“Minha linda, tudo bem pra você trabalhar na quinta?” – perguntou Ju por mensagem.

                “Tranquilo, será que dá pra encaixar o pavão junto comigo?” – respondeu a garota.

                “kkkkk. Quando vai parar de chama-lo assim? Claro, o Mauricio que pediu?”

                “Lógico, você vai estar comigo também né?”

                Ju pode sentir pela última mensagem que a garota rebelde estava baixando a guarda e sentia-se muito feliz pelo rumo em que as coisas estavam tomando.

                “Sim, não perderia de ficar a noite toda ao seu lado.”

                “Quais dias você irá trabalhar?”

                “Todos, por que?”

                “hum, Boa noite” – disse a menina chateada porque no fundo queria ficar junto dela na festa.

                “Boa noite, sonhe comigo minha rebelde mimada” – respondeu Ju descontraída, mas sabia que não iria obter resposta. “Ela é mesmo mimada” pensou.

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                - Gata, como assim você ainda não contou pro Gustavo? – perguntou Mauricio, enquanto estavam na aula.

                - Cara, ele anda super corrido, não é o tipo de coisa que eu conto por telefone né?! Então, mas quando a gente for fazer esquenta para ir hoje à noite eu conto, vai dar tudo certo!

                - Tomara – disse o menino fazendo sinal da cruz.

                - Bixa exagerada, o Gustavo não é preconceituoso, você sabe disso!

                - Mas quando o assunto for você, e eu não digo de preconceito, você sabe muito bem o “porquê” ele ficará bravo. – disse fazendo aspas no ar.

                - Sim, eu sei! Ahh, esqueci de te contar, o Renato vai ficar no meu turno, quinta-feira.

                - Que bom! Especula tudo, e fica de olho em que der em cima dele.

                - Hello, não vou ficar cuidando dele. Vou ficar só de olho na Ju.

                - Etaaaaa, pra quem não assumia nem que gostava dela, ta bem apaixonadinha né?!

                - As pessoas mudam.

                - Nem tanto.

                - Mauricio e Melanie, querem ficar quietos ou preferem dar aula? – arriscou o professor em desafia-los.

                - Desculpa professor, pode continuar! – gritou Melanie, causando espanto no professor e na sala, virou para Mauricio e disse baixinho – as pessoas mudam!

                Normalmente teria dito que aula estava péssima e levantaria e daria uma aula falando bobeiras, ou algo do gênero, realmente a garota aparentava estar amadurecendo.

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                - Já ta pronto amigo? – berrou Melanie entrando no quarto de Mauricio.

                - Já gata, por incrível que pareça, bora esquentar!

                - Cadê o Gustavo?

                - Putz, outro problema, me mandou uma mensagem dizendo que já estava na festa, teve que ir ajudar o pai dele que ia expor uma barraca da fazenda, algo assim, não entendi, disse que nos encontraria lá.

                - Que droga!

                - Fica fria, lá você fala com ele, vamos beber! – tentou acalmar o amigo.

                Chegaram os dois na exposição, era um parque de exposição bem grande, onde continham várias barracas de comidas, exposição de equipamentos agrícolas, tinha também leilão de gado, esse Mel passava longe, parque de diversões montado para crianças, arena de rodeio e o palco em que haveriam diversos shows durante os 5 dias em que durava a festa.   

                 Foram direto pra barraquinha de batidinhas, pegaram um capeta, que era o nome dado para uma vodka de baixa qualidade, com conhaque de baixa qualidade, leite condensado, algo parecido com groselha e guaraná em pó, eles adoravam essa bebida e geralmente não levavam 3 copos para deixá-los completamente bêbados.

                Pegaram a bebida e estavam indo pra barraca da Apae, Mauricio encontraria Renato e Melanie encontraria a Ju e depois ligariam para Gustavo para irem curtir o show e beber mais.

                Estavam quase chegando quando Gustavo gritou para eles, Mel virou e ele a beijou violentamente, abraçando forte e não deixando a garota outra saída do que corresponder.

                - Estava com saudades guria, vamos começar a aposta? Já estamos 1x1.

                Ju estava indo em direção a garota e tanto viu o beijo quanto ouviu o comentário do garoto e saiu correndo para um lado mais escuro da festa e a menina rebelde ficou sem saber o que fazer, mas olhou para Mauricio pedindo socorro e saiu atrás da professora.

                - Hey Ju, espera ai – gritou tentando acompanha-la.

                Puxou o braço da mulher, já estavam em uma parte vazia, ela estava chorando, e pela força imposta pela garota ficou de frente pra mesma dando lhe um tapa na cara.

                - NÃO ENCOSTA EM MIM!!! EU OUVI BEM, APOSTA! – gritou Ju.

                - Ju, para! Me olha!

                - Sai de perto de mim, garota!!! É isso que sou para você? Parte de uma aposta idiota com aquele seu namoradinho?

                - NÃO!!! Você entendeu tudo errado, eu não tenho mais nada com o Gustavo essa ...

                - NÃO QUERO SABER!! Não deveria ter me envolvido com uma adolescente mesmo. – virou as costas para voltar para a barraca.

                - Hey! Volta aqui! – disse uma Mel desesperada puxando o braço da professora e levou mais um tapa na cara, ainda mais forte!

                - Não encosta mais em mim!

                E a garota deixou ela ir, não notou que um par de olhos curiosos observava a cena do casal.

                - Mel, que porr* é esse? – disse Gustavo sem entender nada!

                - Eu tava ficando com a Ju, mas graças a você eu não estou mais! – falou brava.

                - VOCÊ O QUE? – perguntou o garoto indignado.

                - Isso, tem algo contra? –

                - Porr* Mel, claro que não, você me conhece, mas você não gosta de mulher, eu posso dizer isso, te conheço pow, isso é só você sendo Melanie e querendo extravagar, conhecer coisas diferentes.

                - Cala a boca, Gustavo! Você não sabe de nada! – disse a garota saindo e puxando Mauricio com ela, tirando de perto de Renato.

                - MEL – Gritou Gustavo, e foi atrás dela – PARA!! Já que eu “ferrei” com tudo, ao menos vamos nos divertir, beber, curtir, convenhamos, você não me contou, como eu iria saber? E nós sempre tivemos a intimidade de chegar beijando um ao outro quando bem entendêssemos, lembra quando eu ia ficar com a Amanda e você me puxou beijando?

                - Argh, ela era nojenta – disse Mel e Mauricio juntos.

                - Viu? É isso! Nossa sintonia, de nós três! Vamos beber juntos, desculpa eu, vai? – disse se ajoelhando no chão de terra e implorando com as mãos.

                - Levanta daí seu retardado, tudo bem! Mas sem aposta esse ano!

                - Ta- disse emburrado mas pegando a garota no colo.

                - E me põe no chão, seu brutamonte!!! – disse a menina rindo e os três já estavam na mesma sintonia que sempre tiveram.

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                - Amiga, para de chorar, calma! – dizia Renato, estavam ambos dentro do banheiro e Ju estava inconsolável.

                - Sabe Renato, eu não deveria ter nem começado isso, achando que iria mudar aquela menina, ela é assim né?!

                - Não sei amiga, as pessoas mudam, você nem quis ouvir a explicação dela!

                - QUE EXPLICAÇÃO? – falou alterada.

                - Não sei, qualquer uma, você não deixou a menina falar.

                - E precisava?

                - Sim, sempre precisa! Você quer ir embora? Eu cubro pra você hoje!

                - Mas você tinha combinado de ficar com o Mauricio hoje!

                - Não tem problema, vai pra casa, você está péssima, lava esse rosto e dorme um pouco, amanhã mais calma você toma uma decisão.

                - Minha vontade era de beber todas, mas realmente não quero ficar com essa cara aqui e ter que dar satisfação pra alguém, obrigada! To te devendo uma! – disse a Ju chateada.

                Estava saindo da barraquinha quando deu de cara com Beatriz e Heitor chegando para começarem o turno deles.

                - Amiga, desculpa, estamos atrasados, mas estamos muito dispostos a trabalhar essa noite. Hey, o que foi que você está com essa cara?

                - Não é nada, amanhã a gente conversa, o Renato vai me cobrir hoje, desculpa, não vou conseguir ficar, aconteceu um imprevisto, amanhã te conto tudo com calma.

                - Tá – disse Beatriz, abraçando a amiga. – Se precisar de mim, estarei aqui, qualquer hora, tá?

                - Obrigada!

                Saiu chorando ainda mais, tinha traído a confiança de sua amiga, se envolveu com uma adolescente sem escrúpulos que pegava todo mundo e só dava trabalho pros pais e pra sociedade.

                “Conheci ela prestando serviço comunitário, o que de bom se esperaria de uma garota assim?” se lamentava, ou tentava se convencer de que estar com quem seu coração mandava era a pior ideia.

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                Depois de 6 capetas e algumas tequilas, a menina rebelde já não andava direito, não falava direito, trombava em todo mundo, só conseguia andar porque estava apoiada no Mauricio.

                - Puta que pariu Melanie, ainda são 3 da manhã e você já está nesse estado. – brigava inutilmente Mauricio que estava de cara de estar cuidando dos dois bêbados, porque Gustavo pulava do outro lado animado.

                - Vamo pegar outro capeta, Melzinha? – dizia o garoto todo embolado.

                - Ah, Ju ... Mau, vai? – dizia um código indecifrável.

                - O que tem a Ju, Mel? Chega né?! Você passou a noite toda se lamentando dela, e não Gustavo ela não vai beber mais, chega, vai pra casa!

                - Casa não! JUUU JUUU – dizia a garota.

                - Eu jamais te levaria pra casa dela essa hora e nessas condições. – dizia o garoto bravo.

                - Eu levo, causei a briga, levo eu! – se prontificou Gustavo.

                - brigada, Gu! Vamo Ju?

                - Vocês estão bêbados demais, vamos os dois pra minha casa.

                - Negativo, ela vai ficar com a Ju!

                - Isso, Gu! Vou ficar e mamãe vai matar eu, hahahaha, heitor vai me pow – gesticulou algo como uma pancada na cabeça.

                - Cara, escuta – disse Gustavo para Mauricio – Vamos pra casa da Ju, ela não vai me perdoar, vamo vamo.

                - Ai Gustavo, você ta insuportável, e a Melanie, vai entrar em coma alcoólico daqui a pouco, vamos passar pra eu falar com o Renato.

                Seguiram tropeçando por onde passaram, Mel desiquilibrou e caiu em cima de uma guria fazendo a bebida dela cair toda na roupa, na hora Gustavo a levantou e já puxou rapidamente antes que desse algum tipo de confusão.

                - Renato, nós já vamos, vou levar a Mel na Ju e depois o Gustavo vai dormir lá em casa.

                - Na Ju? Não faz isso, ela estava muito chateada quando saiu daqui.

                - Se eu não levar ela lá, a Mel não vai querer ir embora, e olha o estado dela. – quando ele terminou de falar, Renato olhou e viu a garota falando coisas sem nexo, em pé apoiada pelos ombros do Gustavo.

                - Tudo bem, mas finge que eu nem sei dessa história, se não ela me mata! – disse e deu um abraço seco, pois tinham mais pessoas em volta.

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                Chegaram no apartamento de Ju, e precisavam que ela abrisse a porta da portaria para depois chegarem no apto dela, “que azar” pensou Mauricio.

                - Vamos! – disse Gustavo apoiando Mel nos seus ombros, desceu e esqueceu o dedo no interfone, até uma voz irritada responder.

                - Que merd* é essa? Quem é?

                - Desculpa Ju – para Gustavo, disse baixinho – Abre aqui, preciso te entregar algo.

                - Não pode ser amanhã? Eu estava dormindo – disse irritada.

                - Deixa comigo, disse o Gustavo – olha, a Mel ta aqui, e eu preciso entrar pra largar ela ai, para de ser a criança da situação! – disse bravo.

                - e quem é agora?

                - Gustavo, porr*! Não importa se ela não quer ficar comigo mais, não quero ver ela assim não, abre essa bosta ou vou arrombar.

                Sem dizer mais nada Ju abriu a porta, pois achou um tanto curioso a situação e um pouco porque seu coração batia descompassado ao saber que logo veria a garota, mas não entendeu porquê não ouviu a voz dela.

                Gustavo pegou a garota no colo e deu graças a Deus por ser só um lance de escadas, mas bateu a cabeça dela na parede de leve, afinal, ele também não estava muito sóbrio, Ju esperava na frente da porta com a feição tentando aparentar irritação mas quando viu o estado que a Melanie se encontrava seu olhar mudou para desespero.

                - O que vocês fizeram com ela? O que deram pra ela? Poe aqui – apontou para o sofá na sala.

                - Encomenda entregue, tchau! – disse Gustavo saindo.

                - Desculpa Ju, ela bebeu muito, não se preocupe, não se drogou, apenas bebeu inúmeros capetas, virou não sei quantas tequilas, enfim, ela queria vir pra cá, e achei melhor trazê-la se não ainda estaríamos lá e eu não consigo cuidar dos dois desse jeito, logo ela dorme e vai ficar tudo certo!

                - Obrigada Mauricio! – foi a única coisa que conseguiu falar, o garoto saiu da casa da professora torcendo pra que se entendessem.

                - Eu, Ju, to aqui, Ju, não foi culpa minha, não foi, não tem aposta mais, nunca mais. – murmurava a garota.

                - Ta bom Mel, vem cá, vamos deitar lá na cama. – disse a mulher preocupada, apoiando ela sobre seu braço e indo com ela para o quarto.  – quer comer algo? Tomar algo?

                - Ju, culpa não é minha. – apenas dizia a garota.

                A professora deitou ela na cama e deitou ao seu lado, passando a mão no rosto da menina que agora já dormia tranquilamente, pensava em quanto a garota era imatura, na primeira briga enche a cara e aparece carregada na casa dela, em vez de esperar para depois conversarem e resolverem, mal sabia a professora que aquela era a primeira de inúmeras vezes que ela seria levada até sua casa carregada.

                Abraçou a menina suavemente e desejou que aquele momento durasse pra sempre, não tinha mais aquela raiva dela, os olhos doces em que pedia desculpas tinham uma sinceridade imensurável e ela daria uma segunda chance, afinal, elas não estavam namorando.

Fim do capítulo