Capítulo 3 - Fora de casa
Eu estava decidida,daria um fim no meu relacionamento. Cheguei do trabalho, tomei um banho e juntei algumas peças de roupa em uma mala, não era muito, mas agüentaria um ou dois dias até que eu decidisse o que fazer.
Juliana não estava em casa, havia saído com as amigas. Esperei sua chegada na sala, já passava de uma da manhã quando ela apareceu, carregada de ironia.
-- Esperando minha chegada amorzinho? – Eu podia sentir de longe o cheiro de cigarro e bebida que emanava de sua pela.
--Sim, precisamos conversar, não dá mais Juliana, eu não quero mais viver assim. Cansei de trabalhar para pagar suas contas, agüentar suas humilhações, para mim chega, eu estou indo embora. – Falei de uma vez, sem pausas,sem respirar.
-- E você vai para onde? Vai voltar para a casa da sua mãe para pagar as contas dela e passar fome como acontecia quando te conheci? – Juliana gritava e eu tentava manter a calma.
-- Quando você me conheceu, eu era nova demais e não sabia me virar, muita coisa mudou desde então, eu tenho um emprego melhor, posso me cuidar muito bem sozinha!
-- Você não teria coragem! Eu não vou deixar você ir! Você prometeu que seria para sempre!
--E poderia ser, se você não tivesse mudado como mudou, se você não tivesse se tornado esse monstro! – Disse pegando minha mala no chão.
Juliana me segurou as mãos antes mesmo que eu levantasse a mala.
--Você não pode ir! Eu não vou deixar!
--Juliana, você não pode me prender aqui! Você não é minha dona e não manda em mim! Eu vou, quando arrumar um lugar para ficar eu volto e pego minhas coisas! Acabou! – Calmamente retirei a aliança do dedo e coloquei sobre o móvel da sala.
***
A verdade é que eu fiz tudo no impulso e de fato não tinha para onde ir, peguei o primeiro ônibus que passou, sentei e com meus fones de ouvido finalmente me permiti chorar. Era doloroso terminar, fui apaixonada por Juliana por muito tempo, até que ela se transformou nesse monstro, até que o que eu sentia acabou.
Quando cheguei ao centro, achei que seria melhor ficar em um desses hotéis que existem aos montes por lá. Passei pela recepção e pedi por uma pernoite, o hotel devia ser usado como motel com muita freqüência, já que a recepcionista estranhou o fato de eu estar desacompanhada. Finalmente no quarto, tirei minhas roupas e me joguei na cama. O dia já estava amanhecendo, logo eu teria que levantar e ir para o trabalho.
****
-- Que cara é essa? – Fernanda mal havia chego e logo soltou a pergunta. Eu realmente deveria estar péssima, dormi praticamente pela manhã e chorei um bocado, tentei disfarçar com maquiagem, mas não fiz milagre.
-- Saí de casa, dormi num hotel de quinta no centro da cidade e não tenho onde morar, eu deveria estar reluzente? – respondi com acidez.
--Como assim você saiu de casa?
--Terminei com Juliana! Não agüentei, simples!
--E você vai pra onde agora?
-- Não sei, não faço ideia! Estou procurando vaga em republica, mas tudo cheio.
-- Por que você não fica comigo? Só estou eu naquele apartamento enorme, tem um quarto lá! Vamos pegar suas coisas hoje e você vai. Está decidido!
Minha única reação foi lhe dar um forte abraço!
-- Te amo amiga!! – Falei chorando de felicidade.
-- Não seja sentimental demais! – Fernanda gostava de se fazer de durona, mas era um doce.
***
Saímos do banco e fomos até a casa onde vivi com Juliana por três anos.
--Preparada? – Fernanda perguntou tocando meu ombro.
-- Nem eu sei, mas não vou voltar atrás. – eu estava com medo, depois de três anos havia me acostumado a viver ali, a ter alguém por perto, ainda que me ferisse muito, eu tinha Juliana.
Entramos dentro da casa, várias coisas estavam quebradas e jogadas pelos cômodos. Ao entrar no quarto, Juliana estava sentada na cama, cercada por peças de roupas minhas e fotografias.
--Oi Juliana, vim pegar minhas coisas. – Falei baixo sem olhá-la nos olhos.
-- Fique à vontade, eu sei que mais cedo ou mais tarde você vai voltar e eu vou estar aqui esperando. – Disse e saiu com uma calma tão grande que espantou tanto a mim quanto a Fernanda.
Rapidamente juntamos tudo o que era meu, não era muita coisa, em sua maioria eram roupas e sapatos que eu já havia deixado separado antes de sair na véspera.
-- Bom... Adeus Juliana, seja muito feliz! – Falei da porta da sala, deixando a chave que eu tinha sobre a mesinha.
--Para mim, é apenas um até logo, aproveita para se divertir muito! – Respondeu com um leve sorriso nos lábios.
***
Fernanda e eu havíamos feito o caminho até sua casa no mais completo silêncio, o meu coração estava apertado, a verdade é que eu sentia muito medo.
-- Bem vinda à mansão!!! – Disse minha amiga.
-- Muito obrigada! Eu realmente não sabia como ia fazer – respondi muito agradecida.
-- Agora é vida nova gata! Bola pra frente! Por falar nisso, já falou com a fotografa gata hoje?
-- Não, também nem tive cabeça para isso.
Bastou Fernanda perguntar e como um sinal divino meu celular vibrou no meu bolso, sorri involuntariamente, o primeiro sorriso daquele dia.
“Fiquei tão ocupada que não tive tempo de falar com vc, mas não podia deixar de dar boa noite...Então boa noite e dorme bem, bjs!”
Era uma mensagem simples, mas que aqueceu meu coração.
-- Nem precisa dizer de quem é! – Fê me tirou do estado de semi transe.
Naquela noite eu dormi tranqüila, é lógico que eu estava triste, mas a mensagem de Carol me trouxe a paz que eu precisava para descansar
Fim do capítulo
Mais um capítulo novinho, espero que gostem!
Beijos!!!
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