Capítulo 21
Ficamos mais um tempo conversando até que os pais da Natalia saíram. Os dois saíram chorando e a senhora foi direto abraçar a Beatriz.
-- Ai querida, ela esta tão machucada. É tão triste ver a minha menininha assim. – Senhora
-- Eu posso vê-la agora? – Beatriz disse me olhando
-- Claro, me acompanhe. – eu
A conduzi até o quarto e quando entramos ela começou a chorar.
Por respeito as deixei sozinhas.
Fui atender outros pacientes e a noite fui até a cantina tomar um café, pois o sono estava me derrubando.
Fiquei la sentada até que alguém senta na mesa em que eu estava.
-- Posso te fazer companhia? – Beatriz
-- Claro, sente-se. – eu
-- Você esta com uma aparência cansada. Esta bem? – Beatriz
-- Eu estou bem, mas estou mesmo cansada. Estou trabalhando muito. – eu
-- Que horas você vai pra casa? – Beatriz
-- Não sei, talvez amanha. – eu
-- Amanha? Mas você não vai dormir? – Beatriz
-- Eu já estou a 3 dias aqui de plantão, cochilando só por alguns minutos no almoço. – eu
-- Não acredito, como você ainda esta de pé? – Beatriz
-- Faz parte da minha profissão. Eu escolhi ser médica e preciso fazer esse internato pra conseguir uma vaga pra trabalhar aqui. – eu
-- Nossa, mas você precisa descansar se não, não vai conseguir trabalhar. – Beatriz
-- Eu já me acostumei. E você? Não vai pra casa não? – eu
-- Não, vou ficar aqui com ela essa noite. – Beatriz
-- Deveria ir pra casa dormir e voltar amanha. – eu
-- Não, eu vou ficar. – Beatriz
-- Ok, eu preciso ir. Se precisar de alguma coisa peça para uma enfermeira me chamar. – eu
-- Obrigada. – Beatriz
Voltei aos meus afazeres e quando era 3 horas da manha, fui no quarto dos pacientes ver como estavam.
Quando passei pelo quarto da Natália a Beatriz estava dormindo em uma cadeira com uma postura que quando acordasse lhe daria muitas dores. Com dor no coração em ver aquele anjo dormindo, tão linda eu a acordei.
-- Hey, Beatriz. Acorde. – eu
-- O que houve? – ela acordou assustada
-- Nada, mas se você dormir assim vai ficar com uma grande dor quando despertar amanha de manhã. – eu
-- Eu cochilei, não vou mais dormir. – ela disse meio sonolenta ainda
-- Venha comigo, vou te levar até o quarto dos médicos, quase não usam e la você pode dormir melhor do que aqui nessa cadeira. – eu
-- Não precisa. – Beatriz
-- Como médica isso é uma ordem. – eu
Ela se assustou um pouco e se levantou na hora.
-- Ta bom Doutora.
Levei ela até o quarto onde os médicos descansavam, la tinha camas, banheiro e uma pequena cozinha.
-- Deite aqui, sua coluna vai agradecer. – eu
-- Obrigada mais uma vez Doutora, nem sei como lhe retribuir tanta gentileza. – Beatriz
-- Mantenha-se sorrindo, seu sorriso é um ótimo pagamento. – eu
Ela mais uma vez ficou sem jeito e mudou de assunto.
-- Mas e a senhora não vai dormir também? – Beatriz
-- Senhora? Hahahaha Quantos anos você acha que eu tenho Beatriz? Me chame de você. – eu
-- ah, eu não sei. Mas pra uma médica tão competente assim não deve ser tão nova.
-- Eu tenho 24 anos. Não sou tão velha, sou? – eu
-- Nossa, sério? Eu achei que fosse mais. Não pela aparência, pois você tem cara de novinha mesmo, mas pela experiência. – Beatriz
-- Pelo menos não disse que tenho cara de velha. – eu
-- Mas a senh... você não respondeu minha pergunta. Não vai dormir também? – Beatriz
-- Não, tenho coisas a fazer ainda. – eu
-- Então eu também não durmo.
-- Beatriz, você esta me chantageando? – eu
-- Não é por que você cuida da saúde dos outros que não vai cuidar da sua também. Você precisa dormir, e se não dormir eu também não durmo. – ela disse determinada a me fazer dormir
-- Você daria uma ótima médica rsrs – eu
-- Quem sabe, mas chega de papo e vá descansar. - Beatriz
-- Ta bom dona mandona, Boa Noite. – eu
-- Boa Noite. – Beatriz
Me deitei em uma das camas e ela em outra e devido as noites sem dormir e o cansaço físico em segundos eu já estava dormindo, um tempo depois acordei com um barulho de choro, olhei pra cama ao lado e era a Beatriz.
-- Você esta bem? – eu
-- Estou sim, pode voltar a dormir, me desculpe te acordar. – ela disse secando as lagrimas
-- Não é incomodo nenhum, você esta assim pela sua amiga né? – eu
-- Eu não quero que ela fique assim, eu preciso que ela fique boa rápido, eu preciso dela. – Beatriz
-- Estamos fazendo o possível por ela, mas depende do organismo dela reagir aos medicamentos agora. – eu
-- E se isso demorar? – Beatriz
-- Não quer dizer que seja o fim. Você tem que ter paciência. – eu
Ela não disse nada, apenas abaixou a cabeça e ficou chorando.
Me sentei ao seu lado na cama e encostei sua cabeça em meu ombro, fazendo ela se deitar sobre mim para tentar acalmá-la.
-- Vai ficar tudo bem Bia, eu prometo pra você – eu dizia fazendo carinho em seus cabelos
Em pouco tempo ela dormiu e eu fiquei ali com ela em meus braços zelando seu sono, querendo adivinhar seus sonhos e entrar neles.
O sol já se mostrava e eu tinha que voltar ao serviço. Fiz um café e preparei algumas torradas e deixei sobre a mesa com um bilhete.
“Bom Dia, espero que tenha dormido bem. Precisei atender os pacientes. Podemos almoçar juntas? Me ligue quando acordar, meu numero esta aqui embaixo. Beijos." – Camila
Fui fazer a visita de rotina da manha e encontrei meu chefe no caminho.
-- Doutora Camila, chegou agora? – chefe
-- Não senhor, já estava no hospital. – eu
-- Certo, esta a muito tempo de plantão? – chefe
-- Há algumas horas. – eu
Eu não queria ficar me vangloriando do tempo que estava ali, era um prazer cuidar das pessoas.
-- Ok, no final do dia vá até a minha sala. – chefe
-- Sim senhor. – eu
Fiquei curiosa e com medo do que ele queria falar comigo.
Além de mim tinham mais alguns internos buscando aquela vaga e o prazo pra ele fazer a contratação estava acabando. Temi não conseguir a vaga.
Em meio a esse pensamento meu celular toca.
-- Alô – eu
-- Doutora Camila? – ouvi uma voz conhecida e senti um frio na barriga na mesma hora
-- Sim. Beatriz? – eu
-- Sou eu, você esta no hospital? – Beatriz
-- Estou sim, porque? Aconteceu alguma coisa? – eu
-- Você poderia vir aqui no quarto dos médicos? – Beatriz
-- Claro, estou perto, já chego ai. – eu
Rapidamente eu cheguei la e quando abri a porta encontrei um dos internos la com cara de poucos amigos.
-- Drª Camila, você sabe que não pode trazer ninguém para esse quarto. – ele
-- Eu sei. – eu
-- Não vai nem se explicar? – ele
-- Não tenho que lhe dar explicações. – eu
-- Certo, mas então de ao chefe. – ele disse saindo da sala
Fechei meus olhos, já imaginando ele falando pro chefe e ganhar a minha vaga por puxar o saco dele.
-- Me desculpe, eu não queria causar confusão. – Beatriz
-- Não se preocupe, você não tem culpa de nada. Já tomou café? – eu
-- Já sim, obrigada por fazer café pra mim. Será que já posso ir pro quarto da Nat? – Beatriz
-- Claro, eu te acompanho, tinha que ir la ver como ela esta. – eu
Chegamos no quarto e a fisionomia da Beatriz já mudou, segurava suas lagrimas.
-- Ela esta melhor? – Beatriz
-- A melhora é lenta, os machucados estão cicatrizando bem. – eu
-- Mas isso não quer dizer que ela vá acordar né? - Beatriz
-- Não, ela ainda esta estável. Mas não apresenta pioras, isso é bom. – eu
Ela não falou nada, foi chegando mais perto da cama e ficou olhando a garota.
Era uma garota muito bonita por sinal, mesmo com os machucados no rosto, dava pra ver que era linda.
-- Bem, eu preciso ir. – eu
-- Ta bem, vou ficar aqui. – Beatriz
-- Hey, você não respondeu a minha pergunta. – eu
-- Qual?
-- Almoça comigo? – eu
-- Claro, te encontro na cantina ao meio dia. – Beatriz
-- Ótimo, se precisar de alguma coisa, me ligue. – eu disse saindo da sala
A deixei la e fui fazer minhas coisas. O dia estava cheio, muitas pessoas para atender, mas correu tudo bem.
Era incrível, a Beatriz não saia nem um segundo na minha cabeça, aqueles olhos, e aquele sorriso maravilhoso, nossa.
Ela era uma garota fantástica, será que ela tem namorado ou namorada? Eu sei que sou a médica da amiga dela, mas isso não quer dizer nada né?
Fim do capítulo
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