Capítulo 3
Sarah ainda não acreditava. “O que saiu errado?”. Estava em seu escritório tentando a todo custo concentrar-se em um caso que julgaria em uma semana, e ainda não havia conseguido ler uma vírgula sequer. Martelada em sua mente o motivo de não encontrar a chef em sua cama ao despertar. Desistiu do caso e jogou os óculos de grau sobre a mesa. Massageava suas têmporas enquanto pensava na última noite. Recordava dos detalhes tentando descobrir onde havia errado.
“Eu disse que a amava, será que ela se assustou? É óbvio, Sarah! Na primeira oportunidade, no primeiro encontro tu já se declara dessa maneira. Tá maluca?”
Pensou em ligar e se desculpar, mas decidiu dar tempo à Cristina.
Tempo.
01 dia
02 dias
Já não se aguentava mais de ansiedade, precisava falar com a chef ou enlouqueceria a qualquer momento.
Depois de sair do escritório, decidiu ligar para o restaurante. Falou com a recepcionista e esta informou que Cristina ainda trabalhava.
Pegou sua bolsa e partiu. Cristina teria que se explicar.
Já passava das nove da noite quando Cristina finalmente pôde sair do restaurante. Estava cansada, a demanda havia sido bastante intensa e ainda precisou preparar algumas sobremesas e fazer algumas orientações aos funcionários.
Deixou o restaurante aos cuidados do subchefe e se encaminhou ao estacionamento. Acionou o alarme e destravou seu carro. Antes de entrar, ouviu uma voz conhecida.
- Me diga o que fiz de errado!
Se virou e viu uma Sarah de feições tristes, olhos a cada segundo mais marejados.
- Eu amei nosso jantar, preparei tudo com esmero, nossa noite foi incrível, você foi incrível e até agora eu não entendo o que fiz de errado, se falei alguma coisa ou se te machuquei. Já penso em todas as hipóteses e ainda não cheguei à conclusão nenhuma. Me fale, por favor.
Cristina olhava a juíza com o coração apertado, mas era verdade, Sarah merecia uma explicação.
- Sarah, eu... – foi interrompida pelo toque do seu celular. Sarah deu um sorriso fraco e respondeu:
- Tudo bem, pode atender.
A chef olhou o nome no visor e atendeu de forma carinhosa
- Oi meu amor! Sim, acabei de sair do restaurante. Você vai me esperar? Tudo bem, em alguns minutos eu chego aí e a gente vai ver aquele filme que você escolheu e depois vamos ficar juntinhos, o que acha? Até já. Eu também te amo.
Virou-se na direção da juíza mas ela já não estava lá. Aguçou mais a visão diante da iluminação baixa do estacionamento. Viu aquela silhueta conhecida andando em Passos apressados em direção a saída.
Correu.
- Sarah, espera!
Chegou correndo a saída e a juíza já entrava em seu automóvel. Sem pensar duas vezes, seu a volta no carro e em milésimos de segundos já se encontrava em seu interior.
- Sai do meu carro, Cristina!
- O que houve, Sarah? Não entendo sua atitude.
A juíza a olhou de forma interrogativa e sorriu triste antes de dizer.
- Não entende? Quem não entende sou eu! Como você tem coragem de me usar assim? O mínimo que eu esperava de você era sinceridade.
- Do que você tá falando, Sarah? Pelo amor de Deus, eu não to entendendo nada!
Cristina estava aflita. Não fazia sentido aquele tratamento rude. Não era a sua Sarah que estava ali na sua frente.
- Eu te amo Cristina. Em nenhum dia eu deixei de te amar. Mas eu não sou burra, eu não que O ser a outra. Não precisa mentir pra mim, basta dizer que o sex* foi bom, me dispensar e ir pra sua casa, assistir filme com seu namorado. Eu não preciso disso, dessa humilhação.
Cristina olhava para a juíza e esta tentava, com todas as forças, controlar suas lágrimas. A chef a olhou por alguns segundos e pousou sua mão sobre as da juíza, que segurava o volante de forma firme, como se dele dependesse sua vida.
- Você é muito idiota! – Cristina praticamente cuspiu aquelas palavras, fazendo Sarah olhar pra ela é forma assustada, e quando ia abrir a boca pra responder, a chef se aproximou e rapidamente subiu em seu colo. Elas se olharam por alguns segundos e Cristina só conseguia ver aqueles lábios grossos e deliciosos.
Sarah não sabia o que dizer, mas naquela situação, palavras seriam as últimas coisas que utilizariam naquele momento.
Então as bocas se encontraram, as mãos se exploraram e os corpos se acenderam. Cristina queria fundir seu corpo ao da juíza sempre que sentia aquelas mãos quentes acariciando suas coxas, seu bumbum e fazendo desenhos imaginários ao longo de suas costas.
A necessidade de ar fez com que as duas bocas se separassem, Cristina acariciava o rosto da juíza ainda úmido pelas lágrimas.
- Confia em mim?
Ainda ofegante, a juíza acenou positivamente com a cabeça. Não tinha mais nada a perder, até o juízo se fora junto com a sanidade e os outros sentimentos racionais.
Com muito custo a chef saiu do colo da juíza e trocaram de lugar no carro. Dessa vez Cristina guiaria, e Sarah, iria com ela para qualquer lugar.
Cristina dirigiu em silêncio. Em alguns minutos observava a juíza com o olhar perdido, observando as luzes da rua passando rapidamente sob suas vistas.
Chegaram em uma casa grande, de pintura clara e um belo jardim. “Ela sempre gostou de classe e naturalidade nas coisas. Definitivamente esta casa é a cara de Cristina”, pensava Sarah.
Antes de sair do veículo, Cristina olhou profundamente para Sarah, tentando passar uma segurança que nem ela mesma sentia.
Sarah se deixou guiar.
Entraram.
- Senta, Sarah.
Sentou
- Tenho água, chá, algumas cervejas... deseja algo?
Negou
A chef se aproximou e beijou seus lábios. Sorriu. Sarah tinha medo.
- Não saia daí, eu já volto. – E sumiu entre as paredes brancas da casa.
Enquanto a chef saiu, Sarah tentou acalmar a tensão crescente que sentia, olhou as paredes, os quadros bem alinhados com molduras finas, chegou até uma grande janela com cortinas longas e claras. Da janela de Cristina podia ver a varanda, com uma grama impecavelmente aparada, uma piscina iluminada e muitas plantas. “Definitivamente, a cara dela”, pensou arqueando os lábios num sorriso tímido. Aguçou mais a visão diante da iluminação baixa e viu uma bola de pelos muito grande, estatelada na grama fria. “Um cachorro? Gente, se fôssemos ladras, o trabalho dele estaria com os dias contados”, riu novamente com o próprio comentário. Por um minuto esqueceu da tensão. Apenas um minuto.
- Sarah, quero que conheça Vinícius. Meu amor, esta é Sarah.
A juíza prendeu a respiração ao mesmo tempo em que apertava os olhos, desejando estar em outra dimensão ao abri-los.
Quando virou na direção de Cristina, sentiu o sangue do seu corpo inteiro sumir, o coração pulsava forte e parecia que a qualquer momento saltaria naquele tapete.
Sentiu a visão embaçar. As lágrimas se formaram. Não teve forças. Desabou no instante em que viu os traços daquela pequena criaturinha loira. Uma cópia fiel de Cristina.
Chorava copiosamente com as mãos escondendo o próprio rosto. Sentia vergonha, sentia medo, sentia alegria, sentia amor, sentia tudo ao mesmo tempo. Tentava a todo custo parar de chorar, ter uma outra atitude, talvez saber o que fazer. Soluçava e buscava ar.
Sentiu duas mãozinhas frias sobre as suas, tirando-as de seu rosto. Encarou aquele menino de olhos azuis tão curiosos.
- Tia, porque tá chorando?
Não respondeu. Não sabia o que responder. Sequer conseguia organizar os pensamentos diante daquela criança.
O menino não desistiu.
- Minha mãe me disse que quando uma pessoa tá triste, a gente abraça. Porque ela disse que o abraço faz as pessoas ficarem felizes. Eu gosto de abraços.
Então abraçou Sarah.
Involuntariamente, a juíza se prendeu àquele corpo pequeno e sentiu seu cheirinho. Afagava os cabelos loiros e abraçava o menino como se quisesse torna-lo seu. E de fato queria.
- Não chora, tia.
Cristina assistia a tudo maravilhada. Definitivamente queria Sarah do seu lado. Não entendia nada sobre o amor, muito menos sobre a relação entre duas mulheres, mas precisava daquilo. Sarah fazia com que ela se sentisse mulher. Tantos anos se passaram, Sarah se declarou em meio a uma tempestade. Nem tiveram tempo para esclarecer, para conversarem. Bastou um beijo, apenas um beijo para que todas as certezas de Cristina caíssem por terra. Sarah não sabia, mas foi companhia diária da chef, e sua imagem era a única coisa que a fazia se acalmar, esquecer as dores pela qual passou.
Aproximou-se dos dois e Sarah já não mais chorava. Vinicius brincava com os cachos da juíza enquanto ela apenas se deixava acariciar. De olhos fechados e um leve sorriso. Cris sorriu junto. O menino olhou pra sua mãe e sorriu.
- Mãe, ela melhorou, cê viu? Meu abraço funcionou! – sorria feliz como se tivesse conquistado um grande prêmio.
Cristina gargalhou. Sarah abriu os olhos se deparou com mar azul de Cris. Sorriam
- Vinícius, essa é a Sarah, namorada da mamãe.
Fim do capítulo
Meninas, me desculpem o capítulo curtinho. Fiquei sem acesso ao computador e tentei escrever pelo celular, mas não deu muito certo kkkk Continuem comentando e me incentivando, você não sabem o quanto esses comentários me deixam felizes.
Até segunda!
Um abraço apertado <3
Pérola.
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line7
Em: 15/05/2016
Rss..namorada, para felicidade da mulata..até eu fiquei feliz por ela. Agora que capítulo mais lindo, elas formam um belo casal, a família ficou completa..até linda e fofa perola .😊😘
Resposta do autor em 16/05/2016:
Né? Namorada... assim não tem coração que aguente! kkkk Muitas emoções para Sarah e p/ Cris também kkk Sim, família linda, não é? Vamos ver como vai ser o desfecho dessa história. Um xeiro, até mais. <3
Pérola.
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Mille
Em: 14/05/2016
Muito lindo o capitulo mais fico com medo quando a felicidade é grande sempre tem aparece problema ou alguém para trazer a infelicidade das mocinhas. Espero definitivamente que Afonso não apareça querendo tomar o filho ou até mesmo para tentar separar Cris de Sophia.
Muito emocionante a cena da Sophia e Vinicius abraçados e a Cris falando a verdade ao filho sobre a Sop.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor em 16/05/2016:
É, vamos acompanhar pra ver como vai ser o desfecho dessa história. Tomara mesmo que o idiota do Afonso não dê as caras. Ninguém merece, tá na hora de Cristina ser feliz por completo! Aguarde cenas do próximo capítulo.
Cheiro.
Pérola.
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perolams
Em: 14/05/2016
Parabéns pela história, que momento lindo esse da juíza com Vinicius. Não tem como não se apaixonar pelas personagens, principalmente por Sarah
Resposta do autor em 16/05/2016:
Ah, a Sarah é mesmo muito fácil de se apaixonar <3
Obrigada! Um grande abraço e até o próximo capítulo.
Pérola.
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Lekanto
Em: 14/05/2016
Já estou me achando redundante, mas estou cada dia mais apaixonada pela história da Cris e da Sarah. Pena que não consiga tirar da cabeça o que está escrito na sinopse: "Uma história breve sobre o amor (...), e já estou sentido que logo, logo não terei mais a copanhia dessas duas.
Devo dizer que no momento em que Sarah estava escuntando o telefonema de Cris, eu senti a dor dela. Parecia que era comigo.
Lindo o encontro da Sarah com o Vinícius.
Parabéns, mais uma vez. Anciosa pelo próximo capítulo.
Fique bem.
Resposta do autor em 16/05/2016:
Obrigada.
Pérola.
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thays_
Em: 14/05/2016
Que capitulo mais fofo! Pq será que a Cris sumiu? Será que ficou com medo? Ansiosa pelo próximo! Bjs
Resposta do autor em 16/05/2016:
Vamos saber o motivo do sumiço mais tarde! tcharaaannn (música de suspense) kkkk Obrigada pela leitura, e um grande abraço.
Pérola.
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