Capítulo 4
Acordei muito animada no sábado e claro que o motivo era o retorno de Pilar. Durante a manhã fiz ginástica, troquei a roupa de cama, ajustei todos os detalhes, deixei a casa impecável e coloquei em prática duas receitas que minha mãe tinha me ensinado, fiz uma torta e um mousse. No começo da tarde liguei para minha mãe.
- Alô!
- Mãe, tudo bem?
- Tudo sim e com você?
- Também.
- Você trabalhou hoje?
- Sim (respondi visando provoca-la).
- Rúbia, você não aprendi!
- Calma dona Maria Eduarda, meu trabalho hoje foi como dona de casa e ontem também, nem fui na empresa. Acredita que eu até fiz a torta e o mousse que a senhora me ensinou?
- Filha fico tão feliz por ouvir tudo isso, continue assim meu bem.
- Mãe ela volta hoje.
- Eu sei e tenho um conselho, você precisa cortejar sua mulher. Ter se arriscado na cozinha foi muito bom, você precisa continuar assim, tenha iniciativa e hoje convide ela para jantar.
- Boa ideia mamãe, farei isso.
- Vocês também precisam conversar mais.
- Concordo.
- E não se atrase na hora de ir busca-la. Agora preciso desligar, vou ao shopping com uma amiga. Boa sorte filha!
- Obrigada e bom passeio.
Cheguei ao aeroporto uma hora antes do horário, eu estava ansiosa e queria muito rever Pilar. Enquanto eu aguardava fiquei lendo algumas revistas, para a minha sorte o voo não atrasou e pontualmente às quinze horas ela chegou.
Pilar estava diferente, os cabelos que eram longos estavam mais curtos, na altura dos ombros. Os cachinhos dela estavam bem menores e mais escuros, ela trocou o castanho, pela cor preta azulada. O novo corte combinou muito com ela e a deixou mais jovem. Ela empurrava um carrinho com suas malas. Fui ao seu encontro e ela me recebeu com um sorriso largo, aproveitei para abraça-la.
- Anjo, que saudade. Tudo bem? (perguntei ainda abraçada a ela).
- Oi, também senti saudades. Estou bem e você.
- Também. Vamos para casa?
- Sim! (respondeu animada).
A ajudei com a bagagem, acomodamos tudo no porta malas e seguimos para casa ouvindo música.
- Resolveu inovar? (questionei enquanto dirigia).
- Sim, tomei coragem, cortei um pouco e tingi. Gostou?
- Gostei muito, combinou contigo.
- Obrigada!
- Seus pais estão bem?
- Estão sim felizmente.
- E o seu irmão?
- Também esta bem.
- Então você fez uma boa viagem?
- Fiz sim, adorei tudo e eu precisava.
- Descansou bastante?
- Nossa demais, dormi tanto e lá na casa dos meus pais é tão tranquilo.
- Que bom! Fico feliz por você.
- Muito obrigada! (agradeceu toda feliz).
Nós chegamos em casa e novamente eu a ajudei com as malas.
- Que saudades de casa, é bom estar de volta.
- Pilar, eu fiz para você torta e mousse, receita que aprendi com a minha mãe.
- Uau, como você esta diferente, você se aventurando na cozinha.
- Espero que tenha ficado bom.
- Vou acabar viajando mais vezes (disse risonha).
Ela comeu a torta e o mousse, tomou suco e falou que adorou tudo. Conversamos bastante sobre a viagem dela, ela contou sobre os passeios e momentos em família. Quando ela foi desfazer a mala me ofereci para auxiliar e recebi um lindo sorriso em agradecimento.
- Poxa Rúbia, você andou contratando alguém para limpar nossa casa (ela reclamou quando saia do banheiro).
- Não, eu sei que você não gosta. Eu mesma organizei tudo e ontem não fui trabalhar, pois queria deixar tudo arrumado e limpo para o seu retorno.
- Ai Deus! Sequestraram minha mulher e colocaram um alienígena no lugar (brincou).
- Deixa de história. Eu deixei tudo da forma que você gosta.
- E eu trouxe presente da viagem para você (contou entregando dois embrulhos).
Fiquei muito feliz, mesmo com a distância ela tinha se lembrado de mim, ganhei duas camisetas e uma blusa de frio. Ela também trouxe lembranças para os meus pais, além de queijos e doces mineiros. Terminamos de guardar tudo no começo da noite.
- Pilar, vamos sair para jantar? Você escolhe o restaurante.
- O que? Sério? Que legal!
- Já sabe para onde que ir?
- Sim! Minhas amigas comentaram mês passado sobre um restaurante que inaugurou há pouco tempo, ali em Pinheiros, gostaria de conhecer.
- Ótimo, vamos onde você quiser.
- Ai Deus! Minhas preces foram atendidas. Eu vou tomar banho e me arrumar (avisou toda sorridente).
Enquanto ela estava se arrumando fechei toda a casa, organizei a cozinha e quando entrei no quarto fiquei ainda mais apaixonada. Ela usava um vestido azul marinho que marcava bem suas curvas e deixou os belos cachinhos soltos. Não resisti e fiz um comentário.
- Com você assim, vou acabar desistindo de ir (falei com malícia).
- Por que desistir? Já se arrependeu do convite que fez? (perguntou desapontada).
- Não. Eu só estava brincando.
- Rúbia, sem enrolar e saiba que se você mudar de ideia ficarei muito chateada.
- Vou tomar banho rapidinho e em quinze minutos estarei pronta.
Ela não respondeu nada. Fazia tanto tempo que eu nem brincava com ela, acabou que ela nem entendeu a brincadeira e muito menos as minhas intenções. Tomei um banho rápido e deixei meu cabelo curto no estilo que ela gosta, meio bagunçado. Optei por uma calça jeans, um sapatênis cinza e resolvi estrear uma das camisetas que ela me deu de presente.
Quando terminei de me arrumar ela já estava na sala aguardando.
- Pilar, você esta muito linda. Vamos?!
- Vamos sim e esta camiseta ficou bem legal em você.
- Minha mulher tem bom gosto, obrigada!
- Por nada.
- Você quer dirigir? Não sei onde fica o restaurante.
- Prefiro que você dirija e colocamos o endereço no GPS.
- Tudo bem.
O restaurante era muito agradável, um espaço amplo e bonito. A especialidade da casa eram massas, prato que nós duas adoramos, jantamos tranquilamente e permanecemos no local por umas duas horas aproximadamente.
- Rúbia eu adorei este restaurante.
- Eu também adorei, tudo muito saboroso. Podemos voltar para casa?
- Sim e eu quero ouvir rádio, sabia que a rádio que gostamos não toca lá em Minas, senti tanta falta.
- Coloca então, assim você mata as saudades.
Durante todo o percurso ouvimos rádio e logo que entramos em casa criei coragem:
- Amor, podemos conversar?
Ela abriu um sorriso largo, me olhou com carinho.
- Repete, por favor!
- Amor, podemos conversar?
- Sim! (respondeu me abraçando).
Era um abraço cheio de ternura, ficamos juntinhas por alguns instantes e depois sentamos no sofá.
- O que você quer conversar?
- Pilar, eu quero muito melhorar por nós, eu quero deixar de ser negligente contigo. Eu te amo muito e não quero te perder.
Ela nada respondeu, ficou emocionada e derrubou algumas lágrimas.
- Eu estou fazendo terapia já tem alguns dias. Depois que você viajou fiquei muito mal e preocupada conosco, notei que não tenho feito você feliz nos últimos anos, me perdoa?
- Sim e eu também te amo!
Neste momento eu fiquei emocionada e derrubei algumas lágrimas.
- Minha mãe tem me ajudado muito, eu acabei procurando por ela, que me falou diversas coisas que eu merecia ouvir, foi horrível, chorei muito e decidi que quero fazer diferente. Eu quero me tornar a mulher que você sempre desejou que eu fosse.
- Amor, que lindo!
- Por favor, não desista de nós! Eu não sei o que você viu em mim e atualmente eu tenho vergonha da pessoa fria que me tornei.
- Eu sou perdidamente apaixonada por você.
- Eu sei. Você demonstra e eu também quero aprender a expor meus sentimentos.
- Saiba que esta começando muito bem.
- Pilar você sempre tomou a iniciativa, foi você que falou comigo pela primeira vez, que fez os primeiros convites e que entregou os primeiros presentes. Eu não mereço uma mulher tão incrível como você, eu sei disso e eu quero te fazer feliz. Espero que não seja tarde.
- Não é tarde e eu sou paciente.
- Sua paciência é algo superior e sou muito grata por isso. Nos últimos anos passamos a dividir a cama como amigas, até nossa vida sexual eu deixei de lado, nas últimas vezes que fizemos amor, foi exclusivamente porque você me procurou, eu já não tinha espontaneidade e nem mesmo disposição, eu estava cansada por ter trabalhado muito. Anjo, eu sempre fui fiel e continuarei sendo, não te troco por ninguém e o problema sempre foi comigo mesma. Hoje, quando eu entrei no quarto e você estava terminando de se arrumar, eu fiquei dominada pelo desejo e acabei percebendo que eu também errei por deixar de te olhar.
Neste momento ela voltou a chorar e eu deixei a sala voltando em seguida com um copo de água e lenços para ela.
- Obrigada e eu sou uma chorona, desculpa.
- Somente eu devo pedir desculpas, mamãe me disse algo que me marcou muito durante nossas conversas e vou te contar: “a Pilar é o tipo de pessoa que quando esta triste chora e quando esta feliz abre um belo sorriso, ela tem espontaneidade e sabe demonstrar seus sentimentos. Enquanto você (Rúbia) é insensível, rude e vive somente em prol do seu trabalho”.
- Nossa! Então vocês conversaram mesmo sobre nós (falou perplexa).
- Sim, conversamos muito e ela acabou comigo, foi bem dura e eu merecia. Foi ela que teve a ideia da terapia e tem sido muito bom.
- Eu nem imaginava que você falaria com sua mãe e muito menos com uma psicóloga.
- Por você, por nós, eu faço tudo. Eu não sei viver sem você.
- Eu também não.
- Também quero pedir desculpa por não ter viajado contigo, mais saiba que sofri bastante aqui sozinha. Quando você tirar férias novamente, prometo te acompanhar. Perdi a oportunidade de conhecer sua cidade natal e eu também não conheço BH.
- Você falou sério naquele dia sobre conhecer os estádios daqui de SP?
- Sim!
- Que legal e quando nós vamos?
- Quando você quiser.
- Nós vamos voltar a sair é? (perguntou curiosa).
- Vamos sim e preciso da sua ajuda, não posso continuar viciada em trabalho.
- Amor, eu sempre quis te ajudar, mas você nunca permitiu.
- Minha linda, depois da nossa conversa pensei muito e conclui que enquanto eu não me importava com a nossa relação, toda a minha vida saiu pela porta junto contigo. Dias depois ouvi coisas que jamais imaginaria que eu pudesse ouvir da minha mãe, sendo assim voltei a pensar e cheguei à outra conclusão, não adianta eu querer tomar banho de chuva depois que a tempestade já passou, ou seja, eu tenho que tentar salvar nosso relacionamento enquanto eu ainda tenho o seu amor.
- O que me machucou muito foi sua inércia, você deixou de se importar conosco.
- Meu bem, eu vou melhorar, deixarei de lado o egoísmo, estou em tratamento com relação ao meu vício em trabalho e estou trabalhando a empatia, quero recuperar o tempo perdido e te fazer feliz.
- Me beija? (pediu carinhosa).
E eu não respondi com palavras, comecei a beija-la com muito carinho, amor e afeto.
Fim do capítulo
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rhina
Em: 30/07/2016
Olá.
Parece que é pra valer o interesse de melhorar de Rubia.
Com esforço e vontade tudo é possível.
Curtindo muito este clima.
Beijos.
Rhina
Resposta do autor:
Oi,
É sim, a Rúbia é uma mulher esforçada e a Pilar muito paciente.
Beijos e abraços, May.
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Mille
Em: 14/05/2016
Pilar deu o susto para a Rubia melhorar por elas, o anjo para que ajudar a Rubia enxergar o óbvio foi d. Maria Eduarda. Que se ela continuase negligenciado o casamento é amor pelo trabalho era certo a falência. A pessoa deve balancear as coisas, trabalho, saúde, família. Gostando bastante da história.
Bjus e ótimo final de semana
Resposta do autor em 14/05/2016:
Querida Mille, muito obrigada =D
Um excelente final de semana para nós! Beijocas
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HEHEHE! Agora o clima vai melhorar!
Daqui a pouco vão falar sobre filhos,rsrsrrs
Parabéns, Poetisa!
Resposta do autor em 13/05/2016:
Olá!
Grata por seu comentário =D
Será que elas vão se acertar? Rs vamos ver ;)
Obrigada! Beijos e abraços, May.
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