-- Meninas nosso papo está muito agradável, mas vamos andando para o carro -- chamei.

 

Chegamos ao meu carro, guardei as malas, entramos no carro e saímos do estacionamento, próxima parada seria a casa da minha mãe junto com Cíntia.

 

-- Então Aux, você é lésbica? -- Sandra me perguntou.

 

-- Sou sim e vocês?

 

-- Acho que posso dizer que sou lésbica -- Sabrina falou -- ultimamente tenho ficado só com mulheres.

 

-- Hum... E você Sandra?

 

-- Sou hétero amiga, então nem adianta me falar que ficou hipnotizada comigo que não rola -- gargalhou.

 

-- Mas nem fiquei -- ri também -- agora Sabrina conte mais sobre você, não concorda Sandra?

 

-- Ai, ai! Vocês duas vão se pegar sim ou com certeza? -- como ela estava no banco do carona olhou para mim e depois para a irmã.

 

-- Não enche Sandra! -- a irmã respondeu.

 

-- Eu aposto no com certeza! -- falei entrando na brincadeira.

 

-- Ela tem humor, adoro! -- Sandra bateu palmas -- Não liga Aux, nos nós amamos e nos odiamos ao mesmo tempo.

 

-- Sempre problemas, vocês estão me divertindo muito, meu último mês não foi uma maravilha, sabe?!

 

-- Pode se abrir conosco! -- Sabrina falou, parecendo interessa na minha vida.

 

-- Isso suou como um duplo sentido -- Sandra riu.

 

-- Sandra! Estou falando sério, pode nos considerar sua amiga Aux, já somos da família mesmo.

 

-- Obrigado, depois conto toda a história todas para vocês, pois chegamos -- parei o carro na frente de casa.

 

Era uma casa bem grande, liguei para mamãe pedindo que abrisse o portão. Logo ela abriu e entramos.

 

Quando estacionei Cíntia e mamãe já estavam esperando, depois foram muitos abraços e cumprimentos.

 

-- Como estão lindas minhas filhas? -- Cíntia babava.

 

-- São sua cara -- era mamãe que dizia.

 

Elas entraram esquecendo as malas, lá fui eu pegar e levar para dentro de casa.

 

Na sala elas conversavam.

 

 

-- Eu super apoio vocês duas – Sandra falou do nada quando entrei -- Nossa! É uma cavalheira, trouxe nossas malas, estava mesmo precisando de uma cunhada assim na minha vida -- quando ela falava todas prestavam atenção, mas depois caímos no riso.

 

-- Sandra para de me fazer vergonha! -- Sabrina pediu.

 

-- Ué! Não posso elogiar minha cunhada?

 

-- Cunhada ouviu Sabrina? -- brinquei.

 

-- Menos tá? -- Sabrina disse me olhando.

 

-- Sandra minha ex-cunhada a vida tá difícil viu? -- brinquei.

 

-- Tá mesmo, mas quero você como cunhada -- riu, percebi que apesar da brincadeira ela estava dando força para algum enlace meu com a irmã.

 

Sabrina olhava de mim para Sandra balançando a cabeça, até que mudou o assunto.

 

-- E os detalhes do casamento? -- ela quis saber.

 

-- Amanhã iremos prova o vestido, todas! -- mamãe começou a falar.

 

A conversa entre as quatro sobre o casamento fluía, aproveitei e fui ao banheiro.

 

Quando voltei Cíntia preparava o café que tomamos com bolo de cenoura.

 

-- Meninas, teremos que ir trabalhar, mas Aux ficará com vocês não é filha?

 

-- Claro mãe! -- como se eu tivesse ou quisesse outra escolha.

 

Não tinha como dizer não, mamãe saiu com Cíntia e as meninas começaram fazer perguntas, isso porque elas insistiram em arrumar a cozinha depois do café, claro que ficou mais bagunçado ainda.

 

-- Lembro que mamãe falou que você era casada -- Sandra entrou no assunto -- Se separou?

 

-- Sim há dois meses, é longa história, mas adianto que minha mãe não está sabendo de tudo, não quis atrapalhar a preparação e o entusiasmos do casamento dela.

 

-- Entendemos, mas queremos saber tudo -- Sandra persistiu.

 

-- Pode deixar, quanto tempo ficarão aqui?

 

-- Duas semanas, se gostarmos voltaremos logo -- Sabrina disse.

 

-- Espero que gostem porque adorei vocês -- falei.

 

-- Também adoramos você -- Sandra me falou.

 

Entre lavar as coisas e arrumar a cozinhar, falávamos em vários assuntos, a conversa passava de um assunto a outro com a maior naturalidade.

 

-- Adorei esse bairro, são só casas e muitas árvores? O que pude ver do aeroporto até aqui fiquei fascinada.

 

-- Gostou mesmo Sandra? -- perguntei -- Este bairro todo é assim, é ótimo para caminhar cedinho.

 

-- Adorei! Pretendo morar aqui um dia -- falou entusiasmada.

 

Quando terminamos resolvemos dormir um pouco, as meninas já sabiam em qual quarto ficariam, Cíntia havia mostrado antes de sair, e assim cada uma foi para seu quarto, coisa que não faltava naquela casa.

 

Por volta do meio dia Cíntia e mamãe vieram nos pegar para almoçarmos.

 

-- Oi, sogra! -- falei quando Cíntia me acordou, ela saiu balançando a cabeça sorrindo do quarto, só veio me acordar mesmo.

 

Quando cheguei na sala Sandra já estava conversando com minha mãe.

 

-- Aux, estava falando aqui para sua mãe que vamos lhe explorar muito, apesar de Sabrina bem mais que eu -- riu.

 

-- Sabe que não quero confusão né? -- minha mãe falou olhando-me.

 

-- Fique tranquila mãe, sabe que nunca apronto -- fiz cara de obediente.

 

-- Sei... Acabou de separar, veja se não arruma outro casamento de rapidamente.

 

-- Com a Sabrina já iria para lua de mel mãe! -- falei meio descarada.

 

-- Toma jeito! Agora me conte como estão as coisas -- voltou para o assunto separação, estava achando ótimo o assunto Sabrina.

 

-- Ainda iremos ter a reunião para a separação dos bens -- menti -- E estou colocando em prática um projeto que tinha de empresa de reparos, já está bem adiantada, provavelmente no fim do mês abro.

 

-- Não vai querer nada do spa?

 

-- Não mãe, isso já decidi, ficarei só mesmo com minha parte financeira, não quero me envolver com ela mais.

 

-- Depois se precisar de ajuda me fale.

 

-- Certo, e esse casamento hein? O que tem mais para mim hoje?

 

-- A prova do vestido será amanhã as dez horas, leve as meninas que irei direto do trabalho -- obrigou-me praticamente -- E depois mostre a cidade a elas, pode começar hoje! -- com minha expressão séria ela acabou sorrindo cinicamente.

 

-- Vou adorar! -- Sandra que apenas ouvia se manifestou.

 

-- Como motorista não cobro, mas como guia vou querer sim tá?! -- falei para Sandra.

 

-- Ok! Peço para Sabrina pagar.

 

-- Menina, não fale assim da sua irmã -- mamãe repreendeu.

 

-- Mãe ela tá brincando!

 

-- Mesmo assim!

 

-- Sandra serei a melhor guia dessa cidade -- pisquei, tão fácil me convencer.

 

Saímos para almoçamos em um restaurante que minha mãe adorava, as meninas ficaram encantadas.

 

A tarde mostrei um pouco da cidade, os locais que gostava de ir, passeamos no parque da cidade e paramos em um pipoqueiro para comer pipoca doce, eu amava.

 

-- Oi, seu Assis! Olha as turistas! -- falei para o senhor quando o mesmo preparava a pipoca.

 

-- Tudo bem meninas?! Vão adorar a cidade e está pipoca -- ele falou -- Para as turistas é grátis.

 

-- Muito esperto hein?! -- falei quando paguei a minha.

 

Depois sentamos na grama e ficamos comendo a pipoca observando o pessoal caminhar, os estudantes namorarem, e as babas brincarem com as crianças.

 

-- Você nos mostrou o lado tranquilo, mas estou doida para ver o mais agitado -- Sandra disse animada.

 

-- Amanhã mostro, é o melhor dia para sair!

 

-- E hoje não daria mesmo para sair, esqueceram que temos um jantar com nossas mães?! -- Sabrina lembrou.

 

-- Verdade, vamos voltar? Eles devem ter chegado -- falei.

Sandra que queria sair, voltou para casa desanimada.

 

Voltamos do passeio e elas já haviam chegado mesmo, preparavam o jantar, Sabrina foi ajudar e eu fui tomar banho, Sandra também foi ao seu quarto.

 

Já estava colocando perfume quando Sandra entrou no meu quarto, tomei um susto.

 

-- Desculpa! -- riu -- Você tem mais uma toalha aí?! Acho que mamãe pegou a que usei pela manhã.

 

-- Claro, vou pegar! -- entrei no banheiro e peguei no armário em baixo da pia.

 

-- Ei, Sandra! Acha que tenho chance som a Sabrina? -- perguntei na dúvida se deveria perguntar ou não.

 

-- Claro -- ela respondeu rápido e sentou-se na cama -- Vou contar um segredo -- Nós iremos nos mudar para cá, mais não logo, levará um tempo ainda, será uma surpresa para nossa mãe.

 

-- Sério?!

 

-- Sim, não para essa casa, mas pretendemos alugar um apartamento.

 

-- Esses dias vou procurar um para alugar, estou morando com minhas amigas, depois vou levar vocês lá para conhecê-las.

 

-- Tá beleza, deixa eu ir tomar banho, daqui a pouco conversamos mais -- saiu.

 

Desci e o jantar estava quase pronto, estava mamãe e Sabrina na cozinha.

 

-- Filha fica olhando o forno, vou tomar banho -- mamãe pediu, saindo em seguida.

 

Ficamos a sós...

 

-- E sua mãe? – perguntei, para tirar a dúvida.

 

-- Já foi, por isso que a sua saiu correndo, percebeu?! -- riu.

 

-- Elas têm um fogo, nunca mais venho aqui quando elas tiverem só.

 

-- Por quê? -- riu antecipadamente.

 

-- Estavam nuas no sofá em um meia nove.

 

-- Mentira! -- gargalhou -- E ai?

 

-- Passei direto para a quarto, mas fiquei sem graça demais.

 

-- Imagino!

 

-- Você não vai tomar banho? -- perguntei o que veio a cabeça, estava sem assunto ou nervosa com a situação.

 

-- Vou deixar para depois do jantar porque não dormi muito hoje, aproveito e me deito mais cedo.

 

-- Acho melhor tirar essa carne do forno -- caminhei em direção ao fogão.

 

Tirei e coloquei sobre a mesa arranquei o papel alumínio e depositei a carne em uma bandeja, depois fui fatiar. Coloquei um pedaço na boca para ver se estava bom, realmente estava uma maravilha.

 

-- Delícia, quer provar? -- perguntei a ela, que apenas balançou a cabeça positivamente.

 

Não perdi a oportunidade e coloquei um pedaço pequeno em sua boca, não deixando de olhar em seus olhos claro, observava tudo. E como não sou besta, ainda fingi que tinha sujado um pouco seus lábios e limpei com meus dedos.

 

-- Maravilhoso! -- ela sorriu.

 

O clima era propício, estávamos bem perto, naturalmente alisei seu rosto, percebi ela fechando os olhos rapidamente.

Tudo aconteceu tão rápido entre nós e com tanto sentimentos, que não saberia dizer o que estava sentindo, apenas vivendo algo muito bom.

 

Tinha duas opções, beijar ou beijar aquela boca que convidava pela minha, havia uma ligação nesse pouco tempo que conhecia Sabrina. Era uma troca de olhares, e um imã que nos puxava e conectava uma a outra, sabia que ela queria o mesmo que eu, era gritante em seu olhar.

 

Quando ela parou de se mexer e apenas parou seus olhos em direção aos meus, momentaneamente segurei suas mãos, não tinha como evitar... Meu coração já saltitava em caminho até o dela.

 

Fomos nos aproximando e o beijo aconteceu...

Fim do capítulo