EU VOLTEI!
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Capítulo 5 – Momentos de tensão
Fernanda estava sentada na poltrona de seu quarto, ainda vestia a calça cinza clara com o blazer da mesma cor por cima da camisa branca e os saltos brancos estavam logo ao lado da poltrona. Seus pés descalços estavam erguidos sobre o móvel enquanto a editora chefe da revista digitava concentrada a matéria referente à entrevista feita a poucas horas. O áudio gravado durante o dia seria transcrito por um programa de computador e revisado por Ana Júlia antes de chegar às mãos da mesma, mas Fernanda era uma jornalista antes de tudo e já preparava o texto que acompanharia a matéria.
Ela digitava seriamente em seu notebook apoiado sobre o braço da poltrona quando ouviu sons altos e fortes que a assustaram quase fazendo com que derrubasse o aparelho no chão. Pareciam fogos de artifício, daqueles do tipo mais barato que faziam apenas uma sequencia de estouros repetidos. O susto a deixou com raiva e ela logo estava salvando o trabalho, guardando o computador e calçando os saltos para ir ver quem havia sido o imbecil a soltar fogos àquela hora da noite, visto que já se passava das 8 horas.
Viu Jasmine sair de seu quarto logo antes dela chegar à metade do corredor, Fernanda ia entrar no corredor perpendicular quando a mão da fotógrafa a agarrou pelo ombro e a puxou para trás.
- O que acha que está fazendo garota?! – perguntou a editora já com os olhos brilhantes de raiva e tendo que girar o corpo por conta da força da fotógrafa.
Jasmine colocou as pontas dos dedos de sua mão direita suavemente sobre os lábios de Fernanda fazendo a morena travar de susto. A expressão dela era concentrada e preocupada; Fernanda pode notar um certo tom de medo nos olhos castanhos, mesmo com a pouca iluminação do corredor que tinha suas lâmpadas desligadas. Pega de surpresa por aquela expressão da garota a editora acabou sendo puxada para o quarto da fotógrafa antes que se desse conta.
- De que lado ficam as janelas do seu quarto? – perguntou Jasmine num sussurro baixo enquanto puxava Fernanda pela mão.
- Janela? De que isso importa? E me solte – disse ela, mesmo que não gritasse também não falava baixo – Eu vou ver o que está acontecendo, ouvi um barulho vindo da frente do casarão e vou lá descobrir que foi que...
- Silêncio! – falou a fotógrafa parando em frente à porta de seu quarto e puxando a editora para perto pela mão, seu sussurro foi imperativo e fez Fernanda se calar – Responda; de que lado ficam as janelas do seu quarto?
- Do mesmo lado que ficam as do seu quarto – sussurrou Fernanda sem conseguir entender o que estava acontecendo e porque Jasmine parecia tão nervosa.
- As luzes estão ligadas? – perguntou a fotógrafa puxando Fernanda para dentro do quarto e fechando a porta devagar para não fazer barulho.
- Estão – respondeu Fernanda piscando para se adaptar a escuridão do cômodo – Mas as cortinas estão fechadas. O que está havendo com você, garota?
- Seu celular está com você? – perguntou Jasmine ignorando a confusão de Fernanda arrastando algumas malas de equipamentos para debaixo da cama.
-Não, ficou no meu quarto. Senhorita Meirelles, o que está havendo? Pare de me enrolar! – disse Fernanda quase se descontrolando e erguendo a voz.
Jasmine se ergueu e se aproximou da executiva que, por conta do salto, ficava quase mais alta do que ela. A fotógrafa a encarou chegando tão perto que fez Fernanda engolir em seco devido à expressão que ela tinha no rosto.
- Eu não queria te assustar antes da hora – disse Jas segurando Fernanda pela cintura e fazendo ela se sentar na cama e logo voltando a procurar algo pelo chão – Fernanda o que você ouviu foram tiros – ela completou fazendo a editora arregalar ainda mais os olhos que já estavam bem abertos de surpresa com o que a fotógrafa havia acabado de fazer.
- Não foram tiros – disse ela desconcertada – Foi uma sequencia muito rápida, provavelmente algum idiota soltou fogos de artifício e...
- Foram tiros, Fernanda – disse Jasmine ficando de joelhos em frente à executiva e tocando o joelho da mesma – Uma arma automática, provavelmente uma metralhadora de pequeno ou médio calibre. O casarão está sendo assaltado, não sei se sabem que ainda estamos aqui, nem sei se eles podem ter vindo atrás de alguém específico, mas não podemos perder tempo para descobrir.
- Assalto?? Como assim? – o medo chegou com força deixando Fernanda desesperada – Como pode saber se foram mesmo tiros, você não tem como ter certeza.
- Na verdade tenho – falou Jasmine olhando apreensiva para a porta trancada – Pelo amor de Deus Fernanda eu te peço pra confiar em mim agora. Temos que sair daqui imediatamente – falou ela encarando o olhar da editora – Juro pra você que assim que sairmos de perto da casa eu te explico, mas não podemos mais demorar.
O olhar dela era tão decidido, confiante e firme que Fernanda, já tomada por desespero com a possibilidade dela estar certa, não conseguiu discutir. Jasmine fez ela tirar os saltos e calçar seus tênis que havia encontrado embaixo da cama, eram um número maior, mas seriam melhores para ela do que os saltos agulha brancos dentro da mata que rodeava o casarão. Logo depois as duas saíram pela grande janela do quarto de Jas, caindo com os pés na grama úmida e gelada; a fotógrafa carregando sua mochila num ombro, sua câmera em volta do pescoço e segurando bem firme a mão de Fernanda.
As duas estavam a vários metros do casarão quando ouviram novamente o som de tiros e um grito desesperado. Fernanda parou no lugar estremecendo de medo e com os olhos úmidos, mas Jasmine passou um braço pelos ombros dela puxando-a para mais longe, se ficassem ali não seriam de ajuda nenhuma. Tinham que chegar a um lugar onde o celular da fotógrafa tivesse sinal para que ela pudesse ligar para Ana Júlia alertando a amiga do perigo antes que ela retornasse do aeroporto.
- Temos que ajudar – sussurrou Fernanda segurando o choro enquanto tropeçava pelo terreno irregular abaixo das árvores.
- Vamos ajudar ligando para a Anjú – disse Jasmine segurando os ombros de Fernanda com ambas as mãos fazendo com que ela a encarasse – Se nos pegarem não seremos de ajuda alguma! Temos que nos afastar logo antes que descubram que estávamos lá e ligar para Ana Júlia. Ela ainda deve estar no aeroporto, não podemos deixar ela voltar pra cá.
Fernanda respirou fundo diversas vezes, quando conseguiu se acalmar ela fez um sinal afirmativo para Jasmine que voltou a segurar sua mão e a guiar o caminho por entre os galhos. A editora agarrou firmemente a mão da fotógrafa, completamente consciente de que era graças a ela que não estava se desesperando.
- Eu tinha 25 anos – começou a contar Jasmine em sussurros enquanto caminhavam na direção da estrada, mas se mantendo longe do casarão – Conheci essa repórter num café na Turquia quando ela me viu tirar fotos. Conversamos um pouco, ela iria partir no dia seguinte para uma região da Malásia, ia cobrir uma pequena revolta de guerrilheiros, a situação já era noticiada como controlada, ela queria fazer uma reportagem sobre a situação da população após o governo ter reprimido os rebeldes. Eu resolvi ir com ela e a equipe, ficamos três semanas presos dentro do país porque os rebeldes voltaram a atacar; é daí que conheço o barulho de tiros – contou ela ajudando Fernanda a passar por baixo de um galho de uma arvore menor.
Por vários minutos Fernanda não soube o que responder. Aquela mulher, que mais parecia uma garota adolescente, se mantinha tranquila. Caminhava com segurança, parecia saber o que fazia; demostrava medo e apreensão sim, mas tinha também uma determinação tão grande em salvar Fernanda, Ana Júlia e a ela própria que deixou a editora sem palavras. Fernanda sabia que, se não fosse a presença forte de Jasmine, ela já teria se desesperado a muito tempo e isso a assustava.
- Na estrada, uns 4 ou 5 quilômetros antes da entrada da propriedade, já tem sinal de celular – contou Fernanda respirando fundo e adiantando o passo para ficar bem próxima da fotógrafa e não sendo puxada pela mesma – Só precisamos chegar lá antes das 9:30 da noite. É o horário em que está previsto o embarque do Duncan. Ana Júlia vai ficar com ele no aeroporto até esse horário, se tivermos sorte o avião atrasa e ela demora ainda mais pra pegar estrada de volta pro casarão.
Jasmine ergueu o pulso esquerdo, a luz pálida e azulada do relógio de pulso dela iluminou seu leve sorriso com a tomada de atitude de Fernanda. Eram 8:21 da noite; elas tinham mais de uma hora para caminhar 5km.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
lia-andrade
Em: 23/05/2016
Adorando, só assim para Fernanda se aproximar mais da Jasmine.. E quanta coragem tem Jas...amei.
Beijos
Resposta do autor em 24/05/2016:
Kkkkkkk só assim mesmo kkkk
Bjs ;]
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