Minha surpresa foi descobrir meu prazer em tocar Luiza. Foi quase tão intenso quanto goz*r em sua boca, senti-lá goz*r na minha. Ela rebolou na minha língua inexperiente com tanta feminilidade e delicadeza que eu não sabia se conseguiria controlar minha excitação. Eu queria mais, mais e mais. Olhei seus olhos e aquelas estacas que me invadiam a alma estavam lá, pareciam que soltariam fogo. E eu aceitaria qualquer queimadura vinda deles. Senti seu estremecimento e aumentei o ritmo da minha língua até que ela gritou e seu corpo imediatamente relaxou. Me deitei ao seu lado e ela me puxou pra um beijo

-- Você vai dormir aqui hoje. -- Disse quando nossas bocas se afastaram. Enquanto estava na minha cabeça era uma pergunta, mas saiu como uma ordem mesmo.

-- Sim, senhora. -- Fez sinal de sentido com a mão e depois deu aquela risada que fazia meu coração sorrir junto.

O resto da sexta-feira foi assim, só que tivemos que aumentar o volume do som quando Fátima anunciou sua chegada.

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Acordei sábado por volta das 11 e Luiza não estava dormindo mais. Minha ansiedade foi logo acalmada por ver sua mochila e tênis jogados perto da mesa do computador. Me levantei e fui tomar um banho pra acordar. Não tive pressa no banho até lavei o cabelo. Quando saí vesti um macacão jeans curtinho, só com calcinha e top por baixo.

Encontrei Luiza na cozinha com Fátima. Seu cabelo estava molhado e vestia um dos meus blusões e um short coladinho. As duas conversavam e arrumavam a mesa com uma quantidade de comida inacreditável. Sorri divertida com a interação das duas que demoraram a me notar ali. Luiza me viu primeiro.

-- Bom dia, dorminhoca. -- Me deu um beijo no rosto. Sorri pra ela.

--Vejam quantos sorrisos pra uma só manhã! -- Fátima comentou satisfeita antes de completar: -- Licinha, eu avisei a Malu que era muita comida. Mas essa menina é demais, disse que qualquer coisa comia tudo. -- Agora já tinha até apelido, imaginem.

-- Malu? Ah, eu mereço vocês duas! Pode deixar que hoje eu tô com fome! -- Fátima sorriu assentindo como se já soubesse o que viria.

Comemos enquanto conversavamos banalidades e Luiza fez questão que realmente não sobrasse nada. Depois de ajudarmos Fátima com a bagunça, Luiza anunciou que precisava ir. Recebi a notícia como um soco no estômago. Até me dobrei um pouco. Não disse nada e me retirei para o quarto. Antes de entrar no quarto ouvi a voz de Fátima: -- Eu termino aqui, vai lá.

Fiquei sentada na cama, de costas pra porta e ouvi quando ela foi aberta e depois fechada.

-- Amor? -- Fechei os olhos e a palavra de repente era uma rosa. Linda, suave, macia mas lotada de espinhos. Deixei os espinhos pra depois e acariciei a palavra mentalmente. Luiza tinha acabado de me dar a rosa mais bonita do mundo. Não respondi por dois motivos: apesar de estarmos sozinhas, não tinha certeza se era comigo. E segundo não sabia o que dizer.

-- Amor, quero te fazer um convite. -- Seu corpo já estava grudado no meu. Me abraçou por trás e meu corpo me moldou ao seu. -- Um amigo me chamou pra cobrir um membro da banda dele que não vai poder ir, faço isso às vezes. Vamos comigo? Vai ser num bar em Botafogo mais tarde. -- Luiza usou um tom tão doce que se assemelhava aquele que usamos pra negociar com crianças malcriadas.

Me virei pra ela e a beijei profundamente. Quando encerramos o beijo ela me disse:

-- E então? Posso vir te buscar mais tarde? -- Ela levantou as sobrancelhas várias vezes o que a fez parecer um personagem de desenho animado. Não sorrir se tornou impossível.

-- Bom, quem sou eu pra discordar da Malu, não é? -- Seus lábios se repuxaram e minha música preferida começou a tocar.

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Luiza disse que passaria por volta das 20hrs então comecei a me arrumar um pouco depois das 18hrs. Tomei um banho bem demorado, mas sem lavar o cabelo porque queria que ficasse seco e com algumas ondas do jeito que estava. Fiz a primeira parte da maquiagem e, apesar de sentir um pouco de frio, fui na janela olhar o tempo, só de calcinha e sutiã. Me surpreendi com o vento forte e a chuva que caía. Peguei uma das minhas muitas legging pretas, um blusão sem manga,  justo ao corpo estilo futebol americano, e uma botinha preta de amarrar. Vesti e apesar de gostar, achei incompleto. Terminei a maquiagem, caprichando nos olhos. Voltei ao armário e peguei um gorro daqueles grandes que sobram atrás. Pus o gorro arrumando meu cabelo meio ondulado solto. Peguei uma bolsa grande e pus a jaqueta, documentos, dinheiro, chave e fiquei com o celular na mão. Olhei a hora eram 8 e ponto. Sentei no sofá e 5 minutos depois o porteiro interfona. Fui me despedi de Fátima e desci.

Luiza estava falando algo com o porteiro e deu um dos seus sorrisos arrebatadores quando me viu. Me permiti um sorriso de lado, sem mostrar os dentes. Ela me saudou com um abraço apertado. Reparei no seu visual e como sempre ela estava linda. Calça preta bem justa, camisa branca de mangas longas e por cima um colete daqueles que usam por baixo dos ternos, pra completar um all star preto. Seu cabelo claro estava penteado pra trás e a maquiagem forte destacava seus olhos pretos. Suspirei enquanto ia para o carro com a seu lado. Entramos.

-- Você está linda! -- Luiza sussurrou entrelaçando os dedos nos meus e então saiu com o carro.

Chegamos no pub e entramos de mãos dadas. Fui apresentada aos membros da banda um a um. Fui o mais cordial possível. Ainda estava cedo então sentamos numa mesa perto do palco e Luiza pediu duas cervejas. Ela me contava de como tinha começado a tocar com eles, que conheceu através do seu irmão. Seus olhos brilhavam ao falar desse irmão, ele que sempre havia cuidado dela a protegendo dos desmandos da mãe deles. Enquanto falávamos isso, o Guilherme irmão dela, chegou e parou de frente pra nossa mesa. Luiza sorriu me olhando:

-- Amor, esse é o Guilherme. -- Meu coração rodopiava toda vez que me chamava assim.

-- Gui, essa é a Alice. -- Guilherme me sorriu e pude notar a intensa semelhança entre esses dois. O cabelo dele era mais escuro, fora isso eram bem parecidos em seus traços.

Ele se sentou e continuamos a conversa. Luiza contava várias situações que os dois passaram e me fazia rir com suas caretas e versos. Depois foi para o pequeno palco, arrumar os instrumentos e passar o som. Fiquei sozinha com Guilherme e fiz um esforço sobre-humano para parecer normal. Tentava acrescentar nas conversas e sorrir na hora certa. Quando ele começou a contar as travessuras de Luiza enquanto criança, me permiti relaxar e sorrir sem pensar em mais nada. O lugar começou a encher e a banda começou a tocar.

Colei os olhos em Luiza e entrei em transe hipnótico. De alguma forma, ela estava ainda mais linda. Seus olhos estavam as estacas negras que me prendiam aqui. Ela percorria os olhos pelo lugar e sempre paravam em mim. Eles me incendiavam a cada flerte silencioso nosso. Luiza fazia segunda voz em algumas músicas o que me deixava intensamente excitada. Ela cantava de um jeito doce e sexy ao mesmo tempo. A devorava com os olhos e aí então ela piscou pra mim, sorrindo de lado. Como a olhava sem nem piscar acompanhei toda a mudança na expressão de Luiza. O sorriso sumiu e a face se transformou. Luiza estava com raiva de mim? Mas por que? Seu olhar me invadia cruel. Comecei a tremer, senti medo. Eu conhecia bem esse sentimento. Olhei pra ela direito e notei que olhar dela já nao era meu. Seus olhos estavam concentrados em algo a minha direita. Estava tão distraída que não notei uma certa aproximação, mas senti um perfume familiar. Virei a cabeça sem a menor vontade e não me surpreendi ao ver Matheus parado ali.

-- Como você sabia que eu estaria aqui? -- Ele perguntou e sua mágoa transbordou, quase inundou o lugar. Queria me sentir mal, ser humana. Porém, infelizmente eu não me importava. Estava muito ofendida com sua presunção para me preocupar com seus sentimentos.

-- Você acha que estou aqui por sua causa? Ai, Matheus, me poupe! -- Disse quando consegui parar de ri. Gostaria de saber porque ele despertava minha crueldade assim. Tinha algo nessa passividade que me irritava profundamente.

-- E está fazendo o que aqui? Vem, precisamos conversar. Tenho do que você gosta aqui. Vamos esquecer essa bobagem. -- Tentou me puxar dali. Desviei meu olhar pra Luiza e ela nos olhava séria. Li muito bem o recado que ela mandava. Endureci meu corpo evitando que Matheus me arrastasse. Nesse momento, Guilherme, de quem eu já havia esquecido completamente da presença, me entrega uma cerveja.

-- Tá tudo bem, Alice? -- Falou comigo, mas olhos e corpo voltados pra Math.

-- Está sim. -- Puxei minha mão com força e sentei sem olhar pra Matheus. Guilherme se sentou e não sei pra onde minha companhia indesejada foi.

Minha atenção voltou-se para minha ciumenta lá no palco. Ela foi relaxando aos poucos e o vocalista anunciou que a próxima música seria cantada por ela. Algumas mulheres se empolgaram e aplaudiram mais que o necessário. Não liguei, observei Luiza arrumar o microfone e falar algo com os integrantes da banda. Ela me olhou e seus olhos sorriam.

-- Boa noite, galera. Essa música é dedicada a preta de quem não quero perder nenhum detalhe. Pra você, amor. -- Muitas pessoas aplaudiram e gritaram nesse momento. Guilherme assobiou e eu? Eu tentava manter meu coração dentro do peito. Nunca achei que uma coisa tão brega me deixaria tão feliz. Isso era estar apaixonada? Então eu estava completamente apaixonada por Luiza. A voz dela soou suave, porém forte.

"I could stay awake just to hear you breathing
Watch you smile while you are sleeping
While you're far away and dreaming
I could spend my life in this sweet surrender
I could stay lost in this moment forever
Every moment spent with you
Is a moment of treasure

Don't wanna close my eyes
I don't wanna fall asleep
'Cause I'd miss you, baby
And I don't wanna miss a thing
'Cause even when I dream of you
The sweetest dream would never do
I'd still miss you, baby
And I don't wanna miss a thing

Lying close to you
Feeling your heart beating
And I'm wondering what you're dreaming
Wondering if it's me you're seeing
Then I kiss your eyes and thank God we're together
And I just want to stay with you
In this moment forever, forever and ever

Don't wanna close my eyes
I don't wanna fall asleep
'Cause I'd miss you, baby
And I don't wanna miss a thing
'Cause even when I dream of you
The sweetest dream will never do
I'd still miss you, baby
And I don't wanna miss a thing

I don't wanna miss one smile
I don't wanna miss one kiss
I just wanna be with you
Right here with you, just like this
I just wanna hold you close
I feel your heart so close to mine
And just stay here in this moment
For all the rest of time
Yeah, yeah, yeah, yeah, yeah

Don't wanna close my eyes
I don't wanna fall a sleep
'Cause I'd miss you, baby
And I don't wanna miss a thing
'Cause even when I dream of you
The sweetest dream will never do
I'd still miss you, baby
And I don't wanna miss a thing
Don't wanna close my eyes
I don't wanna fall a sleep
'Cause I'd miss you, baby
And I don't wanna miss a thing
'Cause even when I dream of you
The sweetest dream will never do
I'd still miss you, baby
And I don't wanna miss a thing

Don't wanna close my eyes
Don't wanna fall asleep, yeah
I don't want to miss a thing"

Muitas pessoas aplaudiram e Guilherme assobiou mais uma vez e gritou o nome dela. Eu sorria tanto, tanto que até Luiza se surpreendeu. Nesse momento eu sabia o que era felicidade. A felicidade plena sem porque nem pra que. Eu pertencia a ela. Durante todo esse tempo não poderia ter sido feliz porque ainda não a conhecia. Independente de qualquer coisa que viria, Luiza já tinha me dado o maior presente possível. Luiza tinha me devolvido minha vida. A partir desse momento contei os segundos para o show acabar, precisava agradecê-la.

Fim do capítulo