Larissa

                  Estávamos sentadas, havíamos chegado a algum tempo já. O relógio marcava quase nove da manhã. Bella sentada ao meu lado, segurando minha mão tentando me acalmar. Marta disse que viria nos encontrar, Beatriz apareceu, trazendo com sigo a pequena Alice, que parecia assustada.

                 Nos levantamos logo que vimos a pequena, ela sorriu para mim e Bella. Logo largou a mão de Beatriz e correu em nossa direção. Ao chegar na nossa frente ela parou e disse:

-Oi. – sorriu ainda mais aberto, com os pequenos olhos verdes brilhantes.

-Oi, só oi? Nenhum beijo ou abraço? – brinquei com ela, ficando de joelhos em sua frente.

                 Bastou ouvir isso e ela se atirou em meus braços, beijei o topo de sua cabeça, ela permaneceu nesse contato alguns segundos. Até que disse sapeca:

-Agora é a vez da Bella.

-Claro, senão ela fica com ciúmes. – ri e soltei ela.

-Posso ganhar um abraço também? – sorriu encarando a menina.

-Pode.

                As duas se abraçaram, logo Beatriz estava próxima a nós.  Bella ficou em pé, Alice segurava sua mão. A mulher nos cumprimentou e logo nos sentamos. Alice fez questão de ficar em meu colo.

-Sua mão já melhorou. – apontou.

-Sim, e o seu braço logo vai melhorar também. – ela sorriu.

-É difícil ficar com ele assim, sempre alguém tem que me dá banho. Eu não gosto, não sou mais criança. – reclamou fazendo bico.

-Claro que é, olha só esse bico aí que você está fazendo. Isso é coisa de criança.- ela me encarou séria. Apertei as bochechas dela e logo ela sorriu. -O que você acha de ir morar com a gente em outra cidade? – perguntei, nesse momento Bella parou de conversar com Beatriz e prestou atenção em meu dialogo com Alice.

                A pequena ficou calada nos olhando, parecia pensar o que seria melhor para ela. Depois de alguns segundos, o que para mim pareceu uma eternidade, ela disse:

-Eu me acostumo, podemos vir visitar eles aqui, não é? – perguntou.

-Claro que podemos, sempre que você quiser. Mas apenas nos fins de semana, porque você vai ter aula na semana. – segurei sua mão.

-Tudo bem.

                 Conversamos mais um pouco e logo a Juíza chegou, a primeira a ser chamada para seu gabinete foi Alice, a pequena soltou minha mão e caminhou com Beatriz para dentro da sala. Bella segurou minha mão, nos sentamos.

-Vai dá tudo certo. – sorriu para mim.

-Eu sei que vai. – devolvi um sorriso.

                   O tempo que elas ficaram lá me pareceu uma eternidade, Bella permaneceu ao meu lado em silêncio, cada uma perdida em seus pensamentos. A porta se abriu e chamaram meu nome, me levantei. Olhei Bella que me sussurrou um “boa sorte”. Caminhei até a porta da sala Alice ia saindo acompanhada de Beatriz. Alice sorriu para mim. De repente me bateu um nervosismo, a juíza me mandou sentar.

-Sente-se senhorita Rodrigues. – apontou a cadeira em sua frente. – Quando Marta me pediu que analisasse esse pedido de guarda, nunca pensei que fosse você que o estivesse fazendo. – me encarou.

-Até eu me surpreendi. – confessei. – Mas, minha namorada e eu nos apaixonamos por Alice, eu a conheci primeiro, ela é uma criança incrível. – sorri lembrando a pequena.

-É nítido o carinho que você tem pela criança. – me olhou e sorriu. – Ela também criou um vínculo com vocês duas. Muito esperta, quando eu perguntei o que ela achava de morar com vocês, ela disse que seria uma festa no castelo, e vocês seriam as mamães rainhas e ela a filha princesa.

           Sorri ao ouvir isso, Alice era uma criança incrível, e inteligente.

-Então você e sua namorada querem adotar Alice logo que casarem? – me questionou.

-Sim, já demos entrada na documentação do casamento.

-Ela está aí com você? – perguntou.

-Sim, está lá fora.

-Se importa em chama-la? – me encarou.

-Não, claro que não.

           Fui até a porta e acenei para Bella. Ela se surpreendeu e caminhou até mim.

-A juíza pediu para te chamar.

-Certo.

          Entramos e a juíza analisou Bella. Nos sentamos lado a lado, e a mulher ainda nos encarava.

-Meritíssima. – Bella falou.

-Dra Isabella Magalhães. – sorriu.

               Bella me olhou e riu. A juíza continuou nosso assunto anterior.

-Soube dos planos do casamento. E da adoção, é bonito o que ambas querem fazer por Alice. Eu nem tenho muito o que pensar, mesmo que não fosse um favor para Marta, a sua petição Dra já teria me feito ver o caso com mais urgência. E sem contar que a peticionante é única herdeira dos Rodrigues. – nos olhou seria. – Não duvido que vocês sejam capaz de dar um lar aquela criança que já passou por tanta coisa, vocês tem a estabilidade financeira, e o amor que vejo entre vocês duas, mesmo agora estando aqui em minha presença. – sorriu. – Alice tirou sorte grande, vocês serão ótimas mães e ótimos exemplos para ela. Então acho que já posso parar de enrolar. – sorriu pegando a caneta e escreveu algo, logo depois depositou a caneta em cima da mesa. – Podem vir pegar o veredito. – sorriu.

              Olhei para Bella que se levantou, e foi pegar o papel que a mulher entregava. Sentou-se ao meu lado e juntas vimos que ela havia me concedido a guarda de Alice. Bella sorriu para mim, a Juíza saiu de sua mesa e se aproximou de nós.

-Espero que não façam com que eu me arrependa dessa decisão. – disse divertida.

-Não faremos. – sorrimos de volta.

-Bom, espero o convite do casamento – sorriu divertida, apertando minha mão.

-Claro. – Bella disse apertando a mão da mulher.

-Agora saiam daqui, porque tem uma criança linda esperando saber se irá para casa com vocês. – disse isso já voltando para seu posto.

            Bella segurou minha mão e saímos da sala. Não conseguimos conter o sorriso de felicidade. Logo que saímos da sala, avistamos Alice sentada conversando com Beatriz. Nos aproximamos e ela não percebeu.

-Oi. – Bella disse ficando próxima a ela.

-Oi, vocês demoraram. – nos olhou seria.

-A juíza precisava conversar com a gente. – disse calma.

-Ela me deixou ficar com vocês? – perguntou nos encarando.

           Beatriz ficou na mesma aflição que Alice. As duas nos encaravam esperando que nós falássemos qual havia sido a decisão da juíza.

-Mais é claro que ela deixou. – sorriu Bella e Alice se atirou em seus braços. – A gente vai poder te levar para nossa casa.

          Alice interrompeu o abraço e me olhou, disse seria:

-Vem, quero abraço de três.

          Eu fiz exatamente o que ela me mandou, me abaixei e abracei as duas mulheres da minha vida. Sorri do meu pensamento, agradeci por Alice estar longe de se tornar mulher, não sei se aguentaria marmanjo nenhum perto da minha princesa.

-Agora já chega de abraço, precisamos pegar suas coisas na ONG. – falei.

-Verdade, eu vou poder levar o senhor coelho? – nos encarou.

-Claro, pode levar sim.

-Eba! Então vamos logo, vem...- saiu puxando Bella pelo braço.

         Beatriz e eu ficamos um pouco para trás.

-Senhor Coelho, é a única lembrança que ela tem dos país.

          Eu não soube o que dizer, caminhamos para a saída, Alice e Bella já estavam no carro nos esperando. Beatriz estava no dela, colocamos Alice no banco de trás. Uma música tocava baixinho no som do carro, ela cantarolava a letra balançando as pernas. Bella me olhou e nós rimos do jeito dela. E quando vimos já cantávamos junto com a pequena, que ria divertida.

          Paramos o carro em frente a ONG e Alice logo desceu do carro animada. Foi em direção ao portão, Beatriz já nos esperava, pelo horário as crianças estavam estudando. Alice nos levou até o quarto onde ela dormia, pegou uma mochila e começou a colocar as coisas dentro. Na parede perto da cama dela, havia um desenho, ela pegou rapidamente e colocou na mochila. Em seguida olhou para Beatriz e a abraçou. Sussurrou algo em seu ouvido e logo depois se afastaram.

-Não esquece de vir visitar a gente. – Beatriz falou fazendo carinho em sua cabeça.

-A Lari vai me trazer sempre que eu quiser, né? – me olhou.

-Sim, mas apenas...

-Fins de semana, eu sei. – disse e riu. –Já podemos ir.

-Não vai se despedir dos seus amigos? – Bella perguntou.

-Não quero, até porque eu vou voltar. – disse triste. – Não quero que eles fiquem tristes. – disse baixinho.

-Então tá, vamos. – Bella disse segurando a mão dela. – Obrigada por tudo Beatriz. – agradeceu e saiu.

-Obrigada Beatriz.

-Não tem o que me agradecer, Alice está em boas mãos e eu confio nisso. – disse emocionada.

-Entre em contato com Marta para que ela possa cuidar de tudo sobre a nova ONG. – disse quando já caminhávamos para a saída.

-Claro, entrarei sim. Boa viagem. – sorriu.

            Entrei no carro, Alice olhava para a ONG como se estivesse se despedindo do lugar. Bella me sorriu, eu ocupei o lado do motorista. Estava quase na hora do almoço, minha barriga fez barulho.

-Tem um monstro no carro? – Alice perguntou.

-Não, tem um monstro na barriga da Lari. – Bella riu e foi acompanhada por Alice.

-Um monstro que precisa de comida. Podemos almoçar, amor? – olhei para ela que sorriu de volta. 

-Claro, mas depois temos que ir embora.

-Tudo bem, Alice o que você acha de um passeio de helicóptero? – perguntei.

-Legal, eu quero. – disse animada.

-Que bom, porque é assim que vamos voltar para casa. – sorri.

            Alguns minutos e já estávamos esperando nossos pedidos, Alice não deu trabalho para escolher o que queria, na verdade nem precisamos ajuda-la nisso. Almoçamos conversando amenidades, ela sempre tinha opinião para tudo. Depois do almoço fomos direto para o heliporto da empresa, e logo já estávamos voando de volta para a cidade que hoje é meu lar. No começo Alice ficou um pouco assustada, mas acabou relaxando e aproveitando a viagem, tanto que até cochilou.

-Ela é linda. –Bella sorriu admirando Alice dormir tranquila.

-Ela é linda sim. – eu fiz o mesmo.

           Logo pousamos, Alice continuava dormindo. Bella saiu primeiro e pegou a pequena no colo, colocando a cabeça dela em seu ombro. Sorri com a cena. Peguei a mochila de Alice e o Senhor Coelho, que já estava surrado devido a todos os anos em que Alice não o largou. Caminhamos para dentro da empresa, volta e meia os curiosos nos olhavam. Bella seguia sem se importar com os olhares.

           Já no corredor prontas para irmos para a garagem, Isac apareceu acompanhado de Bianca.

-Essa sim é uma cena que pensei que morreria e nunca iria ver. – debochou da irmã. – Me deixa ver essa princesa. 

            Virou indo em direção ao rosto de Alice que repousava sereno no ombro da minha morena.

-Ela é linda, parece um anjo. – falou babando na pequena.

-Eu disse que ela era. – falei rindo.

-Sai da frente me deixa ver ela também. – Bianca disse empurrando meu cunhado.

-Ai, sapa bruta. – reclamou rindo.

         Depois que os dois morreram de amor por Alicia, nós fomos para o carro, dessa vez deixei que Bella dirigisse. Alguns segundos e já estávamos em frente à casa. Alice acordou, ainda sonolenta.

-Já chegamos? – perguntou ainda de olhos fechados.

-Sim, estamos em casa. – respondi tirando o cinto de segurança dela.

        Ela saiu do carro, olhou para os carros na garagem e disse.

-Quanto carro, para que tudo isso? – me olhou.

-Meu pai adorava carros, todos esses eram dele. Você gostou? – perguntei.

       Ela olhava a Ferrari com os olhos brilhantes. Balançou a cabeça dizendo que sim.

-Vamos ver o restante da casa agora. – sorri e segurei sua mão, Bella trazia a mochila dela e o Senhor Coelho.

       Caminhamos pelo gramado, Alice ficava observando tudo a sua volta, sorriu quando viu a piscina.

-Que piscina grande. – seus olhos encaravam fascinada.

-Tem uma menor, para criança também. – Bella disse já ao nosso lado.

-Vocês tem cachorro? - perguntou. – Na ONG eu sempre quis um filhote.

-Temos duas, que inclusive estão vindo ali. – respondi e apontei para onde elas vinham.

-Nossa que fofinhas. – Alice disse já de joelho brincando com as duas.

-Nikki, Lupi, essa é Alice, a nova amiga de vocês. – falei e as duas continuavam lambendo Alice.

       Eu fui trocada pelas duas, ela soltou minha mão, não sei como ela conseguiu colocar as duas no colo e caminhar com elas. Paramos na varanda, e ouvimos a voz da mãe de Bella.

-Vamos Milena não faça corpo mole precisamos terminar de arrumar esse quarto. – falava Helena com as mão na cintura e Milena jogada no sofá em meio a muitas sacolas de roupas.

-Olha elas aí. – Milena disse e se levantou do sofá. Ela encarou Alice, que olhava sorrindo para ela. –Oi, eu sou a Tia Milena, mais pode de me chamar de tia Mile. – disse estendendo a mão para Alice.

-Oi tia Mile. – sorriu. – Eu sou Alice.

            Milena abraçou Alice, Helena logo quebrou o contato das duas.

-Milena larga minha neta. – reclamou e Milena logo fez o que a mulher pediu - Eu sou a vó Helena, é um prazer conhecer você.

-Vovó Helena, Bella parece com a senhora. – falou Alice prestando atenção na mulher.

-Isso é porque eu sou mãe dela. Mas pode confessar que eu estou mais bonita que ela. – sorriu para a menina.

-As duas são lindas. – Alice se saiu bem da situação.

-Chega de conversa, agora vamos ver seu quarto. – Milena disse.

-Eu vou ter um quarto só meu? – perguntou sorrindo para Mile.

-Sim e vai ser vizinho ao meu. Vamos lá olhar? – estendeu a mão para ela, que me olhou como se pedisse permissão, achei fofo.

-Pode ir linda.

          Ela segurou a mão de Mile e logo as três subiram para o quarto. Bella colocou a mochila no sofá. E me abraçou.

-Não sei se você ainda estará entre as mais rica depois que sua fatura chegar. – falou rindo.

-Se não for, valeu a pena. – sorri me virando para ela.

         Segurei sua cintura, ela fixou o olhar no meu e me beijou. Apaixonado como todos os outros. Suas mãos em meu pescoço, seus dedos invadindo meus cabelos. Ao final do beijo, mordi levemente seu lábio inferior, ela sorriu me encarando.

-Amo você. – seus olhos transpareciam todo o amor que ela sentia.

-Eu também amo muito você, minha Bella. – encostei minha cabeça na dela.

-Acho que devemos ir ver o que aquelas duas estão aprontando com Alice. – falou rindo.

-Verdade.

         Subimos para o quarto, me surpreendi quando vi o quarto de Alice, Helena e Milena fizeram um ótimo trabalho, haviam prateleiras com bonecas e ursos de pelúcia. O papel de parede era de Alice no país das maravilhas, Bella fez questão de comprar quando viu. Procuramos as três no quarto e nada delas. Foi então que ouvimos elas rindo, o barulho vinha do nosso quarto.

          Abrimos a porta e lá estavam as duas rindo de Alice que tomava banho na banheira, a pequena já estava quase perdida no meio de tanta espuma.

-Nem nos convidaram para a festa. – disse fingindo estar chateada.

-A tia Mile foi, mas, disse que vocês estavam namorando. – Alice respondeu rindo.

          Bella e eu sorrimos, e me lembrei do gesso.

-O que vocês fizeram com o gesso? – questionei.

-A vovó colocou plástico bolhas. Olha. – disse, estourou uma e caiu na risada.- Isso é divertido.     

                 Olhei Helena que se emocionou quando escutou ela chamá-la de vó.    Passamos um tempão apenas babando em Alice, que se divertia na banheira. Quando ela começou a ficar enrugada, pediu para sair da banheira.

-Bom, agora que já fizemos a bagunças vamos deixar as mamães cuidarem disso. – Milena falou e saiu arrastando Helena.

         Bella foi pegar um roupão para ela, voltou rápido e logo a secamos.

-Toma cuidado para não escorregar. – falei preocupada. – Não precisamos de mais ossos quebrados. – Alice sorriu para mim.

        Levamos ela para o quarto, escolhemos uma roupa, eu a vesti e depois Bella foi arrumar o cabelo dela. Alice não deu trabalho algum, adorou as roupas que a tia e a avó compraram.

-Eu gostei da tia Mile, ela disse que vai me levar para passear. – falava Alice enquanto brincava com o Senhor Coelho. – E a vovó disse que vai me dá bolo de chocolate, que é o preferido da Bella.

-É sim, é o meu preferido, a Dona Helena faz o melhor bolo de chocolate do mundo, só não diz isso a ela porque ela fica metida. – Bella disse e piscou o olho para ela.

-Tudo bem, vai ser nosso segredo. – Alice sorriu de volta.

        Depois dessa troca de segredo, descemos para a cozinha.  Helena estava pondo a mesa para nós comermos o bolo. Alice logo correu para sentar, a conversa era ainda mais divertida com ela por perto. Quando terminou de comer o bolo, Helena perguntou:

-O que achou do bolo?

-Gostoso. Delicioso.

-Pode dizer que é o melhor bolo que você já comeu. – Alice olhou para Bella.

-É sim, mas a não posso falar isso. E nem contar porque é um segredo. – disse rindo.

          Nós rimos e acabamos mudando de assunto. Milena tratou de levar Alice para a sala de tv, foram assistir filme. Nós ficamos na cozinha.

-Ela é impressionante. Linda, inteligente, esperta. E a criança mais sortuda do mundo por que vai ter duas mães que são tão ótimas quanto ela. –Helena disse segurando minha mão e a de Bella. – Agora me digam, já providenciaram escola? Quem vai cuidar dela enquanto vocês trabalham?

          Eu olhei para Bella e ela me olhou. Foi nítida a nossa aflição.

-Tudo bem, já vi que não tem nada resolvido ainda. A escola vocês podem sair para ver isso agora a tarde. E eu posso cuidar dela, sem problema nenhum. Pode ser lá em casa ou aqui mesmo.

-Helena, você não existe. – me levantei e beijei a bochecha da mulher que riu divertida.

           O que precisávamos logo era ir ver uma escola para ela, enquanto Bella conversava com Helena eu fui para o banho. Troquei de roupa e meu celular não parava de apitar, Milena me mandava várias fotos com Alice, as duas estavam se divertindo. Desci as escadas e encontrei, Milena correndo com Alice nas costas. Bella e Helena riam da cena.

-Eu tentei impedir. – Bella deu de ombros.

-Chega de brincadeira, precisamos sair agora.

-Ah, porque agora? – Alice reclamou.

-Vamos te levar para ver a escola nova. – respondi.

-Quando a gente voltar a vó Hele vai tá aqui ainda? – perguntou.

-Não, mas a vó hoje quer todo mundo para um jantar lá em casa, o que acha? Assim você conhece o seu vô Antônio.

-Tudo bem, a tia Mile vai? – olhou Milena.

-Sim, a tia Mile vai. – respondi.

-Tudo bem então. Podemos ir. – falou ficando ao meu lado e de Bella.

            Ela se despediu de Helena e Mile e em seguida saímos. Sentou-se no carro e eu coloquei o cinto nela. Bella quis ir dirigindo, eu ocupei o banco do passageiro. Passamos na escola Paraíso Infantil, Alice adorou os brinquedos do parquinho, ela segurava a mão de Bella. A escola era segura, um espaço amplo, e só ensinava o fundamental. Nos sentamos para esperar o diretor. Alice fez careta e disse a Bella:

-Preciso fazer xixi. – cruzou as perninhas como se já estivesse muito apertada.

-Vamos, deixa eu perguntar onde ficam os banheiros. – se levantou e falou algo com uma moça que mostrou onde ficavam os banheiros. – Nós já voltamos.

-Tudo bem. – sorri e vi as duas se afastarem.

-O diretor já está esperando. – a moça disse eu olhei para o corredor na esperança de Alice e Bella aparecessem.

             Tive que entrar sem elas, logo que coloquei os olhos no homem moreno que estava em minha frente, careca, com a barba feita, óculos de graus e muito bem vestido meu gaydar apitou mais que em balada LGBT. Ele logo que olhou para mim se assustou.

-Como vai, sou Miguel. – me estendeu a mão.

-Muito prazer Miguel, eu sou...

-Larissa Rodrigues. – sorriu para mim. – Você realmente se parece ainda mais com Andressa pessoalmente. – disse sorrindo, mostrando os dentes brancos e alinhados. –Por favor sente-se. – apontou a cadeira.

-Você conhece a minha irmã? – questionei logo que me sentei.

-Sim, desde sempre. – respondeu. – Mas me diga, busca vaga para uma criança? – perguntou curioso.

-Sim, Alice. Eu consegui a guarda provisória dela hoje, enquanto minha namorada e eu não nos casamos para que possamos adota-la. – sorri para ela, não sei porque senti a vontade de contar a história. Vai ver que era aquele sorriso caloroso que ele tinha no rosto.

-Claro, entendo. Onde está essa menina e essa mulher de sorte?

-Alice precisou usar o banheiro, elas já devem estar chegando.

             Nesse momento bateram na porta, Alice e Bella surgiram. Alice sentou-se em meu colo e Bella ao meu lado.

-Desculpa a demora. – me olhou e sorriu. – Muito prazer, sou Isabella e essa pequena é a Alice.

-Olá Isabella. Muito prazer Alice.

            A pequena sorriu para ele e o homem logo se voltou para nós.

-Temos dois horários disponíveis, pela parte da manhã ou à tarde. Também temos atividades extras, futebol, judô, natação, entre outras. – falou ele ainda com um sorriso.

             Bella e eu ouvimos tudo o que Miguel tinha a dizer, sem dúvida a escola era mais que preparada. Não deixando brechas para pensar em matricular Alice em outro lugar. Ela também pareceu interessada, ainda mais quando soube do futebol. No fim o homem perguntou a ela:

-Então Alice o que você acha de estudar aqui na Paraíso?

-Eu quero se as minhas mães deixarem. – nos olhou.

             Nesse momento eu fique sem palavras, assim como Bella que segurou minha mão. Ela havia nos chamado de mães mesmo sem nós termos pedido por isso, ou mesmo sem tê-la adotado ainda. Bella conteve a emoção e disse:

-Claro que ela vai estuda aqui. – sorriu para Alice.

-Ótimo, então vou pegar a relação dos materiais necessários. Só um instante. – saiu e nos deixou sozinhas.

-Alice, você nos chamou de mães. – Lari disse colocando ela de frente.

-Sim, vocês estão chateadas? Eu pensei que vocês queriam que eu fosse filha de vocês. Desculpa, eu não chamo mais assim, prometo. – falou agoniada.

-Não linda, pode chamar a gente de mães sim. Nós somos suas mães. – Bella disse segurando a mão dela. Nos abraçamos.

-Aí gente, desculpa interromper o momento fofo de vocês. – Miguel disse com a voz afetada.

          Nos afastamos e olhamos para Miguel rindo. Ele nos entregou a lista de materiais.

-Bom, espero você amanhã, tudo bem? – disse olhando para Alice.

-Tudo bem, eu vou vir. – sorriu sapeca.

-Isso mesmo. Foi um prazer meninas. – disse para mim e Bella. – Mostrem a sobrinha a minha amiga, ela vai adorar. – sorriu apertando minha mão e Bella não entendeu nada.

         Quando saímos ela me perguntou:

-Ele conhece Andressa?

-Sim. – falei já entrando no carro.

-Quem é Andressa? – Alice perguntou no olhando.

-Andressa é minha irmã. – contei a ela.

-Pensei que você não tinha mais ninguém. – falou confusa.

-A história é complicada, mas deixe-me tentar explicar da melhor maneira, Andressa é mais velha que eu, e minha mãe teve ela antes de mim, mas eu não sabia disso, descobri a pouco tempo.

          Alice pensou por um tempo e logo depois acenou como se dissesse que entendeu. O restante da tarde passamos no shopping comprando os materiais para ela. Depois que compramos tudo, fomos tomar sorvete.

Fim do capítulo