Capítulo 3
No domingo, acordei já no meio da manhã e o dia estava ensolarado. Demorei a identificar onde eu estava, tenho hábito de madrugar e raramente durmo fora de casa. Lembrei que estava na casa dos meus pais, levantei e desci em direção à cozinha, meus velhos estavam por lá fazendo o desjejum.
- Bom dia! (saudei antes de sentar e pegar um copo de suco).
- Bom dia filha e fico muito feliz com sua visita (falou meu pai).
- Bom dia! Dormiu bem? (perguntou minha mãe).
- Sim, dormi bem e muito. Por acaso aquele chá era calmante?
- Claro. Caso contrário você passaria a noite toda chorando e eu não tenho a mínima paciência com criança que apronta e depois fica a chorar. Sua cara esta péssima, nem uma boa maquiagem ajudariam a disfarçar todo este inchaço e estas olheiras enormes.
- Dona Maria Eduarda, quanto amor logo pela manhã (comentei com desânimo).
- Minha filha, sua mãe me contou sobre a crise no seu relacionamento.
- Ai papai, que difícil viu, ando tão triste por tudo isso e pior que a culpa é toda minha.
- Ao menos tem consciência e reconhece seus erros (alfinetou minha mãe).
- Mas filha em uma relação à culpa nunca é exclusivamente de um dos lados (garantiu meu pai).
- Rubens, nem tente defender a sua querida filha, mas já que você introduziu esta questão, eu vou expor o erro da Pilar nisso tudo, falta de amor próprio, se ela tivesse ao menos um pouco, já teria largado nossa filha e procurado sua felicidade.
- Maria Eduarda, não seja tão dura (recriminou meu pai).
- Pai, a mamãe tem razão (a defendi e era o mínimo que eu poderia fazer).
- Filha vai atrás da Pilar, converse com ela (sugeriu meu pai).
- Eu não sei onde os pais dela moram e eu não posso deixar meu trabalho de lado.
- Pilar pudera você perdendo o amor da sua vida e preocupada com trabalho. Tolices têm limites menina e você já extrapolou. (reclamou minha mãe).
- Minha filha assim fica difícil te defender, você precisa colaborar, sua mãe tem razão, deixe o trabalho para depois e se acerte com sua mulher.
Fiquei pensando em tudo que os meus pais falaram, tomamos café da manhã juntos e depois ficamos na sala, pensei bastante e decidi fazer uma ligação.
- Mãe, vou ligar para Pilar.
- Até que enfim uma atitude, já deveria ter ligado (minha mãe e sua doçura).
Tentei ligar, mas o celular dela só chamava e caia na caixa postal.
- Ela não me atende.
- No lugar dela eu também não te atenderia. Mas serei gentil contigo, pode usar meu celular, ela não recusaria uma ligação minha.
Peguei o aparelho e tentei novamente, porém sem êxito.
- Ela deve estar ocupada, mais tarde você tenta outra vez, agora vá tomar um banho, pode usar alguma roupa minha e quero sua ajuda para preparar o almoço.
Auxiliei minha mãe e almoçamos os três juntos. Já no final tarde tentei ligar para minha mulher novamente, desta vez, após três toques ela atendeu.
- Alô!
- Pilar, boa tarde! Tudo bem?
- Rúbia, tudo sim e com você?
- Também. Tentei te ligar mais cedo, mas caiu na caixa postal.
- Eu dormi até tarde.
- Ah entendi.
Ficamos em silêncio e eu estava feliz por ouvir a voz dela.
- Rúbia, desligou?
- Não. Estou aqui. Como vai a viagem?
- Tudo em ordem, meus pais ficaram felizes. Aqui é tudo tão calmo e eu estou adorando.
- Que bom.
Novamente o silêncio prevaleceu e eu fiquei perdida não sabia o que dizer.
- E contigo Rúbia, tudo certo?
- Tudo sim, eu liguei mesmo para saber se você estava bem.
- Eu estou.
- Sinto saudades (confessei).
- Como? (perguntou incrédula).
- Eu disse que sinto saudades suas (respondi com a voz aflita).
- Sério? (questionou desacreditando).
- Sim, falo sério, muitas saudades.
- Que bom ouvir isso de você e também estou com saudades.
- Quando você retorna?
- No final do mês, quero passar uns dias em BH, também vou visitar meu irmão.
- Que legal, aproveita então e se cuida.
- Pode deixar.
- Um beijo e boa semana.
- Outro e para você também.
Desliguei o telefone e fiquei pensando nela, a saudade me consumia.
- Ela esta bem? (foi à pergunta que a minha mãe fez).
- Sim e retorna só no final do mês.
- Enquanto você estava no telefone tomei uma decisão, vou voltar a controlar seus horários.
- Como? Mãe, não sou mais uma adolescente.
- Você é uma adulta viciada em trabalho, discorda?
- Não. Mãe, me ajuda, eu não posso continuar desta forma.
- Eu vou te ajudar e essa fase ruim vai passar.
- Obrigada por tudo, eu vou para casa.
- Você pode dormir por aqui.
- Eu prefiro ir.
- Tudo bem então, amanhã no horário do almoço te encontro na empresa e conversamos mais.
- Não pode ser depois que eu encerrar o expediente?
- Sim e você vai trabalhar só até o meio dia, sem reclamações. Até amanhã!
Eu me despedi dos meus pais e fui direto para a minha casa, coloquei minhas roupas para lavar, organizei a casa, lavei o banheiro e fui dormir pensando na vida.
Na segunda-feira acordei bem cedo, malhei e tomei café em uma padaria. Trabalhei a manhã toda com bastante afinco e ao meio dia mamãe entrava na minha sala.
- Rúbia, boa tarde! Desligue este computador e vamos almoçar, estou faminta.
- Boa tarde! Tudo bem?
- Tudo sim, nós vamos em dois carros, você me acompanha já escolhi o restaurante (avisou com sua habitual praticidade deixando a sala).
O almoço na companhia da minha mãe foi muito tranquilo e depois de nos alimentarmos ela começou a falar:
- Rúbia, você precisa de uma ajuda especializada, já marquei com uma amiga minha que é psicóloga.
- Não entendi nada.
- Você precisa fazer terapia.
- Nossa, cheguei neste nível (comentei chateada).
- Com ajuda profissional você vai deixar de lado este seu vício e vai aprender a lidar com seus sentimentos.
- Novamente a senhora tem toda razão.
- Então vamos, sua consulta esta marcada para as quatorze horas.
Concordei e seguimos até o consultório, passei por uma entrevista e marcamos duas sessões por semana no período da tarde. Eu estava disposta a fazer de tudo para melhorar e salvar meu relacionamento.
No decorrer da semana a marcação da minha mãe foi bem acirrada, ela me ligou várias vezes e de fato voltou a controlar meu horário de trabalho. Passei o final de semana na companhia dos meus pais, sendo proibida de pensar em trabalho. Na última semana do mês resolvi ligar para Pilar, era uma quarta-feira à noite, contudo ela nem me atendeu, fui dormir chateada naquele dia, a saudade só aumentava e eu ansiava por seu retorno.
No dia seguinte próximo do horário do almoço meu telefone tocou e eu achava que era a minha mãe, entretanto para minha total surpresa:
- Alô!
- Rúbia, tudo bem?
- Pilar, tudo e contigo?
- Tudo em ordem. Eu vi suas chamadas perdidas e estou retornando. Ontem meu irmão me levou para conhecer o Mineirão e eu não levei o celular.
- Entendi e você gostou?
- Eu adorei, o estádio é lindo e nos divertimos muito.
- Que bom, nós temos que conhecer os estádios daqui de SP também.
- Verdade.
- Eu liguei para saber o dia e horário que você vai chegar. Gostaria de te buscar (expliquei).
- Não carece e nem quero te atrapalhar.
- Eu faço questão Anjo.
- Faz tempo que você não me chama assim (comentou).
- Desculpa por ser tão negligente contigo e volto a dizer que estou com saudades.
- Também estou. Vou chegar em Congonhas no sábado por volta das três da tarde.
- Estarei te esperando.
- Obrigada, bom vou desligar, sei que você esta trabalhando e nem quero te atrapalhar.
- Você não atrapalha, nossa casa fica tão vazia sem você.
- Também estou com saudades de casa e segunda-feira voltarei a trabalhar, tudo em ordem por ai né
- Tudo sim.
- Rúbia, eu preciso desligar, combinei de almoçar com meu irmão.
- ok! Fiquei feliz com a sua ligação, até sábado, beijo!
- Até! Beijos (suspirou e desligou).
Era tão bom conversar com ela, fiquei muito feliz com a ligação e decidi que não trabalharia na sexta, organizei toda a casa, deixei tudo arrumado e limpinho. O sábado demorou tanto para chegar, aposto que era algum castigo devido ao meu comportamento inadequado nos últimos tempos.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Mille
Em: 13/05/2016
Oi May tudo bem???
Ainda bem que Rubia está se auto corrigindo, nada como o olhar de fora para destacar o que para ela é normal.
Gostei dela admitir que sente saudades e com a mãe controlando e junto com a terapia.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor em 13/05/2016:
Querida Mille, tudo sim e contigo?
Fico feliz com sua companhia e acompanho todos os comentários ;) obrigada! Beijos
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VNXPP
Em: 12/05/2016
bom noite estou gostando,mas poderia ser mas comprido rsrsrs e postar 2 cap.por dia!
Resposta do autor em 12/05/2016:
Olá!
Os capítulos vão seguir a média das outras histórias que já postei. Sou dessas autoras e leitoras que gosta de simplicidade, de textos bem escritos, amarrados, não suporto delongas e não sei enrolar, por isso, das palavras diretas e sem firulas rs
Não consigo postar mais de um capítulo por dia, culpa da rotina corrida e faço sempre o possível para postar rapidamente.
Agradeço seu comentário. Abraços, May.
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