Capítulo 10 - segundo dia
Ju colocou a garota para cuidar das bebidas, ou seja, precisaria apenas pegar a ficha e entregar a bebida. Renato ficou no caixa, bem ao lado de Melanie, e ela ficava vistoriando as outras pessoas que ficavam na parte da comida, se precisava de algo ou faltava troco e volta e meia atendia alguma mesa para agilizar. A barraquinha sempre lotava, não só por ter comidas gostosas, mas também por grande parte das pessoas que frequentavam a festa, gostavam de ajudar, afinal todo o dinheiro arrecadado seria em benefício das crianças que lá estudavam.
Logo que a garota começou a trabalhar, chegou o Doutor Paulo com sua esposa, o qual sentou-se enquanto este se dirigiu ao caixa e logo depois ao balcão de bebidas.
- Uma água, por favor! – disse entregando a ficha para a menina que virou-se para pegar.
- Aqui está Doutor! – respondeu simpática.
- Está vendo como não estive errado sobre você, garota! Você tem um futuro brilhante pela frente, é muito inteligente. Só tem que aprender a controlar toda essa energia dentro de você, canalizar para coisas boas. Vou te contar algo.
- Estou toda ouvidos.
- Eu não te aliviei por ser filha do Heitor Correia e sim porque vejo em você uma grande pessoa, as pessoas dessa cidade só veem o exterior, as aparências, mas eu não sou daqui! – confessou para a garota e saiu dando as costas, deixando uma Mel pensativa.
Depois do que ele lhe falara ficou chateada em partes, porque não gostava de causar expectativas nas pessoas, estava na cara que ela estava mudando, mas continuava sendo a mesma garota irresponsável, afinal, tinha apenas 15 anos e a noite anterior mostrara isso. Por outro lado ficara feliz em ter alguém que a visse além da filha de Heitor e Beatriz Correia.
Durante a noite, trocava olhares cheios de desejos e vontades com Ju, mas não falavam mais que o essencial, por outro lado estava realmente se enturmando com o Renato, pois estavam lado a lado.
Acabaram bebendo um pouco de whisky pra dar uma animadinha e descontrair, por volta das 22 horas, começou a ficar corrido, mas apesar de tudo Mel estava adorando, primeiro porque sabia que tinha uma causa maior no que estava fazendo e segundo porque estava divertido, ver e conversar com diversas pessoas que passavam por ali.
Renato estava contando várias piadas e a garota se matava de rir, mas seu sorriso morreu quando seu pai entrou no local. Sua mãe parou pra conversar com a Ju quando Heitor se aproximou do balcão.
- Isso que eu chamo de mudança, Melanie Correia, agora só falta me dizer que vai assumir meus negócios, ai sim seria um verdadeiro milagre.
- Mas nem que eu estivesse debaixo da ponte, quer alguma bebida?
- Me vê um whisky. Você não sabe nem receber um elogio né? – provocou-a.
- Sei sim, porque tive sempre uma mãe presente pra me educar, que também me ensinou a não ser falsa com as pessoas. – devolveu a provocação entregando a dose de whisky.
- E garota! Vai ter que lavar muita panela na Apae ou em qualquer lugar que estiver prestando o próximo serviço comunitário para aprender a dar valor nas coisas. – disse pegando a dose e virando.
- Talvez você tenha razão, pelo menos não levarei uma vida inteira para aprender a dar valor na família. Afinal, quando você morrer vai colocar todas suas empresas dentro do caixão? Fico curiosa com essa questão.
Ju conversava com Beatriz mas com o olhar atento na menina e no pai, até que pediu para a amiga ir lá, pois parecia que os dois iriam se exaltar logo logo.
- Minha filha mais linda desse mundo – disse Beatriz abraçando-a por cima do balcão, mudando o rumo da prosa de pai e filha.
- Sua boba, sou sua única filha. – respondeu a menina mudando a feição para a costumeira alegre e brincalhona.
- Estou achando o máximo você trabalhando aqui – disse sincera – Renato, vou deixar R$ 50,00 contigo, caso a Mel queira comer ou tomar AGUA – fez questão de frisar – já que ela é menor de idade né, filha?!
As vezes Beatriz dava o surto de fingir que a filha não bebia ou de fazer de conta.
- Claro, mamis! Água é bom pra hidratar. – Ju se aproximava – não é, Ju?
- Oi? Perdi o começo da conversa. – disse um tanto encabulada.
- Estou dizendo pra Mel, que como ela é menor de idade só poderá tomar água na festa e ela concordou pois água faz muito bem pra saúde. – quando a amiga terminou de falar Ju lhe lançou um olhar inquisitivo e segurou-se para não rir.
- Sem dúvidas nenhuma! Viu como estou cuidando bem dela? – disse a professora tentando parecer natural tudo.
- Sim, eu sempre soube que esse tempo que ela passar contigo será bom para ela ter exemplos diferentes de pessoas.
Logo, alguém chamou Heitor para sentar junto na mesa e Beatriz saiu, deixando que eles trabalhassem.
- Mel, já ouviu a piada do ventilador? – disse Renato tentando distrair a menina do clima que ficou.
- Não. Me conta!
- O menino chegou pra mãe e disse “mãe, eu sou um ventilador... Fu Fu (assopro)” “mãe, eu sou um ventilador... Fu Fu” ela disse “cala boca menino” e deu um tapa na cabeça dele e ele começou a girar o pescoço fu fu fu fu.
A garota se matava de rir da piada boba quando avistou Gustavo e Mauricio chegando, levemente embriagados. Renato e Melanie cumprimentaram os dois com abraços e brincadeiras.
- Garçonete, me vê um whisky ai então...
- Seu abusado! Vou dar na sua cara – e fez com que foi pra bater no rosto dele e ele segurou as mãos dela por cima do balcão.
- Esse seu muay thai é muito fajuto, eu falo pra você, o Jefferson não tá te ensinando nada. – e ria da garota que se debatia tentando se soltar.
Ju observava a brincadeira dos dois e sentiu um pouco de ciúmes ou talvez inveja, não da intimidade deles, porque qualquer pessoa bem humorada tinha intimidade com a Melanie, mas deles poderem fazer isso em público, sabia que aquilo elas jamais poderiam fazer, disfarçou o olhar quando viu que Beatriz a observava.
Os garotos ficaram bebendo e conversando com eles por um tempo, até que o movimento começou a apertar e Mauricio e Gustavo acharam melhor ir darem um rolê e segundo eles aproveitarem a festa por quatro.
Os pais de Melanie logo foram embora, provavelmente para o show que estava começando. Marcelo apareceu em dado momento com o Rafa, zuaram um pouco a menina e foram dar umas voltas, segundo o Rafa iriam pegar umas gatas, mas tudo que Mel tinha de atirada e sem vergonha, o irmão tinha de tímido e na dele.
Por volta das 2 da manhã o movimento deu uma boa acalmada, Mel viu Ju indo em direção ao banheiro, olhou em volta e não viu ninguém que estivesse as observando, seguiu e assim que ela entrou, a garota entrou por trás.
- Que susto! Sua louca, o que está fazendo? – perguntou Ju enquanto a menina trancava a porta.
- Isso. – E puxou Ju pela nuca beijando-a.
Ficaram se beijando e deixando as mãos passeando pelos corpos por um tempo.
- Agora, eu preciso mesmo fazer xixi, sai daqui! – disse a mulher séria.
- Ué, tem vergonha de fazer na minha frente? Eu não ligo.
- Claro que você não vai ver essa cena, que broxante, sai daqui. – a menina virou para sair quando Ju puxou ela. – espera, deixa eu limpar essa boca tudo suja de batom. – lavou a boca da menina e ela saiu.
Quando saiu do banheiro foi até os dois que conversavam animados.
- Renato, essa maluca me agarrou no banheiro, acredita?
- E vai me dizer que você não gostou? – disse o garoto.
- Isso ai Renato – disse Mel dando um toque na palma da mão do rapaz.
- Vai ficar do lado dela agora? Gostava mais da versão que vocês se odiavam, assim você me defenderia! – disse Ju fingindo estar chateada.
- Ai amiga, para, já tava bom dessa menina me chamando de pavão.
- Mas, convenhamos, você faz jus ao apelido. – disse Mel caindo na gargalhada, obrigando os dois a rirem da animação da menina.
Quando acabou o show por volta das 3 da manhã, eles começaram a fechar a barraca, logo, Mauricio apareceu. Começaria a boate da exposição, que ia até amanhecer, no dia anterior eles não tinham nem entrado. Melanie estava animada pra ir, mas Ju convenceu ela de irem os quatro pra casa dela beberem e jogarem conversa fora.
Gustavo encontrou outro amigo e entrou na boate, estava chateado porque os dois queriam ir pra casa mas entendeu que teria que se acostumar com a ausência de ambos.
Renato levou os dois no carro para que ninguém os vissem com a Ju e surgisse algum tipo de fofoca ou comentário.
Chegaram lá e começaram a beber Vodka com energético, estavam conversando animados quando Mel avistou no canto da estante, quase escondido, o jogo WAR.
- Ju, meu amor mais lindo dessa vida, vamos jogar? – disse apontando o jogo e com os olhos de criança brilhando.
- Ah, que saco, não vamos não – disse Mauricio sendo chato.
- Vamos, sim senhor! – intimou Renato, que era o novo defensor da Mel.
- To adorando ter um cumplice. – disse referindo-se ao Renato e tocando as mãos no ar.
- Ué, que isso?
- Eles tem até códigos agora. – disse Ju para o garoto. – as coisas mudam num piscar de olhos – virou para Mel. – pode pegar, vamos jogar! – autorizou como se fosse para uma criança, que na verdade era como se fosse, pois saiu pulando e estendendo os braços pra cima como se fizesse “uhul”.
Os quatro ficaram jogando e rindo durante horas, descobriram que Mel era tão competitiva quanto Renato, já Ju e Mauricio levavam o jogo na brincadeira, todos estavam se divertindo muito, era como se o grupo tivesse dado liga, como se fossem amigos de anos, sentiam que seriam grandes amigos.
Estava amanhecendo quando Ju encerrou o jogo, já estavam todos bêbados e a mesma teria que trabalhar no dia seguinte, aliás, no mesmo dia.
- Quer que eu te deixe em casa, Mel? – perguntou Renato.
- Não, obrigada. Eu vou dormir aqui. – respondeu como se tivesse sido convidada.
- Vai? – perguntou Ju espantada com tamanha espontaneidade da menina.
- Sim, vou... por que? – disse já tirando o coturno e o suéter e indo em direção ao quarto.
- Ixiiii, já ta assim? Depois piora, ela é bem abusada. – comentou Mauricio rindo. – Vamos, lindo? – dirigiu-se para Renato.
Despediram-se da Ju já que a garota saiu sem nem dar tchau, enquanto a professora caminhava em direção ao quarto pensou “mas que guria folgada”, mas não continha em si a alegria de dormir mais uma noite ao lado dela. Chegou no quarto e a garota estava só de calcinha desmaiada na cama.
A mulher riu da cena, quando ela disse que iria dormir ali era literalmente mesmo, pensou. Escovou os dente, colocou pijama e deitou abraçando de conchinha a garota, que resmungou algo e se encaixou com a professora.
Ju acordou da forma mais inusitada que poderia imaginar, com vários beijos no rosto e uma bandeja com café da manhã. Pão com queijo quente, pão de queijo, ovos mexidos, leite com nescau, café, suco de laranja, suco de melancia, banana, kiwi, maça.
- Que delicia acordar assim, jamais esperava isso de você! – confessou sincera a professora.
- Pois se acostume, eu sou assim ué!
- E que tanto de comida, é pra um batalhão?
- Ué, não sei o que você gosta de comer, não ligo de você não ser vegetariana, mas não coloquei presunto no seu sanduba pra não incentivar também, tá? – disse a menina.
- Sim, senhorita! Eu nem lembrava que tinha tudo isso de comida aqui em casa! – concluiu pensativa.
- Er, claro que não tinha, aliás não tinha nada, que pobreza! Fui no mercado da esquina e comprei.
- E como você saiu? – questionou intrigada.
- Ué, com a chave, aproveitei e passei no chaveiro e fiz uma cópia pra mim. Só no caso de eu precisar. – falou com uma naturalidade, como se fossem namoradas há anos.
- Uau – exclamou Ju um pouco assustada com tanta espontaneidade, afinal nem namoravam oficialmente ainda, mas ficou feliz em saber que a menina estava a levando a sério. – e que horas são agora?
- 10 horas. – disse a menina olhando no relógio e comendo um pão de queijo. – eu sei o que você tá pensando, eu quando tomo energético acordo cedo, na verdade eu sempre acordo cedo, não gosto de perder um segundo da minha vida atoa! – disse a menina filosofando.
- Perfeitamente. – respondeu a professora sorrindo pra menina.
Tomaram o café da manhã na cama entre brincadeiras e risadas, namoraram um pouco e depois Mel teve que ir embora porque a mãe já tinha ligado 3 vezes falando pra ela ir pra casa.
Naquele dia Mel iria na festa com Gustavo e Mauricio, enquanto Ju teria que trabalhar, mas prometeu que iria dar um role com eles, assim que os pais da Melanie fossem embora da festa.
Ju passou o resto da tarde dormindo, pois teria que estar inteira pra mais uma noitada, pensou que estava ficando velha demais pra esse batidão, apesar que se realizava em poder fazer um pouquinho mais por quem precisava,
Melanie passou o resto da tarde na piscina com o irmão e Mauricio, jogando bola, inventando brincadeiras e se divertindo. Beatriz fez lanchinho para eles e depois ficou junto tomando sol, enquanto eles estavam na piscina. Por mais estranho que parecesse, os irmãos não se importavam com a presença da mãe, até gostavam e ela adorava saber dos “papos de jovem”, segundo ela.
Fim do capítulo
Oi leitoras lindaaaaas...
Esse capítulo está bem light, demonstrando um pouco mais da amizade do novo quarteto,
o próximo se preparem, que vai pegar fogo...
beijinhooooos ;)
Comentar este capítulo:
Mille
Em: 02/04/2016
O Renato agora está defendendo a Mel.
Ela e o pai não se dão bem, vi a hora deles se pegarem no meio da foto festividade.
O juiz foi muito legal com ela, tem fé na pessoa dela e não por causa da família. As vezes o que precisamos é de alguém que acredite em nosso potencial mesmo que nós mesmo não enxergarmos isso.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor em 05/04/2016:
Pra você ver como as coisas mudam...
É, a mel e o heitor não se dão nada bem.
O promotor, hehehe, simmmm é muito importante acreditar nas pessoas, pois as vezes é só isso que precisam para voar...
Depois me conta o que achou do novo cap.
beijinhoooos
;)
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