CapÃtulo 11
Capítulo 19: E tinham algumas pedras no meio do caminho
Eu não tirei da cabeça aquela conversa estranha que tive com a Júlia ao telefone. Estranha porque desperou em mim sensações totalmente desconhecidas e… intensas.
- Hoje você ta… distraída. – observou a Márcia, me olhando com o olhar inquisitor enquanto eu terminava de fazer um curativo na emergência.
- Eu? Não, acho que só estava desacostumada com essa rotina intensa do hospital. – desconversei.
- Hum. Que tal uma pausa para um café?- sugeriu.
Fomos até a lanchonete em silêncio, a expressão da Márcia demonstrava que ela estava escolhendo as palavras, o que não era nada caracterísitco dela que sempre foi muito espontânea.
- Eu entendi errado a sua relação com a Julia. E só recentemente a Fernanda me explicou a “história” de vocês. – falou de uma vez.
- Ah! Tudo bem, foi um mal entendido… necessário.
- Olha, mas vocês formam um casal bem bonito. – ela brincou.
- Ah não, eu não sou… - não consegui concluir.
- Não é o que? – ela perguntou intrigada.
- A verdade é que sempre me considerei… sei lá, assexuada. Nunca senti atração por ninguém, nem sei o que é isso, e as vezes que fiquei com alguns carinhas foi mais por curiosidade e obrigação do que necessariamente por vontade. Não senti nada de extraordinário que as pessoas dizem sentir.
- Ué, vai ver que é porque a sua praia é outra. – ela insinuou - Nossa a Julia é lindissima, tem certeza que nunca sentiu nada?
- Ah… - muitas coisas, eu pensei - eu sinto carinho por ela, gratidão, eu gosto de estar com ela, as vezes ela me deixa sem palavras, e o jeito que ela me olha me desconcerta… é como se ela embaralhasse as sensações dentro de mim…não sei explicar.
- Você sente atração por ela! – ela quase gritou.
- Não! Ela é… e eu não sou… - tentei explicar.
- Lívia não é o que você é, é o que você está sentido… você sente coisas que nunca sentiu, certo?
- Sim. – respondi relutante.
- E você acabou de me dizer que nunca sentiu atração por ninguém… então…
Eu fiz um gesto para ela parar, agora entendi o motivo da risada da Júlia e de novo um arrepio percorreu meu corpo quando as palavras dela ressoaram na minha memória: Vou fazer melhor, vou te mostrar. Eu não só queria, mas eu precisava fugir daquelas conclusões. Demorei o máximo que podia no hospital e, no fim do dia fui quase expulsa por um dos médicos me dizendo que eu não podia exagerar com tanto esforço. Tentativa de fuga número 1: fracassada.
Cheguei em casa pensando em um novo plano, o Lucas não poderia ficar sozinho, então eu iria pedir para deixarmos esse jantar para outro dia. Mas assim que abri a porta, ele desenhava no chão com a companhia atenta da Fernanda. Ao que parece a Júlia pensou em tudo. Tentativa de fuga número 2: fracassada.
- Boa noite, Lívia! - disse o Lucas correndo para vir me abraçar. – Você demorou muito! – reclamou.
- Boa noite. – cumprimentou a Fernanda com um sorriso simpático.
- Dia complicado no hospital, meu amor, por isso só pude vir agora. E os deveres?
- Já fiz tudo, e a Julia revisou. Ah ela me contou que vocês vão sair pra jantar e que vou ficar com a Fernanda.
- E tudo bem pra você? – perguntei rezando para ele me fazer ficar.
- Tudo! Eu acho que vocês tem que fazer coisas de adulto mesmo.
“Coisas de adulto”, tudo que eu não queria fazer aquela noite. Mas a tentativa de fuga número 3 também não deu certo e meu amado irmão ainda deu um empurrãozinho em direção as “coisas de adulto”.
Fui em direção ao quarto resignada já imaginando que a Júlia estaria por lá, se arrumando. Quando a vi parece que todas as sensações que eu havia verbalizado aquela tarde, na conversa com a Márcia, sacudiram no meu estômago. Ela estava perfeita com uma calça cinza escuro, uma camiseta branca e uma jaqueta jeans preta, da mesma cor das suas botas.
- Você ta… - não consegui verbalizar o que eu estava vendo - Eu acho que não tenho roupa pra te acompanhar não. – tentativa de fuga número 4.
- Imagina. Eu te espero la na sala, tome o tempo que precisar. Hoje você não foge de mim. – ela falou determinada.
Tentativa de fuga número 4: fracassada. Não havia mais jeito, não iria acontecer nada que eu não quisesse nesse jantar, portanto, eu estaria à salva.
***********
A Lívia demorou uma eternidade para se arrumar, eu acho que ela queria desistir a qualquer custo daquela noite, o que me deixou um pouco insegura. Talvez eu estivesse indo rápido demais, perseguindo uma suspeita que talvez não tivesse fundamento nenhum e fosse só a minha vontade falando bem alto.
- Vamos? – chamou a Lívia, me despertando dos meus pensamentos. Eu tentei me levantar, falar alguma coisa, mas eu tava hipinotizada com a beleza da Lívia, ela usava um vestido leve, sem alças, vermelho com estampas de flores coliridas bem pequeninas.
- Quer ajuda, amiga? – brincou a Fernanda fazendo um gesto para que eu recolhesse o queixo.
- Então… - fechei a boca e saímos.
Fomos o caminho quase todo em silêncio. A tensão da Lívia era visível e se eu não fizesse alguma coisa rápido, aquela noite iria ser uma tragédia.
- Você ta tensa por que? – fui direta enquanto prestava atenção na estrada.
Ela se moveu impaciente no banco ao lado.
- Eu… -pensei em inventar uma desculpa, mas eu nunca fui muito boa com isso – Sinceramente? Não sei.
Eu gostava daquele jeito que a Lívia tinha de sempre falar o que tava pensando, ou sentido, mesmo que parecesse confuso. É como se ela fosse transparente, e tudo tranbordasse nela nos seus gestos, nas suas palavras. Paramos no sinal e aproveitei para observá-la mais uma vez, ela estava absolutamente linda àquela noite.
- Não fica, nós só vamos jantar, relaxar um pouco, ta? – tentei convencê-la com meu melhor sorriso.
Ela assentiu com a cabeça, fugindo do meu olhar.
- Como foi no hospital? - tentei mudar de assunto para continuar a quebrar o gelo.
- Uma loucura. Parece que todo mundo resolveu adoecer ou sofrer qualquer acidente hoje. – ela falou divertida. – Mas eu gosto, no hospital, cuidando das outras pessoas, eu consigo esquecer do resto do mundo. – ela já falava com o olhar perdido, como se lembrasse do dia.
- E qual foi o caso mais difícil que você pegou hoje?
Ela fez uma cara surpresa antes de perguntar:
- Você realmente quer ouvir sobre isso?
***********
- Eu quero ouvir sua voz. – ela falou atenta a estrada, fazendo meu corpo arrepiar.
Eu fiquei sem saber o que dizer. Outro sinal e ela olhou para mim sorrindo, e bem tranquila respondeu a pergunta que eu não fiz.
- É que quando você fala do hospital, você fala com tanta empolgação, seus olhos se iluminam também, é bonito de ver o amor que você tem pelo que faz. No caso, – ela deu partida outra vez no carro – ouvir. – ela sorriu e voltou em minha direção só um instante, como se me incentivasse a falar com seu sorriso.
Eu tentei me lembrar quando alguém, algum dia, se interessou pelo que eu falava, ou como eu falava, nunca aconteuceu. Eu contei a ela tudo que me lembrava. Acho que me empolguei porque quando me dei conta estávamos paradas, e ela olhava pra mim atentamente.
- A gente parou tem quanto tempo? – perguntei assustada olhando ao redor.
- Tem um tempinho.
- Desculpa, acho que viajei até o hospital. – pedi envergonhada.
- É como eu disse: você se ilumina falando do que gosta. – ela falou fazendo uns gestos com a mão.
Antes que eu pudesse falar qualquer coisa minha barriga falou por mim, fazendo um som que me deixou constrangida.
- Desculpa, mas eu to faminta. – tentei justificar.
- Eu também. Vem, já chegamos.
Ela um restaurante vegetariano, com um ambiente entre o rústico e o sofisticado, tinha uma parte ao livre muito agradável, com um jardim ao redor. Eu fiquei me perguntando como a Julia sabia eu gostava daquele tipo de comida, não que eu fosse vegetariana, mas adorava os pratos. Pedimos um risoto de tomate seco e legumes grelhados, que eu adoro.
- Como você sabe que eu gosto de comida vegeteriana?
- Eu tenho meus informantes. – ela falou tentando não sorrir.
- Julia? – acenou uma moça vindo em nossa direção.
Vi o sorriso da Julia minguar no rosto.
- Nossa, há quanto tempo. – falou a mulher enquanto abraçava a Julia, que respondia ao cumprimento de forma automática.
- Pois é. – ela se limitou a responder.
- Não vai me apresentar? – ela falou se referindo a mim. A mulher parecia que tinha acabado de sair daquelas capas de revista, parecia uma atriz ou qualquer coisa assim, era linda, o corpo cheio de curvas, um sorriso enorme que parecia não cessar nunca.
***********
Pior hora para a Paola reaparecer na minha vida não tinha. Eu e a Lívia estávamos indo bem, passada a tensão inicial, eu diria que ela estava até mais solta e ficou maravilhada com o restaurante ser vegetariano. Tenho que agradecer ao Lucas depois pela dica: “verduras, saladas, essas coisas ela gosta”. Mas agora eu realmente estava em maus lençois, pois uma ex namorada expansiva com a Paola é tudo que não queremos “no primeiro encontro”.
- Lívia, essa é a Paola. Paola essa é a Lívia. – apresentei por pura obrigação.
- O seu bom gosto para mulheres continua o mesmo. – ela falou enquanto cumprimentava a Lívia com dois beijinhos.
- Nós não… a Lívia é uma amiga. – nossa, eu tava muito sem graça.
- Então você continua solteirissima, que sorte a minha! – ela disparou aumentando ainda mais o sorriso.
Eu ri de nervoso. Olhei para a Lívia por um instante e ela estava corada de vergonha. Eu tinha que me livrar da Paola, mas antes que eu abrisse a boca para despachá-la ela me interrompeu:
- Vocês se importam se eu ficar com vocês? Minha companhia acabou de desmarcar e acho tão chato comer sozinha. – disse já sentando na mesa.
Olhei para a Lívia. E ela assentiu:
- Sem problemas.
Eu tentei me desculpar com o olhar, mas logo a Paola engatou um assunto com a Lívia, que eu mal ouvia, estava irritada e frustrada com o rumo que aquele jantar tomou. A noite acabou para mim, não fiz a menor questão de participar da conversa, principalmente porque eu era o principal assunto.
As horas pareceram se arrastar e quando, enfim, estávamos no carro para voltar para casa é como se eu ainda ouvisse a voz da Paola tagarelando, eu não conseguia olhar para a Lívia. Deixei a cabeça cair cansada no volante.
- Desculpa, não era bem isso que eu havia imaginado – respondi olhando para ela, que parecia cansada e olhava através da janela do carro.
- Preciso dormir. – a Lívia nem olhava para mim.
- A Paola é uma louca, eu deveria ter recusado o auto-convite dela de jantar conosco. – dei partida no carro.
- Ela é louca por você, isso sim. Eu confesso que não consigo entender como duas pessoas tão diferentes possam… namorar? – falou em um tom exasperado.
- Éramos muito jovens eu… - como eu ia explicar para a Lívia que eu só fiquei com a Paola pelo sex*. – era algo… físico. – falei sem graça.
- Ok, poupe-me dos detalhes, porque ela não me poupou. – falou chateada.
Me senti ainda mais culpada, eu pelo menos tinha que ter prestado atenção ao rumo da conversa, o que será que a louca da Paola falou para a Lívia? Fomos no mais absoluto silêncio de volta para casa, já era tarde e quase não havia trânsito. Eu olhava para a Lívia de relance, mas ela continuava com o olhar perdido janela a fora. Chegamos no mesmo clima, a Fernanda estava deitada no meu sofá, lendo alguma coisa.
- Mas já? – ela perguntou levantando-se do sofá.
- Vou domir, to com um pouco de dor de cabeça, boa noite para vocês! – a Lívia se despediu e depois saiu quase correndo em direção ao quarto.
- O que foi isso? – perguntou a Fernanda sem entender nada.
- Você não vai acreditar em quem estava no restaurante e passou a noite conosco: a Paola. – falei cansada, me jogando no sofá.
- Nossa já imagino as coisas que ela deve ter dito, porque não se livrou dela? – perguntou o óbvio.
- Eu tava tão, sei lá, atônita, que me desliguei, se eu pudesse enfi*v* minha cabeça em qualquer buraco quando ela começou a falar como nos conhecemos e outras coisas que nem escutei.
- Que primeiro encontro mais desastroso, amiga. – ela falou penalizada.
- Nem me fale, to exausta.
- Então fiquei a vontade no seu sofá. Ainda vai tentar falar com a Lívia.?
- De jeito nenhum. Ela nem olhou para mim desde que saímos do restaurante.
- Boa noite e… boa sorte!
Nos despedimos e fui direito para o banho, a porta do quarto estava fechada, mais um sinal de que a Lívia não queria mais conversa por aquele dia. Estava tão cansada que não demorei para apagar no sofá meu de cada dia.
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Acho que desejei tanto que aquela noite, sozinha com a Julia, não acontecesse que meu desejo se realizou. Eu lembro de ter visto em algum lugar: “cuidado com o que deseja”. Agora entendi, a Paola me salvou de uma noite a sós com a Julia e me arremessou numa noite na qual ela e a história mal resolvida dela com a Julia era o centro da atenção.
Primeiro ela me contou de como a conheceu na faculdade, de como elas tiveram uma atração irresistível uma pela outra e assim acabaram namorando por alguns meses.
- Eu lembro que quando começamos passávamos dias no quarto, você acredita? – ela se gabava com aquele sorriso que não acabava nunca.
- Sério? – eu perguntava sarcástica.
Depois ela começava a dar detalhes das “maratonas de sex*”. Eu olhava para a Julia que parecia alheia aos relatos da Paola, eu queria ter a mesma capacidade de me desligar da conversa e deixá-la falando sozinha, mas uma curiosidade masoquista tomava conta de mim. Eu queria saber o que ela havia feito com a Julia, o que duas mulheres podem fazer juntas. Embora aquela narrativa fosse aumentando minha irritação, eu não queria que ela parasse.
- Você vai experimentar, e vai entender do que eu estou falando. – ela falou baixinho, só para eu ouvir.
Meu rosto esquentou e eu tive vontade de avançar em cima dela, nunca havia sentido nada parecido antes. Controlei a raiva que parecia transbordar dentro de mim e apenas perguntei a Julia se ela se importava de irmos. Ela respondeu rápido “de jeito nenhum”, nos despedimos e saímos quase correndo dali.
- Desculpa, não era bem isso que eu havia imaginado. – a Julia tentou se desculpar, com a voz reticente.
Eu não queria nem olhar para a cara dela, eu estava com raiva, e nem entendia direito por que. Eu queria ficar sozinha.
- Preciso dormir.
- A Paola é uma louca, eu deveria ter recusado o auto-convite dela de jantar conosco. – ela continuou a tentar se desculpar.
- Ela é louca por você, isso sim. Eu confesso que não consigo entender como duas pessoas tão diferentes possam… namorar. – desabafei. Foi então que percebi que falo as coisas antes de pensar, ou enquanto estou pensando. Mas era exatamente isso que eu estava pensando, o jeito afetado da Paola, metida a gostosona, metida não, ela é toda gostosona, mas para mim ela não tinha nada a ver com a Julia.
- Éramos muito jovens eu… era algo… físico. – a tentativa de explicação da Julia fazia crescer o monstro da raiva dentro de mim. É óbvio que era físico, a mulher parecia àquelas modelos de revistas era aquele tipo de mulher que a Júlia gostava!? Eu deveria ficar tranquila com àquilo, pois ela nunca se interessaria por mim, mas em vez disso eu estava… com raiva.
Era estranho sentir aquilo, eu não me lembro de ter raiva de outras pessoas que não minha mãe ou minha avó, mas agora eu estava ali exausta de raiva de uma pessoa que acabei de conhecer e por que? Por ela ser mais gostosa que eu? Que infantil! Falei qualquer coisa para a Fernanda e corri para o quarto. Fiquei um tempão olhando o teto do quarto, tentando entender o que eu estava sentindo. O cheiro da Julia em todos os cantos do quarto… dela embaralhavam ainda mais meus pensamentos. Eu precisava dormir, eu estava exausta.
***********
Acordei bem mais cedo do que eu gostaria, mas não conseguia mais dormir por nada. Fui até a lavanderia catar alguma roupa para vestir, pois de jeito nenhum entraria no quarto e arriscaria acordar a Lívia. Iria correr naquele início de manhã para ver se conseguia exorcisar a má sorte da noite anterior. O sol sequer havia nascido e a orla estava ainda vazia, ótima hora para pensar mais sobre a fatídica noite.
Vendo as coisas assim com a cabeça fria, pode ser que a irritação da Lívia não seja de todo ruim, pois pode indicar que ela estava com ciúmes. Não gosto nenhum pouco desses jogos de fazer ciúme para ver no que dá, mas já que a Paola fez o favor de estragar minha noite, para alguma coisa ela tem que servir. Eu tinha que dar um jeito de saber o que a Lívia sentia a meu respeito afinal.
Quando eu cheguei em casa o Lucas estava na sala, arrumando o material na mochila, nem sinal da Lívia.
- Bom dia, bonitão!
- Bom dia, Julia!
- Cadê sua irmã?
- Eu já ia chamar, ela ta demorando para acordar. Será que ela… - ele arregalou os olhos antes de terminar.
- Não! Ela so ta cansada! Não tem dias que você fica com mais preguiça que outros? – perguntei tentando parecer tranquila. - Pois então. Arruma a mesa do café, eu vou chamá-la.
Entrei no quarto devagar. A Lívia ressonava bem baixinho, no meio da cama, ainda com o mesmo vestido de ontem. Estava tão linda, com os cabelos sob o rosto, o vestido um pouco levantado, com suas pernas a mostra. Eu toquei seu rosto de leve, tirando alguns fios de cabelo do caminho. Ela despertou quando meus dedos tocaram a sua nuca, me paralisando com aqueles olhos amarelados, que iam ficando mais claros, quanto mais ela piscava. Ela moveu o rosto um pouco, sem tirar os olhos dos meus, e agora eu tocava parte do seu rosto. Minhas mãos geladas, pelo suor da corrida, o seu rosto quente, macio, eu não conseguia me mover, embora achasse que devesse sair daquele torpor. Ela moveu o rosto outra vez e agora minha mão encaixava-se perfeitamente na maçã do lado esquerdo do seu rosto, que imediatamente mudou de cor. Aquilo me acordou do estado de letargia em que estava e fiz menção de tirar a mão do seu rosto, mas ela não deixou, colocando a sua por cima, acariciando minha mão. Meu estômago saltitou, minhas pernas tremiam. E ela não parava de me olhar, como se perguntasse alguma coisa. Eu fiz um carinho no seu queixo com meu polegar e ela fechou os olhos por um instante.
- O Lucas ta preocupado com irmã dele, a bela adormecida. – falei sem parar o carinho que fazia.
- Eu… - ela levantou o tronco, sentando na cama, segurando a minha mão na sua. – Apaguei.
- O dia ontem foi… cansativo. – falei enquanto sentia seus dedos nos meus.
Ela só olhava para mim, seus dedos apertando os meus. Ela tocou de leve a gola da minha camisa suada.
- Desculpa eu to toda s… - seus dedos subiram para meu pescoço, que estava molhado de suor, seus dedos estavam gelados e ela alcançou minha nuca, me causando arrepios. Ela olhava para o meu pescoço, para o meu queixo, para os meus olhos, para a minha boca. Aproximei meu rosto do dela, eu já podia sentir sua respiração entrecortada tocar meu rosto.
- Ainda bem que você acordou. – falou o Lucas entrando no quarto e pulando em cima dela.
Eu ainda fiquei um segundo paralisada no mesmo lugar, como se a respiração dela ainda tocasse meu rosto, como se seus dedos ainda tocassem minha pele.
- E estou bem atrasada! - ela disse pulando da cama. – Julia, você toma café com o Lucas enquanto tomo banho? Depois eu como qualquer coisa no hospital. - ela falou indo em direção ao banheiro, sem me olhar.
***********
- O que foi isso? – sussurei baixinho enquanto me despia no banhheiro.
Fechei os olhos lembrando de cada segundo do que acabara de acontecer, equanto a água fria atingia meu corpo.
Quando acordei dei de cara com a Julia, pisquei outra vez e ela estava lá mesmo, seus dedos gelados tocando de leve minha nuca, movi um pouco o rosto sua mão encostou no meu rosto, me causando uma verdadeira carga elétrica. Ela estava paralisada, com a boca entreaberta, sem tirar os olhos dos meus. A pele dela gelada, contrastava com as ondas de calor que aquele toque emanava para o resto do meu corpo. Movi o rosto de novo, agora em direção a sua mão, que se encaixou perfeitamente no meu rosto. As ondas de calor aumentaram e senti meu rosto esquentar, eu deveria estar vermelha. Ela imediatamente fez menção de tirar a mão do meu rosto, mas eu não queria que aquilo acabasse, segurei a sua mão e passei acariciá-la. Senti seu corpo relaxar um pouco, mas suas pernas tremiam um pouco. O que era aquilo? Porque eu sentia que ia desmaiar só porque ela estava me tocando daquele jeito? Ela fez um carinho no meu queixo, com o seu polegar, e é como se um liquido morno transbordasse pelo meu corpo, me preenchendo, fazendo meu coração acelerar, fechei os olhos por um instante me concentrando naquela sensação.
- O Lucas ta preocupado com irmã dele, a bela adormecida. – ela falou com a voz doce, sem parar o carinho que fazia.
- Eu… - nem sabia o que dizer, onde eu estava, eu levantei e so conseguia olhar para ela, sentir seu toque na minha pele, eu não conseguia soltá-la. Só então pude observá-la, ela vestia uma camisa branca, que estava transparente de suor, e short cinza, um pouco folgado. A sua pele brilhava de suor e aquele cheiro que exalava da pele dela me deixava mais confusa, eu queria tocá-la, mas não sabia se devia… toquei primeiro sua camisa. Ela começou a falar que estava suada, mas eu não me importava, eu queria tocá-la, eu precisava, fui subindo meus dedos pelo seu pescoço que deslizavam com facilidade por conta do suor. Meu coração batia tão rápido, tão forte, que eu tinha certeza absoluta que ela podia ouvi-lo. Eu vi sua pele arrepiar quando meus dedos alcançaram sua nuca. Eu ficava olhando para todo o rosto dela, tentando achar alguma explicação para aquela vontade de… ela aproximou seu rosto do meu… Ao sentir a respiração dela no meu rosto eu achei a resposta para a pergunta que meus sentidos faziam: eu queria beijá-la.
- Ainda bem que você acordou. – eu ouvi a voz do Lucas me despertando daquele sonho. Ele logo pulou em cima de mim e eu acordei de vez. O que eu pensava que ia fazer?
Fim do capítulo
Nossa gente, vocês não tem ideia de como está sendo divertido e prazeroso retomar esse conto! Garaças a vocês, nunca vou deixar de agradecer a tod@s pela insistência e pela paciência. E então, como estamos indo?
Comentar este capítulo:
AgathaS
Em: 09/05/2016
Abandonou de novo? Quase um mês e VC não dá as caras por aqui :(. N gosto muito de ler historias ainda em andamento por conta disso.
Espero q volte, e logo!! Kkkkkk
A história de fato é muito boa e acredito q n só eu, mas muitas aqui querem a continuação dela.
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Ada M Melo
Em: 02/05/2016
oi Dy boa noite!!! estou sentindo falta de Palavras ao mar, posta mulher....
abraço!
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NayAntunes
Em: 20/04/2016
Esse espirito sem luz dessa Paola tinha q aparecer pra estragar tudo né??
Mas aos poucos Lívia vai entendo e aceitando seus sentimentos por julia.
Na expectativa pelo tão esperado bj delas.
A estória tá linda demais!!!!
Resposta do autor em 20/04/2016:
Obrigada! Acho que aos poucos ela vai aceitando o que sente sim! Estamos tod@s na expectativa!
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Mille
Em: 20/04/2016
Aí ai essa Paola quebrou o clima delas, mass deixou algumas coisas boas como evidenciando que a Lívia sente algo pela Júlia.
Júlia terá um troço cada vez que a Lívia toma uma atitude alguém aparece.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor em 20/04/2016:
Hahaha pois é, não está sendo fácil navegar rumo ao coração da Lívia não haha. Beijos.
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Ada M Melo
Em: 20/04/2016
Dy, essa historia é linda!!! maravilhosa!
abraço!
Resposta do autor em 20/04/2016:
Nossa, obrigada, Ada! Tão bom te reencontrar aqui depois de tanto tempo e ainda interessada na história dessas duas! É uma honra! Abraços, Ada.
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Eva Bahia
Em: 20/04/2016
Ola Dy. Voce está arrasando, como sempre. Muiiito intenso esse laço, essa atracao, esse sentimento reciporoco que elas tem uma para com a outra. Nosssaaa, esse quase beijo foi uma tensao e tanta pra nós pobres leitoras hein! rsrsr assim vc nos mata do coracao rsr...Parabens mais uma vez. NAO DEMORE MUITO, POR FAVOR!!. Ah, e tomara que elas se resolvam logo e se entreguem a esse tao esperado BEIJO. Quem sabe nao acontece ainda nessa noite qdo ambas estiverem em casa, sentadas no sofá, sozinhas, humm?? rsrs é só uma dica dos meus devaneios aq rsr...bjss
Resposta do autor em 20/04/2016:
haushauh Obrigada pelos elogios e pelas dicas, prometo aproveitá-las em algum momento! Também não quero demorar muito, Deus me livre de matar vocês do coração, mas é tão boa essa tensão, e ainda mais, irmos acompanhando um amor que vai nascendo, não acha!? Muito obrigada, por tudo. Beijos.
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sofiagayer
Em: 20/04/2016
maravilhosooooo.... aiiii, não vejo a hora delas ficarem, que agonia gostosa!! hsauhsuhusahua, não demora muito ;)
Resposta do autor em 20/04/2016:
haaha juroo que não quero demorar, mas essas duas estão se descobrindo, sabe!? ;)
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line7
Em: 20/04/2016
ÓTIMO ...RSS.. vc deixa a leitora a mil expectativa, com cada detalhe narrado de Júlia e Lívia é bem apaixonante😊😙,parabéns Dy Elba,ansiosa para o próximo capítulo.
Resposta do autor em 20/04/2016:
Obrigada!!! Eu não tinha muita certeza se era boa com narrativas, mas acho que estou me superando, pois os capítulos novos estão bem acima das minhas expectivas, acredita que até eu estou ansiosa pelos próximos capítulos!?
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IARA
Em: 19/04/2016
Tudo ótimo....continuo apaixonada pela história, e aguardo ansiosa cada notificação de postagem. Parabéns pelo capítulo, torço p que a Livia não fique mto tempo com medo do que está acontecendo e sigo aguardando o primeiro bj rs
Resposta do autor em 20/04/2016:
Apaixonada! Essa é a palavra certa para todos esse processo criativo, que vocês tanto incentivam com os comentários, emails e pedidos! Muito obrigada pela atenção e pelo carinho que nos dispensa! ;)
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