“A vida é a arte de tirar conclusões suficientes a partir de premissas insuficientes.” (Samuel Butler)

 

            Assim que a porta do elevador se abriu e eu sai de dentro dele os olhos de Cintia percorreram meu corpo de cima a baixo, e um sorrisinho malicioso brotou em seus lábios. Por um segundo senti um arrepio percorrer meu corpo, afinal de contas eu sou mulher, e como toda mulher adoro me sentir desejada. Com a mesma velocidade que esse pensamento me veio eu o afastei, lembrando-me dos belos olhos azuis que eu tinha em minha vida e de como Paty me fazia feliz.

            - Bom dia! – eu disse a ela educadamente – Ou boa tarde né!

            - Bom dia! – respondeu sorrindo e encostando seu corpo na cadeira, cruzando as pernas propositalmente. Cintia usava uma saia preta com um corte lateral, e esse movimento acabou destacando as belas pernas que ela possuía. – Você desapareceu! Nunca mais me ligou!

            - Desculpa... é que aconteceram muitas coisas na minha vida nesses últimos dias.

            - Eu soube da sua mãe! – disse mudando seu tom de voz para um mais acolhedor – Ela está melhor?

            - Está sim! Graças a Deus está se recuperando muito bem!

            - E como você está? – perguntou-me.

            - Estou ótima e você?

            - Eu poderia estar melhor se uma linda loira não tivesse desaparecido das minhas vistas. E da minha cama! – completou me encarando com desejo nos olhos. Sorri de seu jeito descarado.

            - Cintia... eu agradeço o elogio... – olhei-a – mas você precisa saber que eu e Patrícia nos reconciliamos! – disse e ela olhou-me surpresa, os olhos arregalados pela novidade.

            - Você e a ruiva? – perguntou – Nossa! – piscou os olhos como se estivesse diluindo as notícias.

            - Eu agradeceria se você fosse discreta sobre assunto aqui em empresa Cintia. Não quero as pessoas comentando sobre isso, principalmente por minha irmã!

            - Claro Ana Cecília. Você nem precisa me pedir isso. – respondeu com um olhar sincero - Júlia deve ter ficado arrasada! -  disse baixo e achei melhor encerrar o assunto.

            - Bom eu posso entrar? – perguntei apontando a porta.

            - Só um instante... – disse pegando o telefone - Eu vou apenas confirmar se ela já esta sozinha.

            - Claro – respondi dando-lhe as costas. Ouvi sua conversa com minha irmã pelo telefone e pouco tempo depois ela me chamou – Ela já está te esperando.

            - Obrigada! – eu disse e segui para sala mas ainda pude ouvir seu comentário quase sussurrado sobre mim.

            - É muita perfeição! - Entrei na sala de Júlia ainda sorrindo pelo que acabara de ouvir.

            - Oi Jú.

            - Oi Ana. Fiquei surpresa quando a Cintia me disse que estava aqui.

            - Ué nós marcamos de almoçar ontem não marcamos?

            - Sim – disse sorrindo – Mas eu achei que você fosse demorar mais pra aparecer aqui.

            - Se eu disser que estou sentindo falta de passar mais tempo ao lado da minha irmã você acredita?

            - Eu acredito Ana... também sinto sua falta as vezes! – disse sorrindo.

            - Só as vezes? – Arqueei a sobrancelha.

            - Eu sinto sua falta sempre Ana!

            - Tá melhor assim – disse e ela sorriu. – Vamos almoçar?

            - Vamos! – disse levantando-se. – eu só vou ao banheiro e já saímos ok?

            - Eu espero – Júlia saiu e fui até sua mesa. O mesmo porta retrato que continha nossa foto ainda estava ali, e havia um outro ao lado dele. Uma foto dela com Valentina. Peguei o porta retrato na mão tentando imaginar como deveria ser difícil para ela não ter mais toda aquela convivência que ela mantinha com a pequena. Se eu que a conhecia a tão pouco tempo já me sentia mal só de me imaginar longe dela, para Júlia deveria ser muito pior, pois ela havia tido toda uma história ao lado de Vavá desde o seu nascimento. Sorri olhando a foto outra vez. Elas estavam lindas nela, ambas com um sorriso largo estampado no rosto.

            - Podemos ir – Júlia disse chamando minha atenção. Ela me olhava parada na porta.

            - É uma foto linda! – eu disse colocando o porta retrato sobre a mesa.

            - É uma das minhas favoritas! – ela respondeu. Pegou sua bolsa e eu passei por ela saindo de sua sala.

            - Cintia eu vou sair para almoçar com minha irmã. Se alguém me ligar anote os recados por favor. – pediu e Cintia confirmou com a cabeça - E se perguntarem diga que não tenho hora pra voltar hoje.

            - Tchau Cintia! – eu disse.

            - Tchau Ana – ela respondeu. Júlia e eu saímos da empresa e seguimos até o carro dela.

            - O que quer comer? – Júlia perguntou.

            - Na verdade eu queria comer uma boa massa. Conhece algum restaurante bom?

            - Conheço uma cantina italiana excelente. Fica no Bexiga. – disse seguindo em direção ao local. Liguei o som do carro dela, deixando um volume baixinho que não atrapalhasse nossa conversa, e me surpreendi ao ouvir uma moda sertaneja invadir interior do veículo. Minha irmã não era muito fã desse estilo musical então isso só podia ser influência de Flávia, que amava sertanejo universitário.

            - Flávinha ta influenciando até suas músicas – eu disse dando uma risada leve e ela abriu um sorriso de canto de boca.

            - Até que esses dai não cantam mal – respondeu.

            - Você sabe que eles são muito famosos né? - perguntei.

            - Ela me disse algo sobre isso – riu.

            - Flávia me viciou nessas músicas na época da faculdade. Ela ouvia isso o tempo todo.

            - Ela ainda escuta o tempo todo. No carro dela 90% dos cds são de música sertaneja e moda de viola – disse rindo – Eu deixei um dos meus cds de MPB pra gente variar de vez em quando. É claro que eu só consigo ouvi-lo quando ela está dirigindo porque ai quem manda no som sou eu. – disse me fazendo rir. Flávia era assim  mesmo.

            - Vocês estão passando muito tempo juntas né? – perguntei e ela balançou a cabeça olhando para o transito.

            - Ela me faz muito bem! – respondeu-me.

            - Você também faz muito bem a ela – eu disse e ela olhou-me de relance ao parar num semáforo.

            - Você nunca desconfiou do que ela sentia por mim? – perguntou-me.

            - Não até eu voltar pro Brasil. – disse mexendo nos cds dela. Achei um cd de músicas da Joss Stone e coloquei no som no lugar do que tocava. – Adoro a voz dela! – disse quando You had me começou a tocar. – Você precisa ir num show dela Júlia. É muito bom!

            - E quando você percebeu? – Júlia inquiriu-me voltando ao assunto.

            - Na verdade... eu comecei a desconfiar naquela noite que íamos sair e você apareceu em casa lembra?

            - Sim. Ela reconheceu meu perfume naquele dia.

            - Acho que ela reconheceria ele qualquer dia que fosse, até mesmo dentro de uma loja de perfumes. – disse abrindo um sorriso. – Bom enquanto vocês duas conversavam e esqueciam que eu também estava ali eu comecei a prestar atenção em como ela olhava pra você. Mas só no carnaval eu consegui arrancar a verdade dela. E ela me confirmou que sempre fora apaixonada por você!

            - Estamos quase chegando – Júlia disse. – Alguns minutinhos depois ela já parava em frente ao restaurante. O lugar chamava C... que sabe! e só pelo ambiente já era muito agradável. Escolhemos talharim ao molho victor hugo, um prato que servia muito bem duas pessoas e cada uma de nós pegou uma taça de vinho.

            - É muito aconchegante aqui. Como descobriu esse lugar? – perguntei e Júlia remexeu seu corpo na cadeira onde estava.

            - Foi Patrícia quem me trouxe aqui uma vez – respondeu olhando-me – Indicação da Carla!

            - Hum... – respondi – Gostei daqui.

            - Eu sei que isso é muito estranho – ela disse puxando assunto e eu olhei-a – No fundo nós duas sempre teremos alguma coisa relacionada a ela!

            - É eu sei. Isso sempre vai ser um pouco estranho mesmo. Não podemos apagar as coisas que já vivemos né. – disse e ela confirmou abrindo um sorriso leve tomando um gole do seu vinho.

            - Já tem data pro grande dia? – Júlia perguntou.

            - Ainda não! – suspirei – Nós contamos pra mãe dela no sábado a noite e a reação dela foi pior do que eu já esperava – eu disse enquanto mexia em minha taça de vinho, olhando o liquido que remexia em círculos enquanto eu movimentava levemente a taça. – A mãe dela me odeia Júlia!

            - Não é só você! – disse me fazendo desviar os olhos para ela – Ela odeia o mundo inteiro Ana. É uma mulher amarga demais pra ter uma filha tão doce quanto a Paty – disse.

            - Flávia disse quase isso quando eu contei a ela no domingo! – disse abrindo um sorriso mais largo. Apesar de tudo Júlia estava demostrando estar realmente disposta a seguir em frente.

            - Minha namorada é gênio! – disse dessa vez dando um sorriso mais largo ao pronunciar tais palavras.

            - Ela é mesmo. É uma mulher perfeita em todos os sentidos!

            - Olha lá hein! – Júlia disse franzindo a testa como se estivesse brava – Tira os olhos da minha gata.

            - Não se preocupe, pois, sua gata sempre estará muito segura ao meu lado!

            - Eu sei que sim! Mas o que pretende fazer em relação ao casamento de vocês?

            - Por enquanto nada! Eu queria ter tido essa conversa com você antes do que houve ontem. Foi uma surpresa encontrar vocês ali e eu também nunca imaginei que a Vavá fosse dizer aquilo Jú.

            - Tá tudo bem Ana. Eu sei que também não tive uma reação muito desejável né? – ela me olhava com intensidade, mas um olhar sincero, honesto.

- Posso ser bem sincera? – perguntei e ela me encorajou – Eu esperava uma reação pior que a sua. Acho que se fosse eu no seu lugar não teria tanta... educação, vamos dizer assim. – disse rindo.

- Educação foi meio forçado né Ana – riu também. – Eu fui sarcástica com vocês, não nem um pouco educado aquilo.

- Você deixou a Flávia preocupada. – eu disse mais séria. – Vocês conversaram sobre isso depois?

- Ainda não – suspirou – Mas eu pretendo falar com ela.

- Que bom! Ela é uma ótima pessoa e merece ser feliz!

- E eu pretendo fazê-la muito feliz! – Júlia concluiu. Nosso prato chegou e nos deliciamos com aquela maravilha. Estava suculento. O molho deu um toque único ao talharim e nosso almoço acabou se tornando mais leve e divertido. Algumas vezes acabávamos entrando em algum assunto que relacionava Paty, mas nada que me deixasse incomodada, ou Júlia. Na maior parte do tempo o foco do almoço foi Flávia. E embora Júlia não tenha se aberto totalmente comigo sobre seus sentimentos, eu podia perceber um carinho imenso de sua parte, cada vez que ela falava dela, ou contava algo que as duas tinham feito juntas. E fiquei muito feliz por minha irmã. Depois de almoçarmos voltamos para a empresa para que eu pudesse pegar meu carro.

- Adorei o almoço – eu disse na entrada do prédio.

- Eu também! – disse sorrindo – Acho que devíamos marcar um almoço entre nós quatro qualquer dia. O que acha?

- Tem certeza? – perguntei surpresa.

- Tenho. – respondeu com firmeza na voz. – Quero que faça parte da minha vida Ana assim como eu quero fazer parte da sua... e isso inclui a sua futura família também! – disse me fazendo sorrir e enchendo meu olhos de lágrimas.

- Eu te amo tanto Jú – disse abraçando-a.

- Eu também te amo Aninha! – apertou nosso abraço. - Eu sempre vou amar você!

- Eu também!

Sai de lá e segui para o meu apartamento. Passei a tarde lá e perto das 17:00hs da tarde pequena uma pequena maleta que estava guardada no meu quarto, uma mochila com roupa e segui para a casa de Patricia. Eu sabia que ela buscaria Vavá na escolinha as 17:30hs e resolvi espera-las na frente do prédio. Não precisei esperar muito tempo, alguns minutos depois de minha chegada avistei seu carro entrando na garagem do prédio. Peguei meu celular e disquei para ela.

- Oi amor! – ela atendeu.

- Oi minha vida! Estou na frente do seu prédio. Abre pra mim?

- Estamos passando ai – disse desligando o celular. Segui até a entrada do prédio e aguardei. Logo elas apareceram e Paty me deu aquele sorriso lindo quando me viu.

- Tia Anaaa – Valentina gritou e correu até mim.

- Oi meu amor! – coloquei a maleta no chão e a peguei no colo. - Tudo bem com você?

- Eu to bem. – disse eufoórica.

- Como foi na escolinha hoje? – perguntei e Patricia deu um suspiro que me fez olhar-la.  – Oi amor – disse carinhosamente buscando sua boca para um selinho.

- Nem te conto – Ela disse dando um riso leve.

- Tia Ana eu já disse pla todo mundo quer eu vou ter duas mamãe agola.

- Você contou pra todo mundo foi? – eu disse sem conseguir conter um riso.

- Foi. E as minhas amiguinhas não acleditaram em mim. Ai eu disse pla tia Camila que a mamãe ia casa com a minha tia Ana. – Vavá me explicou.

- Fui buscar ela na escola e a Camila veio conversar comigo sobre isso. – Paty disse.

- Mas ela disse algo de errado pra você? – Perguntei.

- Não! Vamos subir e eu te conto tudo – disse. – Eu levo pra você – disse pegando a maleta. – Como foi seu dia?

- Foi bom! – respondi seguindo em direção ao elevador. – Almocei com a Júlia hoje.

- E como foi? – perguntou. O elevador chegou e entramos nele.

- Interessante. Ela me levou pra almoçar numa cantina italiana que você levou ela uma vez. – eu disse e esperei sua reação.

- No C...que sabe? – disse naturalmente. Confirmei – É muito bom lá ne?

- Gostei bastante.  – chegamos em seu apartamento e assim que entramos desci Valentina ao chão.

- Já pro banho mocinha – Paty disse.

- Eu quelo que a Tia Ana toma banho comigo – disse.

- Vai indo na frente e enche a banheira que eu já vou ta! – respondi a ela que saiu correndo. Voltei minha atenção para Paty. – Como foi a conversa com a professora dela? – perguntei.

- Podemos falar disso depois? – respondeu devolvendo outra pergunta – Ainda não ganhei o meu beijo de hoje – disse me olhando com uma carinha safada. Sorri e busquei seu corpo colando-o no meu. Minha boca juntou-se a dela num beijo ousado, quente, possessivo. Um beijo que ganhava mais e mais volúpia, que fazia a temperatura do meu corpo subir descontroladamente. Paty afastou-se respirando profundamente enquanto levei minha boca até seu pescoço.

- Estava morrendo de saudades de você – eu disse mordendo seu pescoço devagar.

- Ai Cecília – disse suspirando – Você me deixa louca assim. Gem*u rouco em meu ouvido e quando avancei outra vez sobre sua boca fui interrompida.

- Tia Anaaaaa!  - Valentina gritou – Eu já to plonta! Vem logo! – olhei para Paty e ela deu sorriso conformado.

- Vai lá! – ela disse me dando um selinho demorado.

- Você não me escapa mais tarde! – disse afastando-me dela. Assim que entrei no banheiro Valentina já estava sem roupa e a banheira estava quase transbordando. Desliguei a torneira e esvaziei um pouco da agua para não esparramar quando entrássemos nela. Verifiquei se agua não estava muito quente e coloquei Valentina primeiro, depois retirei minha roupa e entrei junto com ela.

- Ai que delicia... – Valentina disse e deu uma suspirada como se fosse um adulto relaxando depois de um dia estressante me fazendo sorrir dela.

- O que você aprendeu hoje na escolinha? – perguntei a ela. Peguei o sabonete e ensaboei seu corpinho. Ela mergulho sob a agua para retirar o sabão. - Vamos lavar a cabeça? – disse pegando o shampoo dela.

- Eu não quelo! – respondeu.

- Bom eu vou lavar a minha... pra ficar bem cheirosa – disse e afundei meu corpo na agua subindo logo em seguida. – Coloquei um pouco do shampoo dela na minha mão e passei em minha cabeça. Ela começou a rir.

- Você é doidinha tia Ana? – disse pondo as mãos na cintura enquanto eu massageava meus cabelos fazendo espuma. – É shampoo de cliança!

- E eu não sou criança? – perguntei. – Achei que eu fosse criança também!

- Ai meu Deuso! – ela disse pondo a mão na testa como se estivesse desacreditada e eu sorri.

- Você acha que eu fico bonita assim? – eu disse usando a espuma do shampoo para fazer um topete enorme com minha franja.

- Não tia Ana – disse rindo e amassando meu topete com as mãozinhas. Mergulhei minha cabeça sob a agua retirando boa parte do shampoo e quando levantei abaixei minha cabeça em sua direção.

- To cheirosa agora? – perguntei e ela aproximou o nariz de minha cabeça antes de responder.

- Tá chelosa igual eu – respondeu.

- Deixa eu ver – disse pegando-a no colo e ela abaixou a cabecinha. – Ihh acho que precisa ficar mais cheirosa! Ta com cheirinho de suor! – disse.

- Eu não quelo cherinho de suor – disse me olhando.

- Então vamos lavar a cabeça – eu disse pegando um pouco de água com as mãos e jogando em seus cabelinhos.

- Eu sei megulhar tia Ana – disse tapando o nariz com os dedos e afundando a cabecinha para depois emergir novamente. –  Viu só! – disse passando as mãos pelo rosto e eu balancei a cabeça - Tia Júlia que ensinou eu! – disse orgulhosa.

- Tia Júlia está de parabéns. – eu disse – e você também por que aprendeu direitinho! – ela sorriu orgulhosa de seu feito. Coloquei shampoo em sua mãos e ela mesma esfregou os cabelos, sob minha supervisão. Valentina já sabia fazer fazia algumas coisas sozinha, embora uma de nós sempre a acompanhasse como precaução.

- Amor vocês ainda vão demorar no banho? – Paty disse aparecendo na porta.

- Ainda não to velhinha mamãe – Vavá respondeu mostrando as pontas dos dedos. As vezes ela gostava de ficar na agua até que seus dedinhos ficassem enrugados.

- Mais uns dez minutos amor – respondi.

- O jantar está quase pronto. – ela disse pousando seus olhos no meu colo exposto na banheira. – Não demorem muito – deu um sorriso malicioso e saiu me fazendo sorrir dela.

- Ouviu sua mãe né! – eu disse pra Vavá.

- Você tem medo da mamãe tia Ana? – Vavá perguntou.

- Posso te contar um segredo? – disse e ela virou o rosto para mim. Coloquei minha mão fazendo uma conchinha em seu ouvido e falei baixinho – Eu morro de medo da mamãe! Mas não conta pra ela tá!

- Eu não deixo a mamãe bliga com você! – disse pondo a mão direita no meu ombro e eu me derreti com seu carinho. Valentina era uma surpresa nova todo dia. E era incrível descobrir suas facetas e conviver com seu jeito carinhoso e puro.

Alguns minutos depois consegui retirar Valentina da banheira. Enxuguei-a e depois sequei meu corpo. Ela correu, sem roupa, em direção ao seu quarto e eu fui até o quarto de Paty. Vesti uma calcinha e uma camiseta e quando fui procurar meu short percebi que tinha esquecido ele sobre minha cama.

- Droga! – resmunguei baixo – Amor posso usar um dos seus shorts? – gritei.

- Na segunda gaveta amor – Paty respondeu. Abri a gaveta e comecei a procurar. Puxei o primeiro que encontrei e junto dele um envelope amarelo caiu no chão. Peguei o envelope e levei-o até a gaveta, contudo, minha curiosidade falou mais alto, e sem resistir abri para saber que existia dentro dele.

- Achou amor? – Paty disse entrando no quarto e parando ao me ver.

- Achei – respondi olhando-a – Também achei isso – disse estendo o objeto em minha mão para que ela visse - Posso saber porque você guarda a gargantilha da minha irmã?

 

 

Continua...

Fim do capítulo