Cap 50 – POV Max
Já não me lembro mais quanto tempo se passou. Só sei que meus filhos agora tem 5 e 8 anos; Amanda é a mais velha, Charlie é o mais novo e também o que mais se parece com Christopher e também com a Charlie, a tia avó dele. Jeremy havia morrido ha vários anos, os filhos dele eram agora os chefes do nosso pequeno exército. Ele foi morto numa emboscada quando eu ainda nem havia me casado com Chris, Charlie e Jodie ainda estavam aqui. Charlie liderou a retaliação, invadimos a vila mais distante da velha NY como um furacão, uma verdadeira força da natureza. Quem se ajoelhou em rendição foi poupado e preso, os que resistiram foram mortos sem piedade. Charlie havia se cansado de esperar as pessoas se tornarem melhores e começou uma verdadeira guerra entre os 15 grupos que habitavam as redondezas daquela cidade grande abandonada.
Mas o corpo de Charlie já não tinha condições de enfrentar algo assim. Ela não conseguiu lutar até o final, mas nos liderou com sua presença firme enquanto Jodie liderava a linha de frente. Elas se amavam como sempre e ainda mais do que se podia mensurar. Depois disso ela organizou uma eleição para que nós tivéssemos um novo líder. Ninguém votou e ela ficou lá, parada, sorrindo; Charlie teve que indicar alguém, então fez algo que surpreendeu a todos que assistíamos a cena. Ela colocou duas pessoas no comando.
Christopher e eu fomos escolhidos como chefes da nossa nova cidade, nos casamos logo depois disso. Ela, Jodie, eu, Chris e mais meia dúzia dos mais velhos e mais experientes da cidade nos reunimos e organizamos uma pequena “legislação” com o que seriam os nossos ritos de passagem de poder e leis vitais junto com as punições pelo desrespeito a elas. Isso foi votado por todos, quase unânime foi a aprovação. Elas ficaram apenas tempo o bastante para ver Amanda nascer, Charlie me ajudou no parto e foi a primeira a segurar a minha menina.
Dois anos e meio depois eu soube da morte dela por um mensageiro que veio em nome de Jodie. Charlie tinha morrido por conta de um ferimento durante uma luta salvando um garoto, Jodie não estava perto na hora, e não tinha como salvá-la, mas as ultimas palavras dela foram para tranquilizar a mulher que amava. Na carta Jodie dizia que ela tinha dito que havia sido uma boa morte, que ela não se arrependia de nada e que nada mais condizente com quem ela era do que morrer numa batalha. Elas tinham libertado uma pequena vila com a morte de Charlie. Jodie dizia que não se culpava e que ela tinha dito que nos amava antes de partir com um sorriso. Um mês depois disso descobri que estava grávida de Charlie. Sim; o nome do meu filho foi decidido muito antes dele nascer e Chris adorou a ideia. Mal pude expressar minha emoção ao vê-lo crescer e se parecer cada vez mais com a Charlie, até o gênio dos dois era parecido.
Izzy agora mora aqui, ela chegou logo depois de Jodie e Charlie partirem. Agora ela auxiliava no treinamento do exército e dividia uma casa com Violet e o sobrinho da mesma que as duas tratavam como um filho. Chris e eu nos mantivemos no comando sem muita resistência, nossa vila evoluiu graças às invenções do meu marido e minha filha mais nova parecia seguir os passos do pai. Hoje temos até um pouco de energia elétrica para abastecer algumas das invenções dele. A vida aqui se torna cada dia melhor e mais fácil.
Nós dois vamos permanecer no poder até que os filhos de Jeremy tenham o treinamento necessário, em alguns anos eles se tornaram nossos aprendizes e vão nos substituir na liderança da vila.
Sinto falta de Jodie e Charlie todos os dias desde que elas partiram, mas entendo os motivos delas. Charlie não queria terminar seus dias ali, ela não queria se tornar alguém sem utilidade, ela precisava da aventura, das emoções; Jodie também. No fundo elas eram incrivelmente parecidas, as duas não sabiam viver sem serem guerreiras, lutadoras; elas precisavam de ação. E precisavam também de respostas.
Algum tempo antes delas partirem Charlie nos revelou que vinha pesquisando e estudando tentando descobrir o porque de nossa antiga sociedade ter sido destruída, ela queria saber a origem da doença que quase nos exterminou, ela precisava saber o porque daquilo. Jodie a apoiou como sempre e, no fundo, eu sabia que essa era uma questão que também a perturbava. As duas haviam perdido muito mais pessoas do que eu, elas passaram por muito mais do que eu. Só podia respeitar aquela necessidade e tentar entender a importância disso tinha pra elas.
No fundo eu também queria saber, mas estava bem demais para ir atrás disso, aliás, eu não saberia encontrar as respostas. Sei que Charlie não as encontrou, mas Jodie descobriria.
Fim do capítulo
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