Música do Capítulo - Use Somebody - Kings of Leon
Capítulo 6 - Então não magoa
Acordei calma, com o coração batendo dentro do compasso. Tomei um banho rápido, me vesti com uma calça legging preta, sapatilha e a blusa do uniforme, a qual eu havia cortado as mangas e deixado bem larga. Por baixo um top preto. Fiz uma maquiagem leve, porém marcante. Agora já pronta fui até a cozinha falar com Fátima.
-- Fátima, quando a Cláudia chegar pede pra ela começar pelo meu quarto. E nunca é demais avisar que é só pra limpar. Deixa que eu arrumo. -- Ela me olhou me repreendendo, mas não disse nada. Tomei o leite que ela preparou pra mim e saí da cozinha. Depois voltei já com a mochila e meus óculos escuros em mãos. -- Fá, quando eu voltar quero conversar contigo. -- Já ia saindo novamente quando voltei e disse: -- Ah, bom dia! -- Acrescentei um meio sorriso e notei a surpresa em seu rosto. Não foi um sorriso inteiro, mas definitivamente era melhor que a minha habitual carranca matinal.
O táxi me esperava na frente da portaria. Entraria nele, mas ouvi uma buzina discreta. O sorriso veio e não quis contê-lo enquanto se espalhava espaçoso em meu rosto. Luiza estava encostada em seu carro, pude vê-la retirando a mão da buzina pela janela. Ela estava vestida com o seu sorriso lindo, mas as olheiras estavam lá. Algo me disse que ela não havia dormido bem, mas perdida em meu egoísmo não pensei muito nisso e sim na perigosa velocidade em que meu coração batia. Quando me aproximei, tentava tirar o sorriso do rosto, sem sucesso. Ela me avaliou dos pés a cabeça e pareceu aprovar o que via. Quando a olhei nos olhos, ela notou a surpresa sem que eu precisasse dizer nada.
-- Achei que precisaria de uma carona na escola. -- Disse e observando suas mãos agitadas e o olhar alternando entre o chão e o meu rosto acreditei que ela gostava de mim. E mesmo sabendo que isso só ia complicar tudo, me apeguei a essa ideia e me permiti ser feliz outra vez. Sorri do jeito que só faço pra ela. Minha mão direita se rebelou e pude vê-la levantando e tocando seu rosto, numa carícia tão leve que não parecia eu. Luiza fechou os olhos e respirou pesado. Tirei minha mão e perguntei suavemente:
-- Vamos?
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Depois de chegarmos a escola e entrarmos na sala, Luiza sentou ao meu lado mais uma vez e quando tirei os oculos escuros, ela sussurrou que sentiu falta do meu olhar. Desnecessário dizerr que tremi da cabeça aos pés. No intervalo quando fomos comer algo, Eduarda sentou-se conosco e ficamos conversando sobre a escola. Depois as aulas seguiram seu curso assim como o que aconteceu depois. Luiza foi até meu apartamento. Dessa vez não teve como escapar de Fátima que ficou tão feliz por eu trazer uma amiga que me fez parecer uma daquelas nerds de filme americano dos anos 90.
Quando finalmente consegui arrastar Luiza para o quarto, meu coração se acalmou, mas ainda assim sentia que precisava conversar com Fátima. Liguei o som e dei minha mochila a Luiza para que ela pegasse meu caderno e apostilas. Ela assim o fez e sorriu sombriamente quando ouviu a música que estava tocando. Parecia ter esquecido da minha presença e de quem era. Ali não estava a Luiza que conheci essa semana. Mas reconheci duas estacas negras de uma sexta-feira que parece ter acontecido há séculos. Percebi que Luiza também tem seus demônios.
Use Somebody
"I've been roaming around
Always looking down at all I see
Painted faces, fill the places I can't reach
You know that I could use somebody
You know that I could use somebody
Someone like you, and all you know, and how you speak
Countless lovers under cover of the street
You know that I could use somebody
You know that I could use somebody
Someone like you
Off in the night, while you live it up, I'm off to sleep
Waging wars to shake the poet and the beat
I hope it's gonna make you notice
I hope it's gonna make you notice
Someone like me
Someone like me
Someone like me, somebody
Someone like you, somebody
Someone like you, somebody
Someone like you, somebody
I've been roaming around
Always looking down at all I see" Kings of Leon
A observei por alguns instantes e pela primeira vez quis que estar longe dela. Saí do quarto sem nada dizer pois achei que ela não ouviria. Fui até a cozinha e não encontrei Fátima. Fui até seu quarto e bati na porta. Fui convidada a entrar e assim o fiz. Sentei na cama já que minha “governanta” estava em sua máquina de costura reparando alguma peça de roupa. A olhei bem fundo e tentei lembrar de alguma fase da minha vida em que ela não estivesse, não lembrei de nada. Me dei conta de que se eu pudesse gostar de alguém, gostaria dela. Talvez a amasse.
-- O que aconteceu no dia em que minha mãe morreu? -- Não consegui ser menos incisiva.
-- Eu sabia que um dia me faria essas perguntas, minha menina. Você não se lembra não é? Você estava com ela no dia, você viu! -- Me disse com todo cuidado do mundo. O que foi ótimo porque eu estava para quebrar a qualquer momento.
-- Eu vi? O que houve com ela? Onde está enterrada? Ela tinha família? -- Todas as perguntas que deveriam ter sido feitas há anos jorravam da minha boca sem controle. Minha cabeça doía, eu sentia que ia explodir, mas continuava impassível. Toda minha concentração estava nas palavras que saiam da boca de Fátima.
-- Viu sim, a polícia declarou ter sido um assalto seguido de morte. Demoraram a acreditar nisso porque sua mãe ficou muito machucada. Pareceu excesso de violência pra levar um bolsa. -- Trememos. -- Mas no fim não havia outras provas. Ela deixou a família pra vir trabalhar na cidade muito nova, com uma irmã... Ah, é verdade! Elas tinham uma tia que já trabalhava aqui no Rio e as trouxe. Primeiro sua tia e depois sua mãe. Eu conheci essa senhora no prédio onde seus avós moravam com seu pai. Quando disse que precisava de alguém pra me ajudar cuidando da casa ela me falou de sua sobrinha que estava chegando de... -- Franziu a testa tentando lembrar -- Saquarema! Era isso sim. Agora va ficar com sua amiga! Não a deixe tanto tempo sozinha. Nao é educado, Licinha.
Saí sem questionamentos ainda absorvendo as novas informações sobre minha mãe. Seu nome ficava brincando em minha cabeça "Laura". Entrei no meu quarto e quando olhei pra Luiza ela já estava com o olhar brando ao qual já havia me acostumado. Ela sorriu, mas o sorriso morreu rápido quando reparou minha apreensão.
Passei a chave na porta e fiquei parada encostada na mesma. Ela foi até lá me buscar, mas antes de qualquer coisa, me olhou nos olhos e perguntou:
-- Quer que eu vá embora? -- Cada pergunta dessa parecia ter algo atrás. Ela parecia perguntar se eu queria que ela sumisse da minha vida. Neguei com veemência e essa possibilidade fez as lágrimas rolarem silenciosas.
Luiza me levou pra cama e nos deitamos abraçadas. Ela estava de barriga pra cima e eu de lado com a cabeça em seu ombro. Meu braço contornava sua cintura e eu sentia seus carinhos nele. Essa intimidade devastou meu coração com o sentimento mais cruel que existe: esperança. Meu rosto já estava seco e contraído quando senti um beijo caloroso na testa. Olhei nos olhos de Luiza e decidi que iria até o fim. Não importa o que cada pequena parte do meu corpo gritasse "não". Não importava o que via nos olhos de Luiza, às vezes. Eu iria até o fim. Com Luiza e com Pierre. Eu passei minha vida na superfície, agora eu ia mergulhar. Luiza parecia ser perita em ler pensamentos ou simplesmente perita em me ler olhos, pensamento, gestos e tudo mais, sussurrou:
-- Eu não quero te magoar -- Ela ficou surpresa ao notar que havia proferido tais palavras. Me agarrei à ela como se lutasse contra um afogamento. Enterrei meu rosto em seu ombro mais uma vez, mas dessa vez não chorei. Respondi simplesmente:
-- Então não magoa. -- Luiza assentiu devagar.
Ficamos na cama mais um pouco e ela perguntou algo que me causou espanto, mas era muito natural.
-- Aquele cara da festa é seu namorado? -- Não foi a pergunta em si, mas o fato de Luiza me perguntar algo. Ela apenas me confortava, sem perguntas. O cenho franzido e um mau humor inédito em Luiza não me passou despercebido. Ciúmes?
-- Não. -- Ela relaxou e quase imediatamente seu humor estava de volta.
Passamos o resto da tarde desse jeito. E eu perdi a conta de quantas vezes nos beijamos. Quando o clima esquentava paravamos para respirar. Eu não queria que acontecesse ainda. Queria e precisava me entregar totalmente a ela. Como eu disse que não íamos almoçar, por volta das 16hrs Fátima veio avisar que havia preparado um lanche. Luiza comemorou e eu também, pois não aguentava mais seu drama por comida. Preciso me acostumar que nem todos comem tão pouco e de maneira tão irregular como eu. Comemos e Luiza voltou a esbanjar paciência com Fátima o que me impressionou. Depois de conversarmos mais e de um beijo de despedida Luiza se foi. Mas desta vez a reação foi oposta. Fiquei tao calma que beirava a inércia. Me imaginei sendo minha mãe e o que ela passou com Pierre. Não devia ter sido fácil.
Nesse ritmo passou a semana. Descobri mais sobre mim e sobre Luiza. As conversas com Fátima me possibilitaram conhecer melhor a minha mãe e estava tendo as dificuldades para lidar com esses sentimentos. Maria Luiza me falou de sua mãe e eu falei de Pierre. Houve uma identificação imediata. Tive a impressão de vê-la tremer ao falar da mãe à quem chamava simplesmente de Fernanda. Do pai ela até sorriu um pouco ao falar. Era músico e morava em Laranjeiras enquanto Luiza, a mãe e o irmão, moravam em Botafogo. Mostrei a foto de minha mãe e Luiza elogiou seu sorriso. Sorri também.
Desbloquear tais sentimentos tão rápido tinha seu preço e suas recompensas. Eu estava mais leve, porém ainda dependente. Não de drogas, porque não procurei mais Matheus, mas de Luiza. Ela era minha força, meu suporte, apesar de não contar a ela minhas suspeitas sobre Pierre ou sobre o dia do cemitério. Fiquei cada dia mais próxima dela, mas no fundo o medo de Pierre falava mais alto.
Passou outra semana com Luiza indo lá em casa todos os dias. Inclusive no sábado. No domingo Pierre não apareceu, para meu alívio. Não vou mentir que tive vontade de procurar Matheus, pelo motivo que não é segredo pra ninguém. Tive vontade de me desligar do mundo, mas não fiz. Cada momento de agonia desde a despedida de Luiza sábado até encontrá-la segunda pus na conta que um dia cobraria de Pierre. Sei que não seria fácil, mas esse dia chegaria.
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Na sexta-feira o clima entre eu e Luiza estava quente. Estávamos, outra vez em minha casa, e eu não conseguia mais esperar. Eu estava pronta. Os labios frios de Luiza exploravam meu pescoço me tirando os sentidos. Eu já podia sentir sua respiração descompassada. Quando percorreu o caminho até minha boca, aconteceu um beijo daqueles tão agressivos que a boca fica dolorida e inchada. Nesse beijo, eu senti muitas coisas: paixão, tesão, reconhecimento, raiva, loucura... Mas também tive certeza que era a hora. Aí então Luiza saí de cima de mim e se joga ao meu lado, se segurando pra não perder o controle. Uma sensação de rejeição tentou se alojar em mim, mas a expulsei de pronto. Finalmente eu estava no controle após conhecer Luiza. Passei a perna por cima de suas pernas, me sentando abaixo de seu ventre. Me inclinei pra ela e beijei devagar movimentando meu corpo de acordo com a música que tocava. Luiza parece ter despertado a fera que eu sabia existir dentro dela. Agarrou minhas duas coxas de forma tão firme que a umidade que já ensopava minha calcinha parecia querer escorrer entre minhas pernas. Depois suas mãos subiram apertando minha bunda, me fazendo intensificar os movimentos. Levantei meu tronco e tirei minha blusa. E foi a única peça de roupa que eu tenho certeza de como foi tirada. Depois antes que eu me inclinasse novamente, Luiza tirou meu sutiã com habilidade incrível. Senti sua boca cobrindo meu seio esquerdo e sua mão o direito. Luiza se perdeu neles por um tempo. Depois me jogou na cama com força e tirou sua própria blusa. Eu sorria enquanto sua boca traçava seu caminho pelo meu corpo. Caminho doloroso e que sem dúvidas deixaria marcas. Eu já amava cada uma delas. Depois disso minha calcinha e short foram arrancados e eu entrei num transe quando a boca de Luiza alcançou meu sex*. Sua língua perscrutou cada pedacinho ali, antes de se concentrar no meu clit*ris. Eu apenas me entreguei, revirei os olhos e acho que gemi o mais alto que podia. Quando eu estava quase no auge, Luiza entrou em mim e descobri que dava pra gem*r mais alto ainda. G*zei tão intensamente que meu corpo desfaleceu imediatamente.
Fim do capítulo
O clima esquentou hein, meninas?!
Beijos!
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