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Palavras ao Mar por Dy Elbe

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Palavras: 4405
Acessos: 1923   |  Postado em: 00/00/0000

Capítulo 7

Capítulo 14: Navegar

 

 

 

Acordei outra vez no quarto de cheiro bom, mas antes de levantar tentei lembrar como voltei a dormir, ou melhor, de como desmaiei. Meu estômago reclamou então imaginei que devia estar a muitos dias sem comer nada de verdade e que devia estar muito fraca ainda quando levantei, e por isso desmaiei. Antes de me levantar outra vez, fiquei me perguntando como havia chagado até aquela cama e cheguei à conclusão de que devia mais uma para a Julia. A propósito, onde ela estaria?

 

Encontrei-a no sofá lendo concentrada alguns papéis. Estava usando óculos, além de calça de dormir e uma camiseta. Meu estômago voltou a falar chamando atenção da morena.

 

- Oi. Pensei que era o Lucas. – ela falou levantando.

- Olá. Não queria te atrapalhar. – falei meio sem jeito.

- Não tem problema. Senta aqui. – disse ela oferecendo o outro sofá. – Como está se sentindo?

- Faminta. – falei sinceramente.

 - Imagino. – ela falou sorrindo. Tinha um sorriso bonito. – Vamos ver... – ela continuou tirando os óculos e indo até a cozinha.

- O que quer comer? – perguntou abrindo a geladeira.

- Qualquer coisa.

- Hum. Sabia que tinha esquecido de comprar algo. Sinto dizer, senhorita, mas qualquer coisa não tem. – ela falou tentando parecer séria.

- Que pena! – entrei na brincadeira. – Acordei com uma vontade louca de comer qualquer coisa.

- Será que ainda tem algo aberto!? Porque sem brincadeira, comemos tudo do jantar e eu não sei fazer nada na cozinha além de chocolate quente e ovo. – ela falou meio sem jeito, já de volta a sala.

- Adoro chocolate quente! – falei sinceramente.

- Sério!? – ela alargou ainda mais o sorriso.

 

Meu estômago respondeu por mim, então a Julia correu para a cozinha outra vez. Até que nosso primeiro contato foi mais simples e espontâneo que imaginei, conseguimos manter uma conversa sem parecer nada forçado, mas havia muitas coisas ainda por serem ditas. Passei a observar o apartamento, não era tão grande, mas bastante confortável, uma varanda agradável, móveis bonitos. Notei que o sofá estava pronto como se alguém fosse dormir ali, então me dei conta de que o quarto onde eu estava devia ser o dela e ela...

 

- Você está dormindo no sofá?

- Sim. Adoro o sofá. – ela respondeu simplesmente.

- Acho que não te dei muitas alternativas. Há quanto tempo estamos aqui, eu e o Lucas?

- Uma semana, mais ou menos. – ela respondeu me entregando uma xícara e um pacote de biscoitos. – O Lucas que escolheu.

- São meus preferidos. Obrigada. – disse meio abobalhada.

- Imaginei. – ela sentou no sofá onde estava e passou a arrumar os papéis que estava lendo.

- Você está dormindo no sofá há uma semana? – perguntei bebendo um gole de chocolate.

- Assim, dormir todos os dias... Sim. – ela continuava sorrindo.

- E cuidando do Lucas durante todo esse tempo?

- Também, mas ele é ótimo, não me deu trabalho algum, muito pelo contrário, nos divertimos muito.

- Mas e sua vida, sua cama, seu trabalho? – eu não entendia como alguém podia ter feito tanto por mim, sem nem mesmo me conhecer.

- Bom, o que você fez com a minha cama? – ela brincou. – Não se preocupe, está tudo bem.

- Mas por quê?! Nós nem nos conhecemos.

- Vocês precisavam. – ela falou simplesmente. – E você ainda não comeu nada. – observou.

 

Era verdade, nem sequer havia aberto o pacote de biscoitos, mas como podia existir alguém assim!? Que coloca duas pessoas desconhecidas dentro de casa, cuida delas, cede sua cama, compra meus biscoitos preferidos e ainda é toda atenciosa e simpática - isso para dizer o mínimo, porque ela não parava de sorrir e era um sorriso tão sincero que fazia com que eu sentisse que de fato estava tudo bem, me sentir confortável, protegida. Comecei a comer, pensando em todas essas coisas enquanto ela voltou a atenção para os papéis que lia antes de eu chegar.

 

- O que você está fazendo? – perguntei bebendo o último gole de chocolate quente.

- Lendo alguns processos.

- Você é advogada? – perguntei interessada.

- Sim.

- Legal. – o assunto estava começando a rarear. – O Lucas, onde está?

- No quarto dele, dormindo.

- Quarto dele? – perguntei de queixo caído.

- Sim, o quarto que ele dorme, no fim do corredor.

- O Lucas tem um quarto só para ele e você dormindo no sofá!? – falei quase indignada, como podia existir alguém assim?

- Você não acredita mesmo que eu goste desse sofá!? – ela brincou.

- Eu não acredito que possa existir alguém que abra mão de tudo em favor de outras pessoas. – falei incrédula.

- Então você ainda não conheceu muita gente. Pelo menos não muita gente boa. – ela falou séria, pela primeira vez aquela noite.

- Desculpe. Não estou acostumada com isso.

- Tudo bem. Sei que é difícil confiar nas intenções de quem você nem conhece. – ela falou triste.

- Eu... Desculpe. Não queria ofender você, como poderia!? Depois de tudo que fez por mim. Desculpe, eu só estou reclamando. Eu estou cansada, vou... – eu queria ir dormir, mas aquele era o quarto dela, aquela era a casa dela e eu estava sendo no mínimo mal educada.

 

Eu estava no meio da sala meio atordoada, escolhendo entre ir embora agora mesmo ou implorar por desculpas, pois fosse quem fosse, aquela mulher não merecia eu estar sendo tão mal agradecida. Ela então levantou com calma e segurou minhas mãos.

 

- Só não aceito que vá embora. – ela falou decidida, olhando diretamente nos meus olhos. – Posso imaginar que esteja confusa, e acredite, essa situação não é inusitada apenas para você, mas do mesmo modo que não deixei você jogada naquela praia, não vou deixar você sair fugida de minha casa, no meio da madrugada. Sei que sou uma estranha para você, mas espere pelo menos até amanhã para decidir se pode ou não confiar em mim.

 

Como não podia confiar em alguém que parecia tão segura, tão decidida, mas ainda assim delicada, pois o tom dela apesar de firme foi tão suave e delicado que eu jamais poderia dizer não a ela. Olhei para as mãos dela entre as minhas e então me lembrei do que ela me dizia quando tocava minha mão enquanto eu estava dormindo e um calor invadiu meu rosto imediatamente. Ela notou e então foi sua vez de corar violentamente e logo depois largar minhas mãos.

 

- Desculpe. – falamos ao mesmo tempo.

- Não, eu que... – ela começou a falar sem jeito. – Você lembra-se de tudo que ouviu? – ela perguntou adivinhando o porquê daquela cena.

- Sim.

 

Ela ficou ainda mais sem graça.

 

- Eu nunca vou poder agradecer o que você fez por nós.

- Eu não quero agradecimentos, apenas fique, pelo menos até estar melhor.

- Tudo bem. Boa noite. – falei já indo em direção ao quarto.

- Boa noite. – ouvi ela responder.

 

 

 

 

 

Capítulo 15: Navegar é preciso

 

 

 

Acordei com barulho vindo da cozinha. Espiei e vi que era a Lívia, mas antes de me levantar comecei a me preparar mentalmente para o confronto daquela manhã, pois a conversa da madrugada, apesar de ter começado boa, não teve um final tão agradável.

 

Estava tentando vez vindo do corredor e imaginei ser o Lucas, ele acordava durante a noite, de vez em quando, mas não era ele.

 

- Oi. Pensei que era o Lucas. – disse me levantando do sofá para tentar deixá-la mais confortável.

- Oi. Não queria te atrapalhar. – ela respondeu pouco à vontade, então pensei: lá vamos nós de novo!

- Não tem problema. Senta aqui. – disse oferecendo o outro sofá, por que aquele onde eu dormia estava uma completa bagunça. – Como está se sentindo? – perguntei preocupada?

- Faminta. – ela falou de uma vez só me arrancando um sorriso.

- Imagino. – respondi observando-a, aquela mulher só podia ser de outro planeta, como ela conseguia ser bonita em todos os instantes?! Mas voltando a comida: – Vamos ver... - O que quer comer? – perguntei em frente à geladeira constatando que não havia sobrado nada do jantar e que não havia nada ali que não demandasse tempo e talento.

- Qualquer coisa. – a ouvi responder do sofá. O que não ajudava muito, então, eu resolvi brincar para dissipar um pouco do meu nervosismo, sim, não sei por que diabos eu estava nervosa.

- Hum. Sabia que tinha me esquecido de comprar algo. Sinto dizer, senhorita, mas qualquer coisa não tem.

- Que pena! Acordei com uma vontade louca de comer qualquer coisa – ela responde para a minha surpresa, também descontraindo. Estávamos começando bem.

- Será que ainda tem algo aberto!? Porque sem brincadeira, comemos tudo do jantar e eu não sei fazer nada na cozinha além de chocolate quente e ovo. – confessei.

- Adoro chocolate quente! – ela respondeu sorrindo, pela primeira vez, e que sorriso... Eu até aprenderia a cozinhar por um desses...

- Sério!?

 

O estômago dela voltou a reclamar e eu aceitei aquilo como resposta e corri para a cozinha. Estava tudo correndo bem até ali e precisava fazer de tudo para que continuasse assim, eu sentia uma necessidade enorme de conhecê-la mais, fazer perguntas, tentar ajudá-la, mas não podia forçar nada e o primeiro passo seria fazer com que ela confiasse em mim.

 

- Você está dormindo no sofá? – ela perguntou com uma voz meio... Indignada.

- Sim. Adoro o sofá. – respondi com a verdade.

- Acho que não te dei muitas alternativas. Há quanto tempo estamos aqui, eu e o Lucas?

- Uma semana, mais ou menos. – respondi já de volta a sala e lhe entregando uma xícara com chocolate quente e um pacote de biscoitos que o Lucas havia escolhido para ela quando fizemos compras.  – O Lucas que escolheu.

- São meus preferidos. Obrigada. – disse ela meio surpresa.

- Imaginei. – voltei a sentar no meu sofá (cama) e tentei dar um jeito naquela bagunça.

- Você está dormindo no sofá há uma semana? – ela voltou a insistir na história do sofá.

- Assim, dormir todos os dias... Sim. – tentei brincar, afinal, eu já dormi ali muitas vezes.

- E cuidando do Lucas durante todo esse tempo?- ela perguntou... Incrédula.

- Também, mas ele é ótimo, não me deu trabalho algum, muito pelo contrário, nos divertimos muito.

- Mas e sua vida, sua cama, seu trabalho?- ela não desistia.

- Bom, o que você fez com a minha cama? – tentei levar na esportiva, para logo depois responder mais séria: Não se preocupe, está tudo bem.

- Mas por quê?! Nós nem nos conhecemos. – acho que ela não estava abstraindo aquela história muito bem.

- Vocês precisavam. – “E também porque você era a mulher que escreve naquele caderno e me deixava...”, resolvi mudar o foco daquela conversa: – E você ainda não comeu nada.

 

Ela então começou a comer e me deu uma trégua. Ainda não queria tocar no assunto do caderno com ela, que já tinha coisas o suficiente na cabeça para eu vir e colocar mais uma, o mais sensato era esperar ela se recuperar por completo e depois conversar sobre isso. Tentei voltar minha atenção para os processos que lia antes dela aparecer, mas eu não conseguia distinguir sequer uma palavra.

 

- O que você está fazendo?- ela perguntou terminando de comer.

- Lendo alguns processos. – respondi no automático.

- Você é advogada? – ela perguntou parecendo interessada.

- Sim. – eu ainda no automático.

- Legal. O Lucas, onde está?

- No quarto dele, dormindo.

- Quarto dele? – ela perguntou pasma.

- Sim, o quarto que ele dorme, no fim do corredor. - tentei consertar. Tarde demais:

- O Lucas tem um quarto só para ele e você dormindo no sofá!? - retrucou indignada voltando à ladainha do sofá.

- Você não acredita mesmo que eu goste desse sofá!? – “meu Deus do céu o que tem de tão impressionante em alguém dormir no sofá!?”, pensei.

- Eu não acredito que possa existir alguém que abra mão de tudo em favor de outras pessoas. – sentenciou incrédula.

- Então você ainda não conheceu muita gente. Pelo menos não muita gente boa. –falei triste, aquela conversa estava destoando.

- Desculpe. Não estou acostumada com isso. – ela tentou consertar.

- Tudo bem. Sei que é difícil confiar nas intenções de quem você nem conhece. – respondi começando a me chatear, afinal eu estava tentando fazer o que acreditava ser o certo.

- Eu... Desculpe. Não queria ofender você, como poderia depois de tudo que fez por mim. Desculpe, eu só estou reclamando. Eu estou cansada, vou... – ela falou meio atordoada.

 

Depois ficou ali parada, meio aflita, olhando do corredor para a porta da rua, para a janela e de novo para o corredor. Parecia que a qualquer momento ela ia sair correndo dali e isso eu não iria deixar. Respirei fundo, sem que ela percebesse, e deixei a calma voltar a se alojar em mim, precisava de calma para não deixá-la ir, mas sem assustá-la, nem pressioná-la.

 

- Só não aceito que vá embora. – falei decidida me deixando absorver por aqueles olhos claros. – Posso imaginar que esteja confusa e acredite, essa situação não é inusitada apenas para você, mas do mesmo modo que não deixei você jogada naquela praia, não vou deixar você sair fugida de minha casa, no meio da madrugada. Sei que sou uma estranha para você, mas espere pelo menos até amanhã para decidir se pode ou não confiar em mim. – falei devagar e com calma, como nem eu acreditei.

 

Eu não tirei meus olhos dos dela e ainda tinha suas mãos entre as minhas e assim ficamos por uns breves segundos, quando ela corou de súbito e olhou diretamente para minhas mãos entre as dela. Não precisei nem perguntar o porquê daquilo, pois logo me lembrei de como me referia as suas mãos enquanto ela estava dormindo, o que me fez quase morrer de vergonha e largar suas mãos depressa.

 

- Desculpe. – falamos ao mesmo tempo.

- Não, eu que... – comecei a dizer, mas o que mais eu poderia falar, ela parecia se lembra muito bem do que ouvia enquanto dormia, então completei com o óbvio, apenas para ter certeza: – Você lembra-se de tudo que ouviu?

- Sim. – ela respondeu constrangida.

 

Dessa vez era eu que queria sair correndo, podia ter estragado tudo com aquilo.

 

- Eu nunca vou poder agradecer o que você fez por nós. – ela retomou o assunto principal.

- Eu não quero agradecimentos, apenas fique, pelo menos até estar melhor. – enfim, onde eu queria chegar.

- Tudo bem. Boa noite. – ela concordou cansada, já voltando para o quarto.

- Boa noite. – respondi aliviada.

 

Assim relembrei os fatos da madrugada antes de reunir coragem e levantar. Afinal, não podia ficar o dia inteiro deitada ali, fingindo dormir. Ela estava olhando para a direção do sofá quando levantei e logo me cumprimentou:

- Bom dia. Te acordei?

- Bom dia. Só um pouquinho. – respondi me espreguiçando.

- Desculpa. Como percebe tomei conta da sua cozinha, pensei em fazer o café e ver se começamos e continuamos com o pé direito hoje, queria me desculpar por ontem também.

- Quantas desculpas. – falei sorrindo. – Se você preparar o café esqueço tudo, mas o que eu poderei fazer para você esquecer meus escorregões?

- Nada além do que já tem feito.

- Ok. Vamos começar assim: eu sou Julia, advogada, isso você já sabe. Bom, moro sozinha há muito tempo, tenho alguns bons amigos, gosto de sair de vez em quando, mas prefiro ficar em casa, tranquila. E você?

- Eu, sou Lívia, enfermeira num hospital público. Temporariamente sem lar, acho que só tenho uma amiga, pelo menos que posso chamar assim, não sei se gosto de sair porque não tive tantas oportunidades assim, pois tenho um irmão ao qual faço questão de dedicar todo meu tempo livre.

- Prazer conhecê-la Lívia. – estendi a mão para ela me arrependendo logo depois e desistindo do gesto.

- O prazer é meu. – ela falou correspondendo ao gesto, mesmo depois de eu ter desistido. – Me diz, você mentiu para mim enquanto eu estava dormindo? – ela perguntou divertida sem tirar a mão da minha.

- Não! – respondi de imediato também me arrependendo da impulsividade.

- Então?

- Não quero que pense mal de mim. – falei envergonhada como uma criança.

- Não pensarei. Você fica uma graça vermelha. – ela falou divertida.

- Olha quem fala!? – me defendi.

 

Então caímos na gargalhada. O clima estava ficando bem melhor.

 

- Já acordou o Lucas? – perguntei descontraída.

- Ainda não.

- Então faço isso, senão acabamos chegando atrasados.

- Se você quiser posso levá-lo.

- De jeito nenhum. A Neide deve passar aqui mais tarde e vai te acompanhar ao médico, eu queria ir, mas tenho audiência agora de manhã.

- A Neide sabe que estou aqui? – ela perguntou surpresa.

- Claro. Como acha que consegui suas coisas, as do Lucas? Ela tem sido de grande ajuda, nos quebra um grande galho buscando o Lucas na escola e ficando com ele até eu voltar.

- Não acredito que dormi todo esse tempo. – ela falou chateada.

- Mas como vê, cuidamos de tudo perfeitamente bem. – disse piscando.

- Estou vendo, quase não tem mais lugar para mim. – ela brincou fingindo-se de indignada.

- Claro que tem! – interrompeu o Lucas correndo na direção da irmã. – Você está bem mesmo? – ele perguntou preocupado.

- Estou sim, meu anjo, como foi a noite? – ela respondeu pegando-o no colo.

- Muito boa. Bom dia, Julia. – ele me cumprimentou com um sorriso.

- Bom dia, querido.

- Vamos comprar pão, Julia? – perguntou o Lucas animado.

- Não sei, pergunte a sua irmã, ela que está cuidando do café hoje.

- Oba! Podemos comprar pão Lívia? É que o pão sai quentinho e além do mais... – ele parou de falar de repente trocando um olhar cúmplice comigo.

- Além do mais o que, hein mocinho? – perguntou a Lívia curiosa.

- Nós compramos doces. – ele falou envergonhado.

- Tão cedo, Lucas? – ela perguntou se fazendo de zangada.

- Sim. – ele disse baixando a cabeça.

- Então também quero ir nessa padaria, estou louca para comer bolo de chocolate! – ela falou enchendo o irmão de cócegas.

- Então não se fala mais nisso, vamos todos tomar café na padaria! – falei animada.

- Mas antes, o senhor e a senhorita, para o banho!

- Ah não! – reclamamos eu e o Lucas ao mesmo tempo.

- Sem reclamação, vamos rápido.

- Quem terminar por último é filho de sapo. – falou o Lucas correndo para o banheiro.

- Ei! Não vale banho mal tomado hein! – gritei da sala ainda.

 

A Lívia me observava com um sorriso imenso no rosto, que respondi a altura com meu melhor sorriso. Fazia muito tempo que eu não tinha uma manhã tão feliz.

 

- É tão raro ver o Lucas assim, solto, feliz.

- Agora só falta você. – respondi decidida a fazer aquela mulher sorrir mais vezes.

- Mocinha, você está querendo me enrolar e não tomar banho!? – ela mudou de assunto.

- De jeito nenhum! – falei correndo para o banheiro do meu quarto.

 

 

 

********

 

 

 

O café na padaria foi simplesmente maravilhoso, como havia sido meu recomeço com a Julia. Havia acordado decidida a dar uma chance a ela, e a me dar uma chance de conhecê-la e não ser injusta ou mal agradecida tirando conclusões precipitadas a respeito de suas intenções. E para me desculpar resolvi preparar o café da manhã.

 

Quando ela despertou fiquei meio receosa de não conseguirmos manter um diálogo ou algo assim, mas tudo correu da forma mais espontânea e descontraída que poderia ser. Ela tinha um bom humor contagiante e por isso foi bem receptiva a minha tentativa de reaproximação propondo inclusive uma “apresentação formal” bem divertida. As coisas pareciam que iam fugir do controle apenas quando ela, distraída, estendeu a mão para selar aquela “apresentação formal” e começou a baixá-la quase que imediatamente, acho que se lembrando do episódio no mínimo inusitado da madrugada. Foi minha vez de contornar as coisas.

 

- O prazer é meu. – falei correspondendo ao gesto, mesmo depois dela ter desistido. – Me diz, você mentiu para mim enquanto eu estava dormindo? – perguntei divertida sem tirar a mão da dela.

 - Não! – ela respondeu de imediato.

- Então... – encorajei achando aquilo uma graça.

- Não quero que pense mal de mim. – ela falou vermelha, parecendo uma criança.

 - Não pensarei. Você fica uma graça vermelha. – respondi me segurando para não rir.

- Olha quem fala!? – ela tentou se defender.

 

Não consegui mais me segurar e caí na gargalhada sendo seguida por ela.

 

- Já acordou o Lucas? – ela perguntou em meio a uma risada.

- Ainda não. – respondi me recompondo.

- Então faço isso, senão acabamos chegando atrasados. – ela falou como se aquilo realmente já fizesse parte da rotina dela.

- Se você quiser posso levá-lo. – ofereci.

- De jeito nenhum. A Neide deve passar aqui mais tarde e vai te acompanhar ao médico, eu queria ir, mas tenho audiência agora de manhã. – ela comunicou.

 

Era bom saber que a Neide esteve por perto e ajudou a cuidar do Lucas. Então era por isso que a mala que eu havia arrumado para a mudança estava no quarto da Julia, a Neide deve ter dado um jeito de retirar nossas poucas coisas do apartamento da vovó. Depois a Julia passou a falar da rotina de levar e buscar o Lucas no colégio e cada minuto ficava mais impressionada de como ela havia se saído bem, tanto que parecia que eu e o Lucas já fazíamos parte da vida dela há muito tempo.

 

- Estou vendo, quase não tem mais lugar para mim. – brinquei.

 

Mas para a minha surpresa foi o Lucas que respondeu:

- Claro que tem! – ele disse em tom repreensivo completando: - Você está bem mesmo? – ele perguntou preocupado.

- Estou sim, meu anjo, como foi a noite?

- Muito boa. – ele respondeu para depois cumprimentar nossa anfitriã: - Bom dia, Julia.

- Bom dia, querido. – ela respondeu com um sorriso.

 

O que se seguiu foi contagiante. A cumplicidade do Lucas e da Julia, a animação do meu irmão numa coisa tão simples como ir à padaria e se entupir de doces, não que achasse isso a melhor coisa do mundo, mas estava fazendo bem a ele e isso era o que importava, naquele. Eu tinha tanto medo de como o Lucas poderia ficar depois do que aconteceu, mas para minha surpresa, e alegria, ele estava melhor que nunca e isso era visível.

 

- É tão raro ver o Lucas assim, solto, feliz. – constatei.

- Agora só falta você. – ela respondeu com aquela maneira de olhar que eu ainda não havia me acostumado. Uma frase que continha uma infinidade de promessas e como eu gostaria de poder acreditar em pelo menos uma delas, na que a felicidade um dia iria me alcançar.

 

Era exatamente nisso que eu pensava enquanto a Julia e o Lucas travavam alguma discussão sobre filmes de animação, onde ela dizia que Shrek era o melhor e ele insistia que era Procurando Nemo. Já tínhamos nos empanturrado com guloseimas das mais variadas e parecia que os dois não tinham a menor disposição de sair dali e, para falar a verdade, nem eu. Era divertido ver a Julia falar sobre filmes, como se também tivesse seis anos, era impressionante a maneira com que os dois se davam bem.

 

- Vocês não param de falar um segundo. – falei chamando a atenção para mim.

- É que esse aqui só resolveu falar comigo depois que você acordou. – reclamou a Julia com um sorriso.

- Eu tive vontade de falar com você muito antes, mas você sempre sabia o que eu queria dizer, antes de dizer. – respondeu o Lucas brincando com alguns canudos.

- Fiz curso de vidência no Oriente, não te falei? – ela brincou arrancando gargalhadas minhas e do Lucas.

- E a senhorita adivinha o que vai acontecer se ficarem de papo aqui por mais tempo? – perguntei apontando para o relógio.

- Atrasados! – ela falou levantando rápido da mesa.

- Deixa eu levar o Lucas. – voltei a insistir.

- Nem pensar. – ela foi categórica para depois completar: - Acha que consegue voltar para casa sozinha?

- Claro, o caminho é fácil.

- Certo. Então você paga aqui e vai direto para casa esperar a Neide, ok? – ela disse colocando o dinheiro na mesa e pegando suas coisas e as do Lucas.

- Sim senhora. – respondi resignada.

- Você está bem mesmo? – ela perguntou meiga.

- Melhor, impossível! – respondi sinceramente.

- Acostume-se. – ela falou piscando antes de dar um tchauzinho e sair da padaria.

 

O Lucas voltou da porta e me deu um forte abraço, recomendando:

- Vá direto para casa e não fale com estranhos. E seja comportada no médico.

 

 

Ele então voltou correndo e os dois entraram num táxi e se foram. Eu fiquei ali sozinha, sentindo uma felicidade incomum, gostaria de me acostumar com aquilo, de fazer com que uma coisa simples como tomar café da manhã fosse como uma festa, tranquilo, divertido, feliz. Era impossível não confiar e não querer estar perto da Julia se nas poucas horas que passamos juntas ela se mostrou confiável, divertida, encantadora, superando qualquer expectativa que eu havia feito a seu respeito.

Fim do capítulo

Notas finais:

Nossa pessoal, até eu já estou ansiosa pelos capítulos inéditos, afinal tod@s nós já estamos esperando há muito tempo! Vou tentar acelerar nas postagens! Ah! E não canso de agradecer pelo carinho de vocês! Amanhã, volto com mais tempo para responder todos os comentários. Beijos!


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Comentários para 7 - Capítulo 7:
Mille
Mille

Em: 06/04/2016

A briga deles pelo melhor filme, os dois são incrível amooo.

Até o próximo

Bjus

Responder

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josi08
josi08

Em: 06/04/2016

Ai como estou adorando sua historia...linda de mais e anciosa por muito muito mais...<3.   ;-) 

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