Eu estava tremendo quando eu a vi, ela toda sorridente havia sorrateiramente me encurralado de costas e amarrado um pano em minha boca e em minhas mãos, eu tremia de medo. Ela passou a mão em meus lábios e me abraçou com volúpia, aquilo me enojou, sua expressão era de puro desejo...

-Victoria – disse num sussurro quente ao meu ouvido, meus pelos se eriçaram de desespero, comecei a gritar e tentar me desvencilhar de seus braços fortes, como ela chegou ali?

x-x

Era uma tarde de verão no Arkansas, estávamos de férias, eu e Lucy, minha irmã, fomos para a fazenda de papai. Já fazia três anos que ele se divorciara de mamãe, nós estudávamos em Boston e nas férias de verão ficávamos com o papai, e nestas férias eu era mais que obrigada a fugir de Boston, tudo por causa de um evento que me aconteceu... Não gosto nem de lembrar. O fato é que eu precisava de ar puro. Dalí a alguns dias eu faria 16 e meu pai voltaria da França  a tempo da minha festa especial.

Nunca fui dada a exageros, ao contrário de Lucy, minha irmã mais nova de 14 anos, aquela festa seria só nos três e os empregados da fazenda. Pela primeira vez em meses me sentia feliz e livre... Descemos do avião e lá estava o velho Gilbert, o caseiro e o filhinho capetinha dele JJ...

-Oi Gil! – falei alegremente largando a mala no chão e abrindo os braços.

-Oi princesinha! Como você tá grande! – Sorri contente, Gil nunca mudava a frase, o Abracei largamente.

-E você diabinho ruivo? – falei me voltando pro baixinho de 6 anos que sorria, fiz cócegas nele e ele começou a gritar:

-Para tia! Vou fazer xixi aqui! – parei a brincadeira.

-Tia é a vovozinha – falei docemente acariciando seus cabelos Lucy estava lá atrás mexendo no celular, com uma expressão esquisita que ela faz quando está concentrada.

-Hei! Da lua, vem aqui! – gritei pra ela, ela fez um sinal de espera, terminou de digitar e veio correndo.

- Oi, Gil – ela disse dando um beijinho no rosto de Gil que ficou muito sem jeito, será que ela não sabe que esse cumprimento se usa com as amigas?

-Oi pirralho? – ih, já vi que ia começar aquela rixa antiga.

-Diz ai fedelha – Respondeu JJ à altura, ri alto e Gil repreendeu o filho.

-Isso são modos, moleque? - JJ riu e pegamos as malas e saímos no utilitário de Gil, chegamos bem cedo à fazenda, de longe pude avistar o velho moinho e o celeiro.

Era por volta das 17:00 horas da tarde quando finalmente chegamos, Mary estava a nos esperar na porta da Mansão com o seu avental rosa e o sorriso no rosto.

-olá Victoria! Lucy! Bem a tempo do jantar – disse ela, abracei-a fortemente e baguncei seu cabelo ruivo, Mary era mãe de JJ e mulher de Gil, Lucy correu para Mary e começou a enchê-la de beijinhos.

-Calma Lucy, deixa a Mary respirar – JJ se emburrou com a cena.

-Hei! Ela é minha mãe! – Disse batendo o pé.

-Ela é minha mamãezinha – falou Lucy entrando no jogo.

-É minha! – ria-se fartamente e JJ ficava vermelho.

-Mamãe, cadê os meus cookies cobertos de chocolate? – dizia Lucy ainda agarrada a Mary que se dissolvia em sorrisos...

-Estão lá...

-Mamãe!  São meus cookies!!! – dizia JJ ainda mais irritado.

-Vou tomar um banho – falei com a barriga doendo já de tanto rir, subi as escadas e joguei a mala na cama, abri rapidamente peguei meu roupão lá no fundo, fiz uma bagunça feia, graças aos céus aquela suíte tinha uma banheira, somente nesses momentos eu agradecia por meu pai ser suficientemente rico para bancar aquele tipo de mimo, me despi rapidamente e tranquei a porta, não seria novidade JJ entrar no quarto e tentar me ver nua.

Já estava relaxada na banheira quando ouvi um barulho vindo do quarto, parecia que a mala tinha caído.

-JJ? – perguntei já sabendo o óbvio, sai da banheira e vesti o roupão, cheguei ao quarto e não havia ninguém, minha mala tinha realmente caído e no lugar onde ela estava aquele colar dourado onde o pingente era  uma aliança de prata, senti um arrepio correr minha espinha ao relembrar daquela peça macabra...

Fim do capítulo