Segunda Fase

Oxford era um ótimo lugar pra se morar, me dei conta naquela manhã enquanto terminava minha corrida no parque. Há três anos aquela era minha rotina, correr no parque, ir pra faculdade e depois o bistrô.

Me sentei na grama e comecei a pensar na minha vida, uma borboleta passou voando apressada e um pouco desnorteada do meu lado, eu costumada ser aquela borboletinha, fugindo dos predadores, agora não, eu estava livre... A borboleta pousou numa flor e batia suas asas se esquentando ao sol, se eu era a borboleta, Oxford era a flor, meu cais, meu porto seguro. Tudo mudara, tudo estava muito lindo na minha vida, e tudo é claro tinha acontecido há mais ou menos 3 anos antes.

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Depois daquelas férias horripilantes eu Lucy voltamos para Boston, foi uma desgraça completa, as pessoas na escola nos olhavam atravessado, já no primeiro dia picharam bem grande em meu armário:

Lésbica Vadia

Aquilo foi como uma facada no coração, as pessoas não sabiam o que tinha acontecido no Arkansas. Só sabiam que Elise estava trancafiada numa instituição de menores infratores por minha culpa, como se eu tivesse feito alguma coisa errada com ela, me xingavam quando podiam e jogavam comida em mim no intervalo. Lucy ficava puta, mas ela mesma começou a agir estranhamente comigo, parecia esconder alguma coisa, algum ódio reprimido de mim. Eu já estava entrando em depressão quando meu pai me ligou, a pedido de minha mãe para que fôssemos morar na Inglaterra, cidade nova, vida nova. Aceitei de imediato, Lucy ficou com um pé atrás, mas logo que soube que moraríamos numa república estudantil aceitou, e lá fomos.

Os primeiros meses foram horríveis, a umidade, o frio,  o sotaque... e aquela comida... Yuck!

Quando terminei a High School decidi cursar culinária. Aquele lugar precisava de boa comida, Entrei para a Le mond Cousine, a faculdade especialista em comidas francesas em especial, minha paixão.

Eu e Lucy dividíamos o mesmo apartamento, mas eu  quase não a via, Ela fazia High School pela manhã e eu estudava à tarde e um ano depois comecei a estagiar à noite no Le petit Bistrô e Lucy passou para arquitetura, o curso dela era integral e eu trabalhava até às 22:00, eu estava bem cansada, mas me sentia feliz.

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Desfoquei do devaneio e olhei para a flor, a borboleta já tinha voado, olhei para o relógio 10:10 tinha 20 minutos para chegar  em casa, corri e cheguei em casa tomei um banho rápido e desci para a recepção pra pegar a correspondência, não tinha nada só algumas contas, sempre fazia isso era religioso, fui até o restaurante esquina, comi frango com fritas, estava enjoada desse cardápio, mas ainda meu dinheiro pessoal não cobria as despesas muito altas, pedi ao meu pai pra tentar sobreviver com o que eu ganhava do bistrô, queria aprender a me virar sozinha, paguei a conta e fui pra Le mond, a comida não me caiu bem. A aula era sobre molhos orientais, uma chatice, a aula passou rapidamente graças aos céus, estava quase cochilando quando o professor Takada saiu e alguém me abraçou pelas costas, as mãos peludas eram inconfundíveis.

-Aubrun! – logo elas se desprenderam e me viraram na direção de seu dono, um rapaz alto, moreno e de olhos claros, ele riu para mim e me deu um selinho.

-Olá, meu amour – Aubrun  era meio francês e tinha um sotaque bem carregado, era divertido, lindo e claro meu namorado.

Fim do capítulo