CAPÍTULO 41: Isso dói muito!

 

 

 

Rachel desde o momento que foi jogada das escadas, sentia uma dor enorme que podia jurar que era a mesma sensação de estarem lhe enfiando uma faca e puxando com força a cada vez que respirava.

Quando foi posta na maca pensou que fosse desmaiar devido a dor aguda que sentiu, ela esperava que desmaiasse logo assim sentiria menos dor, mas não foi o que aconteceu. Passou o caminho todo ao hospital sentindo uma dor agonizante que se intensivavá mais a cada solavanco que a ambulância dava durante todo o caminho. Até gem*r era dolorido.

 

“Droga, que idéia maluca foi aquela? Isso dói pra caralh*, mas que porr* eu não devia ter me metido a ajudar aquela garota e... ai! Que merd* de dor!” pensou quando já estava sendo retirada da ambulância.

 

Gritou de dor e se contorceu fazendo com que a dor aumentasse consideravelmente o nível devido a estar se mexendo. Foi encaminhada para dentro do hospital sendo logo recebida por Pauline que foi ver como ela estava assim que recebeu a ligação da loirinha.

 

-- Peço que me diga o que esta sentindo? – perguntou já acompanhando a maca que empurravam corredores a dentro.

 

Rachel prendeu um gemido e soltou através do que dizia.

 

-- Dor, nas costa, dói, eu não sei... ai!

-- Procura respirar, vou te examinar.

 

 

********xxxxxx********

 

Amanda, Júlia e Manuela esperavam noticias da garota de cabelos castanhos há algum tempo, Manuela já nem tinha mais unhas de tanto que ruía o que já não existia em seus dedos.

 

-- Calma Manuela, assim você vai ficar sem dedos – Júlia chamou sua atenção sentando-se ao lado de Amanda que também estava ansiosa e a abraçou.

-- Esta demorando muito – reclamou a morena passando as mãos nos cabelos.

-- Calma Manu é assim mesmo – Júlia tentava acalmá-la mas era em vão.

-- Eu preciso beber alguma coisa e ligar para o negão, senão vou enlouquecer com essa demora! – exclamou se afastando e pegando seu celular, deixando na sala de espera apenas Júlia e Amanda que se mantinha calada.

-- Ta tudo bem amor?

-- Manuela tem razão, esta demorando muito e ela chegou morrendo de dores, estou preocupada – Amanda concordou se mexendo um pouco inquieta.

-- Calma amor, vai ficar tudo bem, a doutora Pauline esta com ela, já já ela nos da noticia.

 

A ruiva balançou positivamente a cabeça, afinal o que poderia fazer a não ser aguardar?

 

...

 

 

Danilo atendeu Manuela animado mas logo ficou calado escutando da amiga tudo o que estava acontecendo, era algo que não pudesse acreditar, ainda mais na parte de Rachel estar no hospital por ter tentado ajudar sua amiga. Seria possível isso?

 

...

 

Tempos depois Pauline apareceu na sala de espera onde Manuela também já se encontrava.

 

-- Me desculpem a demora, a paciente já se encontra no quarto medicada, ela sofreu trauma nas costelas, devido a contusão que sofreu sentia dores fortes e por isso precisei medicá-la e deixá-la em observação já que ela caiu de uma escada, não houve mais nada nos exames a não ser o trauma nas costelas, mas mesmo assim deixaremos ela em observação.

-- Podemos vê-la? – Manuela não se conteve em perguntar assim que a medica terminou de falar.

-- Sim, mas façam silencio por favor.

 

As três garotas seguiram a medica até onde Rachel se encontrava.

 

Entraram encontrando-a já com as vestimentas do hospital e deitada com um soro ligado a um braço seu, estava de olhos fechado e deitada de forma mais confortável possível que não lhe causasse nenhuma dor, estava tão quieta que parecia estar dormindo.

 

Manu se aproximou sem fazer barulho não querendo acordar um possível sono da garota de cabelos castanhos. Encostou delicadamente em seus cabelos e beijou-lhe a testa de leve, fazendo com que Rachel abrisse os olhos devagar.

 

-- Oi – falou bem baixo.

-- Oi, te acordei?

-- Não estava dormindo, só esperando a dor passar.

-- Ainda não passou? A doutora disse que você já foi medicada, dói muito?

-- Diminuiu a dor que cheguei, mas ainda dói, se eu respiro muito forte dói demais e até pra falar incomoda.

-- Então fica quietinha – falou passando a mão em seu cabelo em um carinho de leve – a Amanda esta aqui também, e a Júlia.

-- Elas estão bem? – continuou perguntando baixo.

-- Estamos – Amanda falou mostrando que estava presente no quarto, apenas as observando, junto de Júlia – Nos assustou gatinha.

-- Me desculpe – forçou um riso e sentiu dor, fazendo uma careta extremamente dolorida e segurando a respiração.

-- Ta doendo muito? – Manuela se preocupou – melhor chamar a medica.

-- É assim mesmo, eu já estou dopada de remédios, mais um pouco eu apago, eu só preciso ficar quietinha, já passa.

-- Tem certeza Rachel? – Amanda perguntou também preocupada.

-- Sim, não se preocupem por favor.

-- Tudo bem – a ruiva concordou.

-- Amanda me da água por favor – pediu ainda mantendo o tom de voz bem baixo.

-- Claro.

-- Deixa que eu pego – Manuela se ofereceu e antes que se afastasse teve sua mão segurada por Rachel que fazia mais uma careta de dor pelo movimento.

-- Fica aqui Manu, por favor – disse soltando o ar devagar ao falar tentando controlar a dor – a Amanda pega, fica aqui comigo.

-- Tudo bem eu fico – beijou-lhe a testa – fique quietinha esta bem?

 

Rachel concordou com um leve manear de cabeça e viram Amanda se afastar para buscar a água que ela lhe pediu.

Júlia que estava ao lado da porta vendo as duas garotas babarem por Rachel, permaneceu calada. Não sabia o que dizer e nem fazer.

Odiava sim a garota, isso não era segredo e o ódio era recíproco, mas ela tinha lhe ajudado, e isso mudava um pouco a situação, o que falar para uma pessoa que você odeia mas que foi capaz de te ajudar?

A resposta era simples, mas talvez não tão simples para uma ponta de orgulho que teimava em se manter de pé.

 

Manuela de minuto em minuto perguntava se Rachel realmente estava se sentindo bem, o que fazia Rachel achar graça daquela preocupação toda mas achá-la incrivelmente fofa.

Amanda retornou com a água e também fez perguntas preocupada com a amiga. Percebeu que Júlia se mantinha do mesmo jeito que entrou então foi até ela enquanto as outras duas garotas conversavam.

 

-- Vai até lá – disse quando se aproximou.

-- Não é preciso.

-- Sim é, você sabe que sim.

-- Amanda, não começa, não tem a necessidade de me aproximar, nos odiamos.

-- Mas ela te ajudou, então vá lá e agradeça Júlia, deixe de ser mal educada e ter atitudes infantis, você não é mais nenhuma criança.

-- Amanda...

-- Sem mais Amanda amor,  vai até lá – mandou empurrando-a pelo ombro, fazendo com que desse alguns passos bufando de raiva.

 

Manuela e Rachel pararam de conversar quando viram a loira se aproximar.

Júlia respirava fundo como se o que fosse fazer fosse algo realmente pesado de se fazer.

 

-- Rachel.

-- Oi.

-- Obrigada por me ajudar.

-- Alguém precisava ajudar, seus irmãos são uns bundões – disse dando um sorriso de canto.

-- Eu não perguntei o que meus irmãos são ou deixam de ser, apenas vim agradecer o que você fez, ponto, só vim porque a Amanda me obrigou.

-- Júlia! – Amanda elevou a voz chamando a atenção da namorada pela grosseria.

-- Ta tudo bem Amanda – Rachel sorriu, sabia que não estava sendo fácil para a loirinha estar ali a agradecendo por tê-la ajudado. A garota era geniosa assim como ela. – Esta então me agradecendo por ter te salvado?

-- É o que parece, você é surda?

-- Não, mas você é uma mal educada e grossa.

-- Olha garota vá a...

-- Júlia! – Manuela e Amanda chamaram sua atenção juntas antes que terminasse a frase e viram a loira cruzar os braços como uma criança emburrada.

 

Rachel estava se divertindo com a loira e acabou fungando uma risada e sentindo dores ocasionando uma careta.

 

-- Bem feito. – Júlia resmungou ainda de braços cruzados.

-- Eu ouvi isso – Rachel disse humorada mesmo com uma expressão de dor.

-- Dane-se – retrucou a loira.

-- Você esta parecendo uma criança Júlia – Manuela comentou.

-- Peça desculpas novamente Júlia – Amanda mandou.

-- Não vou pedir mais merd* nenhuma.

-- Olha a boca mocinha – Rachel debochou sorrindo.

-- Vá a merd*! – Júlia disse dando as costas e pisando duro até a porta.

-- Júlia! – Amanda chamou.

-- Deixa ela Amanda – Rachel falou ainda sorrindo e achando graça – Esta me devendo uma loira aguada.

 

Júlia não disse nada apenas abriu a porta e saiu.

 

-- Desculpa por ela Rachel – Amanda pediu um tanto envergonhada.

-- Ta tudo bem Amanda, foi engraçado e eu provoquei ela.

-- Mesmo assim, você a ajudou, ela não devia ter caído na sua provocação e deveria ter pedido desculpa do modo certo pra você.

-- Não é porque eu a ajudei que eu viro santa Amanda, eu entendo ela, eu no lugar dela estaria do mesmo jeito ou pior, você me conhece, ela ainda veio pedir desculpas mesmo forçada por você, eu não faria isso nem sob tortura – comentou com um sorriso fraco.

 

Amanda concordou com a cabeça respirando fundo, a amiga tinha razão.

 

-- Eu vou atrás dela – disse se afastando e parou para ouvir a amiga.

-- Não briga com ela e nem exija nada Amanda, isso tudo ta sendo difícil para ela, e ela precisa do seu apoio, já falei que esta tudo bem, apenas apóie ela, ela precisa de você.

-- Farei isso – Amanda concordou após ouvir Rachel falar.

 

A amiga tinha razão, mas era estranho.

Rachel estava mudando.

Mesmo que não fosse uma mudança tão grande e fácil de se notar, ainda assim era uma mudança, uma boa mudança.

Nunca em outra época sua amiga incentivaria ela a ficar numa boa com Júlia e ajuda-la, nem com Júlia e nem com menina alguma. Mas dessa vez foi diferente. Era claro para ela que a amiga estava mudando aos poucos.

Sera que fora Manuela o motivo dessa mudança? Ou ela realmente percebeu que o que sentia por si era apenas um capricho?

 

Não teve tempo de pensar pois encontrou a loira no corredor.

 

-- Ei – disse baixo se aproximando e recebeu um abraço apertado.

-- Me desculpa, sei que esta brava mas ela me tira do serio, me desculpa por favor, não fica chateada comigo amor – pediu deixando algumas lagrimas caírem.

 

Júlia se sentia esgotada, não estava mais se agüentando, não agüentava mais aparentar que não estava sentindo todas as mudanças, precisava de apoio, teve a sensação que tudo estava desmoronando, sentia seu coração apertado.

 

-- Esta tudo bem amor, ei tudo bem, eu não vou ficar brava com você, ta tudo bem – disse retribuindo o abraço forte da namorada – eu estou com você meu anjo.

-- Ele tentou me matar – fundou o choro dolorido – eu pensava que ele era meu pai, eu sempre só quis o carinho deles, que ele me tratasse como trata todos os outros e agora... – não conseguiu terminar de dizer por sua garganta fechar com o choro que saia mais forte.

-- Vai ficar tudo bem meu amor, vai ficar tudo bem, prometo.

-- Não, não vai amor, nada nunca fica bem.

-- Vai sim, eu estou com você meu anjo, vem aqui vem, vamos nos sentar – falou a afastando e secando suas lagrimas que insistiam em cair, a puxou com carinho pela mão e levou ela até as cadeiras daquela sala de espera e a abraçou acolhendo-a em um confortável abraço.

 

 

********xxxxxx********

 

Elisabeth estava na mansão com todos os outros filhos e tentava saber detalhes do que tinha acontecido. Sua raiva de Otton só aumentava ainda mais a cada pouco relato dos filhos.

Sabia que eles não estavam contando tudo da forma que tinha acontecido, eles defendiam o pai, sempre soube disso.

 

-- Chamem agora todos os seguranças e o chefe deles imediatamente! – ordenou andando de um lado para o outro.

-- O que vai fazer mamãe? – perguntou Luciano.

-- Ainda não sei Luciano, minha primeira atitude será demitir esses incompetentes – respondeu nervosa.

-- Eu me refiro ao papai.

-- Ao seu pai eu irei tomar uma atitude assim que demitir esses imprestáveis.

 

Concordou com a cabeça e viram os seguranças entrarem na mansão.

 

-- O que aconteceu hoje? – Elisabeth perguntou com uma pose arrogante e olhos carregados de altivez.

 

Os homens engoliram seco aquele olhar, sabiam que cabeças seriam degoladas.

Nenhum deles sequer ousou a responder a senhora San’Germany.

 

-- Vocês estão surdos?! – gritou vendo todos olharem espantados para ela – Eu vou perguntar mais uma vez! O que foi que aconteceu hoje aqui?

-- O senhor Otton entrou na mansão, dona Imperatriz. – o mesmo segurança que tinha barrado a entrada de Otton mais cedo lhe respondera.

-- Muito bem, alguém não é mudo aqui – continuou falando em alto em bom tom, e se dirigiu ao rapaz que lhe respondeu – Qual o seu nome?

-- André senhora.

-- André quais eram as ordens que vocês tinham com a entrada de Otton nessa casa?!

-- De não deixa-lo entrar senhora.

-- EXATAMENTE, VOCÊS TINHAM ORDENS DE NÃO DEIXA-LO ENTRAR! – gritou assustando os demais do ambiente. – POR QUE MINHA ORDEM FOI DESACATADA ANDRÉ?

-- Senhora eu ten... – ia dizendo mas foi interrompido pelo segurança chefe.

-- Senhora Elisabeth, o senhor Otton veio até aqui e o deixaram entrar para que pegasse suas coisas.

-- Quem o deixou entrar?!

 

Não obteve resposta e então encarou bem os olhos do chefe da segurança e ainda o encarando fez uma pergunta para o outro segurança.

 

-- André quem o deixou entrar na mansão? – o chefe dos seguranças fez menção em falar algo e foi interrompido. – eu perguntei ao André, mantenha-se calado. Vou perguntar mais uma vez, André quem permitiu a entrada de Otton na mansão?

-- Foi o senhor Eduardo, senhora, o nosso chefe de segurança.

-- Não foi bem assim! – Eduardo tentou se defender.

-- CALADO! – Elisabeth gritou.

-- Mas senhora Elisabeth...

-- Eu mandei se calar, qual a parte não entendeu? Por acaso é surdo?!

-- Não senhora.

-- Deve ser, por ter desacatado uma ordem minha!

-- Senhora...

-- Cale sua bendita boca Eduardo, eu não quero ouvir sua voz, você não respeitou uma ordem minha, EU PAGO SEU SALARIO! Sem mim Otton não é nada, você escolheu o lado errado para obedecer, e por sua escolha você esta demitido!

-- A senhora não pode fazer isso! – se exaltou dando alguns passos em sua direção.

 

Elisabeth viu o segurança André montar guarda para impedi-lo, mas com um gesto de mão acenou para que ele não tomasse nenhuma atitude e deixa-se Eduardo fazer o que pretendia.

 

-- Sim eu posso, e vou, alias eu já fiz, fora dessa casa imediatamente, suas coisas serão entregues depois quando entrarem em contato com você, mas agora eu quero você fora daqui!

-- A senhora vai se arrepender!

-- Isso é uma ameaça? Repita isso de novo que eu farei você repetir isso uma terceira vez na delegacia – aguardou que ele falasse novamente e o viu respirar como um touro – foi o que eu pensei... FORA!

 

O viu com os demais que estavam presente o ex chefe de segurança da mansão sair irritado e bater a porta atrás de si.

 

-- Alguém mais eu devo mandar embora? – perguntou encarando um por um.

 

Nenhuma resposta foi dada, então ela caminhou até André e parou em sua frente o analisando.

 

André não era um homem muito velho, devia ter seus 38 anos, uma pose fechada, impecavelmente elegante, algo que lhe chamou a atenção em sua avaliação foi o objeto de ouro que reluzia em seu anelar esquerdo. Sua postura foi algo que também lhe chamou a atenção.

 

-- O que você fez quando Otton apareceu aqui André? – perguntou o encarando e mantendo sua expressão fechada.

-- Eu o impedi de entrar, o barrei até que o senhor Eduardo apareceu e liberou sua entrada.

-- Ótimo, você agora é o chefe de segurança dessa mansão estamos entendidos? – disse espantando todos, inclusive o próprio André.

 

Espanto maior para seus filhos, que sabiam que com a segurança ela não brincava e sempre avaliava por meses os seguranças que colocaria para lhe assegurarem, essa atitude dela era totalmente nova, colocar alguém assim que nem pesquisou antes.

 

-- Como assim senhora? – André perguntou confuso.

-- Não me diga que também és surdo André? Você agora é o novo chefe de segurança, entendeu ou precisa que eu lhe desenhe?

-- Entendi senhora.

-- Então quero que demita todos que não acha que sejam da sua confiança, entendido?

-- Sim senhora.

-- Estão dispensados – falou dando as costas aos seguranças que continuavam ali.

 

Assim que os dispensou todos saíram e Elisabeth ficou com seus filhos que a olhavam surpresos.

 

-- Parem de me olhar com essa cara.

-- O que acontecerá com o papai? – Luciano retornou a perguntar.

-- Farei algo, logo saberão, agora me dêem licença. – respondeu saindo da mansão e indo até o carro da mansão, motorista lhe aguardava.

 

 

 

...

 

 

 

Pauline observou as horas e viu que ninguém tinha voltado para acompanhar Rebecca, de repente sentiu saudade de estar ao seu lado. Ver aqueles olhos abertos lhe encarando era bem melhor do que admira-la dormindo.

Se encaminhou até o quarto e a viu assistindo algum programa qualquer que passava na televisão.

 

-- Posso me juntar a você? – perguntou chamando a atenção da jovem.

-- Você está no seu ambiente de trabalho, faz o que bem entender.

-- Nossa, alguém acordou de mau humor ou é impressão minha?

-- Não devo simpatia a você ou por acaso é uma amiga e eu não saiba?

-- Esta bem, me desculpe, eu não deveria ter vindo falar com você, sai do meu profissional e isso não vai mais acontecer – Pauline disse assumindo outra postura, um tanto chateada pela recepção da jovem.

 

Talvez pensou que pudessem conversar apenas para que o tempo passasse, mas viu que a herdeira dos San’Germany, era como o restante da família, uma pose arrogante que nem ao menos dava chance de conhecer outras pessoas.

 

Se virou para sair da sala e seguiu para seu trabalho.

Cada dia que passava naquele hospital sentia que enlouqueceria logo, logo. Era como se algo dentro de si morresse aos poucos, cada vez que tinha que se forçar a ir trabalhar.

 

Rebecca ao ver a expressão nos olhos da medica sentiu-se arrependida da forma que tinha falado com ela, talvez devesse ter pedido para que ela ficasse, pedido desculpa. Mas algo na medica a incomodava. E outra coisa que estava a incomodando era o fato de não esta sentindo suas pernas. Tinha medo, e dor.

 

 

...

 

 

Já era bem tarde e Amanda e Júlia tinham acabado de saírem do hospital. Rachel tentou convencer Manuela a ir com elas para que pudesse descansar melhor pois de nada adiantaria ficar ali no hospital desconfortável, mas por mais que justificasse e dissesse que estava bem, não conseguiu mudar a posição da morena de ficar e acompanhá-la durante a noite.

A morena tinha pego no sono quando Pauline entrou no quarto para verificar como Rachel estava.

 

-- Como você esta?

-- Ainda dói, mas se eu ficar quieta e quase não respirar passa.

-- Vai ficar assim por alguns dias, você precisa de repouso e tomar analgésico e antiinflamatório.

-- Sim senhora.

-- Vejo que alguém não agüentou ficar acordada – disse sorrindo se referindo a Manuela.

-- Ela está cansada e teimou em ficar aqui.

-- Tudo bem então, qualquer coisa peça que me chamem, eu vou indo.

-- Muito obrigada doutora.

-- Não por isso Rachel, boa noite.

-- Boa noite.

 

 

 

********xxxxxx********

 

 

Olávo estava extremamente preocupado com o que estava acontecendo, viajava tentando ter contato com Elisabeth mas sem sucesso, tentou também Júlia e Amanda, mas nada delas atenderem também, isso só o deixava mais apreensivo. Precisava de minuto em minuto respirar fundo e imaginar o quanto bateria em Otton caso ele tivesse feito qualquer coisa com suas meninas.

 

...

 

 

Amanda e Júlia quando saíram do hospital preferiram ir para um hotel, a loira não queria voltar a mansão e relembrar tudo o que acontecerá, muito menos dar de cara com Luciano. Esse era um que ela gostaria de acertar alguns pontos com ele.

A vontade que sentiu de esganá-lo com as próprias mãos quando o viu encostar em Amanda, foi tremenda.

 

Encontrava-se deitada no quarto do luxuoso hotel aconchegante perdida em seus pensamentos remoendo momentos mais cedo de quando seu irmão tinha tocado em sua namorada, quando foi tirada de seus devaneios pela ruiva que sentou-se ao seu lado acariciando seus cabelos.

 

-- Você ta bem amor?

-- Sim.

-- Vai tomar um banho, acho que seu pescoço vai ficar roxo, seu rosto tem algumas partes rosadas ainda de onde você levou os socos, acho melhor eu descer enquanto você toma banho e ir em uma farmácia comprar alguma pomada para você passar

-- Não é preciso, eu só quero descansar, fica aqui comigo?

-- Fico meu anjo, vai pro banho, estou te esperando.

-- Ta bem – falou levantando e seguindo para o banheiro com uma mão na testa.

 

 

Demorou alguns bons minutos embaixo do chuveiro, estava pensando novamente em tudo o que aconteceu, não consiga aceitar, seus pensamentos rodavam e rodavam e voltavam para o mesmo lugar, não conseguia não pensar no que aconteceu. Não tinha mais vontade de chorar, estava apenas inconformada e com raiva. Como tudo podia ser desse jeito?

Não percebeu que já estava fazia um bom tempo debaixo do chuveiro perdida em seus pensamentos enquanto a água quente molhava seu corpo.

Aquilo não lavaria as marcas de sua alma. Quem dera que fosse pelo ralo tudo o que lhe fazia mal.

 

Saiu do banho e encontrou Amanda fechando a porta atrás de si.

 

-- Desculpa, eu precisei ir na farmácia, vi que iria demorar no banho, e certeza que esta com dor de cabeça.

-- É só de leve.

-- Eu sei, antes que fique forte comprei um remédio para cortar o mal pela raiz – disse sorrindo e se aproximou dela lhe dando um selinho – eu vou tomar um banho rápido e já venho ficar com você.

-- Tudo bem, eu te espero.

 

Amanda assentiu com a cabeça e saiu para o banheiro. Estava preocupada com a loira, como a vida dela podia ser tão complicada? Contando não saberia o peso de tudo o que a namorada passava, não dava para saber até presenciar essas coisas.

Precisava fazer com que a garota que amava senti-se melhor, dava um aperto em seu coração em ver o rosto triste da loira.

Teve medo que algo acontecesse com ela, ainda bem que Rachel a ajudou. Esta também ocupava seus pensamentos, achou a atitude da amiga uma coisa muito boa, essa nova Rachel era boa o bastante para fazê-la sentir orgulho da amiga.

Terminou seu banho saindo do quarto e vendo Júlia deitada.

Pegou-lhe o remédio para a dor de cabeça da loira e lhe entregou com um copinho de água, passou-lhe também uma pomada para tirar roxos da pele. Após cuidar da namorada deitou-se junto dela a abraçando.

 

 

...

 

Manuela acordou durante a madrugada se situando de onde estava, logo viu Rachel dormindo tranquilamente. Aproximou-se dando-lhe um beijo suave em seus cabelos e saiu para ir até o banheiro e beber água.

A atitude da garota de cabelos castanhos lhe pegará desprevenida, jamais imaginou Rachel ajudando Júlia, não dessa forma se arriscando e machucando-se para ajudar sua amiga. Essa atitude a espantou de um modo tão positivo, aqueceu seu coração ver que por de trás dessa pessoa que conhecerá havia um lado bom, lado esse que ela demonstrou hoje.

Respirou fundo ao lembrar de como ficou preocupada com a garota quando a viu caída nas escadas sem se movimentar, seu coração acelerou de tal forma que pensou que pudesse ter qualquer piripaque naquela hora se Rachel não tivesse ao menos emitido um gemido como ela fez. Preocupou-se demasiadamente com ela. Não podia negar, gostava dela, ainda mais dessa nova Rachel que não se mostrou só para ela como sempre vinha fazendo quando estavam a sós, dessa vez Rachel mostrou seu lado bom para todos os presentes naquele momento. E no hospital também levou na esportiva o mau humor de sua amiga, ainda aconselhando Amanda como agir para ficar numa boa com a loira. Realmente Rachel estava lhe encantando de modo positivo.

Seus pensamentos não saiam da garota de cabelos castanhos. Seguiu novamente para o quarto e sentou-se bem próximo dela pegando sua mão com cuidado, tendo medo de qualquer movimento machucá-la. E assim acabou ficando para horas depois adormecer ainda segurando a mão de Rachel.

 

...

 

Já era tarde e Olávo estava quase chegando, não conseguiu descansar em nenhum momento, e nem ter contato com Elisabeth, isso estava o deixando mais nervoso ainda.

 

 

-- Irresponsável Elisabeth! Eu juro que se Otton fez alguma coisa com a minha filha vocês irão se arrepender. – repetia sozinho tentando em vão ligar para seu ex amor do passado.

Fim do capítulo