--Acho que conheço aquele carro, que te parece Skya?

 

--Eu não acredito...ela adivinhou...

 

--O quê?

 

--Que era exatamente isso que eu queria, vê-la aqui...agora.

 

--Então corra. - Risos.

 

E ela correu para o outro lado da avenida.

--Skya...Skya...para onde ela foi correndo na velocidade do vento?

--Encontrar alguém especial...

--Hmmm, aquela mulher... ainda estão juntas?

--Não te parece óbvio? - Rebeka adorava derrubar a presunção de Zianah, no geral gostava dela mas não lidava muito bem com a forma incisiva como ela queria seduzir Skya mesmo sabendo que a colega estava com outra pessoa.

--Fogo de palha...não tem como ser diferente. A Skya é do mundo, do nosso mundo. Faz mais sentido ela perder-se de amores por alguém do meio...concordas?

--Nem sempre as coisas fazem muito sentido...

--Espera e verás, mais algumas semanas se tanto...para essa mulher, esse romance com a Skya é uma espécie de fetiche, massagem ao ego, ou mesmo fuga da rotina...ela gosta de outra coisa. E a Skya não me parece ser do tipo que vive historinhas inconsequentes.

--Não conheço muito bem a Catherine, mas a Skya está maravilhada, encantada, eu diria que ela está muito apaixonada.

--Pode ser, e é normal que assim seja. Mulheres como essa Catherine exercem esse fascínio, mas ela vai cansar...

--Falas como se a conhecesses...

--Ela não, mas a vida já colocou algumas como ela no meu caminho e sei muito bem como termina. Agora está encantada com o mundo de Skya, com o glamour que a arte desperta, a música em particular...a Skya é linda, mas passa...

--Pode demorar...e podes estar enganada, ou não?

--Nunca me engano, a vida é assim...

"Presunçosa" - Pensou Rebeka.

No carro:

--Ei...- Skya sorriu, aquele sorriso que fazia Catherine acreditar que sinos tocam sim nos ouvidos e que borboletas voam no estomago.

--Oi...entra?

Skya suspirou e correu para o outro lado abrindo a porta e entrando na mesma velocidade.

Abraçaram-se. O tempo parou de existir e sorrisos emolduraram os belos rostos. Skya cheirou profundamente o pescoço de Catherine, que completamente arrepiada, beijou-lhe o ombro.

--Como foi?

--Cansativo, mas eu adoro fazer isso...

Risos.

--Muitas repetições?

--Ah, claro...maestro perfecionista...e tu?

--Trabalhei até agora e não consegui terminar a proposta e olha que o meu anjo da guarda regressou.

Risos.

--Viajas logo cedo?

--Não, meu voo é ao meio dia. Janta comigo?

Skya sorriu.

--Esse sorriso...é um sim?

--Claro. Só não invente nada muito sofisticado...estou...

--Linda. Nada sofisticado, só quero comer porque estou faminta.

Risos.

--Confesso que também estou com alguma fome...

--Então vamos comer.

Olharam-se mais uma vez, prolongadamente. Sorrisos, risos...mais sorrisos.

Catherine deu partida no carro e Skya apoiou a cabeça por alguns segundos no ombro dela.

No restaurante:

--Nem eu imaginava que a fome fosse tanta...

Gargalhadas.

--Fome mutua, eu quase pedi mais um prato.

Risos.
--No meu caso é ansiedade, que só passará após o entrosamento total com os músicos novos e entender bem esse maestro. Tu não estás ansiosa com a viagem, é apenas mais uma...

Risos.

--Não é isso...

--Então?

--Muita coisa na minha cabeça, mas deixa isso para lá...conta-me do teu dia.

Skya olhou profundamente para Catherine o que aumentou ainda mais a sua angústia.

Conversaram sobre trivialidades do dia, riram e trocaram sorrisos que diziam coisas que muitas vezes ainda eram incompreensíveis.

--Eu acho que o tempo vai demorar a passar...- Skya era espontânea e dizia tudo o que lhe ia na alma.

--Para o próximo concerto?

--Não, para voltares. - Mais um olhar profundo e revelador de coisas que Catherine ainda temia entender.

--Menos de dez dias...passa rápido e vais estar ocupada com os ensaios, estudos...a escrita que eu não faço a minimia ideia do que seja.

Risos e sorrisos ternos.

--Vais saber...no momento certo, prometo.

--Eu acredito...- Risos.

--Cathe...

--Uhum...

--Vou dizer algo que até há bem pouco tempo não faria o menor sentido...

Catherine sorriu prestando mais atenção ainda à conversa.

--Eu queria ter um pouco mais de rotina, eu queria ter estabilidade...não estás a entender nada, eu sei...

--Eu aprendo rápido...

Risos.

--Adoro esses teus olhos brilhando...-Skya perdeu-se no semblante embevecido de Catherine.

--Umhum, mas dizias... - Sorrisos.

--Eu queria ter uma certa rotina... queria poder passar mais tempo contigo, sem interrupções.

Skya não entendeu o olhar e muito menos a expressão de Catherine e para precaver-se de algum comentário não condizente, dirigiu-se estrategicamente ao banheiro.

O que Skya não imaginava era que Catherine sequer conseguira respirar diante daquela afirmação.

--Skya...Skya, eu tenho até medo das coisas que sinto...das coisas que quero...

Catherine perdeu-se em devaneios e não percebeu o momento em que Skya regressou à mesa. Foi surpreendida com um beijo na nuca que a deixou toda arrepiada. Teve que recorrer ao seu autocontrole para não agarrá-la em público e deixar o desejo gritar por todos os sentidos.

--Eu sei que não devo...mas a tua nuca é tão sexy e o cheiro...hmmm...

Catherine não disse nada, não conseguiu. Mordeu o lábio e suspirou.

--Não me olha assim...

--Como?

--Esse olhar...parece que está com fome...

--Meu olhar é denunciador...eu estou com muita fome...- A voz rouca não deixava margem para dúvidas, mas Skya adorava ouvir, adorava ver Catherine com a face avermelhada, voz rouca...adorava tudo.

--Mais fome ainda? Comemos bastante...

--Fome de ti...essa não acaba nunca.

Foi a vez de Skya morder o lábio inferior até quase sentir gosto de sangue na boca.

--Vamos para casa?

--A minha ou a tua?

--Qualquer uma, desde que haja uma cama...

--A tua...a cama é melhor.

Skya pulou da cadeira e quase arrastou Catherine que riu às gargalhadas.

--Calma moça, precisamos pagar a conta.

Risos.

--A conta...claro.

Sem se importar com o fato de estarem num restaurante repleto de gente, Skya abraçou Catherine por trás e foi correspondida com um afago carinhoso num dos braços e uma risada feliz.

********************

--Meu amor, até quando vais ficar amuada?

--Eu não estou amuada...nem sou de fazer essas coisas...

--E não és mesmo, mas essa cara de paisagem enquanto eu declaro todo o meu amor é no mínimo angustiante.

--Ah Ciara...

--Ah Ciara o quê? Há dias que estás assim...amuada, cheia de meias palavras, essa não é a minha Susan, eu me apaixonei por uma mulher frontal, instigante, inteligente, sexy, muito sexy e acima de tudo adulta, madura...o que está a acontecer Susan? Não estás mais apaixonada por mim?

Susan arregalou os olhos e saiu do campo de visão de Ciara. Mas ela era persistente e foi atrás.

--Susan, estás apaixonada por outra pessoa? Apaixonada pela...pela Catherine?

A gargalhada veio de forma instantânea.

--Bebeste? Agora usas alucinógeno?

--Então explica-me o que está a acontecer.

--De onde saiu essa ideia estapafúrdia de que posso estar apaixonada pela Catherine?

--Se é estapafúrdia esquece.

--Não, agora quero saber. - O olhar impaciente de Susan intimidou Ciara.

--Ela é interessante...vocês são amigas, ela corre para ti por qualquer razão e tu fazes a mesma coisa...sei lá Susan, preciso de um motivo para entender essa frieza...

--Não é frieza...mas estás doida em pensar na possibilidade de paixão entre mim e a Cathe...nunca ouvi nada mais sem sentido, mas essa tua conjetura faz com que meus temores ganhem mais consistência.

--Não entendi...temores?

Susan soltou o ar com força e mexeu no cabelo.

--Estou cansada dessas viagens...

--Eu sempre viajei Sue...é meu trabalho.

--Mas antes não vivias rodeada de mulheres jovens, lindas...disponíveis, eu vejo muitas delas tão solícitas, essas meninas que querem uma chance no mundo das artes...

Mais um suspiro e Ciara sorriu ainda sem acreditar no que ouvia.

--Susan...estás com ciúme? Ciúme?

--Não sei...estou insegura e não tenho problema algum em admitir...

--Eu te amo!

--Crise dos quarenta...insegurança...

--Ouviste o que eu disse?

--Não...o quê?

--Eu te amo!

Susan sorriu e olhou para baixo sentindo-se ridícula.

--Sue, tu és a única mulher que existe para mim, a única. A Lana até brinca que eu não gosto de mulher, que eu gosto de Susan. Isso porque estamos sempre rodeadas de gente, mulheres e muitas delas lindíssimas e no entanto eu não reparo em ninguém e com apenas uma mensagem tua no celular meu mundo ganha cores...eu já tive outras histórias, tu conheces a maioria, mas o que temos juntas é único Sue...só de imaginar que possas sair por aquela porta...

--Não...eu não quero sair por porta alguma, só saio se for contigo.

Ciara sorriu e abraçou Susan que gem*u e bateu levemente nos ombros dela.

--Não diga a ninguém que eu tive essa crise de insegurança...a Cathe disse que estou doida, que tu não tens tempo para pensar em outras pessoas, que só respiras trabalho quando não estamos juntas...

--E essa tua amiga ganha cada vez mais pontos comigo.

Risos com beijos.

--Eu não digo a ninguém porque jamais alguém acreditaria em mim, super Susan com ciúme.

Gargalhadas.

--E não é mesmo minha prática mas ando carente, morro de saudades tuas...tens viajado tanto...eu sei que é necessário e importante mas meu coração não entende, o corpo então...

Mais um abraço repleto de carinho.

--E por acaso achas que eu não sinto a mesma coisa? Eu ligo sempre, tanto que muitas vezes sinto-me chata...

--Não...eu adoro que sejas chata. Liga-me sempre, sempre que for possível...é a chegada dos quarenta, só pode ser isso.

Gargalhadas altas.

--Susan, se algum dia o sentimento mudar, da minha parte é quase remota essa possibilidade, mas estamos vivas e tudo pode acontecer, se um dia o sentimento mudar, eu serei sempre muito franca contigo e sei que tu também serás...eu já sofri com o carater oscilante de alguém e conheces bem essa história. Quando digo que te amo, talvez não consiga demonstrar o que essas palavras realmente significam para mim...uma das coisas é que te respeito acima de qualquer coisa, jamais seria leviana...eu quero estar ao teu lado até não me aguentares mais, até virarmos amigas que um dia se amaram, ou seja, até a velhice...não chores meu amor...

--Eu quero ficar contigo até virarmos amigas que um dia se amaram profundamente. Perdoa esse meu rompante de infantilidade...deve ser tensão pré menstrual ou menopausa.

Gargalhadas altas com muitos beijos à mistura.

--Sue, sempre que achares que estou a exagerar nas viagens, grita comigo, chama-me à razão. Na minha cabeça é tão claro que não penso em mais nada além de te fazer cada dia mais feliz que não me atenho ao fato de trabalhar demais...sabes, tenho a mania da perfeição e o sonho de ver minha empresa como uma das melhores do ramo.

--E será e eu estarei aqui para te apoiar em tudo e sendo menos chata e insegura.

--Pensando bem, adoro esses momentos...

--Sim?

--Claro, pois assim eu não me sinto tão pegajosa...desconfio que te sufoco...

--Nunca...e se quiseres sufocar eu serei uma sufocada feliz.

Risos felizes.

--Precisamos quase brigar mais vezes...

--Ah sim...porquê?

--Porque só assim ouço coisas do tipo...meu coração sente a tua falta, meu corpo também...

Gargalhadas com mordidas de leve no queixo de Ciara.

--E não vais fazer nada para suprir essa falta?

--Hmmmm...a do coração ou a do corpo?

--Safada. A do coração está suprida, estás aqui com esse olhar perfeito, esse sorriso que me aquece e alma e me faz viajar...a do corpo está quase insustentável...

--Hmmm...a sério? - Ciara puxou Susan para si com um dos braços enquanto a outra mão abria-lhe os botões da blusa. - Vamos tratar disso imediatamente, até porque a falta é contagiosa.

A forma como Ciara a arrebatou num beijo, dizimou qualquer resquício de insegurança.

********************

--Bekie, continuo a não gostar...sei lá, acho que está alto.

--Concordo contigo, os violinos cobrem tudo, não há harmonia. Mas Skya...eu já estou cansada de tocar e ouvir essa gravação, ainda temos tempo.

Risos.

--Eu sei Rebeka, mas já conheces a minha mania...

--Senhora perfeição e tem mesmo de ser assim, mas hoje estou esgotada e ainda tenho um show logo mais.

--Aceitaste o pedido do teu amigo?

--Como negar? Mas está sendo muito bom...diversidade é a chama da vida.

Risos.

--Se eu conseguir atingir as metas traçadas para hoje, apareço logo mais no pub...

--Skya, é impressão minha ou estás desanimada?

--Apreensiva...talvez...

--Porquê? Não é só por causa do maestro e suas inovações, sinto que há algo mais...

--Vais dizer que sou exagerada ou...

--Não vou dizer nada sem te ouvir primeiro e sabes muito bem que detesto julgar para não ser julgada.

--Eu sei Rebeka...uma taça de vinho?

--Sim, e muita conversa, já percebi.

Risos.

--Rebeka, tu já foste muito apaixonada por alguém?

--Já...claro.

--Apaixonada de ficar contando minutos para ver a outra pessoa? Eu sei que parece exagero, coisa de adolescente, mas como sabes eu sou intensa e não me importo em parecer exagerada.

Risos.

--Não és exagerada...acho que não, assim, com esse afã todo, infelizmente não. Mas é bom, não é?

--Pode ser muito bom quando é recíproco...

--Estás a falar da Catherine?

--E por acaso sou apaixonada por outra pessoa?

Rebeka riu alto da cara de indignação de Skya.

--A Cathe está encantada por ti sua checa doida e quer saber, acho o máximo essa coisa meio fora de padrão...

--Eu também gosto...

--Mas...

--Mas eu sinto falta dela, eu tenho tanta saudade Rebeka...a cada viagem, minha ou dela, a cada ausência eu sinto o apego crescer, a vontade de estar junto aumentar...

--E não é bom?

--Acho que sim, eu pelo menos gosto de sentir saudades dela, gosto de ficar com o coração na boca quando ela liga ou aparece no videochat, mas...sei lá...

--Qual é o problema? Acho que é bom desde que essa vontade seja partilhada.

--O problema é esse... às vezes eu tenho a impressão que Catherine não está na minha sintonia...eu não sei explicar muito bem...

--Tente...

--Eu sou essa criatura espontânea, muitas vezes falo mais que a boca e quando estou com ela não meço as palavras para exprimir a minha felicidade, falo com a boca, com os olhos, com os atos e...

Skya parou um pouco e pareceu buscar as palavras certas.

--Ás vezes parece que ela não está comigo...

--Como assim?

--Não sei explicar muito bem, mas parece que ela não está por inteiro...se calhar nunca esteve.

--Eu não consigo entender, estás a falar de sex*?

--Não, nada a ver...sex* com ela é mais do que entrega de corpos e essa parte só melhora. Eu adoro ficar horas numa cama com ela, no chão da sala...

Risos.

--Ás vezes ela fica longe de mim, com o pensamento distante...a sensação é que está em qualquer lugar menos comigo...

--Hmmm e já falaste sobre essa tua inquietude?

--Não...é ridículo o que vou dizer, mas tenho medo do que ela poderá dizer e também não sei o que pensar porque num minuto estou insegura e de repente fazemos amor e é melhor do que nunca.

Rebeka sorriu e encarou Skya de uma maneira diferente.

--O que estás a pensar?

--Nada...só estou a ouvir e a apreciar a tua forma maravilhosa de encarar a vida.

--Essa minha forma de ser às vezes pode assustar...eu tenho a impressão que a Catherine não me leva a serio exatamente por ser como sou...pode ser paranoia minha mas fico com essa sensação...

--Eu não vejo nada de errado na tua forma de ser, aliás muito pelo contrário, eu adoro essa tua maneira extrovertida, essa tua ansia de vida, tua espontaneidade, brilho único...só não exagere na insegurança, a Cathe é uma mulher vivida...

--Ai Rebeka não me assustes mais ainda...

--Não, o objetivo não é esse, mas ela é uma mulher experiente, não deve ter muita paciência para inseguranças. Mas eu também entendo o teu lado Skya...deve dar um certo medo mesmo, ainda mais porque eu percebo que gostas dela...

--Muito...a ti eu confesso, gosto mais do que pretendia. Tentei controlar, levar para o lado sexual, efémero, encarar tudo como mais uma experiência mas a Catherine...ah a Catherine é...

--Apaixonante.

--Sim...muito. Ela é uma mistura de tantas coisas e todas elas encantadoras, viciantes, intrigantes e apaixonantes...

Rebeka sorriu mais uma vez.

--Meu telefone...onde está essa porcaria?

--Corra, pode ser a Cathe.

Risos.

Skya correu pelo pequeno apartamento tentando encontrar o aparelho para minutos depois regressar sem muito entusiasmo.

--Hmmm, já vi que não era a Cathe, ou então as coisas não correram como gostarias...

--Era a Zianah...

--Ei, não tínhamos combinado com ela?

--Sim...mas esquecemos. Na realidade eu não esqueci mas não estava com vontade de ouvir as mesmas coisas...lidar com a mesma pressão e ter de ser forçosamente educada...

--E eu sei que ela quer mesmo é ficar a sós contigo, logo, esqueci...

Risos.

--Ela é excelente violinista mas acredito que a sua melhor qualidade é a persistência associada a uma capacidade de galantear impar...

--Ela está doida por ti.

--Parece que sim...

--Ela é tão bonita, fascinante...

--Podias tentar...

--Não, estás cansada de saber que por enquanto esse tipo de relação não me atrai.

--Disseste com tanto entusiasmo que ela é fascinante.

--Sim, para ti que gostas de mulher...ela é linda, atraente, excelente violinista, gostam das mesmas coisas...

--Rebeka, eu passo horas falando da Catherine, dos meus anseios e paranoias e tu queres atirar-me para os braços da Zianah?

Gargalhadas altas de Rebeka.

--Não é nada disso...

--Espero bem que não, até porque eu seria muito leviana.

--Só acho interessante a abordagem dela...ela insiste e persiste sem se tornar muito chata. Ela é toda educada, gentil e linda, sejamos sinceras.

--Seria mais fácil se eu me apaixonasse por ela...mas eu não penso em mais nada...eu quero essa mulher que só de ouvir a voz já me estremeço toda.

--E viva o amor!

Rebeka rodopiou Skya que riu até ficar vermelha.

--Que amor? Paixão, tesão, loucura...que pode sim virar amor, é só ela permitir...

--Será que já não é? Mais vinho?

--Sim senhora...aliciadora de corações alheios.

--Eu?

--Umhum...vamos beber e conversar, adoro conversar contigo minha saxofonista sexy e doida. Coloca juízo na minha cabeça, me ajude a ter mais segurança...

--Tu não precisas de mim para nada, eu sim, preciso aprender a ser livre como tu minha violinista maravilhosa.

Gargalhadas felizes.

********************

--Chefe, esse escritório sem a tua presença marcante torna-se tedioso.

Risos.

--Karen, tu não precisas bajular a chefe, até porque ela já é íntima e comadre.

Gargalhadas.

--Mas é verdade Cathe, o trabalho até flui de forma lenta quando não estás aqui com os teus rompantes e os gritos da praxe.

Risos.

--Ando tão calma ultimamente...

--Sim, bastante...ou em certa medida...

--Hmmm...o que queres dizer dona Karen? Tenho tempo para ouvir, os filhos da Charlie dormiram e ela saiu com a Annie.

--Afinal conseguiste o voo para Santa Mónica?

--Sim, de ultima hora o que foi providencial pois resolvo as coisas aqui e volto mais cedo para casa. Saudades do meu gato, da minha gorducha linda...

--Essa menina está cada dia mais encantadora...o Juan não quer saber mais de mim.

Risos.

--Olha o ciúme de um bebé de meses...Karen tu és magnânima, não te esqueças disso.

Gargalhadas.

--Chefe, volte depressa, tu és a alma desse lugar e eu não reajo bem à calmaria, adoro teus rompantes, gritos, adrenalina...eu te adoro Catherine.

--Me Deus o que aconteceu com a minha secretaria? O que fizeram contigo?

--Pateta...desculpa mas agora é a comadre e amiga que está a falar...mil vezes pateta.

--Eu também te adoro sua chata...o que seria de mim sem minha Karen? Já comprei presentes para a Esperanza.

--Como? Com tantas reuniões e compromissos?

--Ah, eu sempre encontro brechas, soluções...mas estou cansada e precisando da minha casa...

--Precisando de um amor...é tão bom. E desculpa mais uma vez a intromissão, mas é a Karen amiga que está a falar...mereces um amor imenso, desses que só acontecem nos livros.

Gargalhadas.

--Eles não existem...só nos livros e francamente Karen, eu não combino com romance de livros.

--Tenho opinião contrária...eu vejo-te além das aparências e para mim só mereces o melhor...amor de livro, intenso, imenso...

--Vou dormir e sonhar com um amor de romance...intenso, imenso...

Risos.

--Ok, já percebi que não vamos ter amores intensos...mas não desisto. Durma bem...mas espera ai, não está muito cedo para dormir?

--Relativamente, mas como estou caindo de cansada e as crianças dormiram, vou fazer o mesmo. Quero que esse tempo voe...amanhã tem uma quase festa aqui em casa da Charlie, eu queria ficar num hotel mas ela e a Annie sentiram-se quase ofendidas com a possibilidade de não ficar aqui...

--Mas tu adoras festas...gente bonita...

--Sim, mas estou preguiçosa...e não exatamente entusiasmada para grandes festas, mas farei o gosto da anfitriã e aparecerei por alguns minutos.

--Sim...quem sabe não aconteça algo bom?

--O tal romance intenso...

Gargalhadas longas.

--Adoro o teu humor.

--Precisamos conversar, preciso ouvir os teus conselhos...

--Aconteceu alguma coisa? Trabalho?

--Não...está acontecendo algumas coisas mas falamos quando eu voltar.

--Ok...cuide-se chefe.

--Cuide bem da minha menina e de ti também, bênção da minha vida.

--Quando digo...

--Para!

Risos.

********************

Skya e Zianah assistiam a vários vídeos de atuações da orquestra à qual se justariam em alguns dias para um concerto único e grandioso, tudo para tentar entender as exigências do maestro. Skya já tinha desistido de entender e simplesmente decidira acreditar que ele sabia o que estava a fazer.

--E a Rebeka? Na próxima ronda de ensaios entram os instrumentos de sopro.

--Ela sabe, claro. Virá daqui a pouco...estou um bocado nervosa.

--Eu também e para relaxar proponho uma espiada nos sites de festas e eventos de glamour.

Gargalhadas.

-- Quer ver alguém conhecido...alguém em especial?

--Hmmm...não necessariamente, vamos ver. Adoro os sites de cobertura de festas do mundo do cinema...

--A sério? Eu não tenho muita curiosidade...

--Gosto de conhecer o mundo em que vou entrar um dia desses.

Gargalhadas.

--Mas tu já és muito famosa...

--No meio da música, mas quero chegar ao mundo do cinema, quero tocar num filme, compor para a trilha...

--Queres ser atriz?

--Não necessariamente, mas adoraria aparecer num filme...pode ser um filme de música, eu poderia ser professora de uma aspirante a violinista, de preferência uma aspirante maravilhosa.

Gargalhadas altas.

--Doida...

--E com gosto apurado...e muito seletiva.

Zianah olhou dentro dos olhos de Skya e de forma sedutora. Ela não desviou o olhar e a outra logo começou a mexer no tablet. Skya queria entender o que ela queria, já que na maioria das vezes era tudo muito dúbio. Ela gostava das coisas muito claras, até para poder se posicionar melhor.

Os minutos seguintes foram de gargalhadas e muitas interjeições engraçadas de Zianah que vibrava a cada foto de festa, roupas, mulheres e homens bonitos, glamour, etç.

--Ah, olha esse homem...maravilhoso.

--É ator...ah sim, aquele do filme de John Ripley. Gostei do filme...

--Ele já fez alguns filmes de sucesso, mas esse do John é majestoso...que homem interessante.

Skya riu sem entender muito bem se ela estava interessada no homem ou no trabalho do ator.

--Que festa meu Deus...eu quero participar também...

Skya ria do entusiasmo da colega, ela vibrava em cada foto, cada roupa, ria dos comentários.

--Olha o perfeito de novo, o sorriso desse homem é demolidor.

Risos.

--Tu que acompanhas esse mundo, ele é casado? Namora? - Skya perguntou alguma coisa para acompanhar o entusiasmo da colega.

--Ele é cobiçado por todas mas não é laçado por ninguém...um típico George Clooney de 30 e poucos anos.

Risos.

--Mas ele foi laçado...ou não? Faço confusão, não é dos meus assuntos favoritos.

--Foi, mas demorou muito...olha essa foto.

Skya prestou toda a atenção que lhe foi possível uma vez que os olhos tremeram e a cabeça rodou. À sua frente via algumas fotos de uma festa maravilhosa como diria Zianah, muita gente linda mas o que chamou a atenção, aliás o que gritou diante dos seus olhos, foi o fato de em algumas fotos aparecer Catherine sorridente e perfeita ao lado do famoso ator. Mas pior ainda foram as notas sugestivas das fotos..."Será que é dessa vez que o nosso Don Juan Hollywoodiano sucumbe aos encantos de uma mulher?" ou " Executiva poderosa fisga o coração de ator preferido de 9 em cada 10 mulheres"

--Nossa, que mulher linda, será? Ela me parece familiar...já a vi em algum lugar, o que achas Skya, será que ela consegue abalar o coração do galã?

--Não...não sei, não entendo nada dessas coisas...--Skya sequer olhava para o tablet.

--Olha aqui, parece que são muito íntimos, será que estão juntos há algum tempo?

--Vamos ensaiar?

--Ah espera, quero ver mais fotos...ei Skya, Skya, espera.

Skya saiu para tomar ar e Zianah veio logo atrás.

--O que foi? Parece que viste fantasma...

--Esquece...preciso respirar...

--Skya, estás pálida...comeste?

--Sim...

--Aconteceu alguma coisa, posso ver nos teus olhos...

--Não quero falar sobre isso.

--Vais falar sim, quero ajudar...

Zianah segurava a mão de Skya com firmeza e ela decidiu desabafar todas as inseguranças.

--Aquela mulher...aquela...

--Que mulher?

--A da foto na festa em Santa Mónica...

--A amante ou sei lá o quê do Don Juan...ah, claro, eu sabia que a conhecia...é a mesma que veio buscar-te aqui outro dia, a Catherine...

--Sim...

--Skya...desculpa-me a franqueza, mas eu jurava que fosses mais esperta...

--Como assim?

--Não me diga que estás caída de amores por essa mulher?

--Não...

--Ainda bem. Eu estou cansada de lidar com mulheres como ela, adoram brincar no nosso mundo, para desopilar a mente, dar uma satisfação ao corpo, para depois regressarem lindas e airosas para o mundinho delas.

Skya olhava para a cara de Zianah e não conseguia raciocinar, não sabia o que pensar, não sabia se tinha algum motivo para ter ciúme, para sentir-se insegura...não sabia se tinha direito àquela reação...não sabia de mais nada, apenas sentia a angústia crescer do estomago em direção à garganta.

--Skya, não se iluda...ela é a típica fêmea dominante, que adora ser cortejada, desejada por vários homens, é notória essa caraterística...a mulher é linda e sedutora...mais uma vez, desculpa-me a franqueza, mas ela não tem nada a ver com o teu mundo, o nosso mundo...as ambições dela são outras, os desejos também, eu sei do que estou a falar...como sei...

A confusão na cabeça de Skya era tamanha...as palavras de Zianah faziam sentido mas não combinavam com o sorriso de Catherine, com a felicidade estampada nos seus olhos sempre que estavam juntas, com a leveza daquela mulher que era sim forte e poderosa mas também humana, carinhosa e muitas vezes carente...

--Vamos ensaiar? - Finalmente conseguiu falar.

--Vamos sim. Não fiques triste por causa dessa mulher, a única que perde aqui é ela, mas digo também que mereces coisa muito melhor e alguém que realmente queira estar contigo, não apenas para brincar e descobrir novos prazeres, mas que queira disfrutar da tua essência...janta comigo hoje?

A cabeça de Skya parecia uma pista de alta velocidade, não conseguia raciocinar...

--Aceitas?

--Ainda é cedo, depois eu digo...preciso resolver umas coisas...

--Ok, mas eu vou insistir...

Zianah piscou o olho e abraçou Skya conduzindo-a para dentro do teatro.

********************

Mal entrou em casa depois de andar sem rumo certo pela cidade, Skya encostou o violino num canto, tirou o casaco e ligou o computador na sua trilha sonora para momentos de inquietude.

Embalada pelo som de Midnight Moon dos Oh Wonder dançou sozinha, pulou, sorriu para depois ficar pensativa. Seu transe natural em momentos de crise existencial, dúvidas, sensação de gravitar sem pouso.

Ligou ao pai e a tranquilidade associada à experiência do seu melhor amigo serviu para acalmar-lhe um bocado a alma.

As palavras de Rebeka não lhe saiam da mente...não demonstrar muita insegurança, ou Cathe poderia cansar...ela não queria que Cathe se cansasse, não queria ser uma chata, jamais fora chata, mas jamais estivera apaixonada por uma mulher intrigante como Catherine...

Tocou algumas peças, o som do violino a acalmava, a dança do corpo sobre o instrumento era mais um instrumento tranquilizador.

Depois de um banho longo em que sentiu o corpo relaxado, sem que no entanto a mente seguisse o mesmo caminho, deitou um bocado para passar o tempo. Decidiu desligar o telefone para não cair em tentação de telefonar a Catherine...não queria ser idiota, insegura e Cathe era muito perspicaz e perceberia qualquer mudança no seu comportamento. Queria falar com ela, claramente, mas precisava entender melhor a avalanche de sentimentos contraditórios que a invadira com a simples imagem de uma foto...algumas fotos.

Cantarolava Landslide (Oh Wonder) da sua banda preferida dos últimos tempos e sorria com as palavras da música...nunca sentia-se sozinha com Catherine, na realidade jamais sentira-se tão completa, jamais a palavra companheirismo fizera tanto sentido em toda a sua existência.

Pegou a sua camera para passar o tempo...deliciou-se com as inúmeras fotos de Catherine. Fotos em lugares diferentes, situações cómicas, fotos lindas que tirara dela dormindo, muitas fotos no paraíso do Maine e tantas outras delas juntas...suspirou, colocou a camera no móvel com cuidado...decidiu escrever um bocado enquanto decidia se ia ou não jantar com Zianah.

********************

--Tudo isso é saudade meu amor? Tu nem és disso, ficar grudado em mim quando regresso.

Catherine falava com o seu gato e o enchia de carinho. Ele ronronava demonstrando a sua felicidade.

--Assim vou pensar que não cuidaram bem de ti. Susan?

Gargalhadas altas.

--Esse bicho é falso, estava aqui todo feliz, correndo, mandando em todos e sendo paparicado por mim e pela Ciara, sem contar no romance com a Younie e agora fica parecendo gato que esteve abandonado.

Risos.

--Ele me adora e eu sou louca por ele.

--Não falamos desde ontem à noite, a senhorita está bem?

Risos.

--Como podes ver, estou inteira e morta de saudades de ti sua chata adorável.

Cathe abraçou a amiga erguendo-a no ar.

Gargalhadas ecoaram pela casa de Susan.

--Eu já disse que te adoro dona Catherine?

--Hoje não...ou já?

Risos.

--Pois, eu te adoro e mais, adoro essa Cathe com os olhos brilhando, com essa pele luminosa, com esse ar de mulher feliz.

Risos.

--Estou feliz...muito e preocupada também.

--Porquê?

--Porque a Skya está com o telefone desligado...

--Ela é violinista, precisa de concentração, deve estar em algum concerto...essas coisas normais.

Gargalhadas.

--Adoro a tua calma, o teu bom senso...

--E eu a tua coragem...

--Sessão afago ao ego mútuo.

Gargalhadas altas.

--A senhorita não voltaria apenas amanhã à noite?

--Sim, mas resolvi tudo antes e vim correndo...

--Hmmm....saudades do Scoutie...de mim...

--Sim, carente. Saudades vossas e muita vontade de ver minha violinista linda.

--Ah essa menina...digna de medalhas.

--Pateta. Sue...

--Hmmm...

--Eu tenho tanto medo de estar sendo ridícula...

--Como assim?

--Não é bem medo de ser ridícula...mas é medo de permitir coisas que poderão ser efémeras...

--Não entendi...

--Susan, eu tenho medo de ficar mais doida do que já sou por essa menina e ela se cansar de mim em pouco tempo. Preciso ser mais clara?

--Calma, não precisa gritar, ainda não fiquei surda...

Risos.

--Sabes o porquê desse medo, não sabes?

--Acho que sim...

--O medo é porque gostas dela e não é gostar apenas...

--Para...vou para casa tomar banho e ir atrás da minha menina. Deseja-me sorte.

--Como assim sua doida?

--A sorte de Skya ainda estar com os mesmos olhos brilhantes ao me receber.

--Insegurança não combina contigo...mas faz parte quando o gostar sobe de patamar...

--Tchau Susan. Eu e Scoutie te amamos. E gostamos da tua mulher também.

Cathe saiu correndo e rindo. Susan ficou parada olhando a figura da amiga, sorrindo diante dos fatos.

********************

Depois de muito pensar, Skya decidiu aceitar o convite para jantar de Zianah. Não pretendia permitir qualquer tipo de aproximação por parte da colega mas precisava conversar, rir, falar de assuntos que elas tinham em comum...música apenas, mas era um tema que ela adorava e Zianah era uma exímia violinista.

Passara muito tempo pensando e não chegara a nenhuma conclusão. Decidira esperar o regresso de Catherine para conversarem, olhos nos olhos sempre funcionara muito bem até então.

Vestiu o casaco, e mal ligou o telefone, alguém bateu à porta. Poderia ser Rebeka, e se fosse seria perfeito, queria conversar com uma amiga e Zianah estava longe de ser considerada como tal. Rebeka era perfeita para momentos de confusão mental ou emocional.

Abriu a porta sorrindo e levou um susto de fazer o coração bater na garganta.

--Oi...

Catherine sorriu e Skya sentiu o corpo todo tremer.

--Oi...- Ela não conseguiu mexer uma célula...não estava à espera e agora que ela estava à sua frente queria ter a capacidade de agir de forma diferente, mas o coração denunciava tudo, o redemoinho no estomago já se instalara deixando claro o efeito daquela mulher sobre si...

--Eu não estava à espera...eu...

Catherine olhou para dentro do apartamento de Skya e uma sensação nada boa correu-lhe pela espinha. Será que ela estava com outra pessoa?

--Parece que a minha surpresa não surtiu o efeito esperado...

Skya sentiu as pernas tremerem e faltou-lhe palavras mas não atitude. Puxou Catherine para dentro e a abraçou.

--Hmmmm melhor assim.

Fundiram-se num abraço mas Skya aos poucos foi afrouxando os braços. O coração não parava de bater na garganta que estava seca.

--Skya...algum problema?

--Não...

--Não? Aconteceu alguma coisa na minha ausência? Tu não me pareces bem...

--Estou bem...

--O que se passa aqui? Em uma semana retrocedemos um ano?

--Eu não sei, tu é que vais me dizer.

--Eu? Skya..isso é uma brincadeira?

--Parece-te ser uma brincadeira?

--Não...teu semblante alterado é muito claro para mim, mas diga-me o que se passa. Eu vim antes porque estava com saudades...muitas saudades, mas se de alguma forma estiver atrapalhando alguma coisa, só peço que seja clara...

Skya suspirou e caminhou uma pouco pela sala. Não sabia muito bem como agir diante da frontalidade de Catherine, e tinha medo de ouvir coisas que não estava preparada para suportar, mas o medo maior era sem dúvida descobrir que Catherine era exatamente o tipo de mulher que Zianah tanto apregoara.

Sem saber muito o que dizer, mexeu no computador, diminuiu um pouco o volume da música e teve o tempo todo o olhar de Catherine cravado nas suas costas.

--Skya, podemos conversar como adultas? Conheceste alguém enquanto estive fora?

A boca de Catherine tremeu ao fazer aquela pergunta, mas era necessário.

--Eu?

Ela soltou uma gargalhada nervosa.

--Eu não tenho muita paciência para essas atitudes...está claro que aconteceu alguma coisa...

O telefone de Skya começou a tocar interrompendo o raciocínio de Catherine. Ela interrompeu a chamada sem ver de quem se tratava.

--Skya, eu só estou aqui ainda porque acredito que existe alguma coisa boa entre nós. Não gosto muito de dar justificativas das minhas atitudes, não gosto muito de me explicar e sabes disso, mas eu voltei antes porque não aguentava mais de saudades...eu gosto do que temos, ou do que acho que temos, ou tínhamos...

O telefone voltou a tocar insistentemente.

--Quem é? - Perguntou Catherine irritada.

--Não sei...- Skya teve vontade de quebrar o telefone contra a parede e para não fazê-lo arremessou o aparelho no sofá.

--Skya, o que se passa? É a última vez que pergunto antes de sair por aquela porta.

O telefone, de novo.

Catherine pegou o aparelho e desligou-o com raiva. Skya sentou numa cadeira pois as pernas não aguentavam mais.

--Quem era? A tua namorada? - Gritou Catherine com a voz tremula.

Skya não conseguia falar. Estava confusa, queria brigar porque ela sim tinha motivos para estar chateada mas ao mesmo tempo queria abraçar Catherine e tirar toda aquela irritação dos seus olhos.

--Quem era? O que se passa aqui?

Diante da passividade de Skya, Catherine dirigiu-se para a porta já com os olhos marejados.

Mal abriu a porta, Skya correu e fechou-a.

--O que é isso agora?

--Eu não tenho outra namorada, eu não tenho ninguém...

Catherine suspirou e passou a mão pelos cabelos para se acalmar.

--Ok, mas então o que se passa aqui? Conheceste outra pessoa? Já não queres mais estar comigo?

--Não...

Catherine encostou-se na porta para tentar suportar melhor a pontada que sentiu no peito diante daquela negativa.

--Não para a pergunta se conheci alguém...eu não conheci ninguém. E tu?

--Eu?

Catherine não conseguia raciocinar.

--Sim, tu. Catherine assim como não gostas de jogos, eu também não e o fato de eu ser muito mais nova não te dá o direito...

--O que estás a dizer? Alguma vez eu te desrespeitei por seres mais nova? Tanta asneira Skya...seja objetiva, é só o que peço. - Catherine interrompeu Skya.

--Eu vi uma foto...

--Foto de quem? De quê?

--Tua, claro. Várias fotos de uma mulher linda, sofisticada, sorridente, ao lado de um galã de cinema...

--Eu ainda não estou a perceber, o que eu tenho a ver com a tal foto?

--Ah porr*...eras tu na foto com um ator numa festa em Santa Mónica que por sinal aconteceu em casa da tua amiga, linda, com sorriso rasgado e ainda com várias notas insinuando...

Catherine riu alto e de repente toda a angústia esvaneceu-se.

--Tu ainda ris? Eu sou uma idiota mesmo...

--A idiota mais linda que eu já tive o prazer de conhecer.

--Ah para... - Skya tentou livrar-se de um abraço mas sem sucesso.

--Deixa de ser ciumenta...

--Eu não sou ciumenta. Nunca fui.

--Umhum...ok, acredito.

Risos.

--Quem é aquele idiota da foto?

--Apenas isso, um idiota.

--E o sorriso? As várias fotos? As notas?

--Wow, que interrogatório...e não é ciumenta.

Risos.

--Deixa de ser chata...eu tive sim muito ciúme e no meu lugar não terias?

--Se te visse com um galã de Hollywood e ainda por cima sorrindo...hmmm...

--Para com isso, já estou mal...

--Não fiques...é normal ter ciúme, eu não sei se padeço desse mal, mas todos dizem que é normal, desde que não se torne excessivo e no teu caso eu achei engraçado...

--Mas e o galã?

Risos.

--Gay!

--Jura?

--Absolutamente. Famoso, as mulheres enlouquecem, ele é lindo e vende muito a imagem de galã solitário e inacessível...muito amigo da Charlie, e lá no mundo deles têm uns códigos de sobrevivência e um deles é ele aparecer de vez em quando com uma mulher bonita e fazer o filme todo...

--Mas hoje em dia ninguém liga mais se um ator é gay...

--Isso é o que nós pensamos mas a realidade é bem diferente, na realidade tudo ou quase tudo esta sempre ligado a dinheiro, contratos...enfim, essas coisas chatas que não entendo e que não estou disposta a entender.

--Então não aconteceu nada com o homem de sonho?

--Sonho para quem? Não...absolutamente nada além de sorrisos e duas taças de champanhe juntos.

--Desculpa essa cena toda...nem eu sabia que sofria desse mal...

Risos.

--Passa pela tua cabeça que eu também possa sofrer de insegurança?

--Porquê?

--Porque estou entrando num mundo que não conheço, namorando uma mulher linda, ela sim famosa, muito assediada...uma mulher que me encanta, prende completamente a minha atenção, ocupa grande parte do meu pensamento, mas que igualmente encanta a tantas outras, outras mais experientes, quem sabe mais atraentes...mas mesmo com todos esses riscos, eu quero continuar a me encantar cada vez que olho para ti, cada vez que abres esse sorriso lindo, quero continuar a me arrepiar cada vez que tocas magistralmente, quero continuar a rir até me doer a barriga diante das tuas palhaçadas...quero...

Skya não permitiu que ela continuasse. Roubou-lhe um beijo. Beijo profundo, beijo de saudade, de tirar o ar.

Entre beijos e sorrisos, deixaram-se cair no sofá. Apertaram-se num abraço silencioso, longos minutos.

Skya beijava a ponta dos dedos de Catherine, beijava-lhe a pele dos braços e ela sorria, entregue ao momento.

--Eu só não entendi como pôde ver romance naquelas fotos.

--Eu não vi nada demais mas a Zianah disse tanta coisa...

--Quem é Zianah?

--Violinista, minha colega da orquestra.

--Aposto que é aquela que não te larga.

--Não sei...mas sim, ela está quase sempre por perto...

--Pois, mulher linda, que partilha a tua profissão, que não te larga, que é perfeita a tocar e ainda tu é que tens ataques de ciúme.

Risos com beijos.

--Tu tens ciúme?

--Nunca tive...mas acho que dessa violinista eu tenho, dela e de todas essas meninas lindas que te cercam. Mas eu não sou de rompantes explosivos e muito menos de ficar amuada...

--Desculpa a minha criancice, mas é que fiquei com raiva daquele atorzinho...

Gargalhadas.

--Grande ator.

--Sim, mas lá para os loucos de Hollywood.

--Ele não me atraiu em momento algum.

--E o que te atrai? Que tipo de homem?

--Hmmmm...sei lá.

Skya bateu nas pernas de Catherine exigindo uma resposta e arrancando uma gargalhada dela.

--Agora? Nenhum...estou com a minha atenção virada para uma violinista...a mulher com os olhos mais lindos que já vi na minha vida...a boca perfeita, pelo menos que se encaixa na minha como jamais outra se encaixou...

Skya subiu no corpo de Catherine e beijou-a devagar...mordeu-lhe os ombros, o pescoço, arrancando suspiros, gemidos...

--Vamos para o quarto...comprei uma cama...

Catherine sorriu feliz e gem*u no ouvido de Skya.

Com algum sacrifício, levantaram do sofá e seguiram para o quarto. Skya, abraçando Catherine por trás, cantarolou nos seus ouvidos o refrão da música que tocava...Shark, The Wonder.

--Are you gonna be my love...are you gonna be my love.

Catherine sorriu ao entrar naquele quarto e ter a certeza que não queria estar noutro lugar.

Beijou Skya com volúpia, deixando claro que a saudade era gritante. Ela correspondeu na mesma intensidade. Os corpos entendiam-se muito bem, o compasso febril era idêntico.

Catherine afastou-se um pouco, escassos centímetros.

--Quero ver-te...

--Estou aqui...

Catherine sentou-se na beirada da cama e pediu que Skya permanecesse de pé. Ela sorriu com os olhos brilhando de desejo.

--Quero ver-te sem tocar...quero saber até onde posso me controlar...

Skya sorriu maliciosamente encostando-se numa parede.

Desceu o ziper das calças sem tirar os olhos de Catherine... a outra mão subiu pela barriga até alcançar o último botão da camisa que vestia. Abriu botão a botão de forma sensual...usava um sutiã lilas, sexy. Tirou a blusa mas não o sutiã...prendeu o cabelo num coque e de costas para Catherine pediu que ela a ajudasse com o sutiã e o resto das roupas.

O desejo de Catherine era tanto que ela pulou da cama e colou-se às costas de Skya. Suas mãos hábeis percorreram todo o corpo que ardia de calor. Mordeu-lhe a nuca, ch*pou-lhe o pescoço numa ansia apaixonante. Skya queria a boca de Catherine, na sua, pelo corpo todo. Virou-se e agarrou a cabeça da sua mulher prendendo-a num beijo enlouquecedor. Gemidos altos ecoavam pelo quarto, a ansia de uma pela outra era quase explosiva.

Skya tirou a saia de Catherine num ápice e a blusa voou. Os corpos quase nus grudaram-se numa dança perfeita. Catherine arrancou o sutiã de Skya e mais uma vez ficou extasiada com a beleza daquele par de seios.

--Tão lindos...são lindos os teus seios...--Gem*u na boca de Skya.

--São mais lindos assim...--Ela colou os seus seios nos de Cathe e ambas gem*ram alto.

A fúria do beijo que se seguiu quase derrubou-as no chão de tão bambas que ficaram.

Skya empurrou Catherine para a cama que lhe levou grudada ao próprio corpo.

--Eu não acredito que estás aqui...tão bom, tão...

--As saudades me trouxeram mais depressa...eu morro de saudade do teu cheiro, da pele quente e arrepiada, da boca, do olhar, do corpo todo...dos gemidos, dos gritos de prazer...saudade das tuas mãos na minha pele, me arranhando, me apertando...saudades desse beijo que me leva à loucura...

Cathe beijou Skya como se fosse o último beijo e ela sentiu espasmos pelo corpo todo...apenas com a intensidade de um beijo.

--Cathe...eu quero isso...sempre...eu quero-te sempre.

--Eu também minha menina...sempre...

--Vamos fazer o que melhor sabemos...

--O quê?

Cathe mordeu o canto da boca enlouquecida de vontade de Skya.

--Sexo com amor.

 

 

Fim do capítulo