Capítulo 4 E agora?
CAPÍTULO 4: E agora?
Luciano e Daniel acompanharam seu pai até um hotel, no jardim da mansão Otávio discutia com Elisabeth.
-- Quanto tempo você achou que pudesse esconder a verdade dela? -- gritava andando de um lado para o outro. -- E agora Elisabeth?!
-- Eu não sei Otávio, eu nunca pensei que pudesse chegar a esse ponto... eu realmente não sei -- dizia chorando.
-- Você nunca o que? -- estava indignado -- ah faça me o favor Elisabeth! Você sempre soube que uma hora a verdade ia chegar! Otton nunca aceitou essa menina como filha dele.
-- Mas ele sempre soube quem eu amava!
-- E você nunca foi forte suficiente para lutar por seu amor! -- parou de andar e começou a encara-la nos olhos - Você sempre foi manipulada por seus pais, e pelo meu pai também!
-- Otávio isso não é verdade! -- disse parando de chorar e sustentando uma pose fria.
-- Como não Elisabeth? Primeiro a sua mãe congelando seus óvulos e arrumando mães de aluguel para seus filhos, só para montar um clã da família San'Germany -- disse com ironia -- e depois, escolhendo dentre os 3 irmãos Sanches o mais ambicioso, mas não pensou que sua filha fosse se apaixonar pelo caçula da família não é verdade? E o que você fez? NADA! Se casou com um homem que não amava e 2 anos depois engravidou do irmão do seu esposo!
-- O que você está dizendo Otávio? -- disse Júlia que foi junto de Caroline até o jardim para cobrar satisfações de sua mãe, mas acabou ouvindo o final do que eles diziam e surpreendeu os dois.
-- Cale a boca Otávio! -- Elisabeth perdeu o controle, estava com o olhar apavorado.
-- NAO Elisabeth, já deu essa história, ela tem que saber!
-- Saber o que Otávio, do que você está falando? -- disse tentando assimilar o que acabara de ouvir -- Você é meu pai?!
O olhar de Júlia era incrédulo, já o de Caroline que segurava sua mão era de confusão, percebendo isso Otávio tranquilizou sua filha.
-- Não, não sou eu Júlia.
-- Papai, o senhor falou que a tia Elisabeth engravidou do irmão de Otton -- Caroline tentava entender.
-- Sim minha filha, eu disse isso -- disse encarando Caroline para tranquiliza-la -- mas não sou eu, e sim meu irmão.
-- Eu não estou entendendo nada! -- gritou Júlia -- Elisabeth e Otávio expliquem de uma vez por todas!
-- Otávio por favor pare com isso -- suplicou Elisabeth.
-- Não Elisabeth, Júlia precisa saber, chega de mentiras.
Otávio se afastou de sua cunhada e se aproximou de sua filha e sobrinha, ele podia ver o quanto Júlia sofria, mas a mesma tentava continuar com sua pose dura.
-- Júlia seu pai, não é o Otton, e nem eu. – respirou, olhou para Elisabeth e continuou -- seu pai é o nosso irmão Olávo, somos em 3 irmãos, Olávo é o caçula que reside no Brasil junto de nossa mãe. Otton é meu irmão somente por parte de pai, o primogênito do senhor Oscar Sanches. Olávo e eu somos filhos da senhora Cecília Sampaio Lancaster, uma das pessoas mais ricas do Brasil e do mundo, e assim como sua mãe possui prestígio e é respeitada pelo mundo inteiro.
Caroline ja tinha ouvido falar de sua avó mas nunca se interessou em saber deste assunto. Júlia absorvia cada palavra que seu tio dizia, sem acreditar realmente no que estava ouvindo, olhava para sua mãe tentando descobrir se era verdade o que ouvia, mas sua mãe permanecia calada e com uma expressão enigmática.
-- Meu pai sempre foi um homem rígido que maltratava minha mãe, mas dona Cecília nunca foi de abaixar a cabeça, e cansada de sofrer se separou do senhor Oscar, eu tinha 16 anos na época e meu irmão apenas 13. Papai quando se separou queria nos levar com ele, e mamãe enlouqueceu com essa possibilidade de nos perder, como Olávo era muito apegado a ela eu conversei com ela e disse que iria, assim ela poderia ficar com Olávo, ela relutou mas no fim acabou aceitando. Assim que chegamos aqui, descobri que seu avô mantinha duas famílias, e em suas viagens de meses ele passava aqui, então conheci a existência de Otton. Meu pai me obrigou a parar de usar o sobrenome de mamãe e assim perdi o contato.
Elisabeth ouvia tudo sentada ao chão com as mãos nos cabelos pois já sabia que não adiantava mais mentir. Júlia ouvia tudo calada.
-- Quando Olávo fez 17 anos decidiu vir me visitar. Quando ele chegou nosso pai estava fechando um "negócio" -- disse fazendo gestos de aspas—bom... ele conheceu Otton e os dois logo se estranharam. Um dia Olávo entrou correndo e dizendo, que havia encontrado o amor da vida dele, uma loirinha linda de olhos verdes – disse olhando para Elisabeth que tinha lagrimas nos olhos, então se virou para as duas jovens novamente -- mas mal sabia ele que está loira estava de casamento marcado com Otton.
-- O que ele está dizendo é verdade? -- Júlia perguntou olhando sua mãe nos olhos.
-- Minha filha eu...
-- Apenas responda Elisabeth -- sua voz foi cortante.
-- Sim é verdade, eu e seu pai nos apaixonamos assim que nos conhecemos, mas eu estava de casamento marcado com Otton, eu não o amava mas seus avós queriam unir os negócios e fizeram esse casamento arranjado. Sua avó sempre quis ter um clã como família então inventou a loucura de congelar vários óvulos meus... – deu um longo suspiro e prosseguiu -- eu e seu pai ficamos juntos, tentamos lutar contra meu destino, mas seu avô Oscar me ameaçou dizendo que mataria Olávo e o mandou embora, como éramos menor de idade não podíamos fazer muita coisa, e assim me casei com Otton, um mês depois do casamento sua avó com essa loucura de querer um clã contratou algumas barrigas de aluguel e assim foram nascendo seus irmãos, Otton parecia adorar a ideia, mas eu vivia infeliz. Dois anos depois de ter conhecido Olávo, e estando casada, ele voltou agora com 19 anos, estava mais lindo do que nunca -- dizia sorrindo como se estivesse o vendo em sua frente, suspirou e continuou -- ele estava disposto a lutar por nós, mas eu tinha medo do que o pai dele pudesse fazer, então em uma noite ficamos, eu estava carente e o amava, ele dizia que me amava e tudo ia ficar bem, que nada importava e que ele podia criar meus filhos, contanto que estivéssemos juntos tudo ficaria bem, então ficamos apenas uma noite, a noite mais perfeita de toda minha vida, mas no outro dia lembrei-me das ameaças que seu avô tinha feito e tratei de expulsar Olávo de minha vida, disse que foi um erro e que não o queria, disse que me enganei e que dormir com Otton era mais prazeroso.
Todos ouviam o relato sem esboçar nenhuma expressão.
-- Lógico que eu sabia que havia acertado o ego dele, ele era orgulhoso, e vaidoso, apelando para sua vaidade era a única forma de mantê-lo longe para que nada acontecesse. Passou dois meses que ele foi embora, então eu soube que aquela noite de amor -- disse isso e voltou a chorar-- aquela única noite de amor, me resultou você, uma menina linda, loirinha e de olhos verdes... Toda vez que olho pra você me lembro dele, não só porque seu cabelo é loiro, porque o meu também é, mas a cor dos seus olhos é de um verde mais claro que o meu, penetrante como o dele, e o seu gênio é o mesmo dele, sua rebeldia me mostra aquele homem cheio de coragem que queria me tirar da minha infelicidade.
-- Ele sabe da minha existência? -- perguntou Júlia soltando a mão de Caroline que estava calada, e se aproximou mais de onde estava seu tio e sua mãe.
-- Sabe -- disse Otávio -- e acho que está na hora de você ir conviver com ele.
-- Como é? Ele sabe que eu existo e nunca me procurou, e você ainda quer que eu conviva com ele? -- disse incrédula aumentando o tom de sua voz e carregando de ironia -- O que você espera que eu faça, o chame de pai?
-- Júlia eu não queria que ele tivesse contato com você porque tinha medo de te perder e você era a única lembrança que eu tinha dele, então eu o afastei de você, nos seus primeiros anos de vida ele te procurou mas não pode ter contato. – Elisabeth se manifestou
-- Era por isso que até meus 5 anos andava com seguranças?
-- Não só por isso, era por sua segurança, mas também por isso.
-- Você então me afastou dele! -- gritou com lagrimas já escorrendo em sua face.
Caroline se aproximou e a puxou pelo braço a fazendo ficar de frente a ela e dando-lhe um abraço, passou alguns minutos, Júlia estava com os pensamentos a milhão e foi pensando em tudo o que foi revelado, respirou fundo parando de chorar e colocando sua armadura de frieza novamente, saiu do abraço de sua prima enxugando o rosto e virando-se para sua mãe.
-- Você me afastou dele e ele desistiu de mim, não sei o que é pior.
-- Ele te queria por perto Júlia, mas depois de muito tentar ele desistiu por achar que você era feliz -- Otávio disse em defesa de seu irmão -- lembra do vídeo de sua festa de 6 anos, que repercutiu o mundo todo com manchete "A princesinha do papai e mamãe, a criança mais feliz do mundo?" No vídeo você estava no colo de Otton e dizia que o amava muito, que ele era o melhor pai do mundo, Olávo viu isso e achou melhor se afastar.
-- NAO tente defende-lo! -- disse cerrando os dentes e se controlando -- isso não justifica eu era apenas uma criança, não percebia que toda a pose de Otton era apenas encenação, ele só era carinhoso na frente das câmeras.
-- Como meu irmão podia saber Júlia?
-- Não o defenda Otávio, eu não quero ficar com raiva de você também, ele foi um covarde que não lutou por mim -- virou-se e encarou sua mãe -- covarde assim como você que arruinou a sua felicidade e a minha também!
-- Não seja injusta Júlia, a única felicidade que eu arruinei foi a minha, Otton nunca foi carinhoso com nenhum de seus irmãos, te tratava como todos eles, mas você gostava de desafia-lo, ele te assumiu como filha mas suas afrontas o deixavam furioso, mas mesmo assim ele é um bom homem e eu aprendi a ama-lo.
Júlia não acreditava no que ouvia, como uma mulher que acabou de dizer chorando que amava outro homem defendia Otton dizendo que ele era bom? Otton só ligava para ele mesmo e dinheiro.
-- Bom homem? Ele é um ladrão e não ama nada nem ninguém além dele mesmo e dinheiro, e você é uma idiota que diz que aprendeu a ama-lo!
Dizendo isso recebeu um tapa de sua mãe que acertou-lhe em cheio a face.
-- Não ouse falar assim comigo!
-- A partir de hoje eu quero que você esqueça que eu sou sua filha -- disse com a mão no lugar que o tapa lhe acertou, dizendo com ironia -- Hoje a senhora Elisabeth San'Germany, acaba de perder mais um filho.
-- Do que você está falando garota? Você não tem para onde ir e muito menos dinheiro.
-- A senhora não me conhece, eu e meu irmão Paul fizemos um fundo de investimento, quando ele ainda era vivo, então tenha certeza que eu tenho dinheiro, e lugar para ficar não se preocupe. -- disse dando as costas aos demais e indo em direção a casa mas antes de sumir porta a dentro virou-se -- Eu preferia ter morrido no lugar do meu irmão naquele acidente.
-- Não ouse tocar no nome de seu irmão, a culpa foi sua Júlia! -- gritou Elisabeth indo em sua direção e sendo segurada por seu cunhado -- EU TAMBÉM PREFERIA QUE ELE ESTIVESEE VIVO, VOCÊ FOI UM ERRO! E quer saber? A verdade é que eu te afastei porque seu pai depois que eu o mandei embora começou a me perseguir e acabar com meus negócios, e eu nunca te dei atenção por você ser do mesmo gênio que ele, quem deveria estar vivo era meu filho e não você!
Júlia ouviu as palavras de sua mãe e foi em direção ao seu quarto, chegou lá e começou a quebrar tudo que via em sua frente, abriu seu closet e pegou suas malas de viagem e colocou algumas de suas roupas e deixou tudo arrumado, pegou uma mochila com algumas peças, e saiu de seu quarto, encontrou Caroline que a levou para sua casa, seu tio já havia ido.
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-- Filha, me desculpa por não ter te dito nada antes, mas era um assunto de vocês.
-- Está tudo bem tio -- disse sentando-se no sofá com Carol ao seu lado segurando sua mão.
-- Olha Júlia, eu não quero mais mentir e nem omitir nada pra você, eu liguei para minha mãe, e sua avó está vindo para cá te conhecer.
-- Você devia ter me perguntado antes Otávio.
-- Júlia, você sabe que eu te amo, por favor conheça sua avó -- disse Caroline ao seu ouvido ainda segurando sua mão.
Júlia apenas concordou porque sua prima pediu.
No dia seguinte seu olho estava roxo e sua boca um pouco inchada, ela colocou um óculos e foi até a casa de sua mãe, se certificou que nem Otton e Elisabeth estavam então entrou, se despediu dos empregados, a governanta da casa dona Lara tinha uma pose dura mas gostava de Júlia ou como ela dizia "minha menininha", Lara praticamente criou Júlia, eram muito apegadas, como seus pais nunca estavam em casa elas faziam tudo juntas. A governanta foi uma das que mais chorou, mas todos sentiram, pois Júlia os tratavam como pessoas e não como simples empregados como o restante da família fazia.
Pegou as malas pediu que o motorista leva-se para a casa de seu tio. Quando estava na sala para sair encontrou-se com a Victoria namorada de Breno.
-- Oi cunhada -- disse esboçando um sorriso -- bom o Breno não está, mas sinta-se a vontade, eu já vou indo.
-- Eu sei que não está, marquei com ele mais tarde... Júlia espera-- disse segurando-a a mão e indo em sua direção retirando o óculos que ela usava -- como você está?
-- Estava bem até você tocar meu rosto -- disse sorrindo e segurando as mãos de sua cunhada -- Ainda dói Vick, mas eu vou ficar bem.
-- Me desculpe, deixa eu ver isso?
As duas se sentaram-se e Victoria tocou seu rosto com todo cuidado para não machuca-la, tocou devagar seus lábios, notando um clima tenso Júlia puxou um assunto enquanto Vick continuava tocando sua face.
-- Você faz enfermagem não é?
-- Sim -- respondeu sorrindo, continuava com a mão sobre os lábios da loirinha -- seu olho esta roxo, sua boca um pouco inchada mas não chegou a machucar.
-- É eu pensei que tinha perdido pelo menos um dente -- disse rindo.
Victoria se aproximou de sua boca e Júlia paralisou, não imaginava isso, afinal era sua cunhada ali.
-- Júlia faz muito tempo que sinto algo por você, mas você conheceu a Sophia e nem me enxergava, não me dava bola -- disse a sentimentos da boca da outra.
-- Vick, você era minha cunhada -- disse com a voz ficando ofegante -- e ainda é e...
Não conseguiu concluir a frase, Victoria lhe beijou, um beijo cheio de desejo.
Júlia no começo não correspondeu, mas depois se entregou ao beijo, talvez por carência, por tudo que estava passando.
Por um momento chegou a esquecer tudo a sua volta, até que uma voz lhe chamou de volta a realidade.
-- Eu não acredito no que estou vendo! -- gritou Breno na porta -- Você é uma vadia Júlia!
Assim que ouviram a voz de Breno se afastaram.
-- Breno eu posso explicar -- disse Vick se levantando.
-- SAI DAQUI AGORA VICTORIA!
-- Mas Breno. ..
-- Eu disse pra sair! -- gritou abrindo a porta -- depois eu falo com você.
Ela olhou para Júlia que a mesma assentiu com um balançar de cabeça, então saiu.
-- Agora sou eu e você -- disse se aproximando e puxando-a pelo colarinho da jaqueta.
-- Me solta Breno -- disse segurando as mãos do irmão e tentando se soltar -- eu não fiz nada, a sua namorada quem me beijou!
-- E você foi inocente, que não a empurrou? -- disse a jogando no sofá. -- Você correspondeu! Tenho certeza que foi você quem a agarrou, sua sapatão!
-- Eu não fiz nada! -- gritou se levantando -- Você deveria conhecer bem sua namorada, ela me disse que há muito tempo queria ficar comigo mas eu não dava bola por estar com a Sophia!
Ao ouvir as palavras de sua irmã Breno a pegou novamente pelo colarinho da jaqueta e lhe deu um soco por cima do local que seu pai já tinha atingido no outro dia.
Os dois começaram a brigar quando os empregados ouviram a gritaria e o barulho de móveis sendo quebrados correram para ver o que estava acontecendo, assim que avistaram a briga o motorista pegou Júlia que estava por cima de Breno, e o cozinheiro o levantou segurando-o.
-- Você é uma vadia sapatão, eu devia ter deixado MEU pai te matar ontem, porque era isso que ele ia fazer! -- gritou dando ênfase na palavra meu.
-- Cala a boca Breno. -- disse se soltando do motorista -- Está tudo bem, pode me soltar.
-- Não sei de nada? Você além de ser uma vadia é uma sapatão ridícula, uma vergonha para a família, é por isso que ninguém gosta de você, nem mamãe, ontem disse que não queria mais saber de você, e entrou em contato com os advogados para passar sua guarda ao seu novo papai -- gritava ainda tentando se soltar e dizendo com ironia a última palavra.
-- Eu não preciso ficar ouvindo essas besteiras, não ligo para o que sua mãe faz ou deixa de fazer, faça bom aproveito de sua digníssima família... participar de uma família assim é vergonhoso.
-- SUA VADIA, SAPATÃO!
-- Seus xingamentos são tão vastos não é? Só sabe esses Breninho? -- disse rindo com deboche e indo em direção a porta.
-- SUA ASSASSINA! MATOU NOSSO IRMAO, FOI SUA CULPA -- gritou sabendo que atingira em cheio sua irmã, então disse logo em seguida voltou a dizer pausadamente -- ASSASSINA!
Logo em seguida em fração de segundos Júlia correu em direção a ele acertando um soco em seu nariz causando uma fratura, e sendo segurada pelo motorista novamente para se afastar.
-- Sua puta quebrou meu nariz! -- gritou de dor pondo sua mão no nariz que sangrava.
-- Você nunca mais fale do meu irmão, você não sabe o que aconteceu -- disse entre dentes, e se soltando das mãos do motorista. -- pode me soltar seu Josias, eu não vou mais perder meu tempo aqui.
-- Menina venha comigo para você se acalmar e a Lara dá uma olhada no seu olho, está sangrando -- disse Josias o motorista.
-- Nao é necessário, não preocupe a Lara, eu já vou indo, cuidem-se e qualquer coisa entrem em contato comigo tudo bem? E não esqueça das malas por favor... Adeus Josias, seu Giorgino. -- despediu-se do cozinheiro e o motorista e saiu.
Foi até a garagem e pegou sua moto, e foi a caminho da casa de sua prima.
-- Carol! -- gritou ao entrar, então percebeu que tinha visitas -- me desculpe, não sabia que tínhamos visitas.
Se deparou com uma senhora de cabelos brancos meio loiros muito bem vestida e bonita, aparentava ter seus 60 e tantos anos, seus olhos eram de um azul claro penetrante e doce. A senhora pareceu lhe avaliar por uma fração de segundos assim como ela também o fez, e após terminar a senhora estampou um enorme sorriso familiar.
-- Muito prazer, me chamo Cecília -- disse estendendo a mão, e assim que recebeu o cumprimento da jovem, concluiu -- Cecília Sampaio Lancaster.
Júlia que ainda segurava a mão de Cecília ao ouvir o sobrenome Lancaster lembrou-se do que seu tio falou sobre sua família, levantou de leve a sobrancelha a encarando. Não acreditava que aquela senhora era sua avó, ainda não estava preparada para conhece-la.
-- Você deve ser a Júlia não é? -- perguntou percebendo que a jovem estava calada com uma expressão surpresa.
Logo Júlia se recuperou do susto e vestiu sua armadura de ironia e frieza sendo firme.
-- Depende para quem -- disse puxando sua mão do cumprimento -- se for para a senhora não.
-- Vejo que tem bom humor minha jovem -- disse sorrindo da pose da jovem.
Caroline que até então estava calada percebendo a reação de sua prima e sua avó, levantou-se correndo em direção a Júlia.
-- Meu Deus Júlia, o que aconteceu no seu rosto! -- exclamou
Só então dona Cecília percebeu que entre a maçã do rosto da jovem e olho direito estava roxo e sangrando.
-- Não é nada Carol, só um cortinho por causa do soco que levei
-- Mas não estava sangrando quando você saiu.
-- Eu sei, briguei com o Breno em casa por causa que a Victoria me beijou e eu correspondi
-- Ela te beijou? Eu sabia que ela estava afim de você! -- exclamou fazendo uma expressão irritada logo em seguida -- espera ai, você disse que correspondeu, como isso?
-- Correspondi e o Breno viu, me acertou um soco, depois te conto tudo -- terminou de dizer e olhou para Cecília -- algum problema em ter uma neta lésbica senhora Lancaster?
Júlia queria provocar, ver quem era aquela mulher que estava a sua frente, logo pensou que por ser uma senhora iria repudiar tal atitude e lhe dizer que era errado e ia contra os mandamentos de Deus e o ensinamento da igreja mas o que ouviu lhe surpreendeu.
-- De forma alguma Júlia -- disse sorrindo -- o que importa é o amor e não o sex* dele.
Júlia gostou do que Cecília disse. Nunca escondeu sua sexualidade e não era agora que iria esconder por aprovação... esses eram os pensamentos que ocupavam sua mente, mas então ela estava esperando uma aprovação? Já não sabia mais o que pensar e foi tirada de seus pensamentos pela voz de sua avó.
-- Minha filha, é bom irmos a um hospital para verificar isso, seu olho está bem inchado.
-- Depois de levar dois murros de dois homens acho que esse inchaço pode piorar -- disse rindo e tocando o local.
"Por que não rir? Do que adiantaria chorar?" Pensou nessa frase que seu irmão Paul sempre dizia quando ela estava chateada.
Sentou-se em um sofá que possibilitou ficar de frente para a senhora e sua prima ao seu lado limpando seu ferimento.
-- Ai Caroline isso dói!
-- Pensasse nisso antes de corresponder o beijo daquelazinha
-- Ai ai! -- disse se esquivando das mãos de Carol -- chega, está me machucando.
-- Sempre um bebê chorão quando se machuca -- disse emburrada cruzando os braços, mas logo desamarrou a cara pois Júlia lhe fez cócegas e lhe abraçou-- Para sua boba!
-- Ah vem cá, deixa de ser ciumenta minha lindinha.
Dona Cecília observava as brincadeiras das duas com um sorriso enorme, esperou muito tempo para conhecer suas netas.
-- Então Júlia me conte um pouco sobre você? -- demonstrava na voz sua ansiedade -- Você me parece uma garota esperta, me fale um pouco da sua vida... quantos anos você tem, ainda estuda?
-- Tenho 17 anos e teoricamente ainda estudo.
-- Teoricamente?
-- Sim, quando eu tinha 15 anos e estava no primeiro colegial pulei direto para o último ano, fiz todas as provas e já passei de ano, porém eu sou obrigada a comparecer as aulas até o término -- disse revirando os olhos -- acho que precisam ter certeza que eu aprendi.
-- Então estou conhecendo uma gênia?
-- Não senhora, não sou gênia e nem autodidata, tudo que sei aprendi com Lara, nossa governanta, eu ficava mais com ela durante toda minha vida e ela é muito esperta -- disse com um sorriso -- ela é incrível, e eu pensei que eliminando as matérias me veria livre da escola, mas me enganei.
-- Devo agradecer a essa mulher então que tomou conta de minha neta e a ensinou. Me fale um pouco sobre ela.
Júlia estampou um sorriso enorme do qual Cecília gosto, percebendo assim que Júlia tinha um enorme apreço por essa mulher de quem lhe falava.
-- Dona Lara é uma mulher muito inteligente, ela tem seus 40 e poucos anos, é como se fosse minha mãe, me criou educou e brincava comigo, os empregados são como minha família, porque a verdadeira família San'Germany só é feliz e perfeita em frente das câmeras. -- terminou com magoa na voz.
-- Eu sinto muito Júlia...
-- Não sinta! -- exclamou a cortando pois não queria ouvir desculpas -- sua família tem grande parcela de culpa nisso tudo, o seu filho tem, mas também se tivesse o conhecido antes daria no mesmo.
-- Tenho certeza que não minha neta, nós teríamos sido uma família pra você, eu teria te dado carinho, e hoje eu quero compensar isso.
-- Não se dê ao trabalho senhora, eu já cresci e sei me virar sozinha, infelizmente pela lei preciso continuar sob a guarda de algum "adulto" pelo que aconteceu tempos atrás, mas não será por muito tempo já que farei 18 anos logo... e sobre o assunto de ter me dado carinho não é necessário sempre tive carinho de Lara e os outros que trabalhavam na casa.
-- Eu entendo Júlia -- disse com pesar -- bom temos que arrumar suas malas, partimos amanhã cedo, e se quiser podemos comprar tudo novo.
-- Partimos? – perguntou franzindo as sobrancelhas.
-- Sim, sua mãe entrou em contato com nossos advogados para passar a sua guarda ao seu pai, então vim lhe buscar, adianto que não abrimos mão de conviver com você – disse de forma suave mas ainda assim autoritária.
Júlia respirou fundo ficando em silencio por alguns segundos, olhou para sua prima, e a mesma apertou sua mão como se estivesse lhe dando um conforto, então colocou sua armadura e disse olhando para a senhora a sua frente.
-- Dona Cecília eu não quero nada que venha da senhora e sua família, acho melhor deixarmos claro desde já que eu não estou indo por vontade própria e sim porque sou obrigada -- disse encarando sua avó então prosseguiu com a voz firme -- eu não quero nada de vocês, e não quero conhecer seu filho, mas já que serei obrigada não pense que irei trata-lo como pai ou que queira qualquer aproximação, pois isso não é a realidade.
Cecília ouviu cada palavra da jovem e gostou da sua pose destemida e sua armadura de frieza no olhar, e firmeza na voz, estava feliz em conhece-la e ver que herdou o gênio da família Lancaster. Estava mais do que nunca disposta a conquistar a jovem.
-- Tudo bem filha, já imaginava essa sua atitude -- estampou um sorriso -- só arrume suas malas então pois partimos amanhã.
-- Eu nem comprei as passagens e também preciso procurar meu passaporte.
-- Não é necessário Júlia, vamos no meu avião particular, acho que você não sabe, mas é herdeira de diversas empresas pelo mundo, somos a maior empresa no ramo de vinhos, sou dona de diversos hospitais espalhados pelo mundo, um deles é o que meu filho, o seu tio Otávio trabalha...
-- Dona Cecília como já disse não quero nada que venha da sua família, não quero que me trate como sua herdeira, e gostaria de poder ir de avião com uma companhia usando meu passaporte.
Cecília não pensou que Júlia seria tão dura, qualquer um ficaria feliz com tudo isso que sua família possuía, mas ela parecia ser diferente, era muito orgulhosa.
Já a jovem ficou admirada com tudo o que sua avó falara, mas não queria nada deles, apenas iria por estar sendo obrigada, mas logo voltaria e procuraria um emprego.
-- Tudo bem minha filha, mas compre a passagem agora para amanhã cedo, quero você lá o mais rápido possível.
-- Tudo bem, Carol você pode comprar pra mim não é?
-- Claro, eu vou lá no quarto comprar suas passagens no primeiro vôo -- disse se retirando.
Cecília pediu licença e também se retirou do recinto, deixando Júlia com seus pensamentos "isso não vai ser fácil, não quero uma nova família, e também não quero a antiga -- ria de suas conclusões -- porem essa senhora parece ser muito simpática, fico até com peso na consciência só em pensar em ser rude com ela".
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-- Alô... filho?
-- Falou com ela mamãe? Como ela está? Como ela é? Está feliz em vir nos conhecer? -- dizia do outro lado da linha um empolgado Olávo.
-- Meu filho ela é linda, bem mais linda pessoalmente, tem os cabelos loiros como os da mãe e os seus, e os olhos em um tom de verde quase igual ao seu, um olhar penetrante, e é geniosa assim como você.
-- Mamãe ela deve ser linda, mais do que nas fotos que já vimos. -- Olávo era só sorrisos, estava empolgado para conhecer sua filha.
-- Tenha certeza que sim filho, mas como disse ela tem um gênio muito forte, típico da família Lancaster -- disse sorrindo e ouvindo o riso do filho do outro lado então concluiu -- Ela é orgulhosa e já disse que não quer nada quem venha de nós e nem que a tratemos como nossa herdeira.
-- Mas ela é uma de nós, é minha filha e nossa herdeira!
-- Eu sei meu filho, mas também é muito orgulhosa, e deixou claro que não quer aproximação de nós e não nos considera sua família, só está indo por ser obrigada.
Olávo estava chateado com que sua mãe dizia, pensou que sua filha ficaria feliz em conhece-los e se animaria em ser herdeira da grande fortuna da família, gostaria que ela os ajudasse nos negócios... mas o que esperava? Até ontem eram desconhecidos pela jovem. Foi tirado de seus pensamentos por sua mãe.
-- Meu filho, temos que conquista-la aos poucos, logo ela vai tirar a armadura, tenha paciência.
-- Tudo bem mamãe, quando vocês vem? -- disse com uma leve tristeza na voz.
-- Partimos amanhã cedo, mas ela quer ir em avião de alguma companhia comum.
-- O que?! -- estava indignado nem isso sua filha aceitaria? -- Isso é loucura, ela tem que vir com a senhora!
-- Meu filho, deixe ela ir do jeito que achar melhor, o importante é que ela estará ai amanhã, então mande verificar como estão as coisas para a nossa chegada.
-- Tudo bem mamãe, eu preciso desligar para adiantar alguns afazeres da demanda de vinhos pois amanhã quero estar em casa para a chegada da minha filha.
-- Tudo bem filho, até amanhã.
Despediram-se e Cecília via o quanto seu filho estava empolgado em conhecer sua neta porem sabia que iria ser travado uma guerra entre Pai e filha por perceber o gênio de Júlia que parecia não acatar ordens, já Olávo não gostava de ser desobedecido.
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Na mansão Lancaster
Olávo estava em uma ansiedade sem limite, nem Amanda estava aguentando ficar ao lado do padrasto.
-- Amandinha, minha filha é linda você precisa ver, mamãe disse que ela tem o mesmo olhar que o meu e a postura da família -- dizia aos sorrisos.
-- Posso imaginar Olávo, você já me mostrou fotos dela, realmente é uma menina bonita. -- disse concordando com o padrasto mas não estava animada de ter uma desconhecida em sua casa.
-- Ela tem a sua idade Mandinha, acho que vocês vão se dar super bem, não é ótimo?
-- Claro, mal posso esperar -- disse com ironia a qual Olávo nem percebeu.
-- Bom eu vou lá ver como está a decoração do quarto dela -- disse beijando a testa de Amanda -- mal posso esperar para ter minhas duas garotas nessa casa.
Amanda era filha de Regina, esposa de Olávo, na época tinha apenas 9 anos quando sua mãe se casou. No começo não gostava de Olávo, achava que ele queria tomar o lugar de seu pai, o começo da relação dos dois foi conturbado, a jovem era muito ciumenta com a mãe, mas depois de muito tentar conquistou o coração da criança e desde então a trata como sua filha.
Era ruiva, seus olhos na cor âmbar claro aproximados a um amarelo, lembrava a cor que gatos possuíam. Uma pele branca clara, boca rosada de um sorriso branco e perfeito, 1,60 de altura.
Amanda por mais que quisesse negar estava morrendo de medo e ciúmes de Júlia, tinha medo de perder o carinho de seu padrasto, e já tinha decidido que não daria chances de conhecer a loirinha.
-- Dona Amanda telefone para a senhorita -- disse uma das empregadas.
-- Obrigada Amélia. -- foi até o aparelho e o pegou se dirigindo até seu quarto -- Alô?
-- Oi Amandinha meu amor, como você está?
-- Estou bem e você Rachel? -- disse sorrindo pois já sabia que ela queria alguma coisa.
Rachel era sua melhor amiga, uma amizade colorida quando queriam. Era uma moça muito bonita, seu pai era um político renomado, tinha a pele branca e cabelos castanhos claros, olhos castanhos claros, 1,68 de altura. Aproveitava da influência de seu sobrenome para fazer o que quisesse, não pensava duas vezes antes de pisar em alguém, adorava balada e aproveitava de sua beleza para ter quem quis-se nas suas mãos, nisso ela e Amanda era iguais, gostavam de ter quem quisessem.
-- Estou bem mas com saudades
-- Saudades? Hum, sei... me diz o que você quer?
-- Ai credo Amanda! Eu realmente estou com saudades tá? -- falou com uma falsa indignação -- está bem, eu realmente quero alguma coisa.
-- Está vendo? Eu sabia! -- exclamou se jogando na cama sorrindo -- o que você quer?
-- Quero te convidar para sairmos amanhã, vai ter uma balada muito boa, e eu estou afim de curtir.
-- Rachel eu até queria ir, mas amanhã chega a filha de Olávo e ele quer que estejamos todos da família para recebe-la e bla bla bla.
-- Hum... amanhã então chega a princesinha que vai tomar a sua coroa -- disse rindo para irritar sua amiga.
-- Ai Rachel não enche!
-- Ei eu estou brincando, calma... bom já que amanhã você não vai comigo passo domingo ai para conversarmos.
-- Tudo bem, tenho que desligar preciso ver se Olávo não está enlouquecendo todos da casa com sua ansiedade.
-- Tudo bem vai lá, até domingo gatinha beijo.
-- Beijo.
********××××××********
Já passava de 02:00 da madrugada e Júlia não conseguia dormir, rolava de um lado para o outro na cama, se cansando de tentar saiu para andar pela casa de seu tio, ficou um tempo na varanda olhando para o céu e imaginando como seria a sua vida daqui pra frente.
" O que vai ser de mim agora, em um país diferente, com pessoas que eu nem conheço?"
Foi tirada de seus pensamentos pela presença de alguém sentando ao seu lado.
-- Não consegue dormir?
-- Não, e nem a senhora pelo jeito
-- É realmente não -- disse Cecília sorrindo pela resposta que recebeu -- mas o meu motivo é ansiedade, já o seu não parece ser o mesmo.
-- Tem razão, estou pensando o que vai acontecer daqui pra frente.
-- Olha Júlia não quero que pense que quero exigir algum direito como sua avó, não quero te obrigar a nada apenas quero conviver um pouco com você, te conhecer.
-- Dona Cecília é difícil pra mim, até ontem eu não sabia da existência de vocês, e hoje ganho uma avó e um suposto pai.
-- Eu sei minha filha, mas nos dê essa chance -- disse pegando a mão da jovem -- acho que você vai adorar o Brasil, seu tio me falou que você fala muito bem o português.
-- Não tão bem quanto eu queria -- disse sorrindo -- o que aprendi foi com a Lara e Josias, nosso motorista, eles eram de lá, e sempre me ensinavam algumas coisas, depois de um tempo comecei a aprender um pouco mais pela internet, e também fiquei por lá durante 4 meses em um acampamento quando tinha 14 anos, mas confesso que ainda me enrolo com algumas palavras e seus significados.
-- Por que não entrou em um curso?
-- Não sei, acho que tive medo de minha mãe pensar que os empregados estavam me influenciando, e eu não podia perde-los, eram o que eu tinha mais próximo de uma família.
Dizia com o olhar perdido no nada, Cecília sentia a mágoa que carregava na voz e queria mudar os sentimentos dessa menina, gostaria de lhe dar uma família de verdade, mas pra isso teria que conquistar seu espaço no coração de Júlia, e era isso que ela faria.
-- Júlia eu queria pedir desculpas novamente, sei que isso não vai apagar seu passado, mas podemos mudar isso daqui pra frente -- disse apertando as mãos de sua neta -- eu quero te mostrar o que é uma família de verdade, quero que saiba que pode contar comigo.
-- Eu vou dormir dona Cecília, até amanhã -- disse se levantando e puxando suas mãos -- boa noite.
Saiu o mais rápido que pode, estava com lagrimas nos olhos e não queria que sua avó visse seu estado, achava que chorar na frente dos outros era sinônimo de fraqueza, e isso era o que ela menos queria, ela tinha que ser forte, precisava demonstrar ser forte mesmo não sendo, só assim se manteria inteira e evitaria que as pessoas pisassem em si.
Foi para o quarto abriu a porta de vagar e deitou-se na cama por baixo dos lençóis, e sussurrou baixinho.
-- Carol está acordada?
-- Oi tigrinha -- disse com a voz sonolenta -- não consegue dormir?
-- Não, posso dormir aqui com você?
-- Claro -- disse deitando de barriga para cima -- vem cá, me abraça.
Júlia a abraçou escondendo seu rosto no pescoço de sua prima, Caroline a envolveu com seus braços e afagou seus cabelos, sabia que estava sendo difícil. Escutou um suspiro forte de Júlia e sentiu algumas gotas de lágrimas no seu ombro então quis quebrar o clima brincando.
-- Espero que isso no meu ombro não seja baba
-- Me desculpa, não é baba -- disse levantando seu rosto para enxugar as lágrimas que desciam pelo seu rosto.
-- Eu estou brincando amor, fica aqui, não me importo -- disse puxando sua prima para a mesma posição anterior.
-- Ai Carol só de pensar que você não vai estar mais por perto já me dá um aperto -- disse se entregando a um choro compulsivo, e falou entre soluços -- não vou mais poder dormir assim agarradinha com você, e quando eu fizer besteiras quem vai segurar minha mão e dizer que tudo vai ficar bem?
-- Ei para, não fala assim linda, isso não é para sempre, daqui a 6 meses você faz 18 anos, e eu posso te ver quando eu quiser, não pense que eu vou te abandonar -- disse apertando-a mais e a afastou para olhar nos olhos de Júlia e fingiu um tom de ameaça -- E sou eu que vou continuar fazendo tudo isso com você me entendeu? Não ouse encontrar uma brasileirinha lá para me substituir está me ouvindo?
-- Claro que não sua boba, você é única, ninguém pode te substituir -- disse sorrindo entre lagrimas.
-- Acho bom, agora vem, deita aqui e descansa as 8 horas sai o seu vôo.
-- Você vai me levar até o aeroporto não é? -- disse ainda afastada olhando os olhos da prima.
-- É claro, você acha que eu iria perder uma cena clichê dessas de despedidas em aeroportos? Ainda mais com uma loira gata dessas, se bobear ainda te beijo na boca para deixar aquele povo com inveja -- disse sorrindo puxando-a pelo braço para se aconchegar em seu peito.
Júlia riu da sua prima e a abraçou forte deitando com a cabeça encostada no peito, recebendo um beijo de boa noite na cabeça. Adormeceu com um sorriso nos lábios e algumas lagrimas nos olhos, Carol tinha esse poder de tranquiliza-la.
Amanheceu e Cecília teve que ir mais cedo que o vôo de sua neta por umas complicações na pista de decolagem. As 7 horas da manhã Carol acordava sua prima com diversos beijinhos pelo seu rosto, assim que Júlia acordou ainda sem abrir os olhos puxou sua prima para deitar-se ao seu lado a abraçando forte.
-- Anda tigrinha você vai se atrasar.
-- Carol me deixa dormir mais um pouco e fica deitada aqui comigo -- a puxou mais para si e encaixou seu nariz no pescoço de Caroline lhe causando arrepios.
-- Eu juro que se voce continuar fungando assim no meu pescoço eu te agarro, e você nao vai mais embora!
Júlia sorriu ao constatar que realmente estava causando arrepios em sua prima, e continuou da mesma forma, e ainda beijou seu pescoço e sussurrou em seu ouvido.
-- E o que está esperando para não me deixar ir?
-- Ai Júlia... Júlia
Júlia começou a desferir beijos no pescoço de Carol, e soltando sua respiração no ouvido da mesma arrancando-lhe pequenos gemidos e aumentando a excitação de ambas, colocou a mão por dentro da blusa de Caroline e passou seus dedos de leve sobre a pele arrepiada, levantando devagar sua camisa.
-- Não, não, não! -- exclamou Caroline saindo do contato das mãos de Júlia -- quer me deixar louca?
-- Até parece que você não quer também Carolzinha.
-- Júlia se isso acontecer você vai se atrasar mais ainda! E outra você sabe como fica toda manhosa e preguiçosa depois do sex*.
-- Não fico nada! -- exclamou de forma indignada, mas sabia que era verdade.
-- Júlia San'Germany levanta agora dessa cama, senão eu não te levo ao aeroporto!
-- Nossa como você está chata hoje -- disse jogando-lhe um travesseiro.
-- Estou mas você me ama, agora vai levanta já são 07:10, você tem 20 minutos pra se arrumar.
Saiu do quarto deixando Júlia suspirando, não pelo fato de não ter trans*do com sua prima, porque sempre que acontecia era extremamente prazeroso, Caroline era selvagem na cama e Júlia adorava aquele jeito dela.
Seu suspiro era mesmo de medo, medo do que viria pela frente, levantou-se e foi ao banheiro tomar seu banho e se arrumar.
Saiu do banho, escolheu uma calça jeans preta bem colada que valorizava seu corpo e curvas definidas pelos anos de muay thai que praticava para aprender a se defender das confusões que arrumava nas farras que se metia, mas não exagerava no esporte, apenas aprendera a bater e manter sua barriga sequinha. Escolheu uma camisa social camuflada, a qual dobrou as mangas até o meio de seus antebraços, colocou um tênis e pegou sua jaqueta preta de couro e foi encontrar sua prima na sala.
-- Ual! -- exclamou vendo Júlia descer as escadas -- Você se superou tigrinha.
-- Carol não exagera, vou ficar com vergonha.
-- Eu adoro te ver vermelha -- disse pegando a jaqueta de sua prima que estava em suas mãos e a ajudando se vestir, puxou-a pela gola e deu um beijo em seu pescoço -- agora sim minha motoqueira.
-- Está certo, agora vamos?
Se despediu de seu tio, pediu para que qualquer coisa entrasse em contato, ele lhe tranquilizou dizendo que ficaria tudo bem e caso ela precisasse também entrasse em contato.
A caminho do aeroporto ambas seguraram as lagrimas, Caroline não queria piorar a situação, já Júlia queria se demonstrar forte e fingir que estava tudo bem.
Ao chegarem se abraçaram forte e ficaram por um tempo naquele contato, nenhuma das duas dizia uma só palavra, então ouviram o anúncio do vôo de Júlia.
-- Acho que chegou a hora -- disse a loirinha saindo do abraço de sua prima -- Você não vai me abandonar não é?
-- Lógico que não -- disse enxugando as lagrimas que já escorriam pelo rosto de Júlia -- Ei tigrinha nada de chorar por favor, você tem sorte da sua maquiagem ser prova d'agua.
-- Você sempre sabe me arrancar sorrisos não é? Vou sentir saudades -- disse sorrindo pelas graças de sua prima.
-- Linda é por pouco tempo, e assim que der eu vou te visitar eu prometo.
Ouviram mais uma chamada para o vôo.
-- Eu preciso ir, eu te amo gatinha -- disse Júlia dando um beijo no rosto da morena.
Ao fazer menção de se afastar para seguir a sala de embarque Caroline a puxou pela mão colando seus corpos e lhe dando um beijo cheio de carinho e desejo o qual foi correspondida, o beijo foi se aprofundado, com Carol a puxando pela nuca, então se afastaram para respirar.
-- Eu também te amo tigrinha, se cuida e qualquer coisa me liga, e se arrumar uma namorada lá não esqueça que eu tenho que aprovar -- disse sorrindo.
-- Você é louca sabia? -- disse com um sorriso no rosto -- está todo mundo olhando.
-- Não me importo, não posso mais me despedir da minha prima? -- disse com tom de inocência.
-- Você é doida.
-- Sim e você me ama! eu disse que ia te dar um beijo digno de cinema, agora vai.
Se despediram com mais um abraço e Júlia foi para a sala de embarque, alguns minutos depois se encontrava dentro do avião segurando suas lagrimas.
********××××××********
Cecília chegou na mansão Lancaster e foi recepcionada por Olávo e Amanda, já que Regina ainda estava em uma viagem de negócios que não conseguiu adiar.
-- Cadê a sua neta Cecília? -- perguntou Amanda enciumada.
-- Ela está vindo em outro vôo, não precisa ficar enciumada Mandinha, tem vovó Cecília pra todo mundo. -- disse abraçando-a e lhe arrancando sorrisos.
Seguiram para a sala, e ficaram conversando sobre a viagem da matriarca da família, lhes contou tudo sobre o que descobrira de Júlia inclusive que falava bem o português, e que já tinha concluído a escola, só precisava ter presença nas aulas mas não era necessário estudar, fato que orgulhou Olávo.
Fim do capítulo
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