Um toque na porta que dava acesso ao outro bangalô, a porta se abriu e Sarah não conseguiu acreditar em quem adentrava aquele espaço naquele momento.

 - Procurei-te por todo o salão. – Sua voz denotava ansiedade.
- Clara? O que faz aqui? – Estava surpresa.

- Já estava vindo dormir, quando quis saber onde era seu bangalô. Mostrei meu relógio e disse que você havia deixado comigo durante a sua dança. Foi fácil descobrir em qual bangalô você estava. A surpresa foi saber que o que nos separa é esta sala maravilhosa.

- Eu já estou indo dormir, pode aproveitar o espaço – Estava tudo escuro, a música rolando e o clima era perfeito.

A química entendia a apreensão da amiga. Afinal, por não saber lidar com seu sentimento acabou sendo muito dura. Sarah parecia um animal acuado preste a fugir.  

Os olhos de Clara já se adaptavam no escuro, assim que Sarah fez menção de se levantar  sentou-se ao seu lado. Segurou seu braço levemente impedindo-a de se levantar.
- Fica! Por favor, precisamos conversar.
- Preciso dormir. – Clara a olhava intensamente, fazendo com que a astrônoma se perdesse em sua própria fala. - Amanhã serei a segunda expositora. “Meu Deus porque meu coração está sendo tão bandido, tão traiçoeiro comigo?”.
- Você estava perfeita lá em cima. – Sarah tentou fingir não notar o clima que estava surgindo entre elas. – Senti sua falta, Sarah!

Quando foi responder, sentiu os lábios de Clara devorando os seus. Naquele momento tentou relutar, mas Clara pressionou-a com uma mão na nuca e estava com vantagem na posição. De repente Sarah não sabia mais porque relutava. O beijo foi sendo aprofundado. Tinha sabor de saudade e de reencontro. Davam uma pausa no beijo somente quando a respiração faltava. Mais uma vez havia ausência de palavras. Clara ousou e colocou a mão por baixo da camisa de Sarah segurando-se seus seios firmemente enquanto voltava a lhe beijar. Percebeu o momento exato em que a respiração de Sarah ficara mais rápida. “Eu mexo com ela... Mesmo que só sexualmente!”

Ousou, enquanto lhe beijava o pescoço livrou-se da blusa de Sarah. A ruiva sentiu seu sex* encharcar, tudo o que mais queria era estar com a morena. Quando sentiu os lábios dela beijarem e logo depois sugarem seus seios, quase gozou. Foram se despindo. Clara desceu deixando um rastro de fogo e ansiedade no corpo da ruiva. Quase gozou ao ver o tamanho da excitação da outra. Aquele cheiro gostoso, agora estava sóbria o suficiente para prestar atenção. Teve certeza absoluta, naquele momento, que aquela mulher era a única capaz de fazê-la sentir aquele prazer gostoso que ia muito além do físico. Precisava conquistá-la. Mergulhou naquele oceano que era Sarah. Sentia a parceira se contorcer e começar a gem*r enquanto lhe ch*pava. Era lindo observar a transformação de Sarah na hora do sex*. Aquela mulher aparentemente reservada se transformava em senhora de si, mostrando à morena os caminhos que lhe davam mais prazer.

O orgasmo veio, seguido de mais beijos, mais ch*pões e mais desejo. Estavam insaciáveis. Clara pode observar com riqueza de detalhes a sua própria entrega àquela ruiva que lhe tirava o sono há tempos. Sentiu-se invadida por língua e dedos. Tudo lhe dava prazer... A forma como Sarah a tocava, a expressão de tesão no rosto de Sarah ao tocá-la. Era difícil controlar o gozo por muito tempo. Sarah escalou seu corpo. Posicionou-se e juntas buscaram o final daquela viagem prazerosa. A mistura de suor e gozo. Sarah se aninhou novamente sobre o corpo de Clara. Sentiam os seus cheiros enquanto a respiração desacelerava.

Clara, que estava extasiada com a plenitude do amor, do prazer, daquele céu para o qual olhava naquele momento... Acariciava os cabelos de Sarah ainda sem saber por onde começar a falar. Não podia de supetão falar eu te amo. Isso provavelmente assustaria a outra e talvez não tivesse a chance de conquistá-la.

- O prazer que senti com você, nenhuma outra me deu. – Falou emocionada. Para si, estas palavras tinham um significado muito profundo.

- Prazer? “Você se iludiu Sarah, que burra você é, é claro que ela veio buscar prazer. O que você esperava “eu te amo”? Sua tola” – Vá embora, Clara. Não nos deixemos guiar por sentimentos superficiais;

Clara perdeu o chão. Sentia Sarah fugir de seu alcance.
- Como assim, não é isso o que quer também?
- É obvio que eu seria mais uma, não é mesmo? – Para não se arrepender do que estava fazendo e passar novamente por cima de sua dignidade, Sarah levantou-se, terminou de se vestir e foi para seu quarto. As lágrimas vinham de forma incontrolável. Deitou-se na cama e não acreditava no que estava acontecendo.

“Meu Deus, ela ainda não entendeu que a amo. Como pode ser tão burra”.

Por outro lado, Clara também voltou para seu quarto e se encontrava perdida.
“Estou apaixonada por ela, queria ficar com ela o resto da minha vida”

Passou a noite inteira tentando achar uma forma de abordar Sarah e lhe expor o sentimento.

“Mas e se for só sex* pra ela, não posso me entregar desta forma, acho que é melhor mesmo ficar longe dela, por um tempo. Mas o que faço com tudo o que estou sentindo? Preciso ouvi-la, senti-la, vê-la sorrir, me contar sobre galáxias, paraísos...”

No dia seguinte, perdera a hora, devido a noite mal dormida. Chegou no espaço da Conferência na hora do almoço. Sentiu falta de Sarah, e quando foi procurá-la, ficou sabendo que não estava bem e voltou pra casa mais cedo. Mal conseguiu esperar até o término do encontro. Voltou para casa assustada, o que será que estava acontecendo  com a amiga. Será que a magoará novamente?

Para seu espanto, encontrou uma placa de aluga-se no apartamento de Sarah, chegou a ficar sem chão. “O que será que está acontecendo com ela? Ela não pode se mudar daqui.”

Por três dias ficara de olho no apartamento ao lado. Sempre que sobrava um tempo batia na porta da amiga na esperança de uma conversa. Estava chocada. “Será que está com o tal Ricardo?” Esta dúvida a consumia por completo fazendo sérios estragos em seu humor.

Seu celular começou a tocar. O procurou com certa ansiedade, na expectativa de ser uma ligação de Sarah. Ficou um tanto decepcionada quando leu no visor Sabrina. Era a loira lhe convidando para tomar uma cerveja. Estava exausta. Mas, precisava desabafar com alguém.

- Você está bem? – A loira lhe perguntou logo de cara.
- Não muito, estou confusa, não me reconheço nesta mulher frágil que me vejo.
- Isso tem nome, paixão. – A loira riu e Clara não. Somente fechou a cara tomando um gole maior de seu copo.

Depois de um certo tempo de conversa...

- Acho que ela quer somente sex*. – Disse com um ar derrotado.
- É, mas você mesma disse que ela teve uma reação esquisita quando mencionou prazer só por prazer. – A loira não agüentava mais tamanha cegueira. Aquele desencontro entre as duas daria uma novela mexicana.
- Mas acho que é só isso mesmo. – Disse desanimada.
- É tão ruim imaginar ser correspondida?
- Não! Quem me dera!!! Mas é inconcebível imaginar que ela me corresponda.
- Mas você é amiga dela, acha que é da natureza dela prazer por prazer?
- Não, isso é o mais estranho não é da natureza dela se envolver sem sentimento. Eu a conheço, muito bem.
- E o que te custa investir neste sentimento?
- Perder a amizade dela ou minha covardia não deixa.
- Você já fez o mais difícil, transou. Teve um orgasmo! Se apaixonou! Por incrível que pareça ou por mais que você não queira enxergar você já a afastou de você. A amizade já está abalada.

- Pior que acho que a amizade já era, mesmo.

- E está morrendo de medo de perdê-la para sempre.
- Estou com muito medo mesmo!
- Corra atrás, veja para onde ela possa ter ido. O máximo que poderá ouvir é um não. Ou melhor, o não você já tem.
- Que encorajador. – Disse com um riso cansado.
- Vai preferir não arriscar e nunca saber se poderia dar certo? – A loira arqueou a sobrancelha.
- Vou procurá-la. – Entornou o copo.

- Essa é minha garota.

Fim do capítulo