CAPÍTULO 42: Grosseria.

 

Já de manhã Rebecca assistia uma coisa qualquer que estava passando na televisão, estava incomodada em não poder sair dali, quando tentava mover suas pernas sentia dores fortes nas costas, desde que acordou estava sentindo um formigamento nos pés, ficou contente, era um bom sinal certo? Mas quando tentava forçar a mexer pelo menos um dedo do pé sentia fortes dores.

Queria compartilhar com alguém a novidade que já sentia alguma coisa, mas ninguém estava presente, esse fato também estava a deixando deveras nervosa.

Se tinha uma coisa que todos os San’Germany’s tinham em comum, isso era acharem que podiam tudo e quererem tudo pra já.

 

Viu Pauline passar pelo corredor de forma apressada sem nem ao menos olhar para o seu quarto.

Estava emburrada e irritada, queria atenção.

 

...

 

Depois que Pauline deu alta para Rachel, teve um chamado de emergência e passou praticamente a manhã toda correndo de um lado para o outro quase sem ter tempo de respirar.

Quando conseguiu tirar uma pausa para si e tomar um café já que estava sem tempo de se alimentar, foi chamada para comparecer no quarto da senhorita San’Germany.

Suspirou e balançou negativamente a cabeça, estava se sentindo esgotada.

 

-- No que posso ajudar? – perguntou assim que entrou sem nem olhar para a garota que estava na cama, pegou seu prontuário e observou algo qualquer.

 

Não queria encarar aquela que fora tão rude com ela na noite anterior. Sabia que não deveria tomar aquela atitude, mas estava magoada e não conseguia deixar seu lado profissional falar mais alto, por esse motivo evitava encará-la.

 

-- Minhas pernas estão formigando, sinto dor nas costas quando tento mexer.

 

Pauline olhou para ela pela primeira vez desde que entrou no quarto e não pode esconder sua expressão de contentamento em ouvir aquilo.

 

-- Isso é um ótimo sinal.

-- O que, eu sentir dor? – disse irritada.

-- Te garanto que não é a sua arrogância – não agüentou soltando seu descontentamento com a garota.

-- Escuta, por que você não faz o seu trabalho ao invés de ser grosseira e meter-se na minha vida?

-- Do que esta falando? Eu não estou me metendo na sua vida! – elevou um pouco a voz perdendo a paciência.

-- Saia e traga outro medico, você não tem postura nenhuma de uma profissional.

 

Pauline perdeu a paciência de vez e foi até a porta batendo-a fazendo com que fechasse e as duas ficassem a sós.

 

-- Ficou louca?

-- Você quer uma postura profissional? Então você vai ter uma postura profissional – disse caminhando brava até a cama e descobrindo as pernas de Rebecca.

-- Não encosta em mim, você é louca!

-- Não, eu sou sua medica que acaba de perder a paciência e querer bancar a boazinha com você, não quer uma postura profissional? Então é isso que terá.

 

Pegou no pé de Rebecca e apertou a sola do pé de Rebecca.

 

-- Me solta! – gritou tentando mexer seus pés – isso dói!

-- O que dói e você tentar move-las, fique quieta assim vai parar de doer.

-- Me larga! Alguém tira essa louca daqui de dentro! – gritou mais forte.

 

Uma enfermeira ouviu os gritos da jovem e entrou no quarto.

 

-- Esta tudo bem aqui doutora? Precisa de ajuda?

-- Não Clarice, saia por favor e nos deixe a sós – pediu de forma seria que a enfermeira nunca tinha visto.

-- Tira essa louca daqui! Sai esta me machucando! – Rebecca gritou novamente se contorcendo na intenção de se afastar das mãos de Pauline.

-- Saia Clarice, e diga para ninguém mais entrar por essa porta até segunda ordem minha entendeu? Saia agora, deixe ela gritar.

-- Sim senhora – a enfermeira assentiu se afastando e fechando a porta.

-- Você é louca? Eu vou processar você! Esqueça sua profissão, não será contratada mais nem em carrinho de lanche de rua!

-- Pare de me ameaçar e cale a boca, você não esta acima de ninguém só por ter seu imaculado sobrenome garota, abra os olhos!

-- Sua insolente, quanta petulância para uma doutorazinha de meia tigela, me larga!

-- Para de se mexer! – falou mais alto pegando com mais força nas pernas de Rebecca e fazendo com que parasse de tentar mexe-las – quanto mais mover mais dor vai sentir, não consegue entender isso? Quer que eu desenhe?

-- Você ta me machucando! Já estava doendo e agora ta doendo mais.

-- Se você deixar a doutorazinha aqui como me chamou fazer o meu serviço vai parar de sentir dor.

-- Eu não quero que me toque, tire suas mãos de mim sua... sua...

-- Olha la o que vai falar garota, saia do seu pedestal e preste atenção que eu não dou a mínima para quem você é, ou de onde vem muito menos de que família pertence, cale-se e deixe eu te ajudar.

 

A garota prestou atenção na doutora que não parecia ser tão mais velha que ela, percebeu que realmente nenhuma de suas ameaças faria efeito muito menos o fato de ser quem ela era.

Fechou a cara em uma expressão irritada e deu-se por vencida parando de se mexer.

Aos poucos sentia o aperto não tão forte da medica na massagem que aplicava em seus pés subindo um pouco para suas pernas.

 

-- Esta aliviando? – Pauline perguntou com a expressão seria sem deixar de fazer a massagem e nem olhar para a morena.

-- Não! Ainda está doendo – falou cruzando os braços.

 

Pauline parou com as mãos ainda em seus pés e olhou para a garota de cara emburrada.

 

-- Impossível, você não esta mais sentindo dor, esta dizendo isso só para tentar me tirar do serio não é possível.

-- Você se acha né doutora, se enxerga, pra que eu vou querer te tirar do serio? Você não é nada perto de mim, não é nada pra mim.

 -- Muito bem, sua arrogância e grosseria já voltou, deve estar melhor, caso queira mande me chamar, meu serviço com você já terminou.

 

Viu a garota formular algo para dizer mas não lhe deu tempo, saiu lhe dando as costas e encontrando no corredor vários colegas de trabalho lhe olhando de forma curiosa. Na certa por nunca tê-la visto agir assim com nenhum paciente.

Pauline que sempre fora doce com qualquer pessoa naquele hospital, tirando as pessoas que pensavam que eram donas do mundo, hoje pela primeira vez perdeu a paciência com um de seus pacientes, com certeza aquilo seria assunto a semana inteira, e já estava certa de que seria chamada para saber o que havia acontecido.

Saiu balançando a cabeça queria só ir para seu apartamento, mas ainda teria uma longa jornada de serviço.

 

-- Doutora Pauline? Emergência na entrada – um enfermeiro lhe tirou das suas divagações.

 

Às vezes sentia que só existia ela de medica naquele hospital.

 

 

 

...                           ...                           ...

 

 

 

Amanda atendeu a ligação de Manuela logo cedo informando que Rachel tinha recebido alta, mesmo contra gosto Júlia teria que voltar para a mansão, Rachel precisaria de cuidados, ela imaginava a dor que ela estava sentindo, quando sofrera o acidente experimentou um pouco daquele desconforto.

Foram para a mansão, encontraram apenas os empregados lá, todos os demais tinham ido para a empresa em uma reunião que Elisabeth solicitou.

 

-- Senhorita Júlia – uma jovem empregada que Júlia nunca tinha visto a chamou – dona Elisabeth deixou um recado para você, que assim que você chegasse se dirigi-se para a empresa, é assunto que lhe diz respeito.

-- Boa tarde, se for possível informe a Imperatriz que eu não irei comparecer – Júlia disse avaliando a jovem.

-- Sim senhorita.

-- Chame apenas de Júlia, por favor.

-- Claro, com licença – ia se afastando mas foi chamada pela loira novamente.

-- Ei, antes de ir qual o seu nome?

-- Ana.

-- Ana você não é muito nova para ta trabalhando aqui? – perguntou com curiosidade e teve os olhos de Amanda, Rachel e Manuela lhe observando.

-- Estou substituindo minha tia que precisou se ausentar por problemas de saúde senhorita, precisamos desse dinheiro.

-- Quantos anos você tem Ana?

-- 17.

-- Estuda ainda?

-- Sim, acabei de completar 17, ainda estudo.

-- Certo, eu não quero que venha amanhã Ana.

-- Por que senhorita? Eu lhe disse algo errado? – a jovem começou a falar com a voz embargada com os olhos enchendo de lagrimas.

-- Ei Ana, não chore, sim? Não fez nada de errado, só não precisa trabalhar, não se preocupe que você continuará recebendo seu salário, só não precisa vir.

-- Mas isso não esta certo senhorita... – falou fungando.

-- Júlia, apenas Júlia.

-- Júlia, não esta certo.

-- Então conversaremos depois sobre um horário flexível esta bem? Quero que se dedique aos seus estudos.

-- Sim senhorita, muito obrigada, preciso ir.

-- Apenas Júlia Ana, se lembre – sorriu para a garota e a viu se retirar.

 

Virou-se para as demais que a encaravam.

Rachel não podia perder a oportunidade, sua língua estava coçando para soltar seu típico veneno.

 

-- Acho que houve muito interesse da parte da Júlia com a garota ein Amanda, abre o olho – ao terminar de falar levou uma cotovelada de Manuela que estava do seu lado e esqueceu-se de sua situação – AIII Manuela porr*, ai ai ai.

-- Bem feito – Júlia disse vendo a garota se curvar um pouco e encosta-se em Manuela.

-- Cala a boca isso dói demais, caralh* Manuela, que merd*!

-- Desculpa, eu esqueci.

-- Desculpa? Que porr*! Ai! Merda... – dizia entre gemidos.

-- Culpa sua também, não sabe ficar quieta – disse arrependida escorando a garota de cabelos castanhos.

-- Mas ela esta certa – Amanda concordou se aproximando de Rachel e a amparando – Júlia realmente mostrou um interesse muito repentino pela garota, estranho.

-- Estranho o que Amanda? Até você? – Júlia perguntou não acreditando no suposto ciúmes da ruiva – eu apenas quis ajudar, ela é muito jovem para estar servindo os animais da minha família.

-- Vamos Rachel – Amanda ignorou o que Júlia disse e ajudou a amiga andar.

-- Amanda? Amor... – Júlia chamou e ouviu a resposta seca da ruiva que nem ao menos a olhou.

-- Depois a gente conversa Júlia, eu vou subir com a Rachel.

-- Deixa que eu faço isso ruiva – Manuela quis ajudar e a ruiva recusou.

-- Pra que? Para você cutucar minha amiga machucada tentando defender sua amiga? Não obrigada.

-- Amanda qual é a sua? Ta pensando que...

-- Pelo amor de Deus me dêem algum remédio pra dor e me deitem, depois vocês discutem a vontade – Rachel reclamou evitando respirar fundo.

-- Vamos – Amanda caminhou devagar com ela.

 

Subir as escadas foi uma dificuldade que Rachel enfrentou, sentia como se agulhas lhe furassem o peito. Quando chegou no quarto Amanda a deitou devagar e disse que iria ver algum remédio que ela pudesse tomar, deixando assim ela sozinha.

 

Ao descer as escadas encontrou Manuela que nem sequer a olhou e Júlia com a maior cara de gato de botas.

 

-- Amor eu não fiz nada, desamarra essa cara.

-- Júlia eu não to nem um pouco a fim de falar sobre isso com você, preciso saber se aqui na sua casa tem os analgésicos que a Rachel precisa tomar, ela ta com dores.

-- Essa não é mais minha casa.

-- Sabe se tem os remédios, sim ou não?

-- Credo – fez um bico como se tivesse se magoado e baixou a cabeça – eu vou pedir para comprarem.

-- Obrigada.

-- Posso ir vê-la? – Manuela perguntou a Amanda que nem a olhou.

-- Se você não for cutucá-la novamente, sinta-se a vontade.

 

Manuela deu um suspiro alto e subiu as escadas.

Entrou calada no quarto e viu Rachel de olhos fechados, se aproximou bem da cama e sentou-se com cuidado na beirada.

 

-- Desculpa, eu me esqueci que tinha se machucado.

-- Tudo para defender sua amada né? – Rachel falou de expressão fechada.

-- Ela não é minha amada Rachel.

-- Duvido – disse de forma debochada.

-- Acredite se quiser, eu não tenho que provar nada pra você – se levantou irritada.

-- Não tem mesmo, não tem como provar algo que você sabe que estou certa.

-- Rachel não mexa com a minha boca.

-- Quer me xingar? Vá em frente, só não me bata novamente.

-- Eu não te bati!

-- Deu na mesma pra mim.

-- Já pedi desculpa, você queria o que com aquela provocação? Fazer com que Amanda brigasse com a Júlia, largasse ela e corresse pros seus braços?

-- Eu só quis provocar a loira Manuela, não gosto dela e ver ela irritada é engraçado!

-- Baixa a voz.

-- Baixa você a sua.

-- Deve estar melhor já pra estar discutindo comigo.

-- É que você esta afim de me tirar do serio!

-- Vou te deixar sozinha, é melhor.

-- Isso mesmo, vai la com a sua amiga.

-- Está com ciúmes Rachel? – Manuela a encarou.

-- O que? Ciúmes? De quem?

-- Não se faça de desentendida.

-- Sai daqui Manuela, me deixa sozinha.

-- Isso parece ciúmes.

-- Entenda o que quiser agora saia.

-- Esta bem, quando seu ciúmes passar me chama.

-- Vai sonhando.

 

Manuela sorriu balançando a cabeça e saiu deixando uma Rachel irritada para trás.

 

 

...                           ...                           ...

 

Júlia achou melhor ela mesma ir buscar o remédio para Rachel, não via nada de errado em querer ajudar a menina, ela era jovem demais para trabalhar naquela casa e bonita também, se conhecia bem seus irmãos tinha certeza que pelo menos dois deles deu em cima da jovem e se já não tivessem feito isso fariam em breve.

Era melhor afastá-la daquela casa.

Não lhe custaria nada ajudar ela e sua tia.

 

Voltou para a mansão com os remédios e entregou a ruiva que nem ao menos lhe dissera nada.

 

Enquanto Amanda subia as escadas viu Ana passar para sala novamente e parou só a fim de ver o que ela faria ou se falaria com sua namorada. Realmente estava enciumada.

Viu a jovem indo até a porta abri-la e de lá entrar seu pai.

Olávo que vestia seu terno acinzentado entrou com a expressão fechada.

Queria encontrar Elisabeth e dizer algumas verdades a ela, estava irritado pois só conseguirá contato com ela poucas horas antes de chegar, isso porque estava tentando entrar em contato desde que embarcou para saber como suas filhas estavam.

Elisabeth quando atendeu vendo a forma estressada que ele falava já por conhecer o gênio de seu ex amor, apenas lhe disse que sua entrada na mansão estaria liberada e o deixou falando sozinho desligando o celular. Isso o irritou mais um pouco.

 

Mas assim que entrou viu Júlia que olhava para porta sem entender e Amanda parada nas escadas, sua postura rígida se aliviou um pouco.

 

-- Oi – disse entrando e apressando-se em se aproximar de Júlia e a puxar para um abraço sem nem mesmo pedir permissão ou que a loira esperasse por isso.

-- O que faz aqui?

-- Vim ver como vocês estão, e dar uma coça nesse projeto de pessoa que Otton é – falou ainda abraçando forte sua filha.

-- Coça? – Júlia perguntou fazendo uma expressão estranha por não conhecer aquela expressão.

-- Sim – sorriu se afastando e avaliando sua filha – uma surra.

-- Aaah – se afastou o olhando.

 

Olávo sorriu e olhou para as escadas, Amanda continuava no mesmo lugar vendo eles. Abriu-lhe um sorriso e os braços a chamando.

 

-- Não vem abraçar seu pai filha?

-- Oi pai – Amanda sorriu descendo as escadas e se jogando nos braços de Olávo – o que faz aqui? Senti sua falta.

-- Vim ver como vocês estão, fiquei preocupado, Elisabeth me avisou o que estava acontecendo, eu vou acabar com o Otton.

-- Pai, ele é meio louco – Amanda disse saindo do seu abraço.

-- Ele não viu o que é ser louco ainda, um louco se resolve com outro.

-- Ele não é meio, é completo – Júlia afirmou fechando a cara.

-- Vai conhecer o que é um leão defendendo seus filhotes – disse estufando o peito fazendo graça para as meninas e arrancou sorriso das duas, mesmo que o de Júlia fosse tímido.

-- Sempre pensei que quem defendia os filhotes fosse a leoa – Júlia alfinetou com um sorriso de canto e estreitando os olhos, esperando pela resposta de seu pai.

 

Olávo já conhecia o gênio de sua filha, se parecia muito consigo, não caiu nas provocações e abriu um sorriso branco para sua filha e lhe respondeu de bom humor.

 

-- É que eu sou um leão sentimental, amo meus filhotes porque me sinto o Mufasa do rei leão, principalmente quando faço isso aqui – se aproximou da loira puxando ela e esfregando a mão em seu cabelo o bagunçando por completo.

-- Saiii – Júlia falou sorrindo e tentou se afastar, Amanda só fazia rir – Para pai, solta – falou o empurrando e se afastando.

-- Agora eu solto, mas se prepare quando eu quiser bancar o leão sentimental – sorriu e piscou para Amanda, ambos perceberam o jeito da loira de o tratar – você também mocinha, não pense que vai escapar de mim.

 

Se direcionou para Amanda que deu alguns passos para trás.

-- Nem vem, eu não tenho nada a ver com isso.

-- Aaaah tem sim, vem aqui filhinha do papai – falou correndo até ela e pegando-a no braço jogando-a sobre o ombro.

-- Solta pai! Pai!

-- Quem é o paizão? – disse rodopiando. 

-- Um pintor! – gritou – solta.

-- Que pintor? – Júlia perguntou dando risada.

-- Eu sei la – Amanda gargalhou – solta pai.

-- Quem é o super Pai? – Olávo perguntou ainda com ela no ombro.

-- Você pai, é você Olávo Lancaster.

-- Hmm muito bem, gosto assim – sorriu a soltando.

-- Bobo.

-- Você me ama – disse convencido.

-- Ainda bem que você sabe.

 

Ambos sorriram e eram observados por Júlia que pela primeira vez não se sentiu incomodada com a presença de seu pai.

 

-- Agora falando serio – disse assumindo sua postura seria e ajeitando seu terno – onde esta Otton?

-- Fugiu – Júlia disse incomodada pelo assunto, não queria ouvir falar o nome daquele homem.

-- Vou encontrá-lo e acabar com ele.

-- Não se meta nesse assunto Olávo – Júlia disse mostrando seu incomodo.

-- Você é minha filha e queira ou não eu irei me meter sim senhora, assunto encerrado.

-- Olávo...

-- Sem mais Júlia.

 

A loira apenas suspirou e manteve-se quieta.

Manuela apareceu na sala e viu os três, se surpreendeu de ver Olávo ali.

 

-- Boa tarde senhor Olávo.

-- Oi Manuela, tudo bem?

-- Sim senhor, e você?

-- Estou bem, você e a Júlia estão namorando? – perguntou curioso e de uma vez.

 

Júlia e Manuela arregalarão os olhos surpresas.

 

-- Pai! – Júlia e Amanda falaram.

-- O que foi? Eu só fiz uma pergunta – disse não vendo nada demais.

-- Foi deselegante, se a Júlia quisesse que você soubesse tinha dito ela mesma – Amanda disse incomodada.

-- Ah desculpe eu sou curioso, e gosto da Manuela, faço gosto de vocês juntas viu? – disse se dirigindo a Manu que o olhava constrangida.

-- Não temos nada não senhor

-- Mas se um dia tiverem eu farei gosto, estava pesquisando sobre isso e vi que vocês podem me dar netinhos né? Já pensou umas crianças com a cara da Júlia? Vai ser...

-- Pai! – Júlia chamou a atenção e Amanda quase gritou.

-- Ai gente que foi?

-- Pare de falar essas coisas – Júlia disse vermelha.

-- Tudo bem, desculpem, mas já sabem né? Eu faço gosto.

-- Af deixa de ser bobão – Amanda disse.

-- Eu vim só buscar o remédio da Rachel – Manuela disse ainda constrangida.

-- Ah... verdade – Amanda foi lhe entregar.

-- Rachel? – Olávo perguntou erguendo as sobrancelhas – aquela Rachel, amiga da Amanda que a Júlia odeia?

-- Sim essa mesmo – Júlia concordou.

-- O que essa garota faz aqui?

-- Longa historia – Júlia falou se sentando no sofá.

-- Eu tento tempo pra ouvir, até Elisabeth aparecer.

 

 

 

...                           ...                           ...

 

 

 

Manuela saiu da presença de Olávo o mais rápido que pode, estava super envergonhada, se tivesse um buraco no chão no qual ela pudesse se jogar dentro ela o faria.

 

-- Rachel? – chamou a garota que estava deitada com os olhos fechados.

-- Oi – disse sem abri-los.

-- Seu remédio.

-- Obrigada – recebeu o que lhe era dado e tomou.

 

Manuela percebeu os olhos avermelhados da garota e sentiu um aperto em seu peito.

 

-- Esta chorando?

-- Não.

-- Me perdoe não quis te machucar é serio.

-- Está tudo bem Manu, só ta doendo.

-- Posso fazer algo pra ajudar?

-- É só não me bater de novo.

-- Me desculpa por favor, não fiz por querer – disse com um semblante triste.

-- Eu sei Manu to só te enchendo, não liga não, acho que meu humor estar acido hoje.

-- Tudo bem – suspirou e aproximou-se – quer comer alguma coisa? Desde ontem não se alimenta direito.

-- Não tenho muita fome, só dor.

-- Mas precisa comer, eu posso buscar aquele bolo que você adora – falou afagando os cabelos castanhos.

 

Rachel sorriu, alguém que não fosse sua babá e Amanda se preocupando com ela e a querendo mimar, gostou disso, mais um ponto a favor de Manuela, esse gesto a fazia encantar-se mais.

 

-- Estou com vontade de te por no colo agora e te encher de beijos, mas sei que se fizer isso vou gritar pra me levar ao hospital e me dopar de remédios – sorriu para a garota.

-- Por que diz isso? – Manu também perguntou sorrindo e baixando-se para deixar um beijo no rosto da garota próximo aos lábios.

-- Por que você é linda sabia? Esta sendo linda agora com esse jeitinho seu, e isso de não me beijar é maldade, não posso te puxar.

 

Mais uma vez Manuela riu e se aproximou bem pertinho dela.

 

-- Deixa de ser boba, você vai querer algo pra comer e o bolo?

-- Sim eu quero o bolo.

-- Então ta bom – sorriu e ia se afastando quando ouviu os protestos da outra.

-- Eii, e meu beijo?

-- Que beijo?

-- É serio isso?

-- Estou brincando – sorriu e aproximou-se para deixar um beijo leve em seus lábios.

-- Outro rola?

-- Depois que comer.

-- Mas Manu... – queria convencê-la – eu nem estou com fome.

-- Sem mas Rachel, ah seu ciúmes já passou? – perguntou debochando.

-- Não me faz ficar irritada com você – disse fechando a expressão.

-- Ei eu só to brincando – se aproximou novamente e beijou-lhe os lábios da garota – eu vou la buscar algo pra comer, que tal bife com batata frita?

-- Se me der mais um beijo eu concordo ou não – deu um sorriso de canto e viu Manuela revirar os olhos e sorrir.

-- Chantagista – beijou-lhe novamente – e então?

-- Sim, bife batata frita e meu bolo, ofereceu agora se vira gatinha.

-- Ta certo, deixa eu ir lá – deixou um selinho rápido em seus lábios e saiu.

 

 

...                           ...                           ...

 

 

Elisabeth sabia que quando chegassem em casa enfrentaria um Olávo extremamente irritado, ele tinha motivos e ela sabia, fez uma pequena reunião com seus filhos e esperou que Júlia aparecesse, sabia que tinha grandes chances da jovem não aparecer mas não custava tentar.

 

 

...

 

 

 

Otton quando saiu praticamente fugido da mansão, entrou em contato com pessoas que lhe ajudariam a por em pratica seus planos. Se Elisabeth pensava que o tiraria da sua vida tão fácil ela estava muito enganada, não abriria mão do prestigio de participar da família San’Germany, muito menos a fortuna que os pertencia. 

Fim do capítulo