Clara entrou em seu apartamento ainda sem acreditar no que estava sentindo... Um misto de alegria e dor.

- Só pode ser castigo, gostar dela. É uma pessoa maravilhosa, linda, mas eu... – Ao mesmo tempo em que procurava uma justificativa para não gostar de Sarah, só encontrava o oposto.

Abriu a geladeira, já eram quase oito e meia da noite, não estava com pique pra sair, na verdade gostaria de ter ficado mais na casa de Sarah, de olhá-la, mesmo que discretamente. Ouvir sua voz, sua gargalhada. Não tinha pique para bancar a caçadora. Pegou uma long neck de cerveja, sentou-se no sofá, estava pensativa:

- Meu Deus, onde fui me amarrar. O que fazer com todo este sentimento agora?

Pegou  uma taça de vinho, largou a long neck de lado, decidira se dedicar a beber naquela noite, para comemorar sua primeira paixão arrebatadora e ao mesmo tempo não correspondida. Não era muito propensa a bebida. Por isso, sentia-se mole muito rápido.

Lembrou-se do sábado anterior, chegara do serviço ainda na dúvida se iria a um barzinho onde Sarah comemoraria o aniversário ou se entregaria o presente depois. Lá estariam amigos de serviço dela, parentes e possivelmente o cara com quem ela estava saindo.

Decidira não ir, porém lembrou-se da insistência de Sarah, para que ela fosse “Se não for ela ficará muito magoada comigo”.

Vestiu-se de uma forma light, já que havia sido anunciada que seria uma festa tropical.

Ao chegar notou que a casa havia sido reservada para o aniversário de Sarah, havia cerca de 40 pessoas. Pensou que nem seria notada pela anfitriã, quase desistiu. Ao vê-la num vestido branco, simples, porém que a deixara linda. Parou. E não teve coragem de desperdiçar a chance de olhá-la mais uma vez. Avistaram-se e o sorriso de Sarah se abriu, dissipando qualquer vontade de voltar pra casa, que Clara pudesse ter.

- Pensei que não viesse.
- Feliz aniversário!!!

Abraçaram-se demoradamente.

- Você é a melhor coisa que já me aconteceu. – Clara deixou escapar tomada de um sentimento arrebatador e ao mesmo tempo novo.
- Que declaração, Clara. Estou emocionada!!! – Como desejava que esta declaração se estendesse ao campo amoroso da amiga.

Sarah recepcionou os demais convidados, mas sempre que podia corria para perto de Clara, conversavam, riam, se divertiam. No fundo o que Sarah tinha receio era de Clara ir embora. Não queria ficar longe, não naquele dia, tão importante pra ela.

Os convidados aos poucos foram indo embora, estavam num clima de lual. Convidaram Sarah pra dançar e Clara acompanhou toda a cena, era encantadora.

Só restaram as duas no recinto, no rosto de Sarah, havia uma felicidade estampada.

- Dança comigo? – Queria ter aquele corpo desejado junto ao seu.
- Dançar? Não sou tão boa assim. Você dança tão bem! – Clara ficou momentaneamente sem saber o que fazer. Será que se controlaria ao ter aquele corpo próximo ao seu?
- Vem?

Clara foi puxada por Sarah, e dançaram ao som de Planeta Vênus de Pepeu Gomes. Foi uma cena mágica para ambas que tinham as mesmas intenções ocultas. Por um triz não se beijaram, ambas tentaram com esforço enorme pensar na amizade.

Clara voltou a si, com o toque da campanhia, estava um pouco zonza, por efeito da bebida.

- Sarah? – Clara estava surpresa. Será que era ela ou já o efeito do vinho em sua corrente sanguinea?
- Oi, vim ver se está mesmo bem. Saiu lá de casa tão estranha. – Sarah já se sentia no limite. Não aguentaria ver a amiga apaixonada. Mas, precisava saber se a havia perdido sem ao menos tê-la.
- Entra. – Clara sentou-se no sofá e Sarah no outro.
- Você está sentindo alguma coisa? – Cuidadosamente sondou o terreno.
- Estou. – Duas lágrimas desceram pela face de Clara. Neste momento Sarah pressentiu o pior. Sua suspeita estava confirmada ela havia se apaixonado. Com um esforço brutal, sentou-se na mesinha de centro, ficando muito próxima de Clara.
- Estou aqui pra te ajudar, pode contar comigo. – Passou a mão pelo rosto da amiga que se mostrava completamente fragilizada.
- Estou apaixonada, Sarah. E não sou correspondida.

Sarah via seu sonho escorrer por entre seus dedos. Queria gritar para Clara, que somente ela a faria feliz, mas como o fazer sem estragar a amizade?

Olharam-se em silêncio por um bom tempo. Os corações de ambas estavam disparados.

“Eu não quero continuar sendo sua amiga se começar a namorar. Acho que não suportaria”.

Com este pensamento, Sarah tomou a iniciativa. Aproximou-se de Clara e segurando-lhe o rosto beijou-lhe os lábios ternamente. Sentia o coração acelerado. O beijo ainda era tímido.

Clara não esperava por aquilo e recusou o toque, pois era tudo tão novo pra ela.

- Não, não sacrifique a sua sexualidade por um momento de carência meu.
- Não estou sacrificando nada, porque eu quero. – Ambas estavam ofegantes... De repente uma coragem vinda ainda não se sabe de onde, fez com que Sarah partisse para um beijo mais intenso, que acendeu as duas mulheres que estavam na sala.

Sarah desceu seus lábios até a altura do decote de Clara,ali passou a língua por todo o colo a mostra de sua amada que sentiu um latejado forte entre as pernas. Com as mãos, esta segurou o rosto de Sarah e a beijou apaixonadamente. Foram para o quarto, despiram-se entre gemidos e beijos. Clara deitou Sarah, e fora beijando cada parte de seu corpo que se contorcia num prazer intenso que demonstrava o quanto esperara por aquilo. Esta buscou forças e virou o jogo, foi por cima prendendo as mãos de Clara, na cama com suas próprias mãos, mostrando que dominaria o jogo do inicio ao fim. Ch*po-lhe os seios com paixão, delirando ao ouvir os gemidos de Clara. Beijou-lhe cada parte, única. Ao chegar a seu sex*, Clara tentou pará-la, pois ninguém havia explorado seu corpo daquela forma. Encontrou uma Sarah determinada, que nem ligou para sua tentativa de protesto e continuou. Lambeu-lhe, sugou-lhe e penetrou-lhe com a língua. Para seu prazer, via Clara se contorcer e perder toda a resistência, se entregando ao prazer de unir corpo e alma. Subiu até sua boca e se beijaram, se esfregaram, estavam quase lá. Clara retribuiu o prazer, mas Sarah ainda dominava a situação, penetrou Clara com dois dedos, e esta mesma quase foi à loucura, gritou, entraram juntas à reta final daquela prazerosa viagem. Quando por fim, Clara fechou os olhos anunciando que o orgasmo estava por vir, Sarah estava atenta e sussurrou em seu ouvido:
- Abra os olhos – ela obedeceu e se olharam intensamente em meio a gemidos – seu prazer agora tem dona, e esta dona sou eu. – Se beijaram e atingiram o primeiro ápice com um beijo molhado.

Exploraram seus corpos até o início da madrugada. Nenhuma palavra fora dita, nem esboço de conversa a ser iniciada... As palavras se mostravam desnecessárias naquele momento. Estavam exaustas, a ousadia, a descarga elétrica, o desejo há muito contido, o amor ainda não declarado fizeram com que as duas amigas ficassem esgotadas. E, Sarah aninhou-se sobre o corpo de Clara, aos poucos suas respirações foram acalmando. Ainda se beijaram mais uma vez, logo depois Clara adormeceu com Sarah grande parte do corpo de Sarah sobre seu corpo.

Fim do capítulo