Larissa

                   Abri os olhos lentamente, Alice estava parada me olhando, sorria sapeca.

-Você caiu da cama? – perguntei baixinho.

-Não, só estou com fome. – sorriu ainda mais. Falando tão baixo quanto eu.

                   Me levantei, Bella permaneceu dormindo. Beijei a bochecha de Alice, e sai a carregando no colo. Nikki e Lupi nos seguiram. Entrei no quarto da pequena, sorri vendo que ela tentou arrumar a cama.

-É sobre isso...-disse olhando a cama. – Quando eu posso usar os dois braços eu consigo arrumar direitinho. – sorriu.

-E que tal se eu te ajudar? – perguntei colocando-a no chão.

-Tudo bem. – deu de ombros.

                   Arrumamos a cama, depois fui dar banho em Alice. Vesti seu uniforme. A parte mais complicada para mim foi o cabelo, eu me atrapalhei toda, Alice começou a rir.

-Você está fazendo isso errado. – ela gargalhava me observando pelo espelho.

-Não faço ideia de como usar isso. – mostrei o prendedor a ela. –Acho melhor esperarmos a mama acordar, ela vai saber como usar. – confessei rindo.

                 Alice riu de mim, descemos as escadas me surpreendi por encontrar Suse ali.

-Bom dia, resolveu vir me ver? – perguntei abraçando ela.

-Não, vim conhecer a Alice. – sorriu para ela. – E estou esperando a mulher que irá cuidar de vocês, já que eu estou me aposentando.

-Ah, entendi. – me afastei.

-Oi, eu sou Alice. – sorriu estendendo a mão, Suse se colocou de sua altura e abraçou a pequena.

-Prazer Alice, eu sou a Susane, mas pode me chamar de Suse ou Su. – sorriu olhando ela. – Como se sente vindo morar em outra cidade? – perguntou.

-Eu tô feliz, a mama e a mammy estão aqui. – sorriu e já puxou uma cadeira para se sentar.

               Suse se emocionou quando ouviu Alice nos chamar dessa forma.

-Pelo visto a Larissa não soube arrumar seu cabelo. – disse apontando para a cabeleira bagunçada dela.

-Na verdade ela nem com um mapa conseguiria. – falou rindo de mim.

-Ei, da próxima vez eu consigo. – sorri me sentando. – Me deixa colocar seus tênis agora. – fiquei de joelhos em sua frente.

                Nem reparei que Bella nos observava, Suse lhe cumprimentou e eu lhe dei um selinho de bom dia. Alice levantou e abraçou Bella, a menor falou da minha tentativa frustrada de arrumar o cabelo, e eu deixei as duas irem resolver isso e fui para meu banho. Entrei no banheiro e não demorei, pensei em como seria difícil ir deixar Alice na escola, tudo para ela é novo, está entrando em um mundo que ela desconhecia. Seria melhor deixar Bella cuidar disso, suspirei terminando de fechar os botões do meu blusão.

                Deixei que Bella fosse tomar banho e desci. Milena já estava na cozinha, Alice estava empolgada em aprender a andar de bicicleta. Me sentei ao lado dela e a conversa seguiu, Suse ria de tudo que a pequena falava. Me bateu um desespero em imaginar que Alice poderia cair e quebrar mais alguma coisa. Bella se juntou a nós, fazia tempo que não sabia o que era ter uma mesa assim, e tomar café da manhã em meio a risos. Ter Alice ali conosco me deu a certeza de que hoje eu tinha uma família.

                 Quando terminamos o café fomos para a sala, Bella disse para Alice pegar o material e escovar os dentes. Ela já dava ordens como uma mãe, eu a abracei por trás, beijei seu pescoço e perguntei o que ela achava de almoçar no Santé, assim Alice poderia conhecer a Andressa. Ela concordou, Alicia apareceu dizendo que havia criança no recinto, só por nós estarmos nos beijando. Eu sorri e me afastei de Bella, nos despedimos e as duas saíram.

-Amiga pode parar de babar nas duas. – Milena disse ao meu lado.

-Não consigo, Alice é incrível e Bella, bem Bella é a mulher da minha vida. – sorri olhando para ela.

-Então casa logo com a beldade. – sorriu Milena. – Me espera pra eu ir com você? – perguntou já subindo a escada.

-Espero. – respondi e ela sumiu.

                Fiquei ali no sofá rindo do nada pensando em como minha vida estava perfeita, encontrei Bella que desde sempre é a mulher da minha vida, e agora Alice que veio para iluminar ainda mais nossa vida. Ouvi Suse se aproximar acompanhada de outra mulher. Aparentava ter pouco mais de quarenta anos, baixa, de sorriso acolhedor.

-Larissa essa é Maria. Se tudo der certo e você aprovar ela irá ficar no meu lugar.

-Claro, como vai Maria, muito prazer.

-O prazer é meu. – sorriu.

-Bom, vou mostrar o restante da casa, e apresentar os outros funcionários. – Suse disse as duas saíram.

-Estou pronta vamos? – Milena disse descendo as escadas.

-Vamos.

-Então pelo visto nossa viagem para New York vai ser adiada. – conversávamos caminhando para a garagem.

-Por que? – perguntei.

-Vocês tem Alice agora. – disse entrando no carro.

-E por isso não podemos viajar? – questionei. – Milena falta pouco para nos formar, Bella e eu nos casaremos logo, adotaremos Alice, e isso não quer dizer que não poderemos ir junto com vocês. – sorri para ela. -Pelo contrário, acho que seria mais um motivo para irmos. – sorri. Meu celular tocou. – Alô.

-Larissa? – a voz do homem perguntou.

-Sim. Quem deseja? – questionei.

-Detetive Rubens, estou ligando a respeito da investigação. – falou.

-Claro. – me lembrei.

-Infelizmente não trago boas notícias. Eu consegui localizar a pessoa, porem ela está com problemas sérios de saúde, ela se encontra com câncer em estágio final, está internada. Então se você tem interesse de rever ela é melhor se apressar.

                Me entristeci assim que ouvi o que Rubens me falou, o Zé teria a chance de encontrar o amor de sua vida, porém isso poderia significar uma despedida ainda mais dolorosa.

-Claro, será que você poderia me mandar o endereço de onde ela está?

-Sim, encaminharei por e-mail, assim como todos os detalhes. – disse prestativo. - Eu sinto muito. – falou condicente.

-Obrigada, hoje mesmo terminarei seu pagamento, obrigada pelo seu serviço. – disse e desliguei.

-O que houve? – perguntou Milena.

-A mulher que o Zé amou, no momento está morrendo. – falei olhando para ela.

-Nossa, e aí você vai contar para ele? – me perguntou.

-Sim, claro, essa pode ser a última chance que ele tenha em revê-la, eu contarei o que descobri e a decisão será dele.

-Tudo bem.

                 O restante do percurso foi feito em total silencio. Assim que chegamos na construção nos ocupamos, mal tive tempo de pensar em nada. Eu já estava prestes a trocar de roupa para ir buscar Alice na escola, quando Milena e eu saímos da obra demos de cara com o pai dela.

-O que o senhor faz aqui? – perguntou encarando o homem.

-Milena nós precisamos conversar. – respondeu olhando para ela.

-Eu preciso ir, vou levar o carro, aproveita e vai almoçar com o seu pai. – disse isso e ela me fuzilou com o olhar. – Até mais.

              Deixei os dois sozinhos, troquei de roupa e fui buscar Alice. Parei o carro em frente à escola, desci e caminhei para dentro. De longe vi Alice brincando no parque com mais duas crianças, um menino e uma menina.

-Mammy. – sorriu correndo assim que me viu.

-Oi meu anjo. – segurei ela no colo. – Se divertiu? – perguntei olhando suas bochechas ainda mais rosadas.

-Sim, eu tenho dois novos amigos. Vem conhecer eles. – disse e saiu me puxando. – João e Ana essa é a minha mammy Lari.

-Oi tia, sou o João. – o menino sorriu para mim.

-Eu sou a Ana, mais pode me chamar de Aninha. – a menina de olhos apertados disse sorrindo.

-É um prazer conhecer os dois. – sorri para eles.

-Mammy eles podem ir brincar comigo lá em casa? – perguntou Alice com carinha de gato de botas.

-Claro, se os pais deles concordarem. – olhei para os dois.

-Vou pedir ao meu pai. – o menino disse.

-Eu também. – Ana se pronunciou.

-Então é só avisarem a Alice e podem ir brincar com ela, mas agora nós precisamos ir a mama deve estar esperando a gente para almoçar.- falei olhando ela.

-Tudo bem, vou pegar minha mochila. – Alice correu e fez um gesto engraçado com os amigos e saiu rindo.- Vamos.

-Sim, foi um prazer conhecer vocês. – disse e saímos em direção ao carro. – Você já fez amigos, muito bem. – falei já dirigindo.

-Sim, eles são legais. – disse rindo.

-Você gostou da escola? – perguntei.

-Sim, a professora é legal, o nome dela também é Beatriz. – riu. – A Ana tem duas mamães também, mas elas não estão mais juntas. – disse e ficou pensativa. – Você e a mama não vão se separar nunca, não é?

-Claro que não minha linda, nós nos amamos e vamos permanecer juntas. – falei olhando para ela pelo espelho.

-Que bom. – sorriu. – Vamos para casa? – perguntou curiosa.

-Sim, preciso te dá um banho, e depois vamos para o restaurante da tia Andressa, hoje você vai conhecer ela. – sorri para ela.

-Eu tenho muitos tios agora. – concluiu.

-Isso é ruim? – perguntei.

-Não, eu gosto. – respondeu e se calou.

-Chegamos.

                    Entramos em casa, ajudei Alice no banho coloquei uma roupa nela e quando chegou a parte do cabelo ela me encarou.

-Você vai ter que se virar, a mama não tá aqui para te salvar. – falou rindo com a mão na barriga.

-Eu sei, bom, vou tentar. – dei de ombros e depois de muita luta eu consegui.

-Isso é uma revolução. – Alice disse se olhando no espelho.

- Você quis dizer evolução? - perguntei rindo.

-Ou isso. – ela deu de ombros.

-Vem, precisamos ir, pega sua mochila e o Senhor Coelho. Teve atividade para fazer em casa? – perguntei.

-Sim, teve. – respondeu.

-Bom, você quer levar e fazer na casa da vovó ou esperar para fazer a noite? – perguntei.

-Na casa dá vó Helena, assim a noite eu posso assistir desenho com a mama. -  falou esperta.

-Ótimo, agora vamos.

                 Ela pegou a mochila e nós descemos as escadas, Suse estava na cozinha junto com Maria, a mulher prestava atenção a cada orientação de Su.

-Vão sair? – perguntou.

-Sim, vamos encontrar Bella para almoçarmos e depois vou deixar Alice na casa da avó. – sorri.

-Certo.

-Suse você viu o Zé? – perguntei.

-Sim, ele foi comprar umas coisas que pedi. – falou.

-Tudo bem, diz a ele que preciso conversar com ele. – pedi.

-Claro. – concordou.

-Bom, vamos indo. – sorri e saímos.

                 Coloquei Alice no carro, e já estávamos saindo da garagem quando o meu celular tocou. 

-Oi meu amor. – falei rindo.

-Oi vida. Já pegou Alice na escola? – perguntou.

-Sim, ela já está cheirosinha aqui no banco do carro, estamos indo para o Santé. – ouvi Bella sorrir.

-Então daqui a pouco nos encontramos. Te amo.

-Te amo, até já.

                 Dirigi tranquilamente até o restaurante, Alice e eu fizemos um verdadeiro show dentro do carro, cantando todas as músicas. Assim que entramos no local eu perguntei a um dos garçons:

-Andressa está aqui? – o rapaz me olhou.

-Sim, está no escritório com a esposa.

-Será que você poderia avisar que a Larissa quer conversar com ela?

-Claro, só um instante. – disse e se afastou indo em direção ao escritório de Andressa.

                Alice observava o lugar atentamente, segurava minha mão apertado.

-Ela disse que pode ir até o escritório. – o rapaz disse e me apontou o caminho.

                 Paramos em frente a porta e eu dei duas batidinhas. Ouvi a voz da minha irmã:

-Pode entrar.

                 Coloquei a cabeça para dentro da sala, Andressa sorriu para mim. Entrei e Alice ainda segurava minha mão.

-Oi. – cumprimentei as duas.

-Oi, vejo que trouxe companhia hoje. – Adisa disse rindo.

-Sim, meninas essa é Alice.

-Que nome mais lindo. – Andressa falou sorrindo. Saiu de sua cadeira e se aproximou de nós. – Como vai Alice, eu sou Andressa. – estendeu a mão.

-Ah, você é a tia Andressa. – sorriu para ela, Andressa devolveu o sorriso.

-Sim, eu sou irmã da Lari. E essa é minha esposa Adisa. – apontou para a nigeriana.

-Olá, como você é linda. – Adisa disse chegando mais perto.

-Você também é. – sorriu encarando a mulher.

-Sabia que eu estou carregando uma priminha sua, aqui. – apontou a barriga.

-Legal, vou poder brincar com ela. – disse sorrindo.

-Vai sim, só vai demorar um pouquinho ainda. – falei.

-Onde está a Isa? – perguntou Andressa, Adisa levou Alice para sentar.

-Deve estar chegando, combinamos de almoçar aqui, queria te apresenta Alice. – sorri olhando ela e minha cunhada conversando.

-Ela é linda, e inteligente. – Andressa falou feliz. – Obrigada por ter vindo com ela aqui. – me agradeceu.

-Não podia deixar que ela não conhecesse a tia. – sorri para ela.

                Ouvimos batidas na porta.

-Deve ser a Bella. – abri e lá estava ela parada. – Oi meu amor. – falei lhe dando um selinho.

-Oi vida. – me respondeu.

-Mama olha a mammy conseguiu arrumar meu cabelo. – Alice correu para perto dela mostrando o cabelo.

-Nossa está lindo, pelo visto ela já aprendeu. – falou sorrindo e Alice a abraçou e voltou para perto de Adisa.

-Já está chamando vocês de mães? – Andressa perguntou.

-Sim, desde ontem. – Bella sorriu olhando a pequena.

-Vocês estão radiantes. – minha irmã disse.

-Mama vocês vão me dá um irmãozinho, a tia Adi disse que vocês podem. – perguntou nos olhando.

                   Bella arregalou o olho, me encarando. Adisa não conseguiu conter o riso. Ficou ao lado de Andressa e as duas riam da cara de Bella. Eu peguei Alice no colo e disse:

-Claro, que nós iremos te dá um irmão. Isso só vai demorar um pouco.

-Vai demorar igual a Aline?

-Um pouco mais que isso. Mas enquanto isso você vai ter Aline para brincar. – sorri para ela.

-Tudo bem. – deu de ombros.

-Pronto Isa pode respirar agora. – Andressa disse implicando.

-Ainda bem. – riu. – Vocês vão almoçar conosco? – perguntou.

-Sim, vamos.

                    Escolhemos a mesa, Bella, Alice e Adisa conversavam sem parar. Me lembrei de comentar com minha irmã sobre Miguel.

-Andressa, conheci um amigo seu ontem.

-Mesmo?

-Sim, o Miguel. Alice está estudando na escola dele. – sorri.

-Ah! Claro, aquela bicha. – falou baixo para Alice não escutar. – Ele é um grande amigo.

-Achei engraçado o jeito que ele disse que eu parecia ainda mais com você pessoalmente.

-Quando contei para ele sobre você, ele que me mostrou sua foto e disse que éramos parecidas.

-De fato somos. – sorri concordando com ele.

-Amor esse almoço sai hoje? – Adisa reclamou.

-Essa minha mulher já comia, e agora que come por duas está ainda pior. – Andressa falou rindo, Adisa encarou a esposa. – Tudo bem eu vou apressar o cheff. – disse isso e se levantou caminhando para a cozinha do restaurante.

-Nossa quanta moral. – ri olhando Adisa.

-Vou ensinar a Isa como fazer isso. – riu para Bella e eu parei de rir na hora.

                    Não demorou e Andressa apareceu junto com o garçom trazendo nosso almoço. O clima era agradável, Bella sempre atenta a Alice, e eu babando nas duas. Volta e meia ela cortava a carne da pequena, que sorriu em forma de agradecimento.

-Andressa você precisa dá um pulinho na empresa, precisamos acertar os detalhes de suas ações. – Bella disse.

-Claro, podemos marcar para essa semana. – concordou.

-Ainda estou para descobrir como Lari fez ela aceitar. – Adisa disse me olhando.

-Não fiz nada demais. – sorri para ela.

                     De repente o assunto já era outro, Alice contava como foi o primeiro dia de aula. O que nos tirou algumas risadas, já era mais de uma da tarde quando resolvemos ir embora. Andressa não me deixou pagar a conta, eu não criei caso. Nos despedimos das duas e seguimos para o estacionamento.

-Está pronta para ir ficar com a vovó? – Bella perguntou colocando-a no carro.

-Sim, ela vai fazer bolo para mim? – perguntou.

-Provavelmente, mas não esquece que tem que se comportar e obedecer a vovó.

-Pode deixar, eu sou comportada sempre. – respondeu e sorriu.

                      Bella olhou ela e beijou sua testa. Se virou para mim.

-Nos vemos antes de você ir para a faculdade? – perguntou.

-Espero que sim. Agora vem aqui me dá um beijo, por que eu já estou com saudade dessa sua boca. – enlacei sua cintura sem dar tempo para ela questionar.

                     Nossos corpos se colaram ela passou a mão em meu pescoço e nos beijamos. Ao final ela permaneceu próxima de mim, me olhando sorrindo. Fiz carinho em seu rosto, ela fechou os olhos. E eu acompanhei cada movimento dela.

-Amo você.- sussurrei.

-Te amo. – me respondeu de olhos fechados.

-Nos vemos mais tarde em casa. – falei me afastando.

-Sim. – ela permaneceu parada me observando entrar no carro.

                     Demorou alguns segundos até que ela saiu do lugar indo para seu carro. Sai do estacionamento e segui para a casa da minha futura sogra. Alice estava calada, quando parei no sinal e olhei para trás ela dormia serena. Cheguei na casa dos pais de Bella, desci e peguei Alice no colo. Toquei a campainha e logo Helena apareceu.

-Oi querida, entre. Minha princesa está dormindo. – sorriu me dando passagem.

-Sim, aparentemente sempre que come fica com sono. Será que você poderia pegar a mochila dela no carro? – perguntei.

-Claro, coloque ela no quarto de Bella. Você já sabe o caminho. – sorriu para mim.

                   Segui até o quarto deitei Alice na cama, tirei seu tênis e sai. Encontrei Helena na sala.

-Obrigada por ficar com ela. – agradeci.

-Não precisa agradecer, vou adorar ter ela aqui toda tarde, já que Iara mal vem aqui com Kadu. – disse ressentida.

-Bom, eu preciso ir agora, Alice trouxe a tarefa para fazer com você. – disse rindo.

-Tudo bem, a noite eu e Antônio iremos deixa-la em casa. – disse quando eu já estava na porta.

-Não precisa Bella disse que vinha busca-la.

-Fazemos questão de ir, não se preocupe. Vão se acostumando, porque faremos parte ainda mais da vida de vocês agora. – sorriu abertamente.

-Tudo bem, vou indo agora. – beijei ela no rosto e sai.

                     Entrei no carro e Milena me ligou.

-Onde você está? – falou com a voz estranha.

-Saindo da casa da mãe de Bella. – respondi dando partida no carro.

-Pode me encontrar no pub de Adisa? – perguntou. Algo estava errado.

-Sim, chego aí daqui a pouco. – desliguei e dirigi até o lugar.

                    Parei em frente nem acreditando que era possível aquele lugar está cheio em plena terça as duas da tarde. Avistei Milena de costas, sentada sozinha em uma mesa no canto. Passei pelas pessoas e me sentei em frente a Milena. Ela me encarou e empurrou um copo em minha direção, e colocou whisky. Encarei ela que me olhava com a cara de quem diz “ bebe ou vai embora”.

-Eu estou dirigindo. – falei receosa.

-Vamos de taxi. – continuou me encarando.

-Ainda é terça, e nem são três horas da tarde. – disse olhando o relógio.

-Desde quando tem dia ou hora para beber? – continuou me encarando.

                    Resolvi não mais questionar, peguei o copo e tomei um gole da bebida que desceu rasgando minha garganta me obrigando a fazer careta.

-Agora a pergunta de um milhão de reais, por que estamos bebendo? – olhei para ela.

-Porque meu pai é um canalha que não tem controle sobre o pinto. – falou séria. - Agora eu terei um irmão, meio irmão na verdade. Um bastardo, filho de uma puta, literalmente. – falou e riu do que disse.

-Ele não tem culpa. – falei e ela me encarou seria. – Tô falando da criança.

-Eles já se separaram, assinaram o divórcio semana passada. Veio me dizer que vai casar com a outra. – deu um longo gole em sua bebida.

-E sua mãe, como ela está? – perguntei olhando-a.

-Vai ter que sair da casa, eles dividiram tudo e ele ficou com a nossa casa. – disse triste. – Não acredito que ele vai morar lá com outra mulher. – vi seus olhos lagrimejarem.

-Não fica assim. – segurei sua mão por cima da mesa. – Sua mãe é forte, independente. E você já não precisa dos cuidados do seu pai, e nem ajuda financeira Mile. Você caminha ao meu lado, e não com ele.

-Verdade, mamãe disse que acha que irá passar um tempo fora do pais.

-Isso vai ser ótimo para ela, se escolher Nova Iorque ela pode ficar em um dos apartamentos, ou se escolher outro pais que eu tenha imóveis pode escolher qualquer um. E ficar o tempo que for preciso.

-Esse moleque não será meu irmão, você sim é minha irmã. – disse rindo. – Agora bebe porque te chamei para isso.

-Temos aula hoje. – disse encarando o copo.

-A pessoa vira mãe e já fica careta. – provocou rindo da minha cara.

-Eu não estou careta, apenas mais responsável. – respondi rindo.

-Larissa, deixa de enrolar.

                 Bebi o restante do whisky de uma só vez. Peguei meu celular e mandei mensagem para Bella.

Não briga comigo, mas no momento estou no pub com Mile. =(

“Como assim? Ela está bem?”

Não, está naquele estado de encher a cara. O pai dela apareceu hoje e os dois conversaram.

“Nossa, imagino como ela deve estar, não se preocupa, cuida dela, só não vai dirigir se estiver bebendo. Amo você.”

Pode deixar, te amo linda.

                 Milena me serviu novamente, encostou o copo no meu e bebemos juntas.

-O que será que leva uma pessoa a mentir e enganar? – questionou encarando o fundo do copo.

-Não sei, falta de caráter? – olhei para ela.

-Tipo, você ama a Isa e ela ama você, vocês têm Alice hoje e terão mais filhos. Será que um dia esse amor que vocês têm irá desaparecer?

-Não, eu a amo e isso nunca vai mudar. – disse com certeza. – Mas muitas vezes nos acomodamos as circunstancias, talvez eles não tenham se amado. Mas se acomodaram a viver um na companhia do outro.

-Verdade, mas enfim. Não quero mais falar disso. Quero mesmo é saber como será nosso fim de ano.

-Nem conversei com Bella ainda, mas acho que iremos mesmo viajar, pensei em chamar Andressa e Adisa, o que você acha? – encarei ela.

-Quanto mais gente melhor. – riu. –Por falar em Adisa olha ela ai. – apontou para a mulher que se aproximava de nos.

-Meninas. – sorriu.

-Oi. – respondi e ela me encarou. – Não me pergunte só estou aqui por causa de Mile. – falei rindo.

- Eu nem perguntei nada, só lembrem de não dirigir depois.- sorriu para nós.

-Pode deixar não pretendemos fazer isso.- sorri.

-Preciso ir agora. – falou se afastou.

-Então o que vai fazer em relação ao seu pai?

-Nada, ele vai viver a vida dele lá e eu vou seguir com a minha aqui. – respondeu.

-Uma hora as coisas se acertam, você vai ver. – tentei amenizar.

               A assim ficamos até anoitecer, no fim do dia Milena já havia tomado quase uma garrafa de whisky sozinha. Já falava com a voz enrolada, e foi do estado de tristeza para a alegria, agora ela dançava na pista. Enquanto eu fiquei tomando conta dela de longe. Ela dançava ao ritmo da música, e já havia alguns homens tentando tirar proveito disso. Eu fiz menção em me levantar, mas uma mão me impediu.

-Eu vou. - Isac disse encarando Milena que agora tinha o cara já grudado ao seu corpo.

               Permaneci no meu lugar, ainda bem que Isac aparentemente não tinha o mesmo temperamento da irmã. Ele se aproximou dela e ela sorriu assim que viu ele, estendeu a mão e os dois agora caminhavam para perto de mim.

-Vamos para casa. – falou olhando para ela. – Vou pagar a conta e levo vocês.

               Milena não teve força nem ao menos de reclamar, Isac pagou a conta.

  E   eu levei Mile para o carro.

-Lari, como ele sabia que eu estavaa aqui? – perguntou.

-Não sei, talvez Bella tenha dito. – disse.

-Aquela fofoqueira. – reclamou e fez careta, percebi que ela ia vomitar.

-Dentro do carro não. – gritei colocando a cabeça dela para fora.

              Só tive tempo de fazer isso, logo todo o liquido que ela ingeriu estava se espalhando pelo chão. Demorou alguns segundos até que ela melhorou, Isac chegou e fomos para casa.

Fim do capítulo