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Palavras ao Mar por Dy Elbe

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Palavras: 4711
Acessos: 2232   |  Postado em: 00/00/0000

Capítulo 9

Capítulo 17: Um fim de semana em família

 

 

 

Acordei com batidas na porta que a principio tentei ignorar. No entanto elas foram se tornando cada vez mais insistentes e antes que derrubassem a porta ou acordassem a Lívia ou o Lucas, fui até lá tropeçando nos móveis da sala.

 

- Bom dia! – disseram o Pedro e a Fernanda juntos.

- Isso é hora de bater na porta dos outros? – perguntei mal humorada.

- Deus ajuda quem cedo madruga! - falou a Fernanda animada abrindo a cortina da sala. – Que milagre que seu apartamento está arrumado!? – ela perguntou admirada.

 

De fato, não havia nem percebido, mas estava tudo limpo e no lugar, não havia um brinquedo sequer do Lucas na sala, ou na varanda, nem louça suja, aquilo deveria ter sido a Lívia, com certeza.

 

O Pedro foi até a geladeira buscar uma jarra de suco, enquanto a Fernanda já havia se instalado numa espreguiçadeira da varanda.

 

- Posso saber a que devo a honra de visitas tão ilustres tão cedo assim? – perguntei com sarcasmo voltando a me jogar no sofá.

- Viemos para um sábado em família. Todos vêm: o Armando, convidei também a Márcia e a Cátia disse que ia tentar dar uma passada. Vamos comemorar a recuperação da sua bela adormecida.

- Vocês podiam ter ligado antes. – reclamei. – Não sei se o clima aqui em casa está muito para comemorações.

- Mas como assim!? A Lívia acordou depois de dias dormindo. Você finalmente vai ter uma chance para conquistá-la. Temos muito que comemorar! – falou animada.

- Para de falar besteira, Fernanda!

- Hoje é meu aniversário. – falou o Pedro envergonhado.

- Eu... – não estava lembrando de verdade do aniversário do meu amigo.

- Tudo bem. Achei que você não ia lembrar mesmo, com a cabeça cheia de coisas. – ele falou constrangido.

- Isso não é desculpa. Vem aqui. – abracei meu amigo bem forte desejando todas aquelas coisas boas que sempre desejamos em aniversários.

- Então querida, como pode perceber, temos muitos motivos para comemorar! Acho bom você ir conversar com a sua patroa e dizer que hoje vocês têm visita. E avisa a ela também que estamos loucos para conhecê-la, se bem que eu já a vi, mas quero conversar com ela, saber como  é, se vale a pena mesmo você investir! – disse a Fernanda piscando um olho para mim.

- Eu juro que se você não calar essa matraca eu te jogo lá embaixo. A Lívia está no quarto ao lado e você falando esse monte de besteiras.

- Opa!

 

Mas numa coisa a Fernanda tinha razão, eu tinha que falar com Lívia porque essa “comemoração de última hora” não estava nos meus planos, ou nos dela. Além do mais não queria forçar nada entre ela e meus amigos, apesar de estarem todos muito animados para conhecê-la. Dei duas batidas na porta do meu quarto e a ouvi dizer:

- Só um minuto.

 

Em menos de um minuto a Lívia abriu a porta de roupão, cabelos molhados e um sorriso.

 

- Bom dia! – ela cumprimentou.

- Bom dia. – respondi meio boba ainda com tanta beleza logo de manhã.

- Sua casa amanheceu animada, pra variar. – ela disse entusiasmada.

- Pois é. Era sobre isso que queria falar com você. Meus amigos estão aí e mais alguns devem chegar mais tarde e...

- Se for por mim e o Lucas não tem problema, eu vou sair e posso levá-lo. – ela respondeu de pronto.

- Não, não é isso. Você sempre entende tudo errado. – falei cansada.

- Oh desculpe, então... – ela falou meio sem jeito.

- Bom, meus amigos inventaram uma festa para comemorar sua recuperação, além do mais eles querem muito te conhecer então... Sei que você tem outros planos para o dia de hoje, mas eu queria te pedir que apenas os conhecesse, coisa rápida, depois você pode ir fazer suas coisas. – pedi meio sem graça.

- Não sei, hoje e amanhã são os únicos dias que tenho para achar um lugar para morar. – ela respondeu pensativa.

- É, eu lembro, mas vai ser rapidinho, eles apenas querem te dar um oi. – voltei a insistir, mas esse pessoal também, me coloca em cada uma.

- Bom, seria muita falta de educação da minha parte sair correndo depois das apresentações, quando seus amigos tinham planos de fazer uma “festinha” pra comemorar minha recuperação.

- Não, que nada. Eles vão entender.

- Não, faço questão de ficar. Também quero conhecer seus amigos, conhecer um pouco mais de você. – falou sorrindo.

- Só não vai acreditar em tudo que eles te disserem! – falei animada. Ela iria ficar!

- Hum... isso vai ser divertido! – ela falou de costas pra mim pegando alguma coisa em sua mala.

 

Antes que eu pudesse responder qualquer coisa começou a tocar “Meu Caro Amigo” do Chico Buarque e também comecei acreditar que aquele poderia ser um sábado divertido.

 

- Preciso de um banho! – anunciei abrindo o armário. – Só vou pegar uma roupa aqui e já saio pra você se trocar.

- Nem pensar! Use o seu banheiro, o tempo que você toma banho é o tempo que uso para me trocar. Vai! Vai!

- Com você não tem discussão! – falei colocando a mão na cintura.

- Não tem mesmo, mocinha! – disse ela já me empurrando para dentro do banheiro.

 

 

 

***********

 

 

 

Logo que saí do banho ouvi vozes vindo da sala, mas sem conseguir distinguir exatamente o que falavam. Algum tempo depois ouvi alguém batendo na porta e não demorei para abrir. Era a Julia, com a expressão de alguém que não estava muito a vontade com algo e depois de responder ao meu “bom dia” começou a explicar da pequena reunião que os amigos estavam fazendo, e logo interrompi a fim de deixar a casa livre:

 - Se for por mim e o Lucas não tem problema, eu vou sair e posso levá-lo. – me adiantei.

 - Não, não é isso. Você sempre entende tudo errado. – ela falou coçando um pouco a cabeça, num gesto engraçado.

- Oh desculpe, então... – tratei de me desculpar, porque realmente eu estava sempre interpretando as coisas da pior forma possível.

 

Ela então explicou sobre uma pequena festa que os amigos sugeriram para comemorar minha recuperação, além do fato de quererem me conhecer, o que me deixou lisonjeada, mas mesmo assim ainda resisti um pouco a ficar, ou melhor, a não ir procurar por um lugar, mas no fim acabei cedendo porque da maneira que a Julia pedia eu não tinha como recusar.

 

- Não, faço questão de ficar. Também quero conhecer seus amigos, conhecer um pouco mais de você. – estava realmente curiosa para saber um pouco mais da vida daquela mulher que em tão pouco tempo mudou minha vida.

- Só não vai acreditar em tudo que eles te disserem! – ela falou relaxando pela primeira vez aquela manhã.

- Hum... isso vai ser divertido! – falei já tentando escolher algo para vestir.

 

E logo começou a tocar uma música animada e a Julia anunciou que iria tomar banho, mas como sempre muito educada queria me deixar a vontade no seu próprio quarto, anunciando que apenas pegaria sua roupa e iria para o banheiro social, o que impedi de imediato aproveitando para brincar com ela e quebrar um pouco o gelo entre nós.

 

Eu já estava pronta quando a Julia saiu do banheiro, de roupão, cantarolando a música que vinha da sala.

 

- Acho que agora eu que tenho que sair para você se trocar. – brinquei com ela pegando o colar que “ganhei” na noite anterior.

 

Mas ela nada respondeu, parou onde estava e como estava, num gesto engraçado com a toalha na mão, acima da cabeça, pronta para enxugar os cabelos. Seus olhos estavam vidrados em mim e comecei a achar que tinha algo de errado comigo. Mas em vez disso a Julia disse que eu estava... linda!? Me deixando vermelha de vergonha, o que tentei disfarçar pedindo que ela me ajudasse a colocar o colar que eu ganhei na véspera.

 

Ela colocou o colar com a maior delicadeza possível, seus dedos macios tocando minha nuca de leve, como numa carícia quase imperceptível me fazendo pensar que aquele contato bem que poderia durar um pouco mais. Acho que estava sobre os efeitos colaterais de ter dormido por tantos dias. Ela havia terminado, mas não se mexeu, seus dedos ainda tocaram minha nuca mais uma vez, muito de leve e naquele momento senti um frio na barriga.

 

- Vou deixar você se trocar. – disse meio nervosa, deixando o quarto em seguida, sem me virar em sua direção.

 

Na sala tocava um samba animado e logo vi o Lucas na varanda conversando com uma mulher que estava deitada em uma espreguiçadeira, mas dali não consguia ver seu rosto.

 

- Bom dia! – falou um rapaz alto que estava na cozinha preparando alguns sanduíches.

- Bom dia. – respondi tímida.

- Sou Pedro, amigo da Julia, trabalho com ela também. – ele falou me estendendo uma das mãos que cuidadosamente havia limpado antes com um pano de prato.

- Lívia. – respondi aceitando seu cumprimento.

- Espero que não se importe com a bagunça que queremos fazer por aqui hoje. Foi ideia da Fernanda, mas acabei aceitando porque sempre fazemos isso aqui, ou na casa dela, e é sempre divertido.

- Oh não! Não quero que mudem nada por minha causa, afinal estou aqui de favor.

- Não deixa a Julia te ouvir falar isso. – ele falou sorrindo – Depois que conhecê-la melhor vai ver que tudo que ela faz é de coração e tem horror a essa palavra: favor. Para ela é uma obrigação, ou melhor, até um prazer ajudar quem precisa.

- Tenho percebido.

- Já fiz café e estou preparando uns sanduíches, interessada em algo? – ele perguntou atencioso.

- Acho que vou provar um desses seus sanduíches. Mas agora deixa eu ir ver aquele garotão ali. – falei apontando para onde o Lucas estava.

 

Na varanda o Lucas olhava para o mar enquanto a moça loira lhe contava algo sobre a vida dos marinheiros. Agora eu podia vê-la por inteiro e como era linda, loira, olhos azuis, pernas compridas e bonitas, como todo o seu corpo.

 

- Bom dia. – cumprimentei.

- Bom dia. – ela respondeu atenciosa.

- Bom dia Lívia! – disse o Lucas correndo para vir me abraçar. – Você sabia que tem gente que vive em barcos, sempre viajando?

- É mesmo? – perguntei curiosa.

- Sim! A Fernanda estava me contando, ela tem um amigo marinheiro. Ah! – ele falou como se lembrasse de algo. – Esta é a Fernanda, amiga da Julia, ela é médica de crianças, ela já te conhece, mas você não conhece ela.

- Mas agora conhece. A seu dispor. – cumprimentou Fernanda me estendendo a mão.

- Obrigada. – falei tímida respondendo ao seu cumprimento.

- Mas não fica sem jeito, ela é legal. – falou o Lucas rindo.

- Você também não ajuda! – falei um pouco envergonhada.

- Café da manhã - gritou o tal Pedro da cozinha.

- Oba! – disse o Lucas correndo para lá.

- Crianças. Mas sério, não precisa ficar sem jeito comigo, você vai perceber que somos todos legais. – ela falou com um enorme sorriso.

 

Arrumamos a mesa na varanda e enquanto isso a Fernanda me enchia de perguntas, o que era até divertido, embora no começo eu tenha ficado ainda mais sem jeito. Aos poucos fui me soltando e percebendo que a loira tinha um jeito brincalhão e que estava fazendo aquilo para tirar uma com a minha cara, pois quando perguntei se era isso mesmo ela caiu na gargalhada e confirmou que era tudo uma grande brincadeira.

 

- Mais um pouco e vocês não deixam nada para mim. – reclamou a Julia se juntando a nós.

 

Ela estava diferente do que eu tinha me acostumado a ver, com um rabo de cavalo, uma camiseta mais cavada e um short que não deveria ter mais que um palmo e por isso era coberto pela camiseta. Trocamos um rápido olhar e ela puxou uma cadeira para se sentar ao meu lado.

 

- Como você reclama. – provocou a Fernanda.

- Como você fala. – rebateu a Julia. – Sua voz era a que eu mais ouvia do quarto.

- Sou apenas uma pessoa comunicativa. Estava conhecendo melhor sua hóspede. Você sabia que ela é viciada em café, como você?

- Não, não sabia. – ela respondeu devagar olhando para mim.

- Então acho que vocês é que precisam se conhecer. – ela falou em um tom malicioso.

 

Apenas nos olhamos e ela sorriu antes de dar um beijo no Lucas e voltar a atenção para a comida. A campainha tocou e o Lucas saiu correndo para atender, com a Julia logo atrás. Era a Neide, que trouxera o Josh para o futebol que haviam combinado e também seu marido, que eu mal lembrava o nome.

 

- Esse é Marcos, essa é a Julia. – apresentou à dona da casa.

 

Os dois se cumprimentaram.

 

- Então você é famosa Júlia. – brincou o homem.

- Estou famosa e não sabia. – disse a Julia continuando a brincadeira.

- Você lembra do Marcos, Lívia? – perguntou a Neide vindo me cumprimentar.

- Não muito. – confessei.

- É que eu, como você, trabalho de turno, por isso só nos encontramos umas duas vezes, eu acho.

- Ele vai nos ajudar a procurar um lugar para vocês morarem. – informou a Neide.

 

Olhei para a Julia como pedindo ajuda e ela apenas coçou a cabeça.

 

- Vai buscar aquela bola que compramos com o Josh, lá no seu quarto. – falou a Julia e Lucas logo obedeceu.

- Neide... – comecei a dizer.

- Olha só, tudo bem se você for, posso ficar com os meninos. – ofereceu a Julia, atenciosa.

- Não! – falei impulsivamente.

- Não quer deixar o Lucas comigo? – ela perguntou assustada.

- Não é isso. – respondi cansada, a gente não se entendia – Neide, é que essa amanhã alguns amigos da Julia chegaram por aqui e sugeriram uma pequena “festa” para comemorar minha recuperação. Estava conversando com a Fernanda, seria como um almoço, ou algo assim, e não ficaria bem eu sair e deixá-los aqui.

- Entendo. – ela falou olhando para o marido.

- Eu adoro festas. – ele deu de ombros.

 

A Julia deu um sorriso lindo, mas foi a Fernanda que veio da varanda e falou:

- Então vocês estão convidados.

- Bom... – a Neide começou olhando outra vez para o marido como se perguntasse algo.

- Por mim, não tem problema. – ele falou simpático.

- Então está na hora de começarmos a preparar esse almoço. – sugeriu a Fernanda animada.

- Estamos prontos! – gritou o Lucas vindo do quarto com uma bola na mão.

- Se quiser posso ficar para ajudar com a comida. – falou a Julia com um jeito sapeca.

- De jeito nenhum! Vá brincar com as crianças que estará nos ajudando bastante. – respondeu a Fernanda com uma expressão sarcástica.

- Também quero ajudar! – disse o Marcos.

- Você sabe dirigir? – perguntou a Fernanda abrindo a geladeira.

- Sei, por que? – perguntou o homem confuso.

- Vamos precisar comprar algumas coisinhas, se puder ajudar.

- O que precisarem!.

 

E assim a Julia e o Pedro foram brincar com os meninos. E depois que fizemos uma lista para o grande almoço do dia o Marcos rapidamente foi atrás do que precisaríamos. Eu, a Neide e a Fernanda começamos a colocar a mão na massa. Cada uma de nós faria um prato, que era nossa especialidade. Eu faria um assado de panela, a Neide um strogonoff de frango e a Fernanda faria uma lasanha, além de outras coisas que também pensamos para aquele almoço.

 

No meio da manhã conheci mais um amigo da Julia, o Armando que subiu apenas para nos cumprimentar e depois se juntou a turma do futebol, a qual aquela altura o Marcos também fazia parte. Depois chegou a Márcia, um reforço e tanto para o time da cozinha, embora a Fernanda tenha ficado um pouco mais distraída depois de sua chegada, o que era muito engraçado, pois pela primeira vez no dia pude ver aquela loira folgada sem graça.

 

 

 

********

 

 

 

Aquele dia prometia. E tive essa certeza assim que saí do banho e vi a Lívia mais linda do que jamais havia visto. Estava vestida num vestido branco, com alguns detalhes bordados no decote e na barra do vestido. Os cabelos soltos e secos, acho que ela tinha os escovado ou coisa assim. Eu não conseguia parar de olhar para ela um segundo sequer, acho que paralisei, do jeito que estava espantada com tanta beleza.

 

- O que foi? – ela perguntou olhando para si mesma, para a roupa, para o cabelo, procurando por algo de errado

- Você está linda. – respondi de imediato, ainda abobalhada, o que a deixou vermelha de vergonha.

- Me ajuda com uma coisa? – ela perguntou meio nervosa, sem olhar pra mim.

- Linda mesmo. – repeti ainda mais boba que da primeira vez.

- Obrigada! – ela respondeu nitidamente sem graça. – mas sério, me ajuda a colocar? – perguntou me mostrando o colar que eu e o Lucas compramos no dia anterior.

- Claro. O que achou? - perguntei acordando daquele estado abobalhado.

- Lindo! – ela responde com um sorriso depois me entregou o colar e virou de costas.

 

Com a Lívia tão próxima pude sentir ainda mais de perto o cheiro bom que vinha do seu corpo e de seus cabelos. Não me lembrava de ter feito algo com tanta paciência e delicadeza quanto colocar aquele colar, mas só assim eu podia prolongar mais o contato com aquela pele macia. Eu já havia terminado de colocar a corrente, mas não resisti a um último toque e com as pontas dos dedos percorri parte da sua nunca e logo percebi que ela havia ficado tensa. Ela se afastou rápido, agradeceu, e com a desculpa de deixar com que eu me trocasse, saiu do quarto, sem voltar a me olhar.

 

Enquanto colocava uma roupa leve, porque essa manhã tinha futebol com o Lucas e o Josh ia cantarolando a música que vinha da sala e me sentindo muito feliz. Adorava ter minha casa assim cheia, com meus amigos, com música, além do que o Lucas e a Lívia davam um toque todo especial àquela manhã.

 

Quando a Neide chegou pensei que tudo iria por água abaixo e a Lívia mudaria de ideia, mas ela estava decidida a ficar e para completar, todos se animaram com a ideia de um “sábado em família”.

 

Eu, o Pedro e as crianças passamos boa tarde da manhã jogando futebol. Mais tarde o Marcos e o Armando se juntaram a nós e fomos para o mar só saindo de lá quando a Fernanda veio nos chamar para o almoço.

 

Minha casa ficou pequena para tanta gente. As crianças comeram primeiro e depois todos nos servimos e nos espalhamos pela casa já que não havia lugar para todo mundo na mesa.

 

- Acho que você precisa de uma casa maior, Juliazinha! – sussurrou a Fernanda sentando-se do meu lado no sofá.

- Afinal de contas essa sua ideia de “festinha” não foi de todo ruim. – falei satisfeita.

- Mas agora que a família está crescendo você precisa de uma casa maior. – ela voltou a insistir.

- Engraçadinha. O que você ainda não sabe é que essa festinha acabou impedindo que a Lívia saísse para procurar outro lugar para ficar.

- Mas já? – ela perguntou curiosa.

- Sim.

- Qual é!? Como você espantou a mulher assim tão rápido!? – ela brincou.

- Digamos que ela é um tanto quanto orgulhosa.

- Mas você quer que eles fiquem, certo? – perguntou analisando minhas reações.

- Muito. Olha isso... – apontei ao redor, as crianças que brincavam no tapete, o Armando, o Marcos, a Neide e a Lívia que conversavam animadamente na mesa que foi posta na varanda, o Pedro que recolhia a louça suja.

- A minha casa está cheia, eu estou feliz e quando o dia acabar eu não estarei sozinha. – falei sem deixar de observar a Lívia que ao perceber meu olhar me presenteou com um lindo sorriso.

- Bom, minha amiga, se você não quer que aquela mulher vá embora, você definitivamente precisa conquistá-la.

- Mas... não é questão de conquistá-la, eu... é lógico que ela é linda e... eu só queria que ela continuasse por perto...

- Eu sei que tecnicamente vocês só se conhecem a dois dias, mas vocês tem uma história, existe uma ligação entre vocês como aquelas coisas inexplicáveis que a gente espera a vida toda – falou a Fernanda olhando para a Márcia que saía do banheiro e se juntava a turma da varanda.

- Eu acho que alguns já acharam.

 

Ela logo mudou de assunto e me forçou a ajudar o Pedro com a louça, o que fiz sob protestos.

 

- Você precisa de ajuda? – perguntou a Lívia juntando mais algumas louças à pilha que estava sobre a pia.

- Que nada. Eu dou conta disso aqui.

 

A Lívia cambaleou um pouco, colocando uma das mãos na cabeça e apoiando o braço no meu.

 

- Você está bem? – perguntei preocupada.

- Sim, só um pouco tonta.

- Foi um dia cheio e você ainda está se recuperando, porque não vai se deitar um pouco?  - sugeri.

- E deixar seus amigos aqui? – ela perguntou apertando o meu braço com um pouco mais de força.

- O que foi? – perguntei preocupada, ela já estava visivelmente pálida.

- É só a vertigem que aumentou, estou com um pouco de dor de cabeça também.

- Você passando mal e se preocupando em deixar os meus amigos. Você vai já para cama, isso sim. – falei já levando ela para o quarto.

- É só um mal estar. – ela protestou antes de deitar.

- Meus Deus do céu, nunca vi uma mulher tão teimosa! – falei fingindo impaciência.

- Seus amigos vão dizer que você fugiu da louça. – ela brincou.

- Estou vendo que já fizeram minha caveira para você. – falei sentando na cama, ao seu lado.

- Todos os seus amigos falam muito bem de você. Adorei conhecer todos eles.

- Mesmo eles tendo atrapalhado seus planos?

- Principalmente por isso. – ela falou sorrindo.

- Vou deixar você descansar um pouco. – falei levantando da cama.

- Eu preferia que você ficasse. – ela disse segurando minha mão.

- Agora, com certeza, vão pensar que eu fugi das louças. – falei divertida.

- E não foi!? – ela disse em tom brincalhão.

 

Deitei ao seu lado e a fitei por alguns instantes, enquanto ela fechava os olhos e respirava fundo.

 

- O que você está sentindo? – perguntei preocupada.

- Felicidade. – ela respondeu ainda de olhos fechados e com um pequeno sorriso.

 

E aquela carinha dela me contagiou, sorri junto e brinquei:

 

- Nunca vi alguém passando mal e feliz.

- Pois está vendo agora. E não estou passando mal, só um pouco cansada.

- E feliz? – perguntei feito boba.

- Sim, feliz, como não me lembro de ter estado. E acho que tenho que te agradecer por isso também.

- Já estou enjoada de tanto agradecimento. Pois você deveria estar feliz sempre e sorrir sempre porque você fica ainda mais linda assim. – falei distraída.

- Ok. Dessa vez fui eu que fiquei sem graça. – seu rosto mudando de cor a denunciava.

- Bom, então vou aproveitar o ensejo e voltar para minha pilha de louça. – falei levantando.

- Fica de olho no Lucas, por favor?

- Pode deixar.

 

Falei para o povo que a Lívia foi descansar, pois não estava se sentindo muito bem e todos ficaram logo preocupados, inclusive o Lucas. Porém a Luciana explicou que era normal ela se sentir tão cansada, pois passou muito tempo dormindo e seu corpo ainda não tinha se acostumado com tanto agito. No fim da tarde ainda teve mais praia e brincadeiras e logo que a noite chegou as crianças já estavam derrubadas, cada um em um sofá.

 

- Você pede para a Lívia me ligar quando ela acordar, para combinarmos de como faremos amanhã para irmos procurar um lugar onde ela possa ficar. – pediu a Neide ao se despedir.

- Peço sim, mas ainda acho que não precisa dessa correria toda para sair daqui.

- Ela não quer te dar trabalho.

- Ela é uma cabeça dura, isso sim.

- Tudo bem, confesso que gostaria que eles ficassem um pouco mais por aqui, estão tão bem e felizes, mas mesmo assim, dê o recado.

- Ok. Até mais então. Boa noite para vocês e obrigado por tudo.

- Que isso!? Nós que agradecemos, foi um dia muito divertido, você e seus amigos são ótimos. – falou o Marcos que carregava um sonolento Josh.

- Obrigada. Foi um prazer conhecê-lo, espero que vocês possam voltar numa outra ocasião. – disse estendendo a mão para ele.

- Voltaremos. – disse ele devolvendo o cumprimento.

 

Eles foram os últimos a sair e outra vez o apartamento voltou ao silêncio, como de costume. O Lucas dormia pesadamente no sofá aquele tinha sido um dia e tanto para ele, que se divertiu muito. Era bom vê-lo sorrindo e interagindo com as outras pessoas como qualquer criança da idade dele, embora eu não pudesse nem imaginar as coisas pelas quais aquele garoto já havia passado; eu sabia que não foram coisas boas e por isso estava determinada a fazer com que ele e a sua linda irmã tivessem mais motivos para sorrir. Tirei-o do sofá com cuidado e o coloquei no meu colo, para levá-lo ao quarto e dei de cara com a Lívia que nos observava na entrada do corredor.

 

- Boa noite, bela adormecida. – falei divertida.

- Boa noite, princesa encantada. – ela respondeu com um sorrido.

- Princesa, eu? Acho que você ficou com sérias sequelas dessa sua doença do sono. Vou levar esse mocinho pra cama, já volto.

 

Quando voltei do quarto do Lucas a Lívia estava na varanda, apreciando a bela vista que dava para o mar.

 

- Por que princesa encantada? – perguntei me colocando ao seu lado.

- Digamos que você me salvou da madrasta má. – ela respondeu olhando para mim.

- Mas não consegui impedir que ela fizesse mal a você e ao Lucas. – falei devolvendo o olhar.

- Mas estava lá, quando chamei, digo... – ela deu uma pausa, respirou fundo e continuou - tem uma coisa que você não sabe. Na noite em que aconteceu aquilo ao Lucas eu saí andando por aí, sem rumo, e acabei vindo parar aqui, na praia, porque no fim das contas esse era o único lugar que eu ainda me sentia segura. E mesmo você não estando lá eu sabia, não, eu sentia que poderia contar com você, então antes de adormecer eu pedi com todas as minhas forças para que você estivesse por perto. – ela falou um tanto emocionada.

- Isso é perto o suficiente? – perguntei segurando uma de suas mãos.

 

Ela me olhou por alguns segundos, como os olhos carregados pela emoção, e então me surpreendeu com um abraço.

 

- Isso, é perto o suficiente. – ela respondeu apertando meu corpo contra o seu.

 

 

Um abraço que significava que dali em diante eu não estaria mais só. Nenhum de nós estaria.

Fim do capítulo

Notas finais:

Voltamos! Hoje ainda tem capítulo inédito, aguardem!


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Comentários para 9 - Capítulo 9:
Marie Claire
Marie Claire

Em: 14/04/2016

Faz tanto tempo que espero para saber o que vem depois desse abraço...

Responder

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josi08
josi08

Em: 13/04/2016

Ai ai vc nos mata de saudades....ainda bem que hj tem mais....torcendo muito por essas duas ...que história linda <3

 

Responder

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Mille
Mille

Em: 13/04/2016

Amei a notícia adoro 

Lívia deixa de ser cabeça dura fica na casa da Julia.

Bjus e até o próximo

Responder

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Sem cadastro
Sem cadastro

Em: 13/04/2016

Dy!

Capítulo inédito? Uau! Oba! Viva! Uhu! Iupi! Eba! Bravo!

Que legal! Adoro muito seu romance!

Aguardando ansiosamente aqui!

Beijos!

Responder

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