Capítulo 7
A segunda-feira amanheceu ensolarada, preparamos o café da manhã juntas, nos alimentamos, em seguida tomamos uma boa ducha e seguimos para o trabalho. Durante todo o período da manhã trabalhamos bastante e almoçamos em um restaurante no centro da cidade.
- Amor, você quer mesmo que eu te acompanhe? (Pilar perguntou demonstrando certa dúvida).
- Quero sim (respondi cabisbaixa).
- Vai dar tudo certo! (garantiu)
- Eu te amo! (falei com carinho)
- Eu também te amo muito (ela respondeu com muito afeto).
Na clínica aguardamos um pouco na recepção e logo a secretária liberou minha entrada.
- Boa tarde! (falei cumprimentando a psicóloga).
- Boa tarde! (ela respondeu levantando da sua cadeira).
- Doutora, hoje eu trouxe a Pilar comigo.
- Boa tarde! Pilar, prazer, meu nome é Sônia. Tudo bem?
- Sônia, boa tarde! Tudo sim e contigo? (respondeu Pilar com tranquilidade).
- Também estou bem, sentem-se e fiquem a vontade.
Sentamos nas duas cadeiras em frente da mesa, percebendo minha insegurança, Pilar me deu a mão e entrelaçamos nossos dedos.
- Vocês estão bem? (Sônia perguntou).
- Sim, estamos bem melhor e conversando muito mais (Pilar respondeu).
- Que bom! Vocês estão juntas tem quanto tempo?
- Cerca de sete anos (falei).
- E vocês já tinham experiências de outros relacionamentos?
- Não, nós nos descobrimos juntas, nos tornamos amigas, começamos a namorar e uns anos depois decidimos morar juntas. Nenhuma de nós teve outras experiências, nem amorosas e muito menos sexuais com outras pessoas (esclareceu Pilar).
- Entendi. Então vivenciaram tudo juntas e tiveram que aprender a lidar com a maturidade de um relacionamento, sendo que nenhuma das duas tinha bagagens. Ok! Vou explicar para vocês como funciona uma terapia de casal: trata-se de um atendimento que objetiva promover uma melhor qualidade de vida para os casais e busca também contribuir com a resolução de conflitos, abrindo espaço para uma comunicação mais reflexiva e assertiva. Eu vou atuar como intermediadora entre vocês, ampliando o diálogo entre ambas. Tudo bem?
Nós concordamos e ela continuou.
- As nossas sessões serão duas vezes na semana e a duração varia de acordo com os casais, alguns casos o acompanhamento chega há um mês e outros são um pouco mais prolongados. Quem teve a iniciativa?
- Eu. A Pilar já tinha me avisado que concordava e ontem pedi para ela me acompanhar (revelei).
- Ótimo! Quero que vocês me contem sobre os principais conflitos conjugais de vocês.
- Sônia, nossa relação tem melhorado bastante depois das novas atitudes da Rúbia, voltei de viagem e ela já estava fazendo terapia, diminuiu a carga horária de trabalho e voltou a ser carinhosa (Pilar contou toda feliz).
- Que bom! Rúbia você tem evoluído muito, parabéns!
- Sônia, obrigada! Nós estamos bem, porém ontem tivemos um desentendimento, infelizmente (comentei).
- Por qual motivo? (questionou a psicóloga)
- A Pilar sonha em ser mãe e eu tenho medo, sempre acabo fugindo do assunto ou inventando uma desculpa. Ontem meus pais perguntaram quando terão netos, o ocorrido gerou um mal estar entre nós (narrei).
- Você é filha única. Correto?
- Sim, sou.
- Rúbia, você não quer ter filhos?
- Doutora, eu não sei, fico desesperada toda vez que tocamos neste assunto, já inventei várias desculpas e é bem complicado.
- Quais são as principais desculpas?
- Que somos novas ou falta de estabilidade financeira, por exemplo.
- Pilar e como você se sente com relação a isso?
Neste instante minha mulher não respondeu e começou a chorar. Sônia ofereceu lenços de papel para ela, que aceitou e aos poucos começou a se acalmar.
- Eu sempre sonhei em ser mãe, até me imagino gestante, gosto tanto de criança, acho que com o tempo de relacionamento comecei a anular e deixar de lado este sonho, também não estávamos bem nos últimos anos (falou entre lágrimas).
- Vocês duas precisam conversar mais sobre a questão, é algo que precisa ser planejado e bem aceito pelo casal. Rúbia, você nunca teve este mesmo anseio que a sua companheira tem? Nunca se imaginou mãe?
- Eu não sei se sou capaz, eu fico muito insegura, não faço nem ideia de como cuidar de uma criança, a Pilar é toda amorosa, cuidadosa e atenciosa, acredito que ela tem este instinto maternal e eu sou totalmente diferente, tenho medo de não dar conta.
- Rúbia você precisa compreender que fugir nunca é a melhor solução.
- Concordo e por isso pedi que ela me acompanhasse nesta sessão.
- Nosso encontro de hoje já esta acabando e eu quero que vocês reflitam sobre uma questão. Não é exclusivamente o amor que ampara um relacionamento, a forma de se relacionar é que sustenta o amor. Amar é muito particular, cada pessoa ama ao seu modo e expressa o que sente em formatos diferentes. Procurem compreender a linguagem do amor de ambas, cada detalhe e particularidade, continuem conversando bastante. Em um relacionamento o aprendizado é constante, as escolhas são diárias e as comunhões necessárias. O amor tem que ser vivido por inteiro, sem receios, precisa ser saudável e feliz. Aguardo vocês na quarta-feira.
Nos despedimos de Sônia, agradecemos e deixamos a clínica em silêncio.
- Amor, eu não quero voltar para o trabalho, você pode me deixar em casa? (falou Pilar quando entramos no carro).
- Você esta bem? Algum problema? (comentei preocupada).
- Eu gostei muito da sessão, só quero refletir sobre tudo e estou sem cabeça para retornar ao trabalho hoje. Vou mandar uma mensagem para a minha secretária e eu também deixei tudo em ordem (explicou).
- Você quer companhia? Eu posso ficar contigo.
- Sério? Você ficaria comigo? (falou com os olhinhos brilhando).
- Sim (afirmei).
- Estou tão feliz com todas as suas mudanças, é tão bom saber que você esta melhorando por nós. Em que momento seu trabalho deixou de ser sua prioridade?
- No momento em que eu percebi que eu estava te fazendo infeliz. No instante em que eu notei que as minhas falhas e negligências estavam prejudicando nosso relacionamento. Eu não quero te perder.
- Eu te amo! (Pilar disse emocionada).
- Eu te amo muito! (falei com afeto).
Nós chegamos em casa e avisamos nossas respectivas secretárias que não retornaríamos naquela tarde.
- Pilar, quer ir ao cinema?
- Claro que eu quero, faz tanto tempo que não vamos. Qual filme você quer assistir?
- Não tenho nenhum em mente, mas gostaria de assistir algum longa diferente, talvez algo do cinema alternativo.
- Vamos assistir na Augusta, o que acha?
- Pode ser. Lá é bacana e também podemos comer algo por lá.
Mal chegamos em casa e já saímos, desta vez a passeio. Assistimos ao filme “Carol”, que narra a linda história de amor de duas mulheres, em Nova York na década de 1950, retrata esperança, preconceito, melancolia, opressão, homofobia e principalmente o amor.
- Pilar, gostei muito deste filme, tão marcante e lindo o envolvimento das personagens (comentei quando deixávamos o cinema).
- Rúbia, eu também adorei, as atrizes são excelentes. Nossa imagine como era complicado sair do armário naquela época, se hoje infelizmente ainda existe preconceito, outrora era um terror.
- Deve ser terrível você não poder ser o que de fato é. Quanto sofrimento. A sociedade é muito hipócrita.
- Concordo! Eu gostei da sutileza e elegância ao abordar o tema, um dos melhores filmes com a temática lésbica que eu já vi.
- Muito bom mesmo. Vamos passar no shopping? Estou com fome.
- Vamos sim e depois quero ir para casa te namorar (disse sorridente).
- Ai que delícia, até esqueci minha fome, quer ir direto para casa?
- Comporte-se e vamos nos alimentar!
- Sim senhora (concordei sorrindo).
Jantamos no shopping, passeamos mais um pouco, resolvemos entrar em uma loja de sapatos, eu comprei um tênis e Pilar uma sandália. Em seguida seguimos para casa e encerramos a noite namorandinho na nossa cama antes de adormecermos unidas.
Fim do capítulo
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rhina
Em: 31/07/2016
Oie.
Contínuo lendo.
E muito atenta a cada passo que ela dão em prol de melhorar o relacionamento.
É uma etapa muito importante.
Beijos linda.
Rhina.
Resposta do autor:
Olá!
Rhina, muito obrigada por todos os comentários.
Fico feliz por saber que você esta acompanhando.
Até o próximo capítulo ;)
Um ótimo mês para nós, feliz agosto!
Beijos e abraços, May.
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Rafaela C
Em: 26/05/2016
Comecei a ler e não parei, agora criei conta e já estou comentando porque eu adoro esta história e vc sempre escreve coisas boas, então já favoritei vc.
Grande abraço vc é top viu
Resposta do autor em 30/05/2016:
Olá!
Rafaela, muitíssimo obrigada!
Saiba que o seu comentário me fez sorrir =D
Gostei de saber que você começou a ler e não parou, sendo assim, vou continuar logo nossa história ;) Eu sou uma leitora voraz, quando começo a ler não paro e quero terminar ontem rs
Fico muito grata por ter recebido seu elogio e feliz por ter sido favoritada ;)
Eu top? Que isso, nem tanto (May tímida kkkkkkk)
Outro grande abraço!
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wood
Em: 21/05/2016
Que legal que conseguiram recuperar o relacionamento,Rubia reconheceu que estava deixando a desejar,torcendo por um bebezinho loguinho.Parabéns autora adorando sua estória 😊😙
Resposta do autor em 21/05/2016:
Olá!
Muito legal mesmo e felizmente elas estão bem juntas.
Ficaremos na torcida rs
Beijos e abraços, May. Até breve!
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Mille
Em: 20/05/2016
Sonia vai derrubar as inseguranças da Rubia sobre filhos, ela está vencendo muitas etapas e logo elas terão seus filhos.
Bjus e até o próximo, um ótimo final de semana
Resposta do autor em 20/05/2016:
Olá! Querida Mille, como vai?
Terapia é sempre bom, eu adoro ;)
Até breve! Obriga e um ótimo final de semana para nós =D
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