não podem fazer isso comigo!
Eu tentava me mexer, a fim de avisar a elas que eu estava ali, que não deixassem que me matassem.
Eu queria poder ver o rosto da Beatriz, nem que fosse pela ultima vez.
-- Não podem fazer isso dona Ana, ela vai melhorar, eu sei que vai. – Beatriz
-- Eu queria acreditar nisso minha querida, mas os médicos não mentiriam sobre uma coisa dessas. – mãe
-- Vocês não podem fazer isso. – Beatriz disse e logo ouvi um barulho que parecia a porta batendo, deduzi que era ela que tinha saído do quarto.
-- Ai filha, a gente sente tanto a sua falta, se você estiver bem tente nos avisar, seu pai já esta decidido a fazer o que tem que ser feito. E é pelo seu bem querida. – mãe
Pelo meu bem? Querem me matar pelo meu bem? Como assim?
Eu queria dar um sinal, mexer nem que fosse um dedinho, mas eu não conseguia, eu parecia estar petrificada.
Comecei a me apavorar, não podia terminar assim, eu que achava que já tinha morrido, mas eu ainda estava vida, isso deveria significar alguma coisa, eu não poderia morrer agora, não assim.
CAMILA
Fui para a cantina pensar e por as ideias no ligar até que sou surpreendida pela Beatriz que chega chorando na mesa.
-- Você não pode deixar ela morrer. – Beatriz
-- Eu fiz de tudo Bia, eu fiz tudo que estava ao meu alcance, mas os pais dela estão decididos a desligarem os aparelhos e acabar com esse sofrimento. – eu
-- Não, eles não podem fazer isso. Eu não vou conseguir viver com isso, com essa culpa. Com a sensação de ter perdido metade da minha vida.
-- Eu sei que é difícil, mas ela vai estar em um lugar melhor e eu sei que ela também te amava, é impossível não amar você. – eu
-- Eu não vou conseguir Camila, eu não vou conseguir viver assim. – ela dizia em um choro intenso
Ver a Bia assim me matava, lhe abracei e a convidei pra sair do hospital
-- Ow minha linda. Vem, vamos sair daqui. – eu
Levei ela até o meu carro onde ela poderia chorar a vontade
Ficamos la por um tempo até que eu consegui acalmá-la um pouco.
Depois ela foi conversar com os pais da Natália e eu me lembrei da garota da praia e resolvi ligar pra ela. Ela nunca tinha vindo aqui no hospital e já que iriam desligar os aparelhos acho que ela deveria vir aqui pelo menos agora.
Procurei o numero no celular e liguei.
-- Oi, posso falar com a Daniella? – eu
-- É ela mesma, quem fala?
-- É a Camila, médica da Natália, lembra de mim? – eu
-- Claro que lembro, como você esta? Aconteceu alguma coisa? – Dani
-- Eu vou bem, obrigada, mas gostaria de conversar com você. Poderia vir ao hospital? – eu
-- É a Nat? Ela piorou? – Dani
-- Venha até aqui que eu vou lhe explicar tudo com mais calma. Estarei na cantina do hospital, te encontro aqui em uma hora. – eu
-- Tudo bem.
Voltei para o hospital e fui conversar com meu chefe sobre a Natalia e realmente a decisão estava tomada. Depois fui para a cantina e em pouco tempo a Dani já estava la.
-- Oi, chegou rápido. – eu
-- Você me deixou preocupada, me conte, o que aconteceu? – Dani
Contei tudo que havia acontecido nos últimos 5 meses e a decisão que os pais dela tinham tomado e não demorou muito e ela começou a chorar muito. Um choro que parecia estar guardado a muito tempo.
-- Vem, vou te levar pra vê-la. – eu
-- Não sei se devo. Não quero ver ela assim. – Dani
-- Converse com ela, talvez ela te ouça. – eu
-- Você acha que isso é possível?
-- Acho possível sim, converse com ela e fale tudo que precisa, se despeça e fale tudo que sente. – eu
-- Tudo bem, vamos.
A levei até o quarto e ela entrou e sua reação ao vê-la foi triste, mas notei a saudade que ela estava da Natalia e vê-la, mesmo naquele estado, a confortou um pouco.
Fim do capítulo
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