Capítulo 60.O retorno.
Márcia acordou primeiro do que os filhos e a esposa. Olhou para Andressa e viu que ela dormia tranquilamente e depois foi ver as crianças que também dormiam. Procurou na lista telefônica o endereço de uma padaria ou de uma rostisserie para pedir o café da manhã.
Depois de uns quinze minutos procurando, achou uma padaria que servia café da manhã completo e se o cliente quisesse, eles também entregavam. Depois de pedir o dejejum e dar o endereço de onde ficava o chalé, ligou para uma floricultura e pediu para que entregassem no mesmo endereço, um buquê de rosas com todas as cores.
Voltou ao quarto e viu que seus três amores ainda dormiam, ficou observando e pensou como a sua vida havia mudado desde que conhecera Andressa e a deixara entrar em sua vida. Tinha medo sim, porque não esquecera a ex-esposa nem por um minuto e achava que a vida havia se resumido somente na tenente Celina, mas Andressa chegou derrubando todas as barreiras que ela a toda poderosa e invencível major Mantovanni havia colocado a sua frente e em seu coração e agora ela estava ali vendo a esposa e os filhos dormindo tranquilamente. Lembrou que há pouco mais de dois anos atrás quando aquela mulher entrara em sua sala se apresentando como a capitã Pires Paiva, sentiu várias sensações nos vinte minutos de conversa que tiveram e a partir dali, não imaginava que o destino lhe daria novamente a chance de ser feliz. Resolveu arrumar a mesa do café e depois foi tomar banho. Estava na sala lendo o jornal quando ouviu uma voz que falou: -- Mamá Mácia. Olhou e viu Celina em pé segurando no sofá sorrindo para ela e estendendo os bracinhos. Ficou parada olhando a filha que caminhava em sua direção, então foi até a menina e a pegou no colo.
– Você falou mamãe Márcia, minha princesa? Falou emocionada ao ver os olhinhos brilhantes de Celina. Como ela era parecida com a mãe, tinha os mesmos traços de Andressa e o gênio provavelmente seria igual.
– Vamos tomar banho princesinha, vem que a mamãe vai preparar seu banho bem quentinho e depois nós vamos tomar café está bem?
A menina como se estivesse entendendo Márcia, sorriu para a mãe e apontou em direção a cozinha. Márcia deixou a água bem quentinha para a filha e deu-lhe um banho demorado e gostoso. Depois enxugou Celina e colocou uma roupa um pouco mais suave, pois lá fora, o sol já se mostrava alto e depois do café, sentaria na varanda com a menina para que ela tomasse um pouco do sol da manhã que fazia muito bem a eles.
– Quando terminou de trocar a filha, sentiu que alguém as observava e ao olhar viu que Andressa estava acordada e sorriu para a esposa.
– Bom dia meu amor, dormiu bem?
– Nossa anjo que delícia é essa cidade, que silêncio maravilhoso!
– É mesmo meu amor, que bom você estar gostando do nosso feriado prolongado. Mas tenho uma novidade para você.
– E qual é a novidade?
– Hoje de manhã eu estava lendo o jornal na sala e Celina me chamou de mamãe.
– Jura amor, a nossa princesinha já está começando a querer falar?
– Sim meu anjo, eu observei que em algumas coisas ela é mais rápida do que o André. Mas logo ele também estará falando pelos cotovelos.
Enquanto elas conversavam Celina voltava para o quarto junto com André, pois ela havia ido acordar o irmão que estava com cara de poucos amigos, mas depois de um banho revigorante que Márcia deu nele, o menino estava mais tranquilo e começou a reclamar de fome ao qual foi seguido pela irmã no protesto. Depois que Andressa tomou banho, foram para a cozinha e estavam começando a tomar café quando André falou:
– Mãe Dessa, mãe Mácia, café.
Ambas olharam para o filho que juntamente com Celina olhavam para as duas e davam risada com a cara de boba das mães.
– Eu ouvi direito amor, ele nos chamou de mãe?
– Sim minha linda, parece até que os dois combinaram de fazer isso juntos, falou para Andressa que não conteve as lágrimas e abraçou os filhos. Márcia se juntou a eles e ali estava a família reunida para sempre.
Por volta de dez horas da manhã, o interfone foi tocado e Márcia ao atender, viu que era o rapaz da floricultura. Pegou o buquê, agradeceu de ainda deu uma caixinha generosa ao rapaz que também agradeceu. Quando Andressa chegou na sala, viu aquelas rosas e perguntou:
– Que flores são essas amor?
– Não sei, só vi que nele há um cartão. Mas não abri.
Quando ela pegou o buquê, abriu o cartão e leu, ficou parada olhando para Márcia com os olhos marejados e indo em sua direção a abraçou e disse:
– Obrigada amor, por tudo o que faz para mim e as crianças. Nós te amamos demais e estaremos sempre juntos.
– Sim amor estaremos sempre juntos eu, você e os nossos filhos, sempre!
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O feriado fora maravilhoso. Andressa, Márcia e os filhos se divertiram a valer. As crianças andaram de charrete com as mães e depois andaram a cavalo por quase duas horas pela cidade juntamente com as mães que estavam cada uma em um cavalo. André estava com Márcia e Celina com Andressa. Depois foram brincar no parque, almoçaram e jantaram, foram ver a noite da cidade, etc.
Voltaram no domingo a noite e chegaram em casa por volta das dez horas. Márcia guardou o carro, abriu a porta para que Andressa saísse e depois, tirou as crianças que praticamente dormiam de tão cansadas que estavam. Logo ao chegarem no quarto e colocarem as crianças em suas camas, Márcia agarrou a esposa por trás e deu-lhe um beijo na nuca deixando Andressa totalmente arrepiada.
– Amor não faz isso, assim você me leva ao paraíso e se continuar vai acender o meu fogo e ai amanhã nós não conseguiremos levantar cedo para trabalhar.
– Então faremos o seguinte minha linda, tomaremos um banho, deitaremos em nossa cama e dormiremos abraçadas, só sentindo o calor dos nossos corpos. Está bem assim?
– Está, se você soubesse como estou cansada!
– Eu sei Andressa, por isso hoje só dormiremos. Também, passamos o feriado inteiro nos amando e curtindo as crianças, é um pedido justo.
Após tomarem banho foram para a cama e adormeceram, porque o cansaço estava visível entre as duas.
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Na segunda-feira levantaram, arrumaram as crianças e depois de deixá-las na casa do coronel, foram trabalhar. A sobrinha da coronel e a mãe, chegariam naquele dia e se instalariam por um tempo na casa de Márcia. Estava tudo preparado para receberem Carmela e a mãe, que estavam atrás dos documentos para que Silvana a esposa de Nicola, recebesse a pensão por morte do marido. Na hora do almoço, Carmela foi até a Força Tática conversar com a tia e quando chegou perguntou ao sargento Vasques onde ela poderia encontrar a coronel Mantovanni.
– Venha por aqui senhorita, a coronel está esperando, é só me seguir.
A coronel estava ao telefone conversando com Andressa, quando o sargento entrou em sua sala e anunciou:
– Coronel Mantovanni, a sua sobrinha senhorita Carmela está aqui!
– Ótimo sargento, mande-a entrar. Amor, depois nos falamos a Carmela acabou de chegar aqui e eu preciso falar com ela.
– Está bem anjo, diga para ela que a noite em casa nos encontraremos, eu te amo.
– Eu também, e desligou.
Ao ver a sobrinha, foi em sua direção e abraçando a menina disse:
– Carmela minha sobrinha querida, que bom ver você!
– Tia Márcia que saudade da senhora e que bom estar aqui, falou abraçando a coronel que estava toda prosa com a visita da sobrinha.
– Mas me conte Carmela, como estão as coisas com vocês? Alguma dificuldade?
– Ah tia o meu pai só fez besteira. A nossa casa está hipotecada e nós temos somente mais três meses para resolver caso contrário o banco tomará a nossa casa e me diga aonde iremos morar?.
– Calma minha linda, quanto o seu pai deve para o banco?
– Duzentos e cinquenta mil reais, mas eu e a mamãe já estamos correndo atrás para cobrir essa dívida e não perdermos o imóvel. Ela está atrás dos papéis para que possamos receber a pensão do papai e acertar todas as dívidas.
– Mas essa dívida não pode continuar Carmela, o seu pai está morto e ela deveria ter sido quitada automaticamente com a morte dele. A não ser que ele tenha feito alguma coisa para que o banco continuasse cobrando essa dívida. Você tem os papéis ai com você?
– Não tia eles estão com a mãe e somente a noite é que nos encontraremos em sua casa.
– Então faremos o seguinte, almoçamos e você fica aqui comigo ou quer ir com a tia Andressa?
– Eu gostaria de ir até o regimento falar com ela, será que eu vou atrapalhar?
– De jeito nenhum Carmela, ela vai adorar. Vou telefonar para o regimento e avisá-la que você vai lá para conversarem.
A coronel telefonou novamente para a esposa e disse que iria almoçar com a sobrinha e que depois ela iria até o regimento para conversarem. Andressa concordou e disse que estaria esperando a sobrinha.
– Pronto minha querida, agora vamos almoçar e depois eu peço para alguém levá-la até lá.
Depois do almoço a coronel mandou que o sargento Vasques levasse Carmela até o regimento e recomendou que ele fosse com muito cuidado.
– Pode ficar tranquila coronel, assim que chegarmos lá eu telefono para a senhora.
– Está bem sargento, estarei esperando.
Quase no final do expediente, chega ao batalhão da Força Tática a nova secretária da coronel. O sargento Vasques depois de retornar do regimento avisou a coronel que a cabo Renata Almeida estava a sua espera na ante-sala.
– Mande-a entrar sargento.
Quando a moça entrou, ficou maravilhada com a visão que tinha a sua frente. Ela não imaginava que a coronel fosse tão bonita e atraente, já tinha ouvido muito sobre ela, mas estar frente a frente com ela era outra coisa. – Que tesão de mulher, pensou intimamente. Na cama deve ser uma loucura, ah coronel que perfeição da natureza, como a sua esposa deve passar bem, pensou.
– Boa tarde cabo Renata, por favor sente-se.
– Obrigada coronel, creio que já está a par da minha documentação e das recomendações sobre as minhas atividades no batalhão de transito.
– Sim cabo, eu já estou a par de todas as informações. Mas o que a trouxe até essa unidade militar?
– Eu queria ir para outro batalhão e como havia uma vaga aqui na Força Tática, optei para vir trabalhar aqui.
A coronel analisou mais uma vez a documentação e depois de observar a cabo Renata, finalmente falou:
– Bom como os tramites de sua transferência estão em ordem e assinado pelo seu ex-comandante o coronel Raimundo, que por sinal é meu sogro, creio que poderá começar amanhã. Pegue todas as recomendações com o sargento Vasque e amanhã quero ver a senhora aqui às sete horas. Ficará na ante-sala e anotará tudo quanto for ligações, documentos e outras coisas que eu venha precisar.
– Obrigada coronel, e se me der licença.
– Pode ir cabo e tenha uma boa noite, falou encerrando a conversa.
Quando a coronel estava indo embora, viu que ela conversava com o subtenente Hainz, que ainda estava detido por mais alguns dias. Estranhou os dois em altas gargalhadas, mas não deu muita atenção ao fato.
– Lá vai a sua presa, Renata. Mas tome cuidado que a coronel é muito astuta e não é dada a ter amantes. Você terá muito trabalho, mas talvez não seja impossível de acabar com o casamento perfeito da coronel. E tem mais, a esposa sabendo que ela tem uma amante, mesmo que não seja verdadeira e ela só pegue no fragrante um único beijo de vocês, já será o suficiente para a tenente coronel detonar com ela. E ai, a toda poderosa coronel Mantovanni estará vulnerável. É ai que eu entro com a minha vingança e acabo com essa infeliz.
– Mas você tem mesmo certeza de que é preciso fazer isso Harold? Não tem outra maneira de destruir a coronel Mantovanni?
– Não Renata, a coronel preza muito os seus familiares, mas a esposa e os filhos são a sua fortaleza e quando se derruba uma o que acontece? A batalha é perdida e o pilar mestre é destruído. E esse pilar é a coronel.
– Espero não perder a minha farda e não acabar detida com você no presídio militar.
– Fica em paz querida, morto não fala e nem protesta.
Fim do capítulo
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