Capítulo 3 Revelações
CAPÍTULO 3: Revelações
Caroline entrou no quarto de Júlia e deitou-se ao seu lado passando o dedo indicador no nariz da prima para acorda-la.
-- Acorda dorminhoca, já esta tarde Júlinha.
-- Caroline, me deixa dormir! -- gritou pondo a cabeça debaixo do travesseiro e resmungando. -- hoje é sábado!
-- Não senhora, anda Júlia San'Germany levanta agora ou eu jogo água em você! E hoje não é sábado.
-- Está bem, estou levantando -- disse sentando. -- a onde vamos?
-- Bom, hoje tem a reunião de sua família para tratar dos assuntos da empresa e...
-- Sem chances eu não vou! -- cortou sua prima.
-- Eu sei bobinha, até parece que não te conheço, e por esse motivo eu vim te convidar para ir ao shopping comigo, antes que toda sua família levante e exija sua presença -- concluiu estampando um largo sorriso.
-- Como sempre você me salvando, é uma gênia -- disse a abraçando e beijando seu rosto-- vou pro banho já volto.
Assim que saiu do banho foram rumo ao shopping e 30 minutos após terem saído, a família começou a ir para a mesa tomar seu café da manhã.
Depois da conversa que o pai de Caroline teve com Elisabeth, ela decidiu incluir a jovem novamente nos assuntos da família, pelo menos disso ela faria parte.
-- Cadê a Júlia? -- perguntou Elisabeth, aos filhos que estavam na mesa.
-- A menina Júlia saiu com a Caroline, faz pouco tempo dona Imperatriz -- respondeu uma das empregadas.
-- Eu não acredito nisso! -- gritou e logo em seguida atendeu seu celular.
-- Não sei porque se surpreende, essa garota não quer saber de nada -- disse Otton.
-- Não vou poder comparecer a reunião hoje -- informou Elisabeth segurando a mão de seu esposo e olhando para os filhos. -- Otton irá ficar a frente da mesa hoje, por favor qualquer coisa me liguem.
-- A senhora não pode faltar! -- uma de suas filhas se manifestou aflita, Rebecca.
-- A avó de vocês me ligou e eu preciso ir até lá resolver alguns problemas, mas o pai de vocês vai ficar me representando, algum problema Rebecca?
-- Não mamãe. -- disse abaixando a cabeça.
A reunião começou por volta do meio dia, todos os irmãos exceto Júlia, se encontravam na sala de reuniões com as pastas contendo os balanços da empresa e informações das produções e lucros. Otton estava no comando da reunião, todos seus filhos escutavam e analisavam os balanços até que começou as manifestações.
-- Parece que tivemos grandes lucros no mês passado -- disse Luciano.
-- Isso se deve a interferência do papai aos negócios -- exclamou Lorena orgulhosa.
-- Parabéns ao papai -- disse Daniel batendo palmas seguido de Lorena, Luciano e Breno. -- Parabéns senhor Otton, nosso Imperador
Otton sempre gostou de bajulação, coisa a qual estava acostumado a receber de seus filhos que estavam presentes na reunião, estava com um sorriso de orelha a orelha estufado como um pavão.
-- Obrigado, que bom que reconhecem que tivemos lucros. -- agradeceu.
-- Lucros? -- indagou Rebecca que até então permanecia calada, e obteve o olhar de todos a sua direção. -- Nós tivemos um grande desfalque na produção, e o pior de tudo é que houve um roubo do salário dos novos contratados do departamento de fabricação e...
-- O que está querendo dizer Rebecca? -- Otton a interrompeu levantando-se a apoiando as mãos sobre a mesa a encarando com um olhar intimidador.
-- E-eu -- gaguejou sentindo o olhar gélido de seu pai.
-- Bom, se entendi bem, e acho que sim -- tomou a palavra Bryan que até então estava calado, mas que já sabia de tudo que Rebecca tinha dito. -- Rebecca quer dizer que roubaram a empresa.
-- Como isso é possível? -- perguntou Daniel
-- Alguém que tem acessos as nossas porcentagens, utilizou dos 15% da Júlia e os 5% de Paul, e como nenhum deles comparecem a empresa, não notaram o uso indevido de suas ações. -- Rebecca explicou percebendo que Bryan também havia notado o mesmo que ela.
-- O que está insinuando garota? -- Otton já estava vermelho de nervoso e praticamente gritou a pergunta.
-- Não estou insinuando nada, apenas estou dizendo o que está claro nos arquivos.
-- Mas somente papai e mamãe possuem acesso livre as porcentagens de nossas ações. -- respondeu Lorena.
-- Isso só pode ser loucura sua Rebecca, você se drogou? -- foi a vez de Luciano.
-- Não estou drogada Luciano, e não é loucura está tudo nos balanços, se vocês estudarem verão que o que digo é verdade -- olhou para Bryan como se pedisse apoio e o mesmo assentiu com um balançar de cabeça positivo. -- agora para sabermos o que houve devemos aguardar nossa mãe voltar de sua viagem.
Otton não acreditava no que ouviu, em como Rebecca tinha o afrontado, estava desconcertado e muito vermelho então vociferou
-- Como ousa a duvidar de sua mãe ou de mim? -- disse se aproximando e dando um tapa na face de Rebecca que não esperava por isso e de imediato levou uma mão até seu rosto quente com o tapa e o olhou com lagrimas nos olhos. -- A REUNIAO ACABOU!
Todos olharam a cena do tapa chocados, mas ninguém ousou desafia-lo, todos sabiam como seu pai agia quando contrariado e seus castigos nunca eram leves, todos o temiam, nunca nenhum deles o questionará até então. Este papel era de Júlia, que eles brincavam entre si ser a ovelha negra da família, tanto da aparência que era muito diferente dos demais quanto de suas atitudes rebeldes e de afronta.
Assim que disse que a reunião havia acabado Rebecca foi a primeira a se levantar e sair seguida dos outros, na sala só ficaram Luciano e Otton.
Júlia já estava na mansão San'Germany e não encontrou ninguém em casa, apenas os empregados. Sentou-se na sala e ficou assistindo televisão, tinha marcado de sair mais tarde com Caroline novamente. Deitou-se no sofá quando viu Rebecca passar correndo com a mão no rosto e subindo as escadas em direção ao quarto, nunca a viu assim, era sempre doce e quando chegava em casa e esbanjava sorrisos, adorava implicar de um modo carinhoso com Júlia.
A forma que ela entrou intrigou a loirinha, que decidiu ir atrás de sua irmã.
-- Rebecca você está bem? -- disse segurando a maçaneta, mas não obteve resposta só podia ouvir um choro abafado -- Becca posso entrar?
-- Me deixa sozinha Júlia --gritou em meio a soluços e afundando a cabeça no travesseiro.
-- Becca conversa comigo, o que aconteceu linda? --perguntou de forma carinhosa e novamente ouviu somente um choro mais forte -- Eu vou entrar.
Disse abrindo a porta e indo em direção a cama onde Rebecca continuava com a cabeça enterrada no travesseiro, sentou-se na beirada da cama e acariciou o cabelo de sua irmã.
-- O que aconteceu Becca? -- disse pondo sua mão no ombro para que se virasse. -- o que houve princesa?
-- Ele me bateu -- disse se virando e recebendo o abraço de Júlia, se ajeitou deitada abraçada a sua irmã.
-- Ele quem?
-- O papai -- voltou a chorar escondendo seu rosto no peito de Júlia. -- bateu no meu rosto.
-- Ei, por que ele fez isso? -- disse parando de fazer o cafune e puxando o rosto de Becca -- deixa eu ver isso.
-- Ele se irritou por que eu afrontei ele na reunião.
-- Vem comigo até a cozinha por gelo pra não ficar inchado, e você me explica toda essa história -- disse pegando com uma das mãos a mão de sua irmã, enquanto a outra ainda segurava o queixo de Becca avaliando o estado.
Foram até a cozinha, Júlia deu água a Rebecca e pegou um pouco de gelo pondo sobre o lado da face atingido e secando as lagrimas que caiam, aqueles olhinhos chorosos estavam partindo seu coração, levou Becca até o sofá deitou-a com a cabeça no seu colo, e esperou que se acalmasse para lhe contar o que tinha acontecido.
Assim que Rebecca relatou o que tinha ocorrido na reunião Júlia ficou irritada com Otton, não por ele ter mexido em sua parte das ações, ficou sim indignada ao saber que as usou para roubar, mas o que a irritou foi a agressão contra sua irmã.
Ficou fazendo carinho nos cabelos de Becca e lhe dizendo que ia ficar tudo bem até que sua irmã adormeceu, e ela ficou velando seu sono.
Otton saiu da empresa transtornado com a afronta, ligou para Elisabeth pedindo que ficasse na fazenda com os pais dizendo que a mesma precisava descansar, Elisabeth achou estranho esse pedido do marido e perguntou se estava tudo bem, se preocupou com Júlia, e Otton lhe assegurou que estava tudo bem inclusive seus filhos, tornou a dizer que era só preocupação com sua esposa que andava muito estressada, ela concordou e se despediram.
Ele chegou em casa bufando e foi logo em direção de Rebecca a mesma acordou assustada, ele então a puxou pelo braço e Júlia interveio a puxando de volta, mas Otton lhe deu um empurrão a fazendo perder o equilíbrio e cair no sofá. Otton pegou Rebecca e levantou sua blusa a virando de costas e com um chicote que ele mandou fabricar para as suas corridas de cavalo, bateu nas costas de Rebecca cortando onde o chicote tocava.
-- Você vai aprender a nunca mais me questionar e nem me desrespeitar sua insolente! -- gritou. Deu três chicotadas na quarta Júlia já tinha levantado e puxou Rebecca, nesse ato a quarta chicotada pegou no braço esquerdo da Becca.
-- Você está louco? -- gritou empurrando o pai e colocando Becca atrás de si.
Breno e Bryan entravam na hora em que seu pai acabará de chicotear Rebecca no braço e viram que ela estava sangrando e chorando, só saíram do choque quando Júlia o empurrou, Otton foi pra trás com o empurrão mas avançou em direção delas e foi detido por Breno e que o segurou por trás e Bryan se pôs a sua frente.
-- Para pai está machucando-a! -- gritou Breno ainda segurando-o
-- Me solte ou sobrara pra você também!
-- Chega pai! -- gritou Bryan pondo a mão no peito de seu pai e o empurrando para trás -- Júlia leve Rebecca daqui.
-- Peça para a empregada levar um chá e água agora ao meu quarto Bryan.
Pegou Becca pela mão e levou até seu quarto e trancou a porta, Bryan fez o que ela pediu, no quarto Júlia olhava os cortes produzidos pelas chicotadas, estavam sangrando e sua irmã não parava de chorar então a abraçou com cuidado para não machuca-la e sentou-se na cama com Becca agarrada a ela.
-- Me desculpa princesa, me desculpa -- repetia afagando os cabelos morenos de sua irmã que estava agarrada a ela soluçando entre o choro desenfreado. -- anjo vai tomar um banho para que eu possa ver isso melhor
-- Não Júlia vai arder -- a olhou com os olhos chorosos, parecendo uma criança.
-- Eu sei meu amor mas precisa limpar isso, está sangrando sujando tudo, vem eu te dou banho devagar vai arder só um pouco.
Levou Becca até o banheiro de seu quarto e a despiu com cuidado, e ligou o chuveiro, pode ver sua irmã tremendo e não soube identificar se era de dor, frio ou medo de arder, a pegou pela mão e a colocou no boxe em baixo da água morna, assim que Rebecca sentiu a água por seus cortes fez uma careta de dor e lagrimas rolaram de seu rosto, e foi pior assim que Júlia passou o sabonete por seu corpo limpando as feridas.
-- Ai! -- exclamou chorando mais -- tá doendo Júlia.
-- Eu sei bebê, já vai passar eu já acabei -- disse tirando o sabão e pegando a toalha, secou com cuidado o corpo de Becca a qual gritou assim que secou os ferimentos -- Desculpa, vou pegar uma roupa no seu quarto pra você vestir.
-- Não me deixa sozinha! -- exclamou.
-- Não precisa ter medo anjo, ele não tem a chave do meu quarto, eu vou e você se trancar e só abre pra mim ok? -- Becca assentiu com a cabeça.
Júlia foi até o quarto de Rebecca e antes de entrar ouviu a voz de sua mãe e seu pai.
-- O que faz aqui Elisabeth, não tínhamos combinado de você ficar hoje com seus pais?
-- Não consegui, precisava vir pra minha casa, aconteceu alguma coisa Otton?
-- Não, está tudo bem.
-- Onde estão meus filhos?
-- Lorena saiu com o namorado e disse que não janta conosco, o restante estão em seus quartos.
-- Perfeito chame-os e ligue para Lorena e exija sua presença aqui em 15 minutos, irei ver como está o jantar.
Júlia ouvirá toda a conversa entre eles e então entrou pegou uma peça íntima, uma camisa longa para sua irmã e uma calça de moletom e retornou a seu quarto encontrando a empregada com o chá e a agua, colocou a roupa em baixo do braço e pegou a bandeja.
-- Becca sou eu, abra.
-- Você demorou -- disse destrancando a porta e ajudando a pegar a bandeja.
Foram até a cama e sentaram Becca colocou a roupa intima e sua calça, Júlia a ajudou com a camisa.
-- Demorei porque estava ouvindo a conversa de Otton e Elisabeth, mamãe está em casa, podemos contar o que aconteceu e...
-- Não Júlia! -- a interrompeu -- não quero que conte nada.
-- Como não Rebecca? -- estava indignada.
-- Por favor não fale nada.
-- Mas Becca...
-- Por favor Júlia, não quero que conte nada.
Julia não concordava com essa atitude mas assentiu com a cabeça, então foram chamadas para jantar, desceram e se sentaram a mesa junto dos outros irmãos, Lorena já havia chegado e estava com uma expressão irritada por sua mãe ter a obrigado a voltar para casa.
Elisabeth sentou-se a cabeceira da mesa, ao seu lado esquerdo estava Daniel, depois vinha Rebecca, Breno e Lorena ao lado direito ao seu lado era vago mas sempre tinha um prato que representava o lugar de Paul, depois vinha Júlia que ficava de frente a Rebecca, ao seu lado Bryan e por fim Luciano e Otton na outra cabeceira.
Todos sentaram-se a mesa em completo silêncio, Rebecca ao se sentar fez uma leve careta de dor, e Júlia a encarava, não acreditando que ela não contaria nada a sua mãe, então o jantar seguia com conversas de amenidades nos assuntos que Elisabeth puxava. Rebecca não participava da conversa e nem Júlia, Elisabeth estranhou o fato de Becca estar calada já que ela era sempre tagarela.
-- Rebecca minha filha, você está bem?
-- Sim mamãe -- disse olhando seu pai que lhe lançou um olhar ameaçador -- só um mal estar passageiro, não se preocupe.
-- Como não me preocupar? -- disse levantando e indo em direção a Rebecca -- o que está sentindo?
-- Nada demais mamãe, só estou um pouco enjoada -- disse e prendeu a respiração assim que sua mãe verificou com uma das mãos se estava com febre e com a outra colocou no antebraço machucado.
-- Não está com febre -- disse retirando a mão de sua testa.
Todos sabiam o que havia acontecido e estavam calados e Júlia não aguentava aquela situação então resolveu falar
-- Não está com febre mas esta sangrando! -- Rebecca a olhou assustada e antes que pudesse dizer qualquer coisa completou -- olhe o braço dela a onde a senhora tocou.
Elisabeth não entendeu e quando olhou o braço da filha se assustou pegando-o e levantando sua blusa.
-- O que aconteceu Rebecca?
-- Nada mamãe, com licença já terminei -- disse se levantando da mesa e olhando para Júlia com raiva por ela ter dito aquilo.
Assim que se levantou e virou-se Elisabeth percebeu que as costas de sua filha perto da cintura também sangrava, o sangue tinha molhado sua camisa por ela ter encostado as costas na cadeira.
-- Rebecca suas costas também estão sangrando, me diga agora o que aconteceu!
-- Não aconteceu nada mamãe! -- disse voltando a caminhar para se retirar da sala de jantar, Otton quando viu que ela não diria nada ficou mais relaxado e bebeu sua taça de água.
-- Nada Rebecca? Chega de fingimento! -- Júlia gritou, chamando a atenção de sua mãe e seus irmãos, seu pai se engasgou com a água e não acreditou que ela diria algo -- Aconteceu que seu digníssimo esposo bateu na sua filha com o chicote que ele usa para bater em seus cavalos!
Rebecca não acreditou que Júlia falou em alto e bom som o que havia acontecido e pelo choque parou de andar, alguns de seus irmãos fecharam os olhos e balançaram a cabeça em forma de negativa, pois sabiam que estaria para estourar a terceira guerra mundial. Otton se levantou e encarou Júlia que também ficou de pé.
-- Como disse Júlia? -- Elisabeth perguntou sem acreditar que ouvira bem.
-- Isso mesmo que a senhora ouviu, seu marido bateu na sua filha com o chicote de cavalo, porque ela o questionou na empresa.
-- CALE-SE! -- gritou Otton vermelho.
-- Me calar Otton? Por que não conta a ela o que você fez, e melhor ainda o por que fez? -- desafiou encarando-o nos olhos.
-- JA FALEI PARA SE CALAR SUA INSOLENTE!
-- Não, eu não vou me calar! O que foi? Só faz essas coisas por de trás de sua esposa?
-- Otton por que fez isso?! -- Elisabeth disse alterada saindo da mesa e indo em direção a Rebecca e puxando a camisa para ver os cortes, Rebecca tentou se soltar da mão de sua mãe mas esta foi rápida e viu os cortes e dessa vez gritou -- POR QUE FEZ ISSO OTTON?
Otton parecia ter perdido a fala e de vermelho ficou branco como se tivesse visto um fantasma, Rebecca então saiu das mãos de sua mãe e correu em direção da sala para poder ir ao seu quarto, estava com ódio de Júlia, mas parou quando ouviu sua mãe gritar para que parasse com autoridade que há tempos não usava desde a morte de Paul. Elisabeth saiu da sala de jantar sendo seguida por Júlia e Bryan.
-- Eu perguntei por que Otton fez isso! -- exclamou novamente impaciente.
-- Já que todos iram permanecer calados inclusive Rebecca e Otton então eu direi -- Júlia disse assim que chegou na sala onde sua mãe segurava o braço de Rebecca exigindo respostas.
Assim que Otton ouviu que Júlia iria contar a Elisabeth o que acontecerá correu a sala.
-- Cala a boca Júlia! -- gritou Becca.
-- Não Rebecca, chega! Ele bateu nela porque ela descobriu que alguém estava roubando a empresa com minhas ações e as do Paul
-- É mentira! -- Otton gritou indo em direção a Júlia e a pegando pelo braço -- cale essa boca sua bastarda!
Elisabeth estava tão atordoada com o que Júlia havia falado que nem ouviu as palavras de seu esposo a sua filha, só viu a cena de Júlia puxando seu braço e gritando algo que ela não conseguiu entender, então virou-se a Rebecca
-- Por favor me diga a verdade.
-- O que Júlia falou é verdade mamãe, eu só...
Não pode terminar pois seu pai já estava ao seu lado e a puxou pelo braço e lhe deu um tapa que fez sua boca sangrar, a cena toda foi tão rápida que Elisabeth ficou em choque e todos os filhos que já se encontravam na sala. Júlia foi a mais rápida e antes que Rebecca levasse outro tapa segurou o braço de seu pai, o qual o mesmo se virou para ela e seu olhar era de puro ódio, então também lhe desferiu um tapa em seu rosto.
-- Você não passa de uma encrenqueira, uma assassina! -- gritou cada palavra e sua última atingiu Júlia em cheio.
-- Eu não sou assassina foi um acidente!
-- Um acidente provocado por sua culpa! -- Otton estava mais vermelho que antes. -- Você é uma BASTARDA!
-- OTTON! -- gritou Elisabeth saindo do choque vendo aquela cena toda.
-- Do que você está falando? -- Júlia já estava nervosa e ria mas sem achar graça de nada, era um riso involuntário e debochado o qual deixou Otton mais irritado. -- está ficando louco, ou já acabou com seu vocabulário de ofensas?
-- É isso mesmo que você ouviu sua vadia, você é uma bastarda! -- Elisabeth novamente gritou com ele e pediu para que se calasse mas ele continuou -- maldita a hora que aceitei você como minha "filha" eu devia ter feito a puta da sua mãe te abortar!
Júlia escutava aquela revelação atônita, nunca imaginou isso, sabia que era diferente fisicamente de seus irmãos e no temperamento mas nunca lhe passou pela cabeça que não pudesse ser filha deles.
-- O que foi? O gato comeu sua língua? -- provocou Otton vendo que a conseguirá lhe atingir.
-- E-eu não sou filha de v-vocês? -- perguntou gaguejando um pouco ainda pelo efeito da informação.
-- Você não é MINHA filha! lembra-se da vez que pedi para que me chamasse pelo nome? Obvio que você não se perguntou do por que, apenas pensou que eu não gostasse de você, sentimental e burra como seu pai! -- disse debochando -- e terminando de responder sua pergunta, você não é minha filha, mas é da puta da sua mãe, entendeu ou quer que eu desenhe?
Dito isso, e xingado novamente sua mãe Júlia avançou para cima de Otton e lhe acertou um soco no nariz fazendo jorrar sangue, este então a derrubou no chão e lhe deu dois socos no rosto, um que pegou na boca e outro no olho direito, tão forte que chegou a sangrar perto da maçã do rosto, Júlia ainda lhe deu um soco no abdômen o qual ele retribuiu com mais intensidade por estar por cima.
Júlia fez aulas de luta durante anos mas naquele momento esqueceu-se de tudo. Os irmãos que agora estavam em choque observando a cena e absorvendo toda a informação foram ajudar sua mãe que tentava puxar Otton de cima de Júlia.
Nessa hora chegou Victoria namorada de Breno e Caroline que havia combinado de sair com Júlia, e presenciaram Breno, Bryan e Daniel puxando Otton segurando-o, e Luciano levantando Júlia e também a segurando-a pois esta queria ir para cima de Otton.
Elisabeth e Rebecca foram ver como Júlia estava e Caroline também se aproximava tentando entender, Luciano a soltou indo ajudar a segurar Otton que gritava e tinha acertado um soco no nariz de Breno que foi socorrido por sua namorada o pondo sentado em uma poltrona.
Lorena viu na hora que Luciano soltou Júlia e a segurou com a ajuda de Caroline que ainda não estava entendendo nada.
-- Eu vou acabar com você sua bastarda vadia! -- Otton gritava ainda tentando se soltar.
-- Você não é homem suficiente, precisa de muito ainda -- dizia gritando de volta completamente descontrolada -- anda, vem!
Caroline ligou para seu pai pedindo que ele fosse o mais rápido possível e explicou o que viu.
Rebecca, Carol e Lorena continuavam a segurar Júlia e Elisabeth tentava olhar os machucados no rosto da filha. Seguranças tiraram Otton da mansão com a ajuda de seus filhos.
O efeito dos socos no rosto de Júlia e a revelação, estavam vindo agora. Estava ainda de pé quando ficou tonta e foi segurada por Lorena e Caroline, as vozes já não estavam claras, tudo o que ouvia era distorcido e sua visão foi escurecendo.
-- No sofá, ponham ela no sofá -- Elisabeth gritou indo ajudar as meninas que a seguraram.
Passou alguns poucos minutos até que acordou com cheiro de álcool, a visão foi clareando e ainda turva balançava a cabeça piscando até ver normalmente.
-- Tigrinha como você está se sentindo? -- perguntou Carol acariciando seus cabelos, tirando sua franja da testa.
-- Carol -- foi a única coisa que disse, recuperando a consciência lembrou de tudo o que aconteceu.
-- Filha você me assustou, eu pensei que tivesse se machucado -- disse segurando o queixo de sua filha para olha novamente o olho atingido pelo soco.
-- Não toque em mim Elisabeth! -- alterou a voz tirando a mão de sua mãe de cima de si.
-- Júlia, eu...
-- Quando iria me contar?! -- gritou se sentando.
Então todos avistaram Otávio pai de Caroline entrando no recinto.
-- Elisabeth eu preciso conversar com você agora. -- disse a puxando pelo braço e levando-a em direção do jardim.
-- Carol fique um pouco com a Júlia que eu vou ir ver como o Breno está e ajudar a Rebecca a se limpar.
-- Fica tranquila Lorena, eu vou ficar com ela.
Lorena saiu da sala junto de Rebecca, deixando para trás uma Júlia amargurada com tudo o que aconteceu.
-- Vem cá, vem -- disse Carol sentando-se ao lado de Júlia e a envolvendo em um abraço carinhoso onde Júlia se permitiu chorar. -- vai ficar tudo bem meu amor, pode chorar eu estou aqui com você, vai tudo ficar bem tigrinha.
Fim do capítulo
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